Elemento escrita por Grind


Capítulo 12
Capítulo 12 - Tapas e beijos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/544242/chapter/12

Elemento / Capítulo 12 – Tapas e Beijos

– Vai atrás dela! Vai atrás dela! – Minha mãe me empurrava meu ombro exasperada.

– Por que isso mãe? Ela já não fez o que você queria? Eu não fiz o que você queria? Trouxe-a aqui pra você como me pediu.

– Não me interessa, eu estou mandando.

Bufei enquanto caminhava a passos rápidos até a porta. Eu tive que acelerar e quando cheguei na calçada, ela já estava na esquina, gritei seu nome uma vez e ela não ouviu, se ouviu, não quis responder. Corri para alcança-la e quando toquei seu ombro pedindo que esperasse ela se afastou com brusquidão.

– Não me toca! Eu já me cansei de você! Você me tira do sério em uma velocidade surpreendente! - Esbravejou a todos pulmões - Não importa se eu estou sendo legal ou não, você arruma uma maneira de estragar tudo!

– Olha, por que você não espera mais um pouco, e depois te levo pra casa? Eu extrapolei, mas não precisa descontar na minha mãe, sabe como é.

– Eu não quero! – Resmungou fazendo cara feia enquanto passava a mão no cabelo – Eu já to sentindo minha cabeça voltar a doer, e você só me perturba.

– Olha, eu dou um jeito de me controlar tá bom? Eu vou me segurar, conto até dez, qualquer coisa assim pode ser? - Eu gesticulei apontando em direção ao portão entre aberto

– Não – Suspirou abrindo os olhos em minha direção , o ar decidido – Não – Negou com a cabeça.

Eu fechei os olhos pensando no que falar.

– Posso ir agora? - Suspirou

– Não.

– Mas que droga Elemento! – Ela bateu o pé no chão com força e eu cruzei os braços – Você deve adorar me irritar.

– Com certeza, faz parte de um dos meus motivos pra viver. - Ironizei

Ela revirou os olhos e aquilo me fez sorrir.

– Viu? A gente nem consegue ficar de mal por muito tempo.

Ela sorriu fraco.

– Como se você se importasse. - Revirou os olhos outra vez com uma expressão divertida

– Eu me importo. - Levei a mão ao peito de forma dramática

Ela não respondeu. Ficou me avaliando, como se procurasse algum vestígio de mentira, o que me deixou meio incomodado. No entanto, eu não estave, e eis que nos últimos dias eu andava bem entretido pensando no que ela poderia estar fazendo, onde estava, sozinha ou acompanhada.

– Por que eu tenho a sensação de que você não está mentindo? – Ela colocou as mãos na cintura estreitando os olhos e eu dei um passo a mais sorrindo, contente pelo clima pacífico ter se estabelecido.

Eu podia sentir sua respiração abafada bater contra o meu rosto, e como o seu peito subia e descia de forma acelerada, seus olhos se prenderam aos meus e eu não conseguia desviar o olhar, talvez até mesmo não quisesse.

– Talvez essa seja a única vez que eu concorde com você – Respondi ainda sorrindo e vi seu rosto corar. Jamais vira Gabrielle daquela maneira, vulnerável, singela, moleca. Minha cabeça estava a mil e eu não tinha certeza se estava tão bonita quanto me parecia. A ideia de tê-la, de estar tão próximo, sem obstáculos, e ela estando consciente do que poderia acontecer me pareceu ser maravilhosamente perfeita, nao era como saber que, se eu a beijasse ali e agora ela não se lembraria. Com ela se lembrando as coisas se tornavam excecionalmente melhores.

Aproximei meu rosto do seu devagar, atento e preparado para qualquer tipo de reação, mas ela nada fez, apenas acompanhou meus movimentos com o olhar de forma curiosa.

Como um choque, uma descarga elétrica me percorreu o corpo quando nossas bocas se encontraram, lentamente, docemente.

Ela entre abriu os lábios permitindo que eu avançasse, devagar, como se quisesse me torturar, prolongando as sensações que faziam meu corpo queimar.

