Verdades escrita por Glória San


Capítulo 1
Capítulo Único




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Capítulo único

Kyouraku estava anormalmente pensativo. Nanao até estranhou ele fazer nenhumas objeções sobre simplesmente sentar atrás da mesa e assinar os estúpidos relatórios. Não que ele de longe estivesse fazendo isso, é que ao menos estava comportado e no lugar que deveria.

Desde que aquilo aconteceu, Ukitake parecia estranho. Não que ele estivesse planejando comer crianças e tudo mais, ele apenas estava estranho. Não olhava direito nos olhos de Kyouraku e sua suavidade parecia afetada.Kyouraku não o culpava, para ser sincero. Foi tudo tão repentino e brusco que alguém com a gentileza de Ukitake se assustaria.

Há duas semanas, Kyouraku estava incrivelmente bêbado. Mulheres e bebida sempre foram seus vícios, é verdade, mas, conversar com Ukitake era o que lhe trazia paz. Foi parar na casa do dito cujo, de alguma forma. Era sempre assim; depois de beber, procurava o amigo para ouvir das suas sábias palavras. Mesmo que este ficasse constantemente chateado com suas burradas, ele o ajudaria.

A conversa fluiu normalmente, como sempre. Só que, em algum momento, os lábios de Ukitake pareceram se mover apenas para provocar, com a palidez que, de alguma forma, era encantadora. Kyouraku poderia culpara bebida mais tarde, ou era o que pensava no momento. Aproximou-se, deixando o outro de repente alerta.

– Hey, Kyouraku. O que há? – Ele perguntou sem realmente se sobressaltar. Iria dar uma risada nervosa, que foi cortada pelos lábios de Kyouraku pressionando os seus. Ele teria se movido, porém, sem querer, fez um movimento mais brusco que abriu seus lábios para os já famintos lábios de Sunshui.

– Kyouraku, o que você está fazendo? – Ele separou o beijo para perguntar, ainda com certa dificuldade.

– Eu não sei. – Confessou, calando em seguida o outro com mais um beijo ardente. Nunca foi realmente a intenção de Kyouraku atacar Ukitake daquela forma, mas, depois de provar, isso sim parecia um novo e mais terrível vício. E foi pior quando o amigo pareceu se recuperar do susto e retribuir de forma desajeitada.

O sabor de Ukitake era incrível. Tinha gosto de – como descrever? – inocência, misturada com muito mais. Algo doce e algo perverso. Ah, 'tá. Como se isso pudesse ser aplicado a uma alma tão pura como a de Ukitake...

Seus pensamentos foram bruscamente interrompidos quando a boca do homem de cabelos prateados desceu por seu pescoço, fazendo um arrepio insano descer por sua coluna. Okay, onde ele aprendeu a fazer isso? Não que importe muito no momento, mesmo que o pensamento o deixasse irritado. Sem que se dessa conta, estava com o corpo pressionando o corpo de Ukitake, sentindo-se bem até demais estando em uma proximidade extrema com um homem, que em outra hora qualquer seria até mesmo repulsiva. Entenda, até o momento, Kyouraku sempre pensou que nasceu para ser um amante das mulheres. E Ukitake, mesmo tendo uma aparência frágil e delicada não conseguia se encaixar neste padrão do feminino. Os músculos por baixo de suas palmas eram rijos, muito diferentes da costumeira maciez que os corpos femininos conseguiam passar. A força com que trazia o rosto de Kyouraku para poder provar de seus beijos era quase bruta. A forma com que se tocavam era forte, o oposto de como fariam se fosse uma mulher e, mesmo sendo uma experiência nova, era estranhamente bom.

Em particular, o que lhe atraia mais era o pescoço alvo, onde distribuía beijos, mordidas e lambidelas, sentindo no paladar o sabor maravilhoso que ele tinha. Mais um beijo quente se iniciou. Ukitake parecia cada vez mais solto. As partes de cima das roupas estavam desalinhadas, deixando a cena incrivelmente erótica...

