I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 21
Capítulo 20




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Na quinta-feira de manhã, Pedro estacionou em frente ao prédio de João, encontrando o amigo o esperando na portaria. O nerd entrou no banco do passageiro, o cumprimentando com um “toca aí”.

“Cadê a Julinha? Achei que a Fabi ia estar trabalhando.”

“Ela tá, mas deixou a Julinha na Fábrica. Quando a gente tem compromisso, ela fica lá com o Gael, ou assistindo as aulas na Ribalta. Todo mundo adora ela, então não ligam.” Explicou João, enquanto pegavam o caminho do hospital. “Os pais da Fabi até se dispuseram a ficar com ela, mas eles moram do outro lado da cidade, é muito fora de mão.”

“Ontem teve encontro das crianças?” Perguntou Pedro, quando pararam no sinal.

“Não, por quê?”

“Quando eu cheguei no Perfeitão a noite, o pessoal tava saindo com as crianças. Você não tinha me dito que a Jade e o Cobra iam nessas coisas...”

“Ah, é que agora ela tá grávida, né? A Anabelle nasce mês que vem, então eles começaram a passar mais tempo com a gente, a convite do Duca e da Bianca.” Não era ao todo uma mentira, mas João sabia que todos haviam se encontrado na noite anterior para ver Clarinha. Eles não foram porque ele estava extremamente cansado.

“Tem mais alguém que eu não conheço que vai nesses encontros?” João negou, confuso. “É que depois que todo mundo tinha saído, uma menininha saiu de lá. E eu a vi acenar para a Mari e o Jeff, mas eu não sei de quem ela é filha, porque a Lara estava com eles.”

“Menina? Deve ser alguém ali do bairro, agora tem algumas crianças morando por ali.” O homem desviava os olhos, evitando o contato visual.

“Ou pode ter sido uma alucinação, eu tava com sono.” Pedro deu de ombros. “Porque, bro, ela tinha os olhos tão azuis quanto os da Karina. Até mais se bobear.”

“Pode ser também.”

~P&K~

Em São Paulo, Karina estava na rodoviária do Tietê. Naquela manhã havia conversado com o mestre da academia em que dava aula, pedido a sexta-feira de folga. Explicou o ocorrido com João e recebeu a permissão de faltar, para que pudesse ir para o Rio um dia antes.

Havia passado o dia anterior inquieta e nervosa, sentindo falta da filha e uma aflição estranha. Queria estar com a família o mais depressa possível, para garantir que tudo estava bem.

Também tinha pensado muito em uma ideia que lhe ocorrera enquanto Gael estava lá, mas que não sabia se era segura ou não colocar em prática. Sentia muita vontade de voltar para sua cidade natal, e isso só aumentava com o passar dos anos. Agora, com o irmão doente, queria mais do que nunca.

Mas tinha tanto medo por conta de Pedro. Ele não ficava muito tempo na cidade; juntando tudo, não devia passar um mês ao longo do ano todo. Mas e se em uma dessas visitas curtas ele visse Ana Clara? Se descobrisse tudo?

E afinal, o que ela temia depois de todos esses anos? Ele estava limpo desde o acidente, sabia disso. A banda fazia sucesso, estava indo de vento em popa. E Clarinha era completamente fã do pai, mesmo sem saber que ele era seu pai.

O que Karina temia era que Pedro nunca a perdoasse, e essa era a verdade. Ela tinha feito o que achava melhor pela filha, não tinha dúvidas disso. Mas como contar isso para ele? E se ele resolvesse tirar a filha dela? E se ele fizesse alguma besteira, ficasse com raiva?

E se ele não a amasse mais?

~P&K~

“Pedro? Pedro, acorda...” Karina agitou o braço do namorado, que dormia um sono pesado. “Moleque...”

“Que foi, esquentadinha?” Ele resmungou, nervoso. Já fazia uma semana que ele estava longe das drogas e seu humor começava a ficar instável.

“Eu to com tontura, e enjoada. Me ajuda a ir no banheiro?” Ela pediu como uma criança, e ele sorriu com carinho.

“Vem, amor.”

Pedro ajudou a grávida a levantar, a caminhar até o banheiro e segurou o pouco cabelo dela enquanto vomitava, acariciando as costas dela como uma maneira de confortá-la. Eram raros, mas incríveis, os momentos em que Karina via o amor dele superar a abstinência que o rapaz sentia.

“A manezinha tá judiando de você, né esquentadinha?” Pedro riu quando ela caiu deitada no peito dele, ainda no chão do banheiro.

“Sua filha, óbvio que tinha que me enlouquecer desde o começo.” Ela rebateu, abraçando os braços dele ao redor de sua barriga.

“Quer dormir aqui, no chão do banheiro?”

“Mas tá cheirando a vômito.”

“E daí? No dia que a gente começou a namorar, tava cheirando a fezes de uma certa pessoa.” Ele recebeu um tapa no ombro, os dois rindo. “Vem, fica bem agarradinha em mim. Já, já passa...”

