Destinazione escrita por Nancy


Capítulo 2
Caminho para Veneza


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos e queridas. Sei que demorei, peço perdão, mas eu tive um problema com o enredo do jogo e o da minha história.
Espero que gostem e qualquer dica ou sugestão, me enviem mensagem ;D



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Itália – 1486

Dez anos se passaram desde o dia em que Maya teve a oportunidade de se juntar à Ordem dos Assassinos. Em momento algum ela se arrependeu de sua decisão e seguiu à risca todo o treinamento intenso que recebeu. Além dos estudos que colocou em dia, teve que aprender a lutar e atirar, mas acima de tudo, aprendeu a ser disciplinada e obediente. Acompanhou Paolo em algumas missões menos perigosas e sempre chamou a atenção por sua habilidade, principalmente a de passar despercebida no meio de multidões e chegar rapidamente a seu objetivo.

Apesar de toda sua notoriedade entre os aprendizes de Toscana, Maya ainda teria de cumprir uma missão oficial para se tornar uma Assassina. As missões de liberação – como eram chamadas – não podiam ser cumpridas com seu mentor, elas serviam para provar que o aprendiz estava pronto para se adaptar a diferentes situações e pessoas.

Com o tempo de treinamento, Maya havia ganhado reconhecimento e por isso lhe fora designada uma longa e perigosa missão. Naquele dia, ela se levantou antes do sol, vestiu a camisa branca de mangas longas e apertou o corselete de couro marrom na cintura, colocou a calça preta e as botas de mesma cor, amarrando na cintura uma faixa de cetim vermelha, prendendo-a com o cinto de couro trespassado que dava suporte para sua espada. Penteou os cabelos ruivos com os dedos e os prendeu em uma trança, escondendo-a com o sobretudo branco. As mangas cobriam os braceletes de couro marrom e assim ajudava a esconder as lâminas, o tecido leve cobria até a altura de seus joelhos, onde uma fenda o dividia em dois, seu interior era forrado com cetim vermelho e um capuz largo forrado com o mesmo tecido finalizava a bela peça. Ela abotoou a frente da roupa, cobrindo corselete e a camisa, mas não escondeu o rosto com o capuz. Caminhou silenciosamente pelos corredores da mansão, recebeu instruções para aguardar seu companheiro de missão no estábulo, onde finalmente descobriria quem era e receberia os dados de sua prova final. Maya não se sentia nervosa, pelo contrário, sua calma era extrema, como se já fosse experiente. No estábulo mal iluminado por único lampião, ela esperou, acariciando seu cavalo negro.

– Desculpe deixá-la esperando. – falou uma voz masculina adentrando o local apressadamente, carregando outro lampião aceso – Você deve ser Maya – o homem alto fez uma leve reverência, cumprimentando-a – tudo o que sei é que sua missão de liberação será comigo e que a senhorita tem certa reputação.

– Sim, sou eu mesma. Não há necessidade de me chamar de senhorita. – ela respondeu ao se aproximar do homem. Ele tinha uma bela voz, mas seu rosto estava coberto com o capuz branco, impedindo que Maya visse seu rosto, a escuridão do local não ajudava. – Desculpe minha falta de senso, mas você é...

– Oh, perdão – ele retirou o capuz, revelando a face jovem, os cabelos negros e uma cicatriz discreta no canto direito dos lábios – Ezio Auditore.

Maya não teve reação no primeiro instante, esperava que Ezio não se lembrasse dela ou associasse seus cabelos e rosto à garotinha de anos atrás. Afinal, na época ele não pareceu feliz em ser roubado, enganado e chutado por uma criança com metade de seu tamanho e força.

– É um prazer conhecê-lo. – ela falou desviando o olhar de seu rosto, mas não pode deixar de notar o quão alto e forte ele era, muito mais do que era quando o vira da primeira vez.

– Deixarei as instruções para serem dadas quando estivermos a caminho. Será uma longa viagem. – ele avisou, montando no cavalo de pelagem marrom que acabara de selar.

Maya montou em seu cavalo sem dizer mais nada, cobriu o rosto e os cabelos com o capuz e então o seguiu para fora do estábulo e pela trilha ao longo da floresta onde a guilda ficava escondida de olhares curiosos. Cavalgaram em silêncio até chegarem à estrada que os levaria até Veneza, ela longa e sinuosa, passando pelos enormes campos floridos e pelas fazendas vastas de Toscana. Os raios do sol começaram a iluminar a paisagem, engrandecendo sua beleza.

– Soube que você nasceu em Veneza, Maya. – falou Ezio quebrando o silêncio que havia se imposto entre eles.

– Na verdade eu não tenho ideia se realmente nasci em Veneza, mas vivi lá desde que me lembro. – ela respondeu calmamente, pensando em quais seriam as chances dele se lembrar.

– Muitos Assassinos têm histórias como a sua. Não se lembram de muita coisa, mas nada é tão difícil que não possa ser descoberto. – ele falou num tom extremamente calmo – Se procurar pela verdade, certamente a encontrará.

Maya apenas sorriu, não se sentia exatamente confortável na presença dele, afinal, passara os últimos dez anos fugindo de Ezio em suas raras idas à guilda. Ele não havia passado por um treinamento intenso como o dela, descendente de uma família de Assassinos, Ezio tinha algo que se podia comparar a um dom, sendo assim ele rapidamente ganhou certa fama entre os Assassinos italianos e isso não demorou a chegar aos ouvidos da jovem aspirante. Dando-a oportunidade de escapar de sua presença durante suas visitas, mas agora isso era impossível. Ele pareceu notar seu desconforto e resolveu ir direto ao assunto.

