Na sala de reunião todos prestavam atenção no discurso de Oliver. Que realmente deveria estar sendo inspirador, mas a orquestra que se apresentava em minha cabeça por toda a manhã, não me permitia ouvir uma palavra se quer. Foquei meus olhos em seu rosto com muito esforço. Ray Palmer que estava sentado a minha frente, assentia por vezes concordando com as palavras de Oliver.

–Eu fui considerado morto por cinco anos, preso em uma ilha. –Oliver dizia. –E voltei dos mortos. Com o apoio de todos posso garantir que a QC também se reerguerá...

Palmer chamou minha atenção, me encarando com um sorriso no rosto. Sorri em resposta por educação, quando ele me indicou um bloco de notas a minha frente. Encarei o papel me amaldiçoando pela milésima vez por todas aquelas dozes de vodka do dia anterior. Pisquei os olhos várias vezes tentando focalizar o que estava escrito no papel branco de mais que me feria os olhos. Com muito esforço consegui ler o que estava escrito.

Dia ruim? Tenho algumas aspirinas aqui. Eu vou deixá-las a sua frente e distraí-los enquanto você as toma.

Olhei para ele boquiaberta, ele se limitou a sorrir e piscar para mim de forma... Amigável. –Pronta? –Mexeu os lábios sem emitir nenhum som.

Que se dane! Sorri de volta, um sorriso de alívio e agradecimento. Palmer se levantou, deixando duas pílulas em cima do bloco de notas e caminhando em direção ao lugar onde Oliver estava, então puxou uma salva de palmas para Oliver com um sorriso enorme no rosto. Coloquei as pílulas na boca rapidamente e me levantei para me juntar aos outros, reprimindo a vontade de me encolher com a dor que aquele barulho estava me causando.

Saindo da reunião, Palmer segurou meu braço, me pedindo para permanecer por mais um segundo. Oliver vendo a cena me encarou por alguns instantes parecendo confuso.

–Oliver pode descer, eu encontro você no carro. –Disse a ele com um sorriso.

–Srta Smoak. –Começou Palmer quando ficamos a sós. –Seu currículo é verdadeiramente impressionante.

–Obrigada Sr Palmer.

–O que uma garota formada em TI em uma das melhores universidades que existem, está fazendo como secretária executiva da presidência? –Perguntou com genuína curiosidade.

–Eu precisei reformular algumas coisas em minha vida durante o ano que se passou. –Expliquei vagamente.

–Como sabe, eu tenho um grande interesse nas ciências aplicadas dessa empresa, e alguém com seu currículo seria um membro valioso da minha equipe. –Disse.

Me movi desconfortável em meu acento. –Fico lisonjeada senhor. Mas não posso deixar o Oliver... Quer dizer o Sr. Queen. –Tentei consertar. –Não que eu tenha algum relacionamento com ele, sou extremamente profissional! –Ray sorria parecendo fascinado com meu embaraço.

–É uma pena de verdade, que você não queira integrar minha equipe. –Falou se levantando, me apressei em fazer o mesmo. –Não teria tanta dor de cabeça se trabalhasse com o que realmente gosta. –Acrescentou estendendo sua mão para mim. –Mas de toda forma fico feliz em tê-la na equipe.

–Obrigada senhor. –Respondi antes de me retirar da sala de reuniões, sentindo seus olhos em minhas costas.

Oliver me esperava escorado na lateral do carro, tão lindo... Ele abriu a porta do passageiro para mim a batendo com força em seguida, o que tenho certeza ter que foi um ato de pura vingança.

–Ai. –Me encolhi enquanto prendia o cinto de segurança.

–Qual o problema entre você e os caras novos dessa cidade? –Comentou enquanto dava partida no carro.

–Não sei do que você está falando. –Disse fechando meus olhos, esperando o remédio fazer efeito.

–Barry, Ray. –Respondeu me olhando de lado.

–Isso só prova que só vindo de outra cidade para um cara se interessar em mim. –Murmurei. –E como foi seu jantar? –Mudei de assunto.

–Que jantar? –Perguntou parecendo confuso.

–Ontem. Com Laurel. Precisou sair para combater algum bandido ou finalmente vai conseguir separar um tempo para seguir com sua vida? –E eu deveria fazer o mesmo. Acrescentei mentalmente.

–Normal. Nada de mais. –Respondeu parecendo não dar importância. –O que Ray queria com você?

Ele me queria em sua equipe. –Oliver engoliu em seco. –Mas eu disse que não abandonaria você. –Acrescentei fazendo um sorriso se formar em seu rosto. –O que ficou parecendo outra coisa... Mas eu juro que não foi minha intenção!

Oliver sorriu. –Tenho certeza que não foi. –Seu celular vibrou e ele parou para ler a mensagem de texto que havia recebido. - Felicity você realmente tem um sério problema com caras novos em Starlling. –Afirmou.

–O que? –Perguntei confusa.

–Pedi ao Diglle que investigasse esse tal de Danny, ou melhor, Daniel Shepeard.

–Não acredito que andaram pesquisando um cara que eu conheci há um dia!

–Nós ficamos preocupados - Tentou se justificar.

Respirei fundo tentando me acalmar. Oliver parecia desconfortável em seu acento enquanto estacionava o carro nos fundos da boate. Sai em silêncio, determinada a manter minha boca fechada durante o resto da noite. Sentei em minha cadeira e comecei o trabalho.

–Felicity. –Chamou Oliver parado ao meu lado. –Você precisa entender...

–Você tem sua vida, eu não entro no meio dela. –Disse sem tirar os olhos do computador. -Sempre estou aqui a sua disposição quando precisa com o maior prazer. E por mais que eu secretamente ame suas ceninhas de ciúme... –Ops. Falei merda. –Esquece!

Oliver ficou calado por muito tempo até que seu celular vibrou em seu bolso.

–Mais... O que? –Disse parecendo perplexo. –Preciso sair...

–Oliver o que aconteceu! –Me levantei depressa. Mas ele já havia pegado o uniforme do Arqueiro. –Fala comigo! –Gritei.

–Conversamos quando eu voltar. –Respondeu vagamente. –Não precisa ficar preocupada.