Você Me Tem escrita por Hanna Martins


Capítulo 16
Perdido em um mar de solidão


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a linda da Bridget Black, que fez uma recomendação maravilhosa para a fic, saiba que sua recomendação me deu muito animado para fazer este capítulo! Obrigada, obrigada, obrigada!!!



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Acendeu um cigarro, há muito tempo que não fumava. Katniss odiava cigarro. Até parara de fumar por causa dela. Mas naquele momento precisava de algo com que se distrair. O quarto estava em completa penumbra. Entretanto, não se atrevia a acender as luzes, mesmo que aquela escuridão o sufocasse. Deu outro trago em seu whisky. Estava sentado próximo à janela, onde podia ter uma boa visão da casa das Everdeen. O que será que ela estava fazendo naquele momento? As luzes de seu quarto estavam apagadas. Será que ela estaria em casa? Será que estaria no quarto assim como ele com as luzes apagadas?

Bebericou o whisky. Mais uma vez estava agindo feito um babaca apaixonado. É, Peeta Mellark era um completo babaca apaixonado. Um estúpido de um apaixonado! Aquilo fugira completamente de seu controle.

― Ela me odeia ― sussurrou.

Ela fora a única garota que nunca se rendera a seus encantos. Ele que já tivera metade de Panem em sua cama. No começo, era apenas orgulho ferido, se sentia desafiado a ter aquilo que nunca provara. Katniss o provocava, instigava, desafiava. Quando aceitara aquela maldita aposta, a única coisa que tinha em mente era ter aquela garota que sempre o rejeitara em sua cama. Sem sombra de dúvida o que mais desejava era fazê-la voltar atrás com suas rejeições, confessar que Peeta Mellark não era alguém que poderia ser desprezado com tal facilidade. No entanto, tudo saíra errado. Fora ele que caíra completamente nas garras dela. Não soubera quando, nem como, mas havia uma única certeza, estava completamente apaixonado por Katniss Everdeen. A garota se apossara de seu coração aos pouquinhos e quando, finalmente, percebera já era tarde.

Encheu o copo de whisky novamente. Amar doía tanto, principalmente quando se era rejeitado. Ele amava Katniss, mas ela... bem, ela não parecia sentir o mesmo que ele. O que faria? Quem diria que um dia Peeta Mellark estaria amando? E ainda mais, que era um amor unilateral?

― Estraguei tudo ― se recriminou.

Já era difícil conviver com o fato de que estava apaixonado. Ele que nunca amara ninguém de verdade. Não era alguém que procurava pelo amor. Muito pelo contrário. Queria apenas se divertir, não estar preso a ninguém. Se apaixonar por Katniss fora um acidente, um daqueles acidentes que acontecem bem no meio do caminho que ninguém sabe como aconteceu, nem por que aconteceu. Por que existiam estas coisas? Sua vida seria tão mais fácil se continuasse sem conhecer este sentimento.

Deu outro trago no whisky e acendeu outro cigarro. Aquele definitivamente fora um mau dia.

Desde que se descobrira irremediavelmente apaixonado por Katniss, decidira acabar com aquela aposta. Ela não tinha mais sentindo algum para ele. Além disso, não queria ir para a cama com nenhuma outra garota que não fosse ela. Entretanto, Katniss fizera questão de lembrá-lo daquela maldita aposta. Naquele dia, em que ela o recordara disso, estava decidido a revelar tudo, seus sentimentos e sua decisão de terminar com a aposta. Quando estava preste a abrir o jogo, não conseguira. Falhara miseravelmente. A covardia o atacara. O que Katniss pensaria dele? O que ele significava para ela? Ele era apenas um joguete nas mãos dela? Todas estas perguntas fizeram o recuar naquele momento decisivo. E o fato dela recordá-lo da aposta não havia contribuído em nada para aumentar sua coragem.

Desde aquele dia, ela se mostrara ainda mais distante. Era impossível saber o que se passava com ela. Tentara se aproximar dela, porém, ela estava realmente empenhada em lhe escapar, como a água que escorria por entre seus dedos. No colégio, quase nunca a via, e se a via era por breves segundos. Também não a encontrava em sua casa. Todas as vezes que a procurara ali, diziam que ela não estava. Sempre alguma desculpa esfarrapada.

O dia começara como sempre, com Katniss fugindo dele. Como se aquilo fosse alguma novidade. Estava começando a acreditar que de fato era uma espécie de lobo mau e ela era a chapeuzinho vermelho que fugia eternamente dele. Pobre lobo.

― Ei, Katniss! ― gritou para ela, bem no meio do corredor, fazendo todos os olhares voltarem-se para ele.

