Mai Hime: Summer Vacation escrita por Robin-chan


Capítulo 12
12. Tomando decisões




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– Ei, Yuuki.

Suzushiro-san estendeu o braço para impedir a outra de prosseguir. Nao-chan parou, bambeando um pouco por causa da perna.

Elas estavam paradas em uma clareira bem iluminada. As árvores haviam começado a espaçar fazia um tempo. As duas tinham diminuído o passo também. Já se encontravam tão distantes do seu cativeiro que tinham certeza absoluta de que Yaki e Hiroto jamais as encontrariam ali.

– O que foi, Suzushiro?

– Você não está ouvindo? – perguntou Suzushiro-san apurando os ouvidos. Nao-chan demorou um segundo para entender. De fato, bem ao longe era possível distinguir um ruído de...

– Água correndo! – exclamou Nao-chan, lançando um sorriso fraco para a outra. Suzushiro, pelo contrário, abriu um sorriso do tamanho do mundo, animadíssima.

– Sim, minha cara! É provável que seja o rio que aqueles delinqüentes mencionaram! Isso significa...

– ... que estamos perto da civilização! Poderemos pedir ajuda...

– Não, Yuuki. – Suzushiro-san franziu a testa à menção da idéia de pedir ajuda. – Quer dizer que estamos bem próximas da casa dos Munakata. Francamente, aprenda a pensar por si mesma em vez de correr a pedir auxílio!

– Se isso funcionasse você seria a presidente, senhorita perdedora. – murmurou Nao-chan para que a outra não ouvisse, irritada por ser repreendida.

Suzushiro-san realmente não escutou, concentrada que estava em localizar a origem do barulho da água.

– Você acha que está muito long...? – ela ia perguntando, quando ouviram um grito agudo e um “cráás”.

– Esse grito...

– Natsuki! – berrou Nao-chan, já bem familiarizada com os escandalosos gritos de sua menos querida colega. Ela agarrou o braço de Suzushiro-san, intrigada. – O que ela está fazendo aqui?

– Não sei, mas tenho a impressão de que não está em boas condições. Vem de lá. – ela apontou para além da clareira, para o desconhecido.

Nao-chan, bem lentamente, soltou o braço da companheira. Suzushiro-san a encarou, como se indagasse o porquê da hesitação.

– Você quase a matou. – argumentou, observando Nao-chan cautelosamente.

– Foi sem querer! – esganiçou-se Nao-chan batendo o pé. O que foi péssimo, pois sua perna ruim reclamou e ela balançou procurando apoio. Suzushiro-san não se manifestou para ajudar. Simplesmente cruzou os braços, com cara de criança emburrada.

De repente, seu rosto se iluminou e ela disse para Nao-chan:

– O grito veio de onde ouvimos o rio! Ela deve estar lá perto!

Nao-chan não poderia se contrapor a esse argumento. Odiava, mais do que Natsuki, estar perdida, cansada e machucada. De muita má vontade, respondeu:

– Vamos de uma vez.

E Suzushiro-san a ajudou para andarem mais rápido, cheias de fome e fadiga, correndo para o inesperado que brilhava trazendo esperança.


Enquanto isso, não muito distante dali, em uma bela casa de verão, catorze pessoas tomavam o chá da tarde. Algumas conversando, outras caladas, uma inquieta. Era uma visão impressionante de como as pessoas reagem diferente e até mesmo mudam seu comportamento comum em situações extremas.

Estávamos sentados perto da piscina, anormalmente silenciosos. Ninguém parecia ter muito a dizer. Este era o nosso quarto dia de ansiedade. Sem notícias.

Inconscientemente, havíamos nos dividido em grupos. Aqueles que apenas curtiam o verão, sem preocupações maiores (Reito-san, Keisuke-kun e Mikoto) e acreditavam que tudo acabaria bem sem que precisássemos mexer um dedo; havia, também, o oposto disso: eram os lamuriosos e angustiados (Yukino-chan, Fujino-san, Shiho-chan, Takeda-kun, Akane-chan e Midori-chan), se tornando cada dia mais dramáticos e rabugentos e aqueles preocupados, falsamente calmos (Eu, Tate, Akira-san, Takumi e Youko-sensei), que não sabiam se consolavam ou desabavam junto com os outros.