Ela fechou os olhos, crente que não dormiria. O enjoo estava forte, a tontura idem, e o cheiro que preenchia o cômodo fazia tudo piorar. Mas ela dormiu, porque ele a estava envolvendo com aqueles braços quentes e protetores, lhe dando seu abrigo favorito no mundo inteiro.

Quando o dia amanheceu, foram surpreendidos por Dandara, que não os encontrou no quarto e se preocupou. Ao encontrar os dois adormecidos no chão frio, caiu na risada, logo indo chamar Gael. O lutador apareceu bufando, indignado.

"Queria saber a tara desses dois pelo banheiro."

~P&K~

Como havia sido prometido, Jade deu a aula de dança para Clarinha e depois a levou encontrar os demais no parque. A dançarina se impressionava com a desenvoltura da criança, que girava o corpo pequeno e magrelo com a graça e habilidade de uma bailarina experiente. Ela poderia ir longe, se quisesse e treinasse.

"Então eu tenho que treinar sempre, é tia Jade?"

"Você tem que dançar porque gosta, Clarinha. Os treinos têm que te dar prazer e divertir." As duas caminhavam de mãos dadas, rumando para o parquinho que ficava alguns quarteirões distante. "Minha mãe me obrigava a treinar para ser a melhor, e isso me fez mal. Se alguém algum dia tentar fazer isso com você, não deixe."

"Mesmo que seja a mamãe?"

"A mamãe te obriga a treinar alguma coisa?"

"Não... Quando eu falei que queria fazer ballet, ela deixou. Quando eu falei que queria lutar, ela deixou. Mas ela não deixa eu fazer isso o tempo todo, ela diz que eu tenho que brincar." Explicou Clarinha, a expressão séria. Jade riu da fofura que aquilo era.

"Então sua mãe está certinha. Se um dia você quiser ser bailarina profissional, eu te ajudo a treinar, está bem?" As duas chegaram à pracinha, encontrando as crianças brincando. "Vai lá."

Ana Clara correu ao encontro dos amigos, deixando que Jade se encaminhasse até Bianca e Mari. As duas estavam com as atenções voltadas para Ana Luz, mas a cumprimentaram quando ela sentou.

"E aí? Como a Clarinha está dançando?" Os olhos de Bianca brilhavam.

"Muito, muito bem... A Karina deve ter achado uma ótima professora em São Paulo, porque a baixinha está dançando maravilhosamente." Elogiou Jade, observando a criança.

"Eu tenho esperanças que ela acabe na Ribalta, não no ringue do meu pai." Admitiu a atriz, recebendo dois olhares feios. "Ai gente, vocês sabem que eu nunca gostei muito do jeito moleca da K."

"Você, não. Mas um certo guitarrista gostou, e muito, e o resultado disso é a Clarinha." Lembrou Mari, recebendo uma careta. "Ela vai ser que nem a mãe: o que ela quiser. Você já viu que sua sobrinha não é do tipo que recebe ordens ou é influenciável."

"Ela puxou a cabeça dura do pai e da mãe, e virou uma cabeça dura ao quadrado." Brincou a atriz, as três rindo. "O Pedro está na cidade, voltou para ficar."

"A Karina sabe?" Bianca negou. "Quando ela chega?"

"Estava pegando o ônibus quando eu falei com ela. Deve chegar aqui no Rio logo." As três se entreolharam. "Eu não sei o que vai acontecer."

"Merda, provavelmente." Jade era sempre sincera. "Ela está vindo ver o João; o Pedro não larga o João; a Clarinha só quer saber do João. Vai ser inevitável os três se cruzarem quando estiverem vendo o nerdão."

"Jade." Bianca a repreendeu.

"Que foi? Nerdão é apelido carinhoso, ele sabe." A dançarina abraçou a barriga. "É bom todos nos prepararmos... Aquela praça terá fortes emoções antes do que imaginamos."

~P&K~

O táxi de Karina havia acabado de estacionar em frente à Fábrica quando Gael e Dandara saíram correndo porta afora. A lutadora saltou do veículo, jogando as notas para o motorista, e correu até o pai e a madrasta.

"Pai." O lutador virou, encontrando a garota. "O que aconteceu?"

"O João passou mal no meio da sessão de quimioterapia, muito mal." O mestre explicou, os três ainda correndo. "Nós estamos indo para o hospital."

"Eu vou junto." Ela avisou, mas Gael se deteve. Dandara parou sem entender, assim como Karina.

"Filha... O Pedro está lá com ele." Ao ouvir aquilo, a loira gelou. Engoliu em seco, sentindo as palmas das mãos soarem. E então tornou a ser invadida pela lembrança de outro dia, de João virando a noite com ela, cuidando de Clarinha.

"Não importa. Eu vou ver o meu irmão."


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Notas finais do capítulo

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