Seus lábios eram macios, carnudos, enlouquecedores, me despertando desejoa primitivos. Não tinha reais intenções de solta-la e torcia para que ela também não os tivesse. Guiei minha mão a sua cintura puxando seu corpo contra omeu, e sorri quando um gemido rouco lhe escapou, os encaixes perfeitos. Eu ja havia levado minha outra mão ao seu pescoço, sentindo a pele sedosa e macia por baixo dos meus dedos.

E eu queria mais, queria saber como era senti-la, passear pelas curvas de seu corpo, sentir o calor de sua pele, queria ouvi-la dizer meu nome e se desmanchar em prazer.

Suas costas bateram contra o muro e senti sua mão caminhar até minha nuca, enroscar em meus cabelos e puxar de forma carinhosa meu rosto ainda mais contra o seu, sua outra mão subia e descia arranhando vagarosamente minhas costas por debaixo da camisa, me provocando arrepios.

Quando nossos rostos se separaram foi como acordar de um sonho, um sonho bom demais pra ser verdade. Seus olhos estavam abertos, olhando para meu peito, porém não parecia me ver realmente, estava pensativa. Os lábios agora vermelhos, inchados, e a ponta do nariz levemente rosada davam-lhe certo charme, permaneci com nessas testas coladas.

– Gabrielle? – Sussurrei receoso e ela olhou para mim assustada – O que foi?

Seus olhos voltaram a vasculhar meu rosto, novamente procurando por algo, e por fim, riu.

– Nunca pensei que isso ia acontecer - Sussurrou, como se contasse um segredo - E você?

– Imaginei algumas vezes – Afundei o rosto na pele sensível entre seu pescoço e ombro, ela se encolheu, beijando-a devagar, uma de minhas mãos em sua cintura, a outra na parede impedindo-a de que saísse. – Mas na minha versão é de noite – Sussurrei mordendo o lóbulo de sua orelha, e ela se arrepiou.

Eu a ergui com o braço que me era livre, preso em sua cintura, trazendo-a para mais perto.

– Você é um pervertido - Sussurrou de volta, sua mão prendendo mais no meu cabelo. Eu afastei o rosto procurando seus olhos, mas ela me puxou de volta a sua boca antes que eu dissesse qualquer coisa.

Dessa vez não houve a calma anterior, preparados sobre quem ia empurrar quem primeiro e começar os xingamentos, agora, com a certeza de ser correspondido tínhamos mais urgência.

Eu a saboreava, havia perdido a noção do tempo a nossa volta, não sabia ao certo se fazia horas ou minutos que estávamos ali, eu podia sentir nossas respirações descompassadas, a pressão de seus lábios nos meus e como nós dois parecíamos desesperadamente querer ocupar qualquer espaço que ainda sobrasse entre nós dois.

Seu outro braço deu a volta em meus ombros e eu puxei outra vez sua cintura contra a minha, concentrando toda minha atenção em seus lábios, não queria esquecer o cheiro e a textura de seu pescoço. Nos separamos, buscando por fôlego.

Vê-la arfar, suplicar por ar no objetivo de preencher sue peito sufocado dava a mim uma imagem contrastante; Seu rosto adorável agora estava mascarado por um feitio sensual. No fundo, eu me sentia mal em observa-la com uma visão erotizada, era como avançar contra uma frágil boneca de porcelana – singela e inocente.

– Por que parou? – Perguntou aos suspiros. Sentia a malicia ao seu redor, a dúvida em sua expressão se direcionava a mim.

Pisquei incontáveis vezes. Desconsidero totalmente essa última metáfora.

Mãos suadas exploravam os cantos de meu corpo, arranhavam minhas costas e me impulsionavam contra a dona daquele tronco suave. Pressionados, nossos cheiros se misturavam, resultando num aroma humano, repleto de desejo e prazer.

Gabrielle contorceu o corpo, arqueando o pescoço para meu lado oposto, permitindo que eu a recebesse com caricias e beijos. Minha língua delineara um trajeto de saliva até sua orelha, mordicando-a e arfando propositalmente só para ver sua reação.

– Hmmgh... – Gemeu num tom rouco e trêmulo - -Você... Estamos no meio da rua...

