Será que aquela fora uma boa ideia? Definitivamente, não. Constatou Katniss enquanto andava pelo campus da universidade em que Annie e Finnick estudavam. Mas Annie, que caminhava sorridente ao seu lado, não pensava assim. Ela tinha praticamente a obrigado a fazer aquela visita ao campus da universidade de Panem.

As duas voltavam da breve visita que fizeram a um dos professores de Annie. Ela a arrastara até a universidade com a desculpa que seria bom conversar com um dos professores para saber um pouco mais sobre profissões. Porém, sabia que o verdadeiro motivo era outro, ver Finnick.

― Vamos tomar um suco! ― disse Annie, apontando para a cantina.

Katniss concordou, estava faminta e com sede.

Enquanto Annie foi pegar a comida e os sucos, se sentou em uma das mesas.

― Katniss!

Era Finnick acompanhado de outro rapaz, que era quase uma cópia mais velha daquele. Ele deveria ter entre vinte e cinco e vinte e sete anos. Assim como Finnick, era extremamente belo, possuía o mesmo par irresistível de olhos verdes da cor do mar, os mesmos cabelos cor de bronze, a mesma pele dourada, além de ter o mesmo porte atlético. 

― Este é Stefan, meu irmão ― Finnick apresentou. 

Antes mesmo de Finnick ter anunciado, ela já soubera.

A mão quente de Stefan apertou a sua de modo firme.

― Prazer, sou Katniss.

― Olá, Katniss! ― disse com um sorriso no rosto que faria centenas de mulheres desmaiar. Porém, ela estava imune contra estes sorrisos, quando se tinha Peeta Mellark por perto constantemente certas coisas tornavam-se fáceis de evitar.

― Oh, Finnick! ― falou Annie surpresa, colocando os sanduíches e os sucos em cima da mesa. Ela realmente sabia atuar. ― Não te vejo faz um tempo!

― Olá, Annie ― respondeu ele, sem muito entusiasmo. Não o culpava, sabia o quanto a simples menção a noiva do irmão (até mesmo pronunciar seu nome) era doloroso para ele. E deveria ser muito mais naquele momento, já que Stefan estava ao seu lado. ― Este é Stefan, meu irmão ― se apressou em apresentá-lo.

― Olá, Stefan, é um prazer te conhecer, sou Annie, estudo aqui na mesma universidade de Finnick ― falou ela, enquanto apertava a mão de Stefan.

― Annie? Sabia que este é o nome de minha noiva? ― falou de modo simpático com um belo sorriso.

― Que coincidência! ― disse, sem soltar a mão de Stefan.

Pelo visto Annie tinha uma grande queda pelos irmãos Odair.

― Podemos nos sentar com vocês? ― perguntou Stefan.

― É claro! ― assentiu Annie, finalmente, soltando a mão dele. ― Então, veio visitar seu irmão na universidade?

― Algo assim... Na verdade, tinha alguns negócios para resolver na cidade e vim ver meu irmãozinho sem coração, que nem visita mais o irmão!

Finnick riu. No entanto, Katniss notou o esforçou que ele fazia para dar aquela risada. Deveria ser imensamente tortuoso conviver com o fato que um dia traíra o irmão, que estava apaixonado por sua noiva. 

― Entendo! ― falou Annie, rindo.

― Mas agora eu sei o motivo porque meu irmãozinho não quer voltar para a casa... ― insinuou, olhando para as duas. ― Eu também não voltaria ― cochichou para Finnick, brincalhão.

Annie sorriu ainda mais. Stefan era realmente encantador e muito divertido.

― Pretende ficar por quanto tempo aqui? ― indagou Annie.

― Não sei... as coisas se complicaram um pouco, acho que terei que ficar por mais tempo do que eu imaginava...

― Poderíamos sair um dia destes... Tem ótimos lugares para se conhecer em Panem.

Annie era bem espertinha. Sabia que poderia arrastar Finnick junto em um destes passeios. Conquistar o irmão mais velho era uma ótima estratégia.

