Você Me Tem escrita por Hanna Martins


Capítulo 19
O príncipe que virou sapo


Notas iniciais do capítulo

Voltei de capa nova! A linda da Eletryka que me presenteou com uma capa MARAVILHOSA!
Capítulo dedicado a Eletryka por este presente lindo!



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A cabeça parecia que iria explodir. Nem mesmo os remédios haviam ajudado acabar com a ressaca. Porém, por mais que a ressaca fosse grande o que verdadeiramente estava a perturbando era o fato de Delly ter descoberto tudo. Como pudera deixar isso acontecer? Não sabia o que Delly faria. E não gostava nenhum um pouco de não possuir o controle da situação.

― Katniss, o que aconteceu com você, ontem? ― indagou Rue, se sentando em sua frente.

― Nada... ― falou vagamente.

― Eu e Johanna vimos Peeta te carregando até o carro.

― Ah, isso... Eu bebi demais, Peeta resolveu me dar uma carona, já que somos vizinhos e eu não conseguia ir para a casa sozinha ― explicou.

Era verdade, Katniss mal conseguia se manter em pé na noite anterior. Fora preciso que Peeta a pegasse em seus braços e a levasse até o carro. Mesmo estando bêbada notou a cara de desgosto da garota que estava esperando Peeta no carro. Ele deu uma desculpa qualquer e deixou a garota na festa.

Peeta levou Katniss até sua casa.

― Pode me ajudar aqui? ― disse, enquanto tentava sair do carro.

Peeta a pegou em seu colo. Ela passou os braços por seu pescoço e encostou os lábios na parte mais sensível do pescoço dele. O cheiro de Peeta era tão bom. Fazia dias que não o sentia.

― Seu cheiro é bom... ― sussurrou.

Sentiu como os braços de Peeta aumentaram a pressão sobre ela. Peeta a levou até seu quarto e a depositou na cama.

― Precisa de mais alguma coisa?

― Me ajude com meu vestido ― disse se esforçando para encontrar o fecho.

Ele suspirou, mas não reclamou e a ajudou abrindo o fecho. Livrou-se do vestido, ficando apenas de calcinha e sutiã. Mesmo estando bêbada e um pouco fora de si, podia ver claramente o desconforto de Peeta.

― Por que está assim, se já me viu outras vezes completamente nua?

Ele estava sentando na borda da cama. Aproximou-se dele e o abraçou por trás.

― Por que está se comportando assim? ― indagou.

― Eu não sei... Nem eu mesma me entendo, como você poderia me entender? Nunca ninguém poderá me compreender.

Sentou-se no colo dele e acariciou seu rosto.

― Por que você tinha que estragar tudo? ― aproximou seus lábios dos dele e os abocanhou.

Peeta a apertou em seus braços, suas mãos passeavam por todo o seu corpo, provocando uma prazerosa sensação que nem mesmo qualquer um dos esportes radicais que gostava de praticar lhe dava.

A mão de Peeta passeou por seus seios, desceu por seu ventre, em seguida adentrou em sua calcinha. Todo seu corpo se contorceu. Aquelas mãos eram por demais habilidosas. Ficou sem fôlego, respirar tornou-se uma tarefa fadigosa. Fechou os olhos e se concentrou nas sensações que a mão de Peeta provocava. Todo seu corpo, seus sentidos se concentravam naquele ponto, até que veio uma deliciosa explosão e um gemido saiu de seus lábios.

Abriu os olhos, se deparando com os intensos olhos azuis dele. Peeta a olhava com uma indecifrável expressão, ela o beijou mais uma vez. Saboreou cuidadosamente o gosto daqueles lábios.

― As coisas eram tão mais simples antes ― disse ela, retirando os lábios dos dele. ― Eu não sou alguém que mereça ser amada... ― murmurou, não sabia se Peeta havia a escutado ou não.

Uma lágrima escorreu por sua face. Encostou a cabeça em seu peito e fechou os olhos. Eles ficaram um longo tempo assim.

Peeta a deitou na cama e a cobriu com um cobertor. Queria pedir para ele ficar, aquecer o seu corpo frio. Mas por alguma razão, acreditava que não tinha o direito. Deixou-o ir.

― Ei, Katniss?! ― a voz de Johanna a chamou à realidade.

