Convergente II escrita por Juliane


Capítulo 25
Ela


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de aproveitar a oportunidade para pedir um imenso favor:
Alguns leitores maravilhosos assim como vocês estão organizando uma manifestação via Twitter, eles querem levantar uma tag pedindo um final alternativo para Convergente e me sinto lisonjeada pois a minha Fic foi apontada como a melhor para ser adaptada... Enfim caros Leitores, quem tiver Twitter e quiser nos ajudar a levantar a tag #ressurgent me segue no Twitter @julideverdade sou aquela que acredita em seis coisas impossíveis antes do café da manhã. O objetivo maior é que repensem num final alternativo para série Divergente, onde a Tris está viva e tem a chance de viver seu amor com nosso querido Tobias. A mobilização ocorrerá na sexta! Quanto mais pessoas levantarem a tag mais chances temos de chamar a atenção da Paris Filmes e da Veronica Roth. "Só é impossível se você acreditar que é. " Chapeleiro Maluco - Alice no País das Maravilhas (Meu conto de fadas favorito)



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Eu tenho duas opções: Deixar passar e fingir que não ouvi, ou então responder adequadamente e tirar-lhe todas as esperanças. Isso me faz lembrar de Al e suas investidas desastradas e principalmente de Tobias. Definitivamente não entendo a atração de Enrico por mim, ele nem me conhece direito, na verdade ele está interessado na imagem que criou de mim ao acompanhar a minha vida em Chicago. Mas eu sou mais do que aparento ser e também muito menos do que ela imagina. Não sou boa pra ninguém, por onde passo deixo um rastro de destruição e sofrimento, não sou boa para ele.

_ Enrico, antes de conhecer o Tobias eu já esperava por ele mesmo sem saber. Não foi de fato como amor a primeira vista, até porque eu não sabia nada sobre o amor, foi mais como a as polaridades opostas de um ímã que se atraem e quando me dei por conta, ele era a minha gravidade, o que me mantinha presa à Terra. Por isso Enrico, sempre foi ele e sempre será ele. Me desculpe.

É muito difícil falar dos meus sentimentos, principalmente para um estranho, mas preciso deixar as coisas claras, para que não haja dúvidas na cabeça dele.

Ele me olha intensamente por um longo tempo sem dizer nada e quando eu pensava no assunto como encerrado ele abre um enorme sorriso e diz.

_ Tudo bem, sei o que você está tentando fazer. Não me importo. Por ora vou deixar as coisas como estão.

_ Enrico, quero deixar bem claro que não existe competição.

Ele levanta as mãos como se estivesse se rendendo.

_ Quem aqui está competindo?! Aliás seria muito injusto competir com um cara que está a quilômetros de distância.

_ Concordo, não seria justo com o Tobias.

_ Com o Tobias? Não é justo comigo! Como vou competir com alguém que tem apenas 4 medos, que é um pacote de qualidades ambulante. Como vou competir com alguém que neste exato momento está tão longe que tudo que você consegue pensar é na saudade que sente e nas coisas boas que viveu com ele. Esse é um jogo um tanto injusto, se ele estivesse aqui talvez fosse mais fácil, talvez você veria que ele é humano também, e que tem um monte de defeitos assim como eu e quem sabe assim você percebesse que talvez ele não seja a pessoa certa pra você. Quem sabe assim, eu teria alguma chance.

_ Como pode dizer isso Enrico, você nem me conhece!

_ Aposto que eu conheço você muito mais do que ele. Através da observação você pode conhecer muito mais do que através da interação.

_ Impossível. O que você sabe sobre mim é uma imagem que você mesmo criou... Não sou essa heroína que você pensa, agi por impulso, por desespero.

_ Eu sei, não se preocupe, não tenho uma imagem deturpada ou exagerada. Vejo você como alguém que é corajosa, que enfrenta o medo o perigo, que é capaz de dar a sua vida para proteger aqueles que ama. Eu olho nos seus olhos e vejo a profundidade que existe neles. - Ele desvia o olhar e interrompe a frase e eu fico em silêncio, pois não sei o que dizer, na maioria das vezes acho que sou superestimada.

_ Olha, me desculpe Tris, não era para estarmos conversando sobre isso nesse momento. - Ele diz com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

Eu apenas aceno com a cabeça, pois esse assunto é muito constrangedor para mim, nunca fui boa em lidar com sentimentos ainda mais quando são relacionados a mim, isso tudo é muito novo.