― Acho uma ótima ideia, Annie! Estou tentando convencer meu irmãozinho a sair um pouco, ele tem andado muito estudioso ultimamente, acho que seria uma boa ideia um pouco de diversão.

― Seu irmãozinho está atrasado para a aula! ― falou Finnick, olhando para o relógio de pulso.

― Nós também já estamos indo! ― se apressou Annie em dizer. ― Não é mesmo, Katniss?

― Claro ― disse, achando aquela situação bem divertida.

― Onde vocês moram? ― indagou Stefan. ― Posso dar uma carona para vocês.

Annie sem pestanejar aceitou. Katniss acabou aceitando a oferta também. Elas tinham ido até a universidade no carro de Annie. No entanto, não poderiam voltar nele, ela dividia o carro com sua colega de quarto, e esta iria precisar dele mais tarde.

Finnick se despediu deles apressadamente e foi para sua aula. Stefan as levou para suas casas.

Annie morava em um prédio bem antigo, não muito longe da universidade. Apostara que naquele momento que Annie desejava que o prédio fosse bem mais longe, talvez na outra cidade. Ela e Stefan conversaram durante todo (curto) trajeto. O assunto Finnick predominou na conversa. Realmente, Annie era bem espertinha, estava coletando informações que poderia usar mais tarde.

A casa de Katniss já era mais longe. Stefan parecia estar atrasado para uma reunião.

― Pode me deixar aqui ― falou após Annie sair do carro. ― Posso pegar um táxi, você vai chegar atrasado...

― Não, não, eu te levo para sua casa. Esta reunião não é tão importante assim, os amigos do meu irmão são mais ― falou de um modo que não aceitava uma negativa. ― Finnick tem andado bastante distante. Ele nunca foi assim, estou preocupado com ele.

― Ele só deve estar ocupado com as coisas da faculdade. ― Ela sabia os verdadeiros motivos de Finnick, porém não revelaria jamais.

― Você tem razão, deve ser isso. Finnick é a pessoa mais importante para mim. Ele é minha única família. Não quero que nada mal aconteça com ele... Sou um irmão mais velho, não posso evitar a preocupação. 

O amor de Stefan por Finnick lhe lembrava do amor que ela possuía por Prim. Ela também considerava Prim a pessoa mais importante. 

― Eu te entendo, também tenho uma irmãzinha! Se há algo de errado com Prim também fico extremamente preocupada.

Stefan sorriu. E os dois tiveram uma longa conversa sobre seus respectivos irmãos. Gostara de conversar com ele. Stefan era uma ótima companhia. 

― Vamos sair qualquer dia destes! ― falou Stefan, quando chegaram em frente a sua casa. ― Sinto que Finnick está precisando se distrair um pouco. Você e Annie são umas ótimas companhias.

― Adoraria.

Despediu-se de Stefan com um sorriso e foi para sua casa.

O primeiro som que ouviu foi a voz animada da irmã. Logo, notou outra voz. Era Peeta, reconheceu imediatamente.

― Então, a valente princesa resgata o príncipe do dragão que o guardava ― disse Prim, apontando para um desenho que acabara de fazer. ― Peeta, você parece o príncipe da história.

― Pareço? ― indagou, divertido.

―Sim, você também vive em um castelo solitário.

Ele riu e bagunçou os louros cabelos de Prim.

― Será que uma princesa valente também vai me libertar?

― Sim!

― Quem?

― Minha irmã! ― disse Prim, orgulhosa.

― Será que Katniss vai aceitar esta tarefa? 

― Claro, ela sempre está em busca de desafios!

Peeta mais uma vez bagunçou os cabelos de Prim. Não saberia dizer quem era a verdadeira criança entre aqueles dois. Estava tão absorta em observá-los, que nem percebeu os olhos de Peeta pousarem nela com uma expressão divertida.

― Então, valente princesa Katniss, aceita libertar o solitário príncipe Peeta?

Por um segundo o olhou surpreendida, pensara que ele não havia notado sua presença.