– Agora você se importa? – Desenhou-se um malicioso sorriso em minha boca.

– Eu me importo – Empurrou meu peito com força devidamente alterada, nao que eu tenha ido muito longe. Ela não era forte o suficiente – Não sou nenhuma das suas vagabundas pra agarrar quando bem entender.

Aquilo me fez rir.

– Não. É. Engraçado – Disse pausadamente, arfando.

– Depois eu que sou o estourado, é você quem está fazendo tempestade em copo d’água.

Ela cruzou os braços bufando e eu voltei a me aproximar com um sorriso perverso, ela não quis olhar para mim, mas eu enlacei sua cintura mesmo assim, afundando o rosto em seu pescoço outra vez, mordiscando-a de leve, sentindo seu perfume inundar minhas narinas e sentindo meu corpo se desestabilizar pelo desejo, ela amoleceu em meus braços, suas mãos voltaram para meu cabelo e sussurrou um singelo desculpe, enquanto brincava distraidamente com os dedos por entre os fios.

Um gemido de frustração escapou de mim ao me lembrar de que tinha mais coisa pra fazer sem sair aos pegas com a Irritadinha, parte de mim queria ficar a outra insistia lembrar onde estávamos.

– O que foi? – Perguntou Gabrielle a partir do momento em que eu a destranquei dos meus braços colocando as mãos em meu rosto, frustrado.

– Tenho compromisso!

– Com quem? - Sua expressão se mudou pra horror.

– Com os rapazes... – Falei com receio, já podia prever sua reação

– Você é ridículo, vai me dispensar em troca de outros caras que tem 80% de chance de falarem mal de você assim que virar as costas? Só porque agora estamos de bem?

Eu ri

– Os homens não são assim – Pausa – Já tínhamos marcado isso há um bom tempo, e pode apostar que você deve falar 100% mal de mim para seus amigos. Ah, eu me esqueci... Você só tem um – Senti-me superior com essa última fala.

– Santo Deus – Gabrielle virou as costas e saiu andando. - Você não muda nunca, não percebe que a diferença entre mim e eles é que se eu falar de você, bem ou mal você fica sabendo!

– Aonde vai? – Perguntei perplexo.

– Ligar para meu único amigo.

– Mas... Eu te levo. - Indiquei o carro que nem estava tão longe

– Vai ver o Alessandro vai – E sumiu pela sombra das arvores. - Corra atrás dele e aquela quadrilha.

(...)

– Aonde é que você estava? – Alessandro franziu o cenho – Você perdeu o jogo – Prosseguiu passando a toalha pela testa suada.

– Eu estava na casa dos meus pais, eu disse que podia me atrasar.

– Hum – Resmungou não muito convencido – O pessoal está lá dentro, chega aí.

Ele saiu na frente e eu caminhei a passos lentos atrás dele, estávamos em uma chácara. O verde da grama podada se estendi por toda a formação do local. Conforme meus pés compactavam o solo gramíneo, fazendo o afável cheiro de terra molhada se esvair pelos arredores. Todos os meus sentidos apresentavam-se bem ativos no momento; o atraente cheiro de churrasco deixava minha boca cheia d’água, a música alta convidava-me para dançar, mas no momento eu não podia, e por isso e contentei em apenas batucar meus dedos. Avistei Gael, Marcio, Carlos João e outros conhecidos, alguns ainda com o uniforme do time, outros já haviam trocado de roupa. Vi também Caroline, Mariana, Bruna, Carmen, Iara, o que Gabrielle classificaria como “ o grupo das garotas “ e ri internamente com isso. Vi muitas pessoas conhecidas que tinham estudado conosco, mas não senti nem a presença de Gabrielle e Marco.

– Você não chamou a Gabrielle?

– Não, se não ela iria arrastar o Marco pra cá. E eu não gosto dela e muito menos do jeito espalhafatoso do outro.

– Por quê? – Perguntei sentindo algo estranho me subir pela garganta.

– Porque ela não é do tipo submissa – Respondeu em deboche - Não dá pra mandar na Gabrielle

Franzi o cenho

– Você quer uma empregada ou uma mulher?