Ele confere o relógio enquanto levanta e diz:

_ Tem uma coisa que eu quero te mostrar.

Estou relutante, depois desse papo todo de me conhecer, gostar de mim, não desistir fácil. Enrico é esperto o bastante para perceber. Então ele decide facilitar as coisas para mim. Estende a mão sorrindo enquanto fala:

_ Não se preocupe, apenas amigos.

Eu sorrio de volta aliviada e estendo a mão aceitando seu impulso para levantar.

_Onde vamos? - Digo enquanto corremos em direção as portas de vidro que nos separam do complexo, embora eu acredite que somos capazes de nos chocar contra elas, na medida que nos aproximando elas se abrem liberando nossa passagem sem nenhuma dificuldade.

_ Você já vai ver, não seja tão curiosa. - Ele diz enquanto corremos pelos corredores desviando das pessoas que parecem um pouco surpresas com a nossa atitude.

Paramos somente quando estamos diante de uma porta de aço que deve ter pelo menos uns 4 metros de altura por dois de largura. Não me recordo de ter passado por este corredor, pois certamente me lembraria desta porta.

Enrico digita uma porção de números no pequeno teclado ao lado da porta e uma luz verde ascende no topo da porta que desliza para esquerda e parece adentrar a parede. Do outro lado da porta vejo que estamos numa espécie de hangar, onde vejo aviões muito diferentes daqueles que haviam no Departamento. São menores, aparentemente comportam duas pessoas no máximo, são verdes e todos tem o desenho de um quadrado estampado num padrão diferente, dentro dele, no canto superior esquerdo há um quadrado menor azul cheio de pequenas estrelas brancas e o restante é estampado por listras brancas e vermelhas que se alternam. Em baixo do quadrado há uma sigla USAF. Estou estupefata de boca aberta, que nem consegui passar pela porta.

_ Vem, vamos. - Ele diz enquanto me puxa para dentro e a porta se fecha atrás de nós com um ruído quase imperceptível.

_ O que são? Aviões? - Pergunto

_ Mais ou menos, são jatos de caça. Usamos para patrulhar o céu e abater ameças aéreas, ou em terra. São equipados com mísseis com grande poder de destruição.

Eu devo estar com olhos arregalados e a boca aberta porque ele solta uma gargalhada e diz.

_ Não se preocupe Tris, eles não são utilizados para bombardeios tem muito tempo.

_ Como você sabe?

_ Porque eu sou piloto! Vem, vamos dar uma volta?!

_ Piloto??? Você tem idade para isso?

_ Você está com medo do quê? Será que eu preciso mostrar as minhas credenciais?

_Você sempre responde uma pergunta com outra pergunta?

_Tá bom Tris, eu tenho 19 anos e sou piloto há pelo menos dois anos, mas venho treinando há uns 4 anos. Tá bom pra você assim?

_ Tá, tudo bem. Não é medo. Só fiquei surpresa!

_ Que bom que surpreendo você, espero que positivamente. - Ele diz com um sorriso de orelha a orelha.

_ Sim, vamos lá então.

Ele pega na minha mão e imediatamente eu a libero. Sinto o sangue quente subindo nas minhas bochechas, certamente devo ter ficado vermelha.

_ O quê? Não posso pegar na sua mão? Isso não é sinal de compromisso ou namoro Tris.

_ Ok, desculpe. - Digo ainda corada e desta vez olho para os meus tênis, porque seria ainda mais constrangedor encarar aquele olhar.

Ele me leva até um dos jatos aperta um botão vermelho e o que eu pensei ser um teto de vidro, acrílico ou algo assim desliza para o lado esquerdo a e se abre revelando ser a porta de entrada para dois pequenos acentos um painel de controle cheios de botões e alavancas que desconheço a utilidade. Enrico me conduz para dentro do jato, que possui apenas 2 lugares muito pequenos, me admira o fato dele ser tão alto e forte e ainda assim possa caber dentro deste avião.

_ Ainda dá tempo de desistir! - Ele diz sorrindo, mais num tom de desafio do que para realmente me dar uma chance de escapar e a partir daí começo a cogitar a possibilidade de que talvez ele me conheça um pouco.

_ E perder toda a diversão? - Eu digo sorrindo ao que ele me retribui com um sorriso ainda maior..

_ Foi o que pensei! - Ele diz.

_ Você tem permissão para voar assim, quando bem entender e com quem bem entender?

_ Na verdade tenho permissão para voar, mas nos horários em que sou assistido e na companhia de outro piloto da força aérea americana.