A olhou interrogativa, não havia percebido quando ela chegara.

― Desculpe, minha cabeça está doendo muito... Preciso ir tomar um remédio ― disse, se levantando da mesa.

Foi até o estacionamento do colégio. Talvez, o melhor fosse voltar para a casa, não estava em condição de assistir nenhuma aula.

― Katniss! ― voltou-se para a dona da voz que a chamava. Delly a encarava.

Os olhos de Delly estavam inchados, com imensos círculos negros em volta.

Aproximou-se de Delly e esperou que ela dissesse algo. Porém, ela nada falou e apenas a olhava com aqueles imensos olhos tristes.

― O que foi? ― disse, quebrando o silêncio sufocante.

Uma solitária lágrima escorreu pela face de Delly.

― Por que fez isso? Por que apostou com Peeta que ele iria me levar para a cama? Por que resolveu brincar com os sentimentos das pessoas? Por que foi tão egoísta assim? Por que não pensou nas outras pessoas que seriam feridas por seu ato?

As perguntas de Delly saiam uma atrás da outra. Delly as despeja de um só fôlego. À medida que ela perguntava, seu tom de voz aumentava, sua tristeza se transformava em raiva.

Katniss a olhava. Não sabia o que responder. Sua cabeça doía. Sua garganta estava seca. Nunca havia pensando nisso. Quando arquitetou o plano, tudo o que queria era se vingar de Gale.

― Por quê, Katniss? Por quê? Você arruinou minha vida! ― acusou. ― Eu amava Gale, era feliz com ele. Gale sempre foi o cara perfeito.

O cara perfeito? Naquele momento, teve vontade de soltar uma gargalhada. Gale havia enganado ela direitinho.

― Mas então Peeta surgiu e... eu me vi desejando ele. Sabe como me corroía pela culpa todo dia por namorar Gale e me sentir atraída por Peeta? Houve um tempo que a situação ficou tão insuportável que eu não conseguia nem olhar para Gale direito. A culpa me consumia.

A raiva de Delly tornava-se mais e mais palpável a cada palavra que ela proferia.

― Olha o que vocês fizeram comigo! ― gritou com todas as forças que possuía.

As lágrimas não paravam de cair pela face de Delly, mas não eram mais lágrimas de tristezas, eram de raiva.

― Você e Peeta não prestam! Vocês não se importam com nada mais que não sejam vocês! Não olham para as outras pessoas! São egoístas! Vocês gostam de brincar com os sentimentos das pessoas! Eu odeio vocês dois!

Katniss sentiu a mão de Delly ir parar bem em sua face. Aquilo doeu muito. Mas não revidou. Talvez, Delly tivesse razão, ela era bem egoísta.

― Por quê? Por quê? Estava cansada de sua vida e resolveu se divertir um pouco as custas de outras pessoas?

Outro tapa. Novamente não revidou. Mas desta vez, não revidar exigiu certo esforço.

― Você destruiu a minha vida! Gale... Por causa desse joguinho de vocês, eu traí Gale... só de pensar que ele queria se casar comigo...

― Casar?

Aquilo a deixou perplexa. Delly havia endoidado de vez, mal tinha feito dezoito anos estava pensando em se casar e se casar com Gale?

― Mas vocês destruíram tudo!

Delly levantou a mão para dar outro tapa. Mas Katniss não permitiu que a mão dela chegasse em sua face.

Raivosa, deu um grande tapa na face de Delly, que a olhou espantada.

― Você quer saber por que eu fiz isso? Está na hora de conhecer a verdade!

Delly precisava ver que seu namoradinho não era o que ela pensava. Ele não era um príncipe encantado, era um sapo. Um nojento sapo da pior espécie.

Pegou Delly pelo braço.

― O que você está fazendo? ― ela tentava livrar-se de sua mão.

― Levando você para conhecer a verdade! ― podia ser pequena, mas quando queria era bem forte, por isso Delly não conseguiu escapar de sua mão, que se fechavam sobre o braço de Delly como garras de aço.

Arrastou Delly até aquele velho prédio de Panem, que quase nenhum aluno frequentava, já que acreditavam ser um lugar mal assombrado.

― Por que você me trouxe aqui?

― Quieta, Delly! Vou te mostrar a verdade! ― disse com uma ponta de ironia.

Embora a contragosto, Delly se calou.

