Elemento escrita por Grind


Capítulo 10
Capítulo 10 - Ressaca




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Elemento / Capítulo 10 – Ressaca

Minha cabeça parecia prestes a explodir. E eu simplesmente não tinha forças para levantar da cama, mas quando tomei coragem o mundo pareceu girar como se o chão abaixo dos meus pés não fosse mais o mesmo. Eu sai do quarto com dificuldade, os olhos semi fechados, pois a luz incomodava tanto que parecia que iria queimar minhas retinas. Respirei fundo, umas três vezes e parei no corredor com a mão apoiada, procurando me manter em pé. Não importava se eu estava de ressaca ou não, meu corpo parecia querer levantar cedo. No entanto escutei o barulho da porta destrancando e eu observei atenta, apesar de estar completamente dolorida e exausta ninguém tinha a chave da minha casa.

A luz invadiu sala, e eu tive a sensação de ter ficado cega. A figura masculina entrou ofuscando parte da iluminação, quase como um anjo, alto, brilhante e terrivelmente lindo. Minhas pernas fraquejaram e eu firmei mais a mão na parede, incerta sobre estar na minha casa ou não.

Ele fechou a porta e a claridade se foi, ficando somente o anjo. Seu perfume inundou a sala, chegando até mim, e eu tive a sensação de já conhecer. Ele se virou, me viu um tanto quanto surpreendido e me analisou de baixo a cima antes de se pronunciar.

– Você está horrível. - Fez uma expressão fofa.

– Obrigada – Minha voz soou roca, e alta demais pra minha cabeça.

Ele sorriu radiante, em uma alegria quase contagiosa. Agindo como se eu contasse algo realmente engraçado e ele estivesse completamente entretido com a situação. Seus olhos brilharam logo em seguida, e ele caminhou até a cozinha e eu permaneci parada um tanto confusa, era como se ele soubesse de algo que eu não.

Apertei o passo e meu corpo pareceu relaxar quando me sentei. Ele estava fazendo algo de costas pra mim de frente a pia e fiquei me perguntando como ele entrara e por que minhas chaves estavam com eles. Como sabia onde cada coisa estava? Por que estava sendo tão receptivo e se comportava como se fossemos amigos desde sempre? E o que estava fazendo ali? Por que tanta felicidade?

– O que está fazendo aqui? – Consegui escolher uma das minhas perguntas.

– Eu ia vim só pra devolver a chave, mas vendo seu atual estado – Ele deu uma pausa – Que por acaso não é o dos melhores, eu vou fazer uma vitamina pra você pra ver se sua cara de ‘estou morrendo’ melhora pra ‘não estou me sentindo bem agora’.

– E desde quando você cozinha? – Cocei os olhos cansados.

Ele suspirou como se ouvisse isso dez vezes ao dia.

– Eu moro sozinho Gabrielle, tenho que aprender a me virar sozinho.

– Mas e sua mãe, mora com quem? – Enfiei o rosto por entre as mãos sentindo a cabeça pesar.

– Com meu pai – Respondeu, com o devido som sarcástico na voz.

– Muito engraçado – Disse com desdém – Estou rindo por dentro.

Alguém bateu na porta e eu senti minha cabeça latejar.

– Deve ser Marco – Sussurrei.

– Quer que eu atenda? – Perguntou virando o rosto na minha direção.

Eu endireitei o corpo recuperando a postura.

– Não, eu vou – Me coloquei de pé e me arrastei até a porta. O sorriso de Marco se desfez a me ver e entrou já um tanto desconfiado.

– Pelo menos você chegou em casa salva, pois sã você não estava.

Sorri falsamente.

– Elemento está na cozinha.

Seus olhos se arregalaram.

– Dormiu com ele? – Disse com o maxilar semicerrado.

– Não – Respondi prontamente e depois passei a mão na testa – Eu acho que não, não me lembro...

Fechou os punhos com força e antes que pudesse esbravejar fazendo a minha cabeça doer mais ainda, Elemento entrou no mesmo ambiente, o guardanapo no meio das mãos sendo torcido de forma nervosa.

– Algum problema aqui?

– Dormiu com ela? – Marco ergueu uma sobrancelha.

Eu fechei os olhos, as vezes a falta de discrição de Marco me fazia querer morrer.

Eu pisquei varias vezes antes de olhar na direção de D, que estava completamente surpreso com a pergunta e a forma direta.

– Não, de forma alguma, ela estava bêbada, não sou tão louco a esse ponto.

– O que está fazendo aqui tão cedo?

– Ele veio devolver as chaves... – Disse jogando um dos braços pro alto e levando-o ao alto da cabeça, como se a segurasse.

– A pergunta foi pra ele – Marco apontou o indicador na minha direção com os olhos vidrados no Elemento.

– Eu levei as chaves comigo quando a deixei em casa ontem para que não ficasse tudo destrancado. Seria perigoso.

– E se já veio trouxe as chaves, o que ainda está fazendo aqui? - Ele se comportava como se algo extremamente absurdo estivesse acontecendo.

Ok, era meio absurdo Elemento estar na minha casa, mas tinha acontecido tanta coisa nas últimas semanas que eu já não achava aquilo tão absurdo.

O silêncio tomou conta da sala e quando Elemento abriu a boca para responder eu o interrompi.

– Eu convidei – Dei de ombros e ambos olharam para mim surpresos – Pedi pra que ele ficasse por que eu sinto que estou morrendo.

Soou convincente e Marco relaxou, no entanto desconfortável.

– Agora por que não fazer algo de útil ao invés de ficarem me olhando como se tivessem visto um fantasma? – Eu me joguei no sofá colocando uma das mãos sobre os olhos. Eles conversaram sobre algo que eu não prestei atenção, um se afastou e o outro sentou na poltrona perto da minha cabeça.

– Quem sentou?

– Eu – Elemento respondeu e eu abri um olho.

– Ele te expulsou da cozinha?

– Disse que poderia se virar sozinho e que já tava na minha hora de me mandar.

Fechei o olho com um sorriso interno. Senti um arrepio percorrer meu corpo.

– O que aconteceu ontem?

Ele demorou pra responder.

– Nada, você discutiu com Gael, depois de encher a cara, bebeu mais, e mais e mais, então o carro de Marco quebrou e eu te trouxe pra casa.

– Só isso? Nenhuma fofoca?

– Você já estava meio alta quando foi dançar com Alessandro.

Eu arregalei os olhos.

– Eu dancei com o A? - Eu senti a cor do meu rosto sumir

– Ele te convidou e você aceitou.

Passei a mão pelo rosto nervosa.

– Ah meu Deus... Eu falei alguma besteira?

– Como vou saber? – Ele ficou em silêncio – Por que todo esse pânico por causa do Alessandro?

Eu engoli em seco.

– O que quer dizer? - Me passei por desentendida.

– Você trata Gael com todo o desprezo do mundo, quando a mim prefiro nem comentar, Marco é seu irmão mais velho, já Alessandro você entra em estado de pânico, toda confusa, como se ele fosse fazer ou falar alguma coisa realmente extraordinária e você precisasse parar o mundo pra poder ver.

Eu gemi sentindo minha cabeça latejar enquanto me sentava, sabendo que ele não iria desistir tão fácil desse assunto.

– É que... Assim – Eu suspirei procurando encontrar as palavras certas, de modo baixo, o suficientemente rápido para entender, e Marco não escutar.


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