_ Você está infringindo as regras, não tem medo de ser pego?

_ Nesse horário é muito mais tranquilo, José está na torre de controle, é meu amigo e eu já tinha avisado a ele que viríamos.

_ Como você sabia que eu iria aceitar entrar num jato com você?! Sem querer ofender, você não me parece um piloto assim muito experiente.

_ Na verdade eu não sabia, mas você não pode impedir um homem de sonhar. - Ele diz olhando intensamente nos meus olhos e nesse exato momento tenho a certeza de que cometi um grande erro em aceitar esse passeio, mesmo tendo esclarecido as coisas entre nós.

Agora é tarde demais. Estou sentada na frente e Enrico está de pé diante de mim e antes que eu possa colocar os equipamentos que consistem em um paraquedas preso numa mochila nas minhas costas, um capacete, fones, viseira, microfone e máscara de oxigênio e antes mesmo de questionar algo ele se inclina sobre mim e coloca todo o aparato na minha cabeça, e na sequência pula para o acento que fica atrás e veste também todo o aparato. E tenho que confessar que a coisa toda tem uma aparência meio assustadora. Enquanto me concentro em tudo que vejo no painel a minha frente uma voz na minha cabeça me surpreende:

_ Tris, você poderá se comunicar comigo através do microfone que está acoplado ao seu capacete e poderá me ouvir através dos fones. Tudo bem?

_ Tudo!

_ Você está com medo?

_ Sim!

_ Você está bem presa pelo sinto de segurança, não há com o que se preocupar.

_ Ok!

_ Em caso de acidente tem um grande botão vermelho na extremidade direita do painel, você pode ver?

_ Sim!

_ Este é um botão ejetor, nossos acentos serão projetados para fora do jato, devemos soltar o sinto de segurança e puxar essa cordinha pendente da mochila. Você entendeu?

_ Sim!

_ Essa cordinha é do paraquedas. O botão vermelho só deve ser apertado em caso de acidente!

_Ok!

_ Suas respostas monossilábicas estão me deixando preocupado. Podemos decolar?

_ Sim!

_ Tris você está me deixando nervoso!

_ Estou tentando me concentrar nesse painel. Devo segurar essa alavanca que está entre as minhas pernas?

_ Não. Fica tranquila, tudo que precisar que você faça eu direi, então relaxa. Agora eu vou me comunicar com José na torre de controle para solicitar permissão para voar. Você também poderá ouvir a conversa. Se precisar falar comigo, a qualquer momento pode me chamar, estarei te ouvindo.

_ Ok.

_ Torre de comando! Vermelho 36 solicita permissão para voar!

_ Deixa de ser bobo Enrico, tá tentando impressionar a garota?!

_ Cala a boca José, estou seguindo o protocolo.

_ Sei... Vai nessa, o céu é todo seu!

Ouço o rugido da turbina reverberando por todo o meu corpo. Minhas pernas tremem violentamente estou com medo de mover sem querer esta alavanca.

_ Tris!

Ai meu Deus!!!! Estou sentindo o jato ganhar velocidade. Nossa! Estamos ganhando altitude, meu Deus!

_ Tris!!! Você está bem!!!

_ Desculpe! Estou bem, só que isso aqui é demais!!! - Não tenho palavras mais adequadas para descrever. Ouço sua rizada de contentamento através dos fones.

Estamos voando tão alto que tudo abaixo de nós é infinitamente pequeno, apenas um pedaço de terra, um borrão e tudo que me separa do céu é uma pequena porta de vidro, acrílico ou seja lá o que for. Muito diferente daquele avião do departamento no qual podia ver através de uma pequena janela... Aqui somos eu e os pássaros, eu e o céu e uma pequena barreira que nos separa.

_ Está preparada para ver o mundo de outro ângulo?

_ O quê?

Ele não me responde. O jato faz um looping e sinto a bile subindo pela minha garganta, engulo em seco para ter certeza de que ela voltou para o lugar. E o que vejo é maravilhoso! Estamos de cabeça para baixo e o mundo, assim como todos os meus problemas agora parecem tão pequenos. Não consigo controlar a emoção e todas as lágrimas que aprisionei dentro de mim escorrem pelo meu rosto, estou sorrindo, estou chorando, estou voando, estou no céu.

Enrico faz uma manobra e agora estamos em queda livre, descendo numa velocidade lancinante, não sei se esse é o adjetivo correto para descrever, mas não consigo pensar com clareza.