― Não sei se devo... ― respondeu, olhando para Prim, que os observava com um sorriso divertido no rosto.

― Ah, ela aceita, sim! ― interveio Prim, notando a hesitação da irmã.

Peeta a analisava com uma das sobrancelhas arqueadas.

― Prim! ― Katniss a repreendeu.

― Você aceita ou não aceita esta tarefa? ― insistiu ele.

Não sabia o porquê, mas aquela brincadeira não lhe parecia uma brincadeira e estava começando a lhe irritar.

― A princesa Prim precisa é tomar um banho!

― Ah, Katniss! Deixa eu ficar mais um pouco! ― pediu com aqueles olhos suplicantes que ela sabia tão bem como usar. ― Prometi a Peeta mostrar a ele a coleção de livros que você me deu.

― Não! Você vai tomar um banho agora!

Prim suspirou.

― Pode ir tomar seu banho, Prim ― interveio Peeta. ― Eu espero.

Prim sorriu e foi para seu quarto.

Katniss olhou para Peeta, que tinha um sorriso nos lábios.

― O que está fazendo aqui? ― indagou.

― Vim te ver! ― disse, se aproximando dela. ― Desde aquele dia não te vi mais.

Fazia quase uma semana que não tinha cruzado mais com Peeta. Não que ela estivesse o evitando... Talvez, fosse um pouco disso... Não estava gostando do modo como as coisas estavam andando. Peeta a fazia revelar coisas que nunca tinha revelado a ninguém, o deixara ver seu lado mais vulnerável. Isso era perturbador.

― Tenho andando um pouco ocupada.

Ele a olhou, incrédulo.

― O que está acontecendo?

― Nada. ― Deu os ombros.

― Katniss! ― Ele se aproximou.

Quase deu um passo para trás. No entanto, se manteve firme onde estava. Se recuasse iria dar uma vitória a ele.

Peeta a encarou por uns longos segundos e sem que ela pudesse impedir (ou quisesse impedir) pressionou seus lábios sobre os dela. Ao sentir os lábios quentes dele sobre os seus, fora quase automático abrir seus lábios e acolher sua língua. Ele passou o braço por sua cintura e a trouxe mais para perto de si. Ele matinha uma mão em sua nuca.

O beijo era apressado, como se quisessem possuir um ao outro o mais rapidamente possível.

Aquilo estava saindo do controle. Katniss com algum esforço (sobre si mesma) afastou seus lábios dos dele.

― Minha irmã pode aparecer ― disse, se esquivando dele.

― Vamos lá para minha casa. ― Ele a abraçou por trás, a impedindo de se afastar.

― Peeta, o que está acontecendo com você? Se esqueceu que você não me tem? Você ainda não ganhou a aposta... ― Resolveu provocá-lo e tomar o controle da situação novamente.

― Esta aposta...

Katniss se virou para ele e antes, que pudesse prosseguir, ela abocanhou seus lábios e lhe deu um beijo arrebatador.

― Você anda muito atrevido... ― disse com um sorriso malicioso no rosto. ― Não se esqueça da aposta... Eu já lhe dei algumas amostras... Se quiser mais terá que vencer a aposta! ― Passou o dedo indicador pelos lábios dele. ― Vença, Peeta, e me terá por um mês... Serei totalmente sua.

Peeta tentou a beijar novamente.

― Não, não! A aposta primeiro!

Com seu sorriso mais provocante aproximou seus lábios dos dele. Ele pensara que iria receber outro beijo. Mas o beijo não veio.

― Ainda não sou sua ― murmurou, roçando os lábios nos seus.

Antes que ele atirasse seus lábios sobre os dela, afastou-se dele.

Peeta riu. Era uma risada um tanto nervosa, diria até que irritada.

― Diga a Prim que venho outro dia para ela me mostrar sua coleção de livros ― falou, saindo.

Katniss se desmoronou no sofá. Aquele jogo estava ficando mais perigoso a cada dia. Não beijar Peeta exigira um grande esforço da parte dela. O que estava acontecendo com ela?