Jogos Vorazes (Hunger Games) - Recomeço escrita por MSBica


Capítulo 18
Luz, Telessequestro e Fratura




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A pressão em meu ombro é tanta que não tenho escolha a não ser virar-me.

Quando o faço estou olhando diretamente para o busto ensanguentado de um vestido laranja. Debra.

"Então...aproveitando o show, queridinha?" diz nossa presidente e posso ouvir o sorriso em sua voz.

Ergo o queixo e vejo seus olhos azuis faiscarem.

"Não podia perder a oportunidade" diz Debra, colocando o nariz quebrado no lugar com um estalo. Um novo fluxo de sangue suja seu vestido "Não vejo a hora das torradas queimarem. Acho que darei uma festa quando isso acontecer..."

Salto da cadeira, prestes a terminar o que Joahnna começou, mas Peeta redireciona meu rosto para a tela.

O que vejo tira o ar dos meus pulmões. Não! Não! Não! Eu quero gritar, mas minha voz sai num sussurro rouco.

Não! Não! Não!

Minha filha está deitada no chão, sangrando muito e lutando desesperadamente com algo que não posso ver. Tenho certeza que não é um tributo. Nenhum ser humano que porta apenas armas brancas pode ferir daquele jeito. Só pode ser algo criado em laboratório. Uma mutação. Mas sua forma não sei dizer. A cada segundo um novo talho surge no corpo de Lira. Seu rosto, braços e pernas estão totalmente ensanguentados. Ela luta com todas as forças que tem, mas está ferida demais para conseguir se libertar da criatura que a detem. Minha filha parece chapinhar no próprio sangue.

"Faça alguma coisa!" grito para Peeta.

Ele não responde. Depois de alguns segundos de um silêncio tenso entrecortado apenas pelos gritos provenientes da tela arrisco um olhar para Peeta. As lágrimas em seu rosto brilham sob a luz azulada dos computadores. Um súbito e irrefreável medo de perder todos aqueles que amo me atinge. Não! Não! Não!

"Ah! Vejam!" diz Debra num tom de voz alegre, como se percebesse a situação somente agora "Os Hungries fazem exatamente o que pedi para fazerem. O Gamemaker Chefe fez um trabalho esplêndido não acham?"

Ao ver minha expressão Debra sorri.

"Aproveite a torradinha, Hungrie, querido...ainda tem mais uma por aí, só para você." cantarola

presidente, arranhando o sangue seco do rosto.

"Sua vadia!" grita Joahnna, se aproximando "Sua vadia!"

O que acontece a seguir me prende ao chão.

"Sua vadia" Joahnna agarra a presidente pelo colarinho e dá um tapa na cara de Debra para cada palavra que fala "Você...criou...essas....pragas...para...acabar....com....os...filhos...da...Katniss.....Sua..."

"Ah Meu Deus!" grita Effie ao se aproximar e ver a cena "Não acredito!...."

Um atmosfera de silêncio paira no ar. Mas apenas um par de segundos depois a voz aguda de Effie se faz ouvir.

"Não acredito!" ela parece chocada "Olhem isso! Meu salto quebrou! É novinho!"

Nesse instante ela cai dura no chão.

Joahnna dá de ombros e olha para Debra, pronta para terminar o ataque.

"Vadia!" completa e dá um soco no mesmo ponto em que o nariz de nossa presidente está quebrado. Debra desmaia. Joahnna empina o nariz e saí saltitando para a sua baia.

''Hey! Joahnna, o que são Hungries?'' pergunta Peeta, olhando fixamente para tela.

"Não é óbvio?" responde Joahnna sem olhar para trás "São mutações da Capital. Matam quando percebem que a pessoa está faminta. Ficam invisíveis quando se sentem ameaçados ou para caçar. São realmente adoráveis."

O som do canhão interrompe a conversa. Um... Dois... Três... Assim continuamente até chegar a nove. O Banho de Sangue terminou e agora o número de tributos mortos está disponível.

Arrisco um olhar para a tela, procurando desesperadamente algum sinal do meu filho, mas ele não está na tela. Nós vemos o que o público vê. E neste momento a audiência está tendo uma diversão bastante boa. Uma luta mortal entre dois garotos. Sinto um misto de alívio e apreensão quando noto que nenhum deles é Klaus. Não vi meu filho desde o início dos Games e isso está me deixando preocupada. E se um dos canhões for o dele?

"Procure por ele" peço a Peeta.

Nos sentamos em frente aos computadores e Peeta me mostra como escolher entre as centenas de câmeras espalhadas pela arena. Demoro um par de minutos, mas encontro uma imagem desfocada que pode servir. Amplio.

"É ele!" grito e sinto meu peito aliviar um pouco.

Peeta e eu ficamos alguns minutos observando Klaus, ele tenta escalar a parede usando ranhuras nas pedras como apoio para os pés. Porque? Então Peeta me cutuca e direciona meu olhar para o teto da arena. Vejo uma pequena nesga de sol. Finalmente entendo. Meus filho acha que consegue chegar ao topo e sair. Um plano ousado, certamente, mas não posso dizer que me surpreende. Klaus tem tanto pavor do subterrâneo quanto eu.

O som do canhão me desperta dos devaneios com acidentes de minas e o Distrito Treze. Para quem foi?

Instintivamente olho para a enorme tela e vejo que a luta entre os dois garotos terminou: um deles pagou com a vida e o outro agora tenta parar o sangramento de uma órbita vazia.

Volto a prestar atenção nos computadores e procuro por Lira. Ela se livrou do Hungrie, posso ver, mas está ferida e faminta. Começo a pensar que mandar um presente dos Patrocinadores seria bom quando vejo meu filho ampliado na tela. Sua escalada agora está ao vivo em toda Panem. Ele resvala em uma ranhura cheia de limo e cai. Sua queda deve ter de quatro a seis metros, no mínimo.

Ele para em uma superfície de pedra áspera sem nada para aliviar sua queda. Está vivo, com ferimentos relativamente leves para a queda que teve. Pelo menos é o que acho até que Klaus tenta sentar-se e ao fazê-lo solta um grito agudo de pura dor. Não sou curandeira, mas convivi tempo suficiente com minha mãe e irmã para saber que trata-se de um caso de pulso quebrado.

"Peeta" digo, o mais calmamente que posso "Precisamos fazer alguma coisa sobre aquela fratura, ou vai calcificar e infeccionar e ..."

"Eu sei o que é envenenamento sanguíneo, Katniss, mesmo minha mãe não sendo curandeira."

Mesmo que não se aplique à situação atual a velha piada me tira um meio sorriso.

"Então...como fazemos para entrar em contato com os Patrocinadores?" pergunto.

"Acho que devemos pedir uma reunião com eles no andar especí..."

Um gemido impedi o fim da frase de Peeta. Nossa presidente acordou.

Ela lança um olhar de soslaio para a tela e um sorriso se forma em seus lábios.

"Ora, veja quem apareceu...A outra torradinha! Tomara que um dos meus queridos Hungries o encontre logo" diz Debra maliciosamente "E sua filha? Espero meu Hungrie tenha feito um boa refeição com ela."

Antes que dê a resposta obscena que Debra merece um dos homens de terno preto aparece na porta de nossa baia.

"Senhora" diz "O efeito do telessequestro está passando."


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