_ Tris, você está comigo? - Ele fala, cautelosamente.

_ Sim, estou aqui!

_ Um pouco mais de emoção? - Ele pergunta e posso sentir a malícia implícita na sua voz.

_ Por favor!

Nem acabei de dizer a frase e o jato está inclinado 90º graus e estamos girando loucamente como se tensionássemos perfurar o solo como uma furadeira gigante. Essa, tenho que confessar é uma sensação de quase morte a adrenalina é tanta que mal consigo respirar.

Quando estamos perto do chão o suficiente para identificar a base, acho que realmente vamos nos chocar com o prédio, porque estamos numa velocidade absurda. Mas não sinto medo, estou tomada pela adrenalina, morrer agora, depois de todas as sensações que experimentei seria um preço justo a pagar. Mas então Enrico diminui a velocidade e de repente o jato dá um rasante a poucos metros do chão e rapidamente recupera a altitude, então novamente estamos no céu.

_ Tris, segure o manche que está entre as suas pernas.

_ O quê?? - Pergunto um pouco confusa.

_ O manche, essa alavanca que está entre as suas pernas.

_ Sim, estou segurando.

_ Incline a uns 90º.

Estou inclinando e sinto o jato acompanhar o movimento.

_ Você está no comando!

Eu deveria estar apavorada, mas não, estou extasiada. Inclino o manche para o lado direito e o jato acompanha, faço o mesmo para o lado esquerdo, depois para baixo, para cima. Estou voando! Estou no comando! A sensação é incrível, liberdade, poder, adrenalina excitação. Não sei como descrever. Estive por tanto tempo me sentindo prisioneira, oprimida que estar voando é como se eu definitivamente estivesse liberta das amarras que me prendem aqui. Como se de fato, pelo céu eu pudesse chegar até ele, como se pudéssemos viver aqui no céu, voando livres de tudo e todos para sempre.

Não sei há quanto tempo estou segurando o manche e nos embalando entre as nuvens, tenho a impressão de que foram poucos segundos e Enrico me chama de volta a realidade cedo demais:

_ Tris! Agora precisamos aterrizar, pode soltar o manche. Agora é comigo.

_ José, preciso de autorização para aterrizar.

_ Pode descer. Direto pro hangar! Estamos em cima da hora.

_ Certo, estou descendo.

Enrico assume o controle e em poucos minutos o jato está de volta taxiando na pista até que por fim paramos dentro do hangar. Meus olhos ainda estão molhados pela emoção que não pude controlar. Me apreço em tirar o capacete para limpar o rosto antes que ele perceba, mas a tarefa é complicada, de modo que em segundos ele já está livre do seu e destrava as presilhas que mantinham o meu capacete preso na cabeça tirando a máscara de oxigênio, microfone e fones e enquanto ele cumpre a tarefa seus olhos buscam as profundezas da minha alma através dos meus olhos, suas mãos habilidosas secam o meu rosto antes que eu possa pensar a respeito. Por reflexo eu viro o rosto, porque não quero que ninguém me veja as lágrimas que denunciam que estive chorando, não quero dividir meus sentimentos com ninguém além de Tobias. Mas ele insiste segura meu rosto com as mãos e o vira levantando o meu queixo de modo que ficamos cara a cara.

_ Ei, que foi isso? - Sei que ele refere-se as lágrimas.

_ Sei lá, acho que a altitude. - Tento soar o mais casual possível.

Ele assente com a cabeça me dando o espaço necessário para que eu possa me recompor. Ele é muito perceptivo, certamente deve ter percebido que me o voo mexeu comigo. Mas eu não tenho que admitir e nem vou, por isso resolvo fazer piada.

_ Então, é assim que funciona? Você diz que está afim de uma garota e a leva pra voar. Boa tentativa.

Ele ri enquanto salta para o chão. Já estou de pé pronta para saltar quando ele me pega pela cintura e me coloca suavemente no chão.

_ Na verdade nunca disse que estava afim de você. - Ele diz com um meio sorriso e eu coro! Será que interpretei errado todos aqueles sinais, tudo aquilo que ele disse?! Sou uma idiota presunçosa! Que vergonha!

_ Afim eu sou de comer panquecas com geleia de morango. Ou de dar uma volta de moto aos domingos. Com você o lance é outro. Eu gosto de você Tris. Eu gosto muito. - Ele dá uma ênfase desnecessária na última frase, o que me faz ficar ainda mais rubra.