– Bem, a missão é algo pessoal, mas ao mesmo tempo abrange um assunto importante para a Ordem. Como precisarei analisar todo o seu desempenho durante esse tempo, quero que saiba todos os detalhes.

– Pode confiar plenamente em mim. – Maya respondeu, olhando-o de relance.

– Sei que sim. Há treze anos eu vivia com minha família em Florença, meu pai e meus dois irmãos foram acusados de traição e enviados para a prisão, condenados à morte. Consegui documentos que provaram a inocência de minha família, mas eles foram entregues para a pessoa errada. Uberto Alberti, em posse da prova que libertaria minha família, os executou e me caçou até onde foi possível. Claro que um homem com a mente restrita como a de Uberto não poderia estar por trás de tal ato, o verdadeiro culpado é Rodrigo Borgia, o cão de estimação do Papa. – ele tinha a voz carregada de ódio. – Não será fácil encontrá-lo e muito menos matá-lo. A missão será longa, creio que sabe disto, não espere voltar para a guilda nos próximos meses.

– Não espero... essa foi a única coisa que me contaram sobre essa missão. – Maya suspirou – Não se sente incomodado por ter que carregar uma aspirante como sombra?

Ezio a olhou como se pudesse ver através do capuz que cobria seu rosto – Não. Confio em meus irmãos, sei que nenhum deles me desapontaria. Ainda mais alguém com sua coragem e astúcia. Desde que me lembro você é assim, sei que não vai falhar.

Agora Maya tinha certeza de que ele se lembrava. Ela baixou o capuz, deixando o rosto e os cabelos à mostra. – Desculpe por aquilo... – disse mantendo o olhar a frente – era roubar ou morrer e eu sempre custei a aceitar a morte.

Por algum motivo, aquilo fez Ezio rir – Estava escondendo o rosto por que achou que eu não me lembraria? Não se esquece o rosto de alguém com metade do seu tamanho e que foi capaz de te roubar e fugir. Mas não se preocupe, não irei te condenar por duas maçãs. – ele sorriu e voltou a atenção para a estrada.

Uma longa parte do caminho foi percorrido em um silêncio sepulcral, ambos imersos em seus próprios pensamentos. Logo depois do meio-dia, Ezio sugeriu que parassem para que os cavalos descansassem e assim fizeram ao encontrar um lago com água limpa e um pasto vasto ao redor. Sentaram-se na grama, aproveitando o calor aconchegante do sol. Abasteceram os cantis com água fresca e comeram biscoitos de água e farinha e algumas frutas que haviam trazido para a longa viagem.

Procuravam um assunto qualquer que preenchesse aquele silêncio, mas nenhuma conversa era longa o suficiente.

– O que achou dos anos de treinamento? – perguntou Ezio deitado com os braços atrás da cabeça, os olhos fechados e o rosto tranquilo, em paz.

Maya se ajeitou, deitando-se sobre os cotovelos e erguendo o rosto na direção do sol. – Intensos e duros, mas necessários. Apesar de já ter certa habilidade, confesso que não estava preparada para o que enfrentei em missões anteriores à esta. – ela olhou para Ezio, analisando-o. Perguntava-se como ele havia conseguido a cicatriz nos lábios. – E você? Soube que não passou pelas mesmas etapas que qualquer aspirante.

Ele abriu os olhos, fazendo-a desviar o olhar no mesmo instante – Não... o treinamento que tive foi durante minha adolescência em Florença. Eu e meu irmão costumávamos escalar torres e eu não perdia uma boa briga por nada, então meu tio só teve o trabalho de me ensinar a manusear uma espada.

– O que faz muito bem, pelo que ouvi dizer. – ela o elogiou discretamente.

– Bem, é o que dizem. – Ezio respondeu com humor – O que eu ouvi sobre você me deixou um pouco curioso para saber se é realmente talentosa como dizem por aí.

– Acho que teremos tempo suficiente para que eu prove isso.

– De fato. – respondeu ele, voltando a fechar os olhos.

Maya voltou a se sentar, observando a brisa ondular as plantações e bagunçar os fios soltos de seus cabelos. Era um momento agradável, ambos se sentiam em plena paz, como se nenhum problema no mundo fosse grande o suficiente. Nenhuma outra palavra foi trocada até a hora seguinte, quando voltaram montar os cavalos e seguir a estrada que estava longe do fim. Não pararam mais até o anoitecer, mas ainda estavam longe demais de qualquer forma de civilização, então passariam aquela noite acampando em uma fazenda abandonada. A noite foi tranquila e com uma temperatura agradável. Pela manhã seguiram viagem, passando por pequenas vilas de agricultores. A primavera era a estação mais bonita para se estar na Toscana, as cores se misturavam, criando paisagens que pareciam surreais. Os dois dias que se seguiram, foram como o primeiro, logo depois do meio dia paravam e comiam, seguindo viagem depois da uma hora e então parando para dormir ao anoitecer. Com o passar dos dias, ambos pareciam mais confortáveis com a presença um do outro, mas muito longe de serem íntimos.

A chegada em Veneza teve que esperar a noite cair. Ezio era procurado até os dias atuais e não podiam se dar ao luxo de uma luta que os denunciasse. Entraram por uma estrada pouco utilizada, escura e esburacada. Ficariam hospedados em um bairro afastado e mais pobre, num pequeno hotel pouco visado, o que era perfeito. Como dinheiro não era uma das regalias de ser um Assassino. Dividiriam um quarto, Maya não estava muito feliz com a ideia, mas não estava em posição de reclamar.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Capítulo pequeno e sem muita emoção, mas eu estou guardando o início da missão para o próximo capítulo, que provavelmente sai hoje para compensar minha demora, mas não prometo nada =s
Me deixem saber o que acharam!
Jubs, muito obrigada pela ajuda! Sem você esse capítulo jamais teria saído



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