– Ah, que faremos, que faremos? Se ao menos eu pudesse... – dizia Midori-chan freqüentemente, e continuava resmungando sobre chamar a polícia, os bombeiros, e até a guarda costeira. Então, Youko-sensei lembrava a todos de não era possível usar o celular e Midori-chan se reunia a Fujino-san e aos seus companheiros deprimidos, em um silêncio de cortar o coração.

Assim estávamos em uma tarde ironicamente bela e calorosa. O sol convidativo seria uma tentação para qualquer pessoa comum, mas nem mesmo Reito-san, o mais aéreo dentre nós, conseguia entrar na piscina e esbanjar felicidade. Não éramos pessoas comuns, todavia. Às vezes trocava olhares com Akane-chan ou Yukino-chan e acho que me via refletida nelas: esperando que aquilo não terminasse como nossa última e cruel aventura em grupo, em que a morte esperara pacientemente a todas nós no fim do caminho. Talvez não houvesse recomeço agora. Natsuki não poderia gritar “Duran!” e tudo ficaria bem. Nao-chan não chamaria Julia para deter as ameaças em seu caminho. Não havia Mashiro-chan para mudar a história.

Tudo o que eu podia fazer era sorrir tristemente, tentando animar um grupo totalmente perdido. Tinha a impressão de que o pessoal, principalmente as garotas, esperavam que eu tomasse a liderança ou algo assim. Midori-chan entregara os pontos de vez e eu não via como poderia ser melhor do que ela. Felizmente, antes que eu fosse pressionada, Youko-sensei tomara as rédeas da situação. Ela conduzia cada mínima atividade da casa. Nessa tarde, vendo que Fujino-san estava amuada, pediu-me que preparasse o chá para todos.

– Isso não pode continuar. – disse-me ela à cozinha, lavando as xícaras que acabáramos de usar enquanto eu começava a preparar o jantar.

Não encontrando o que responder, fiz uma pergunta boba.

– Keisuke-kun ainda está muito chateado?

– Com o bumerangue?

– É.

– Ah, não. – Youko-sensei sacudiu os ombros. – Creio que ele tenha percebido a gravidade da situação. Sensibilidade incrível, a daquele menino.

Ela franziu a testa e eu acenei com a cabeça, concordando.

– Mai-chan?

– Sim, sensei?

– Você não... você não acha que aconteceu alguma coisa...?

Ela nem precisou terminar a pergunta. Quando olhei para seu rosto, havia desespero e apreensão. Pensei nas garotas e em Rinji-kun. Imaginando como estariam se saindo, consegui dar o único riso verdadeiro em dias.

– Não tenhas dúvidas! – Youko-sensei pareceu não entender. – Sensei, Nao-chan e Natsuki são determinadas como ninguém, acredite. Rinji-kun me pareceu bem forte e Suzushiro-san... bem, ela é durona. Sabe se virar. – Principalmente se não tem Fujino-san para ludibriá-la, pensei.

Youko-sensei mordeu o lábio.

– Mas elas já deveriam ter voltado! Quer dizer, por que...? – Um grito vindo de fora a interrompeu. Entreolhamo-nos e saímos correndo.

Os outros falavam todos ao mesmo tempo quando alcançamos o jardim.

– Mas o que isso significa?

– Será que elas...?

– Não! Haruka-chan!

– Acalmem-se, por favor!

– Ei, calem a boca!

– A-Aquilo é o... – gaguejou Keisuke-kun.

– Isso é um sinal! – berrou Midori-chan para os céus.

Quando consegui chegar mais perto, notei que Midori-chan segurava nas mãos, como se fosse um tesouro inestimável, um objeto verde.

– Isso não pode continuar! – gritou nossa ressuscitada líder, com os olhinhos brilhando de renovada esperança. – Vamos encontrá-los e vai ser AGORA!


Ela ergueu o objeto no ar, exultando de alegria.


Gritamos em concordância.


Um pássaro ciscava por ali com ar de missão cumprida.


Midori-chan brandia o bumerangue de Keisuke-kun.


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