Embora tivesse muitos olhares sobre si, o único que importava não estava sobre ele. Ela continuou seu caminho como se não tivesse o escutado. Fora ignorado sem nenhuma pena. A campainha soou indicando que, caso não se apresasse, iria chegar atrasado a próxima aula.

A aula era de latim. Delly estava sentada em uma das primeiras carteiras. Quando passou por ela, sentiu o olhar dela em suas costas. Este era mais um de seus problemas. Delly. O que faria com ela? Tinha plena consciência dos olhares que lhe lançava. E também de como tentava evitar os encontros com ela. Teve vontade de soltar uma estridente gargalhada. Todos estavam jogando um jogo de gato e rato. Ele revezava no papel de gato e rato. Enquanto, ele se escondia de Delly, Katniss se escondia dele. Durante a aula, notou os furtivos olhares que Delly lhe lançava. Mas os ignorava olimpicamente.

Aquela situação estava se tornando muito perturbadora. Não podia ter Katniss, mas estava apaixonado por ela. Era um maldito apaixonado, um daqueles caras que ele nunca acreditara que um dia seria. Enquanto Delly se sentia cada vez mais atraída por ele. E ele a estava ignorando. Fora ele que provocara toda esta situação, que seduzira Delly. Que situação patética!

Assim que a aula terminou, saiu imediatamente da sala. Não porque se importava em chegar atrasado na próxima aula, a aula de física era um verdadeiro porre, e sempre adiava o momento de ir para a sala. Não, não era isso. Saiu imediatamente da sala, porque não queria enfrentar Delly. Outra vez estava sendo covarde.

Não estava com vontade de ir para a sala e aturar o professor falar em tom monótono sobre as leis da física ou algo do tipo. Por isso, encaminhou-se para a biblioteca. Não era apenas ele que não queria ir para a sala, constatou ao avistá-la olhando os livros em uma das estantes de livros mais afastadas da biblioteca.

Katniss deslizava as mãos pelos livros. Não sabia se estava concentrada ou se estava distraída e fazia o gesto automaticamente. Ela muitas vezes era um enigma para ele. Aprendera a interpretar alguns pequenos gestos dela. Quando ela mordia o lábio inferior significava que estava ansiosa, quando balançava um lápis nos dedos, impaciente, se mordesse a ponta da unha do polegar, preocupada. Entretanto, isso não era suficiente para compreendê-la plenamente. Katniss Everdeen era um grande mistério quando se fechava em si mesma. O que se passava na mente e no coração dela era algo que almejava saber, mas também tinha plena consciência que se ela não permitisse nada saberia.

Sem que ela notasse se aproximou, mantendo alguns poucos centímetros de distância.

A trança contornava o pescoço dela, deixando-o em algumas partes exposto. Aquilo era muito sensual. Todo seu corpo reagia com a presença dela. Queria tocá-la, tomá-la para si, arrancar cada peça do seu uniforme ali mesmo. Coisa que poderia fazer muito bem, não havia ninguém por perto.

Seus lábios ferozmente atacaram o pescoço dela, provocando um pequeno susto nela. 

― Peeta?! — gritara, se virando para ele.

— Shhh! — Ele colocou o dedo indicador sobre os lábios dela. — Pode não ter ninguém na biblioteca, mas gritar aqui não é permitido.

— O que está fazendo aqui? — sussurrou ela, embora não houvesse a necessidade de falar em voz baixa.

— Estava com saudades — disse, enquanto passava o dedo por seus macios lábios. — Você está fugindo de mim — sua voz era extremamente sexy.

— Não — negou, o encarando.

— Mentirosa. — Ele podia jurar que ela lhe escaparia se não estivesse presa entre seu corpo e a prateleira de livros.

Sem aviso prévio arrebatou seus lábios. Deu-lhe um beijo quase violento, sugando seus lábios de maneira possessiva, como se quisesse marcá-los para sempre. A língua adentrou em sua boca da mesma forma, com movimentos rápidos enroscou-se na língua de Katniss. No início, ela lhe pareceu um tanto tensa, mas logo cedeu e correspondeu ao seu beijo.

Com uma das mãos desabotoou quatro dos botões da camisa do uniforme escolar, deixando seus seios expostos. A mão entrou em sua camisa e acariciou o seio direito. Contornou o sutiã com o dedo indicador. Agradeceu mentalmente o fato de que o sutiã era um daqueles que possuía fecho frontal. Como era um habilidoso em abrir sutiãs, com facilidade o abriu, deixando completamente desnudos os pequenos e apetitosos seios de Katniss. Escorregou seus lábios até eles e os beijou com volúpia. Sua língua passeava por eles com destreza absoluta. Ela soltou um som, algo entre um gemido e um som desconhecido. Aquilo só lhe provocou mais desejo. Abocanhou o mamilo direito e o sugou fortemente.