– Qual a diferença? – E gargalhou.

Balancei a cabeça para o lado em uma espécie de tique, tentando absorver o que acabara de ouvir, o lado até então desconhecido de Alessandro. Fechei os olhos, sentindo o ódio tomar conta de mim, e contei até dez tentando voltar ao meu juízo perfeito, mas não adiantou. Eu o soquei.

Ele foi para o chão com tudo, completamente desprevenido. Os que estavam a nossa volta pararam para nos observar.

– Ficou maluco? – Esbravejou passando a mão pela boca certificando-se de que não estava sangrando – O que você tem na cabeça?!

– Da onde foi que você tirou esse pensamento doentio? 'Qual a diferença'?

– Nem vem! – Ele se colocou de pé – Que depois de mim você é a pessoa mais machista que eu conheço. E desde quando deu pra defender Gabrielle agora?

– Uma ova! – Brandei – Eu deveria quebrar a sua cara, seu filho de uma-

Gael se aproximou, correndo com seus pés tortos desengonçados, tropeçando em si mesmo. Preocupado, ajudou Alessandro a se recompor.

– Qual o seu problema? –Gritou o gordo explosivo.

Eu olhei em sua direção sem acreditar, sem acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Gael realmente correra como uma garotinha para ajudar Alessandro como se ele fosse uma mocinha em perigo? Quando foi que Gael começou a fazer parte dessa roda de amigos? Alessandro estava preocupado em não convidar Gabrielle para não ter de topar com Marco, mas arrastara Gael pra cá.

Eu podia sentir o ódio correr em minhas veias. Dei um passo mais a frente e vi Gael se encolher a minha frente.

– O quê? – Perguntei colocando a mão atrás da orelha – Acho que eu não ouvi? Não me lembro de ter te chamado na conversa.

– O que deu em você hoje? – Trovejou Alessandro se colocando a frente de Gael enquanto eu os observava com repulsa.

– Vai pro inferno Alessandro, você e seu namoradinho – Retruquei e tive certeza de que vários a nossa volta escutaram, o que de certa forma me deixou feliz.

– Tá bom! – Alessandro recuou um passo com as mãos para cima – Já entendi, não toco mais no assunto Gabrielle pode ser?

Bufei dando-lhe as costas e me afastando a procura de algo para comer. Senti o bolso vibrar antes que eu pudesse abocanhar um chamativo filé. Com cuidado, deixei os talheres sobre a mesa e atendi o quão antes.

– Que ataque foi esse seu- – Me prontifiquei a por o celular o mais distante possível de minha orelha. A ligação começou em gritos enraivecidos, e demorou para que eu pudesse reconhecer o dono daquela voz.

– M-Marco? – Me desafiei a questionar

– O próprio! – Mesmo com o aparelho celular a uma distância considerável de mim, pude ouvir claramente suas palavras.

– Como conseguiu meu número?

– Como? – Perguntou em um tom retórico e irônico.

Maldita seja Gabrielle. Suspirei passando a mão na nuca.

– E o que é que e posso fazer por você Marco? – Respondi em devido tom sarcástico.

– Tem como me explicar – Ele deu uma pausa e depois gritou – Que palhaçada foi essa?

Tive a sensação de ter ficado surdo por um minuto

– Como assim? – Perguntei sem entender.

– Como assim digo eu – Voltou a esbravejar – Tenho a sensação de que Gabrielle não está falando coisa com coisa.

Aquilo me fez sorrir e eu me sentei em uma poltrona livre apoiando uma das pernas sobre a outra enquanto observava Carlos, e João com a ajuda de ariana cortando a carne.

– Quando você diz “ falar coisa com coisa” quer dizer ela estar subitamente feliz e sorridente? – Sorri ao imaginar a simples imagem. Marco sentado de um lado da sala com o telefone na mão de forma raivosa, e Gabrielle deitada no outro em uma tentativa impossível de tirar o sorriso do rosto.

– Não abuse do pouco juízo que ainda me resta D.

Eu ri.

– Quero que me explique tudo – Se acalmou, por fim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Elemento" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.