Entraram no prédio. Começaram a ouvir alguns sussurros. Delly olhou assustada para Katniss. Será que Delly acreditava naquelas historinhas de fantasma sobre o prédio?

Continuou a puxar Delly. Os sussurros aumentavam à medida que se aproximavam do local.

― Isso assim, bebê! ― a voz de Gale chegou até elas.

Delly parecia cada vez mais amedrontada. Katniss aumentou a pressão sobre o pulso de Delly para que não escapasse. Ela precisava conhecer a verdade.

Então, elas viram. Uma garota de cabelos ruivos estava agachada diante de Gale, que tinha as calças abaixadas. Reconheceu a garota, era mesma garota do primeiro ano que ela já flagrara com Gale em outra ocasião naquele mesmo local. Ela sabia dos hábitos de Gale. Fora por isso que arrastara Delly até aquele local.

― Vamos, bebê, mais rápido!

Podia sentir o quanto Delly tremia, mesmo assim não diminuiu a pressão dos dedos em volta de seu pulso.

Gale gemeu.

― Engole tudinho, bebê!

A garota levantou-se.

― Fiz bem?

― Sim, mas pode melhorar!

A garota fez beicinho.

Uma expressão de horror cobria todo o rosto de Delly, que parecia não acreditar no que estava acontecendo.

― Prometo que vou melhorar! ― afirmou a garota.

― É assim que eu gosto!

― Mas se você não tivesse aquela sua namorada, eu poderia praticar mais com você...

Gale sorriu.

― Já disse que ela não significa nada. É de você quem eu gosto. Só de você.

Gale virou a garota contra a parede e subiu sua saia.

― Ela é apenas alguém com quem eu devo me divertir um pouquinho.

Katniss teve pena da garota ruiva. Gale estava mentindo para ela também. Ele mentia para todas. Nunca dizia a verdade. Era o típico babaca que dividia as garotas em para casar e aquelas para pegar, usar e depois descartar quando desejasse.

A garota gemeu.

Delly estava petrificada. Foi preciso Katniss praticamente a arrastar para fora daquele lugar, ela não merecia ver mais aquilo. Ela se deixou levar.

― Agora você tem sua resposta? Foi por isso, Delly! Gale é um hipócrita mentiroso. Você pode ter razão, eu errei sim, não pensei nos sentimentos das outras pessoas e apenas nos meus. Mas eu não estava errada quanto a Gale. E não me arrependo de querer me vingar dele.

Delly a olhava silenciosa. As lágrimas não paravam de cair.

― Aposto que você não sabia que eu e Gale namoramos, não é? É, namoramos, foi por um curto tempo, nas férias, na verdade. Foi por isso que ninguém nunca soube disso. Eu cheguei a gostar de Gale de verdade. Cheguei até a acreditar que ele podia ser alguém que me compreendesse. Mas, eu estava enganada. Terrivelmente, enganada. Gale é um mentiroso, que finge ser alguém que não é. Depois de termos saído por um tempo, ele me descartou sem dó nem piedade, porque tinha encontrado a garota perfeita ― olhou para Delly. ― Você!

Delly não conseguia se sustentar mais, foi preciso ela se apoiar em uma parede para não cair.

― Eu queria me vingar de Gale, mostrar o quanto ele era idiota. Meu plano consistia basicamente em Peeta te levar para a cama e depois revelar isso a Gale de um modo bem doloroso. Mostrar o tamanho de sua idiotice, o quanto ele estava errado, não existem garotas certinhas. Garotas assim são irreais. Mas depois eu vi que o tamanho da babaquice dele, que só aumentava a cada dia. Cheguei até a sentir pena de você...

Delly chorava e chorava.

― Não, não! ― começou a gritar e depois a correr.

― Delly, me escute! ― chamou. No entanto, Delly apenas fugia e fugia.

Katniss se encostou na parede, exausta. Realmente, sentia pena de Delly naquele momento. Ela havia acabado de ver seu belo príncipe virar um nojento sapo bem em sua frente. Talvez, seu plano no final de tudo fosse idiota e sem sentindo. O que ela conseguira com tudo isso? Apenas sofrimento. E quem realmente deveria sofrer, estava agora se divertindo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Delly descobriu sobre Gale... E Katniss está pensando um pouco mais em suas ações...