Kyouraku saiu do transe, – ou do que quer que fosse – como que balde de água fria tivesse entrado em contato com sua pele que poderia, naquele exato momento, entrar em ebulição.Sentiu-se um maldito estuprador, dos mais filhos da puta, até porque, é provável que nenhum deles tenha feito algo do tipo com o melhor, porém frágil e no momento doente amigo. 'Tá, é óbvio que não chegou aos "finalmente", mas, isso não é coisa que deixa qualquer um em uma situação como essa menos culpado.

– Kyouraku... – Ukitake sussurrou em um fio de voz, parecendo finalmente se dar conta do que estava acontecendo.

– Desculpa... – A voz de Shunsui saiu suplicante. Claro, é bem provável que o cara não se perdoe.Ele arrumou as próprias roupas, sendo observado a cada passo pelos olhos de Ukitake. Olhos estes que eram cobertos de mansidão e agora pareciam enevoados pelo desejo.– Desculpa. – Pediu com mais segurança. Infelizmente, saiu frustrado e sem resposta.

...

Kyouraku estava falando "normalmente" com Ukitake. Ou era isso que gostava de achar. Fala sério, estava tudo muito estranho, e nem conseguia parar de culpar a si mesmo pelo descontrole estúpido. Mais tarde, havia decidido com certeza. Iria atrás de Ukitake tirar tudo a limpo.

...

A casa de Ukitake parecia aconchegante e receptiva como sempre. A reiatsu familiar estava lá, então não precisava de mais nada. Ukitake saberia que estava lá. E não demorou muito. Ele abriu a porta, o sorriso gentil parecia errado, e como que para aumentar a culpa que corroia Kyouraku, sempre que ele andava e os cabelos se mexiam, as marcas do que fizeram na noite anterior apareciam. Que grande merda...

– Posso entrar? – Esses tipos de formalidades não eram comuns entre os dois, o que queria dizer que estava realmente tudo errado. Ukitake apenas abriu espaço. – Eu tenho muita coisa pra dizer... Enfim. Eu sei que foi errado se aproveitar de você, eu não acho que vá se repetir. – O sorriso de Ukitake falhava cada vez mais. – Eu me arrependo por...

– Cala a boca. – A voz de Juushirou parecia suave e baixa como sempre, mas as suas palavras foram realmente chocantes.

– Hã?

– Idiota, eu não quero saber se você está arrependido! Eu não estou. Sabe o quanto dói saber que a pessoa que você gosta... que quando ela finalmente olha pra você, é apenas um lapso? – Ele parecia mortificado com as próprias palavras, mesmo não tendo a intenção de parar no começo.

– Ukitake... – Shunsui mal conseguia articular algumas palavras. Juushirou sorriu.

– Não é nada, esqueça o que eu disse. Bem, eu estou um pouco cansado agora... – Ele não chegou a realmente terminar a frase, os braços de Kyouraku estavam ao seu redor.

– Eu sentia culpa por não conseguir dar uma desculpa sincera. – Ele sussurrou.

– Eu senti culpa por fantasiar a noite de ontem até o final.

– É isso o que você quer?

– E o que você também quer. Amigos sentem essas coisas. – Ambos trocaram sorrisos.

...

As roupas pareciam ter voado. Kyouraku estava atento a cada mínima reação de Ukitake, pronto para parar se necessário. O fulton estava com um pedaço arrancado, culpa da força exagerada aplicada por Ukitake no momento de se fazerem um. As mãos estavam dadas e não queriam soltar. Os gemidos nada puros de ambos ecoavam no local, como uma única melodia, feita especialmente para este momento. As unhas de Ukitake nas costas de Shunsui e os cabelos brancos enrolados em uma das mãos do outro para dar liberdade ao pescoço. Estavam se aguentando ao máximo... Chegaram ao mesmo tempo. O quarto de Juushirou estava um grande caos. As costas de Shunsui sangravam. De qualquer forma, não havia arrependimentos e o ato foi feito sem a mínima culpa.

– O que você sentiu? – O moreno perguntou.

– Eu não sei.É muito diferente de estar com uma mulher.

– Você já esteve com uma mulher? – Sem que Shunsui visse, Ukitake revirou os olhos.

– E você não?

– Desculpa... – Ele hesitou por um pequeno momento. – O que você quis dizer com: alguém que eu gosto?

– Alguém que eu gosto.

– Como homem?

– Sim.

– Você gosta de mim?

– O que você acha?

– Acho que sinto o mesmo.


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