Ela apertou seus ombros com força e outro som saiu dos lábios dela. Adorava a fazer gemer, soltar aqueles sons de seus lábios. Aquilo era música para seus ouvidos. Uma agradável melodia que poderia e queria ouvir pelo resto de seus dias.

Ela enlaçou seu quadril com as pernas. Passou as mãos por suas coxas, provocando arrepios nela. Podia sentir seu membro latejando, pedindo, implorando por Katniss. 

Katniss mordeu sua orelha, foi a vez dele gemer. Não entendia como uma garota podia o dominar totalmente, a tal ponto que o menor toque dela o fizesse ansiar por mais. Ter Katniss era seu vício.

Voltou a beijar seus lábios. Desta vez sem fúria, era um beijo delicado, mas nem por isso menos intenso. Apenas soltou de seus lábios, quando teve certeza que tinha a necessidade absoluta de um pouco de oxigênio para viver. Contudo, não retirou os lábios dela e os desceu até o pescoço.

— Eu te amo — murmurou, aquilo saiu sem que ele pudesse evitar.

Imediatamente as pernas de Katniss se soltaram de seu quadril. E ela o afastou com as mãos.

— O quê? — Ela o encarou surpresa, enquanto sua mão tratava de fechar rapidamente o sutiã.

Aquilo não podia mais ser escondido.

— Eu te amo, Katniss — repetiu, desta vez em alto e bom som.

Ela o olhava como se ele tivesse acabado de jogar uma serpente em sua cara.

— Katniss, eu amo você.

— Como? Você não pode me amar! — Ela estava nervosa, como ele jamais a vira.

— Não é como se eu pudesse controlar meus sentimentos! — respondeu. — Eu estou perdidamente apaixonado por você. Eu também não sei como isso foi acontecer. Eu juro que eu não sei. Mas a verdade é que eu amo você.

Ela o olhava quase com raiva. Não era exatamente isso que esperava quando confessasse seu amor. Na verdade, não sabia o que esperar. Mas um olhar raivoso de Katniss, como se ele acabasse de confessar que havia matado alguém, certamente não estava em seus planos. Aquilo o ferira, como jamais pensara que pudesse ser ferido.

— Não! Não! — Ela se afastou dele, enquanto abotoava o último botão da camisa. 

Ele a segurou pelos ombros, impedindo que se afastasse mais.

— Katniss, aconteceu, eu me apaixonei por você — a voz soou mais raivosa do que ele gostaria que soasse, mas não podia fazer nada, a reação de Katniss diante de sua confissão o perturbara. — Também não estava em meus planos... — Não sabia mais o que estava falando, nem o que dizer, ele que era um mestre da retórica, aquilo realmente estava fugindo de seu controle.

Ela o olhou bem no fundo dos olhos, como se quisesse ler até o último pensamento de sua mente. Uma expressão de horror se formou em seu rosto.

— Não, Peeta! Não me ame! Você não pode me amar!

O que estava acontecendo com Katniss? Qual era a daquela reação dramática? Não estava gostando nada daquilo.

— Katniss, qual é o problema?

Ela se livrou das suas mãos e virou as costas para ele.

— Você estragou tudo, Peeta! Eu te odeio — disse furiosa, enquanto se afastava dele.

— Katniss! — Tentou alcançá-la, mas ela já lhe escapara.

“Eu te odeio”, “Você estragou tudo”, “Não me ame! Você não pode me amar” aquelas palavras soavam em sua cabeça a cada instante. Que sentimento mais infeliz era aquele?

Tomou outro gole de whisky e acendeu mais um cigarro. Ele se apaixonara por alguém, pela primeira vez em sua vida, e agora estava lá sofrendo. E a pior parte é que não podia deixar de amar. Amava Katniss. Este fato não podia ser negado. Por que tinha que se apaixonar por ela? Por que existia este sentimento chamado amor? O que faria agora? Só sabia de uma coisa não podia controlar seus sentimentos. O amor é incontrolável. Gostaria de saber como poderia lidar com este sentimento. Este sentimento que enchia todo o seu ser, preenchendo cada fibra de seu corpo. Não existia manuais sobre amor, nem cursos, nem nada. Amar alguém era estar perdido em um mar de solidão.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? E agora depois desta confissão do Peeta como será que as coisas irão ficar? Peeta também é alguém que nunca amou de verdade e não sabe como lidar com estes sentimentos direito... É difícil para ele admitir que está amando alguém, mas pior ainda é a rejeição, como será que ele enfrentará isso?