_ E respondendo a sua outra pergunta, não nunca levo garotas para voar. O céu é o meu lugar especial, você foi e será a única a partilhar desse momento comigo.

_ Desculpe Enrico, não sei nem o que dizer.

_ Não diga nada.

_ Tudo bem.

Ele me pega pela mão enquanto caminhamos em direção a porta de aço pela qual entramos no hangar. Atravessamos a porta num silêncio constrangedor e discretamente eu libero a minha mão.

_ Enrico, obrigada! Foi simplesmente incrível.

_ Quando quiser repetir a dose é só me chamar.

_ Ok. Já vou indo então.

_ Espera, tenho um tempinho ainda antes do meu turno. - Ele pede e não sei porque razão não consigo recusar.

_ Tá certo, então. Por que não me mostra uma sala de convivência, ou algo do gênero, sei lá. Deve haver um lugar em que as pessoas ficam quando não estão trabalhando, não é?

_ Na verdade as pessoas ficam nos seus apartamentos com suas famílias ou amigos na Vila da Base, fica um pouquinho distante, mas dá pra ir a pé.

_ Você mora lá?

_ Sim, moro, mas ultimamente passo a maior parte do meu tempo ocioso aqui. - Ele diz e decido não perguntar o motivo, pois temo a resposta.

_ Então seja cavalheiro e me acompanhe até meu dormitório, vamos deixar o tour pela Vila para amanhã. Ok?

_Ok, não tenho mais do meia hora, de qualquer forma não daria tempo.

_ Então me fale mais sobre esse seu super ultra mega hiper jato de caça! - Eu digo tentando distraí-lo dos assuntos constrangedores que envolvem sentimento.

Ele sorri e percebo que o assunto lhe deixa feliz, percebo que ele realmente ama o que faz e me pergunto: por que se ele pode pegar o jato assim sorrateiramente, nunca lhe ocorreu fugir com sua família. Então me ocorre que talvez ele seja feliz aqui.

_ Sim, o nome correto do jato é Northrop F-5E Tiger, um caça tático de defesa aérea e ataque ao solo. É a versão mais potente do F-5A Freedom Fighter e durante as guerras foi um dos aviões mais operados no mundo. Inicialmente eles testaram a versão F-5A durante a Guerra contra um país extinto chamado Vietnã. Mas depois com a extinção de outros países como o Canadá o F-5E se mostrou extremamente manobrável e rápido, enfim um excelente avião para combates aéreos.

_ Interessante! - Digo, embora não tenha compreendido muita coisa além dos países extintos: Vietnã e Canadá. Até pouco tempo atrás eu acreditava que não existia muito mais o que ver além da cerca. Eu estava errada.

_Não existem muitos países além deste não é mesmo?

_ Não que eu saiba. Dizem que as guerras destruíram tudo, em especial a Guerra da Pureza.

_ O que significa aquele desenho quadrado no Jato com a aquela Sigla, como era mesmo?!

_ Hum... Aquela é a bandeira dos Estados Unidos e a sigla que você deve estar falando é a USAF, quer dizer United States Air Force ou Força Aérea dos Estados Unidos. Antigamente todos os países tinham uma bandeira que o representassem. E as siglas acho que era pra facilitar mesmo, abreviar um grande nome como este.

Estamos na porta do meu dormitório, quando resolvo terminar o papo.

_ Obrigada pelos esclarecimentos.

_ Estou aqui para isso.

_ Então tá, bom trabalho.

_Obrigado. - Ele agradece e se aproxima demais. Eu fico tensa, paralisada, espero que ele não tente nada. Essa amizade, hoje significa mais para mim do que eu jamais poderia imaginar. Graças a Deus ele apenas beija a minha testa e deixa uma sensação se cócegas e formigamento onde os seus lábios tocaram.

Então ele se vira e vai, quando está prestes a desaparecer numa bifurcação no final do corredor, olha para trás e dá uma piscadela. Eu balanço a minha cabeça negativamente.

De volta ao quarto sento na poltrona próxima a janela e tento processar os últimos acontecimentos: Descobri que tenho um tio, fiz um amigo especial que infelizmente nutre esperanças embora eu tenha deixado claro que não existe substituto para o Tobias....

Pensar em Tobias me trás de volta aquele redemoinho de tristeza, saudade, culpa e um desejo imenso de correr para os braços dele. E agora eu até sei como, posso ir voando!

A possibilidade faz nascer uma centelha de esperança no meu coração. Preciso encontrar uma forma de fazer isso sem prejudicar Chicago. Mas como?


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