O anjo e o demonio escrita por Lu Rosa
A jovem tinha os pés descalços e eles escorregavam nas pedras da escada enquanto ela tentava subir as escadas.
Com as mãos e os joelhos machucados de tanto cair, a jovem finalmente alcançou o alto da torre. Na beira da amurada, Ela olhou o brilho das tochas que continuava invadindo o castelo e apesar dos trovões Ela ouvia o alarido da batalha que se desenrolava.
Ela voltou-se ao ouvir o barulho de passos. Segurando firmemente o crucifixo de prata, começou a rezar.
Ela se voltou aliviada ao ouvir a voz de seu grande amor chamando-a pelo apelido carinhoso. Ela correu para ele e, apesar dos ferimentos, o abraço dele era quente e forte. Ele afastou os cabelos molhados dela para guardar o rosto que ele adorava na memória.
Os dois sabiam que não haveria escapatória. O castelo estava tomado pelos mercenários de Ormonde. O líder do clã Dougherty, que também era o pai dela, estava morto, assim como os dois irmãos dela. Sua mãe fora transpassada pela mesma espada que matara sua irmã menor. Ela correra para a torre alucinada pela dor.
Shane, seu noivo, vira quando ela correra como um espectro na direção da torre do castelo. Ele se livrara de seu oponente e correra atrás dela disposto a morrer para protegê-la dos mercenários que invadiram o castelo
E então, os dois enamorados estavam assim nessa aceitação mútua de seus destinos quando ouviram um barulho metálico que fez o sangue de ambos gelar nas veias.
- Que cena apaixonante... Os últimos Dougherty fazendo juras de amor antes de morrerem – Ormonde arrastava a ponta da espada no chão de pedra. Sua pele pálida parecia brilhar na escuridão da noite. Os cabelos revoltos juntamente com a sujeira de lama e sangue em suas roupas evocavam a imagem de um demônio surgido das profundezas do inferno.
Shane deu um último beijo de sua amada e erguendo a sua espada correu para combater o que os irlandeses daquela região consideravam o mal encarnado.
- Pela honra, justiça e liberdade! – gritou Shane.
O choque das duas espadas lançava faíscas ao redor e lembravam os relâmpagos que riscavam o céu.
Mortalmente pálida Ela acompanhava os movimentos da luta sabendo que Shane não teria nenhuma chance contra a Besta de Donegal, como Ormonde era chamado.
Nenhum dos combatentes se deu conta que Ela não estava mais perto da amurada e sim se aproximando deles. E quando, já vencido pelos ferimentos e pelo cansaço, Shane Maguire caiu aos pés de Ormonde e a Besta de Donegal desferiu o golpe mortal, Ela se jogou contra o corpo de seu amado para se juntar a ele na morte.
Tendo a magia no sangue, quando a vida já abandonava o corpo de ambos, Ela murmurou um sortilégio:
“Unidos na vida, unidos na morte, procurarei e procurada serei, corpos separados, almas juntas, quando nos encontrarmos, a vida celebrará e você, demônio, para o inferno retornará.”
Com um urro de puro ódio, a Besta de Donegal desferiu mais um golpe sobre o corpo dos amantes.
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