I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 14
Capítulo 13




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/543322/chapter/14

Pedro estacionou a van, puxando o freio de mão e suspirando. Encarou a fachada do Perfeitão, vendo o pai organizando as mesas. Começou a batucar os dedos no volante, ansioso. Já fazia quase três meses que ele o havia colocado para fora de casa, não sabia como eles iriam reagir à sua volta.

Desceu do veículo, apertando o alarme e ajeitando o estojo do violão nos ombros. Caminhou a passos vacilantes, um pouco inseguros poderia dizer, se aproximando da entrada do restaurante. Tomtom apareceu ao lado do pai com algumas toalhas na mão, e foi a primeira a ver o irmão.

"Pedro." Ela gritou, deixando as toalhas na mesa. Apesar de tudo, a garota amava o irmão mais do que a qualquer pessoa no mundo, e só ela podia dizer a falta que ele lhe fizera naqueles três meses, apesar de tudo o que aconteceu.

O guitarrista abriu os braços tão logo a irmã pulou sobre si. Ele a abraçou apertado, sentindo um nó se formando em sua garganta, especialmente quando as lágrimas quentes da garota molharam seus ombros.

"Que saudade, baixinha." Ele suspirou, beijando a cabeça dela. Nem durante as turnês mais longas havia passado mais do que uma semana sem ver a irmã, quem dirá três meses.

Ele a colocou de volta no chão, mas ela não quis soltá-lo. Abraçou sua cintura com força, enquanto os dois se encaminhavam para o restaurante. Delma e Marcelo haviam deixado seus afazeres de lado e estavam juntos esperando pelos filhos.

Quando os dois jovens se aproximaram, Pedro fez a irmã se afastar. Tirou o violão das costas, entregando para a menina, e deu um passo à frente.

"Oi mãe. Oi pai." Ele disse, enfiando as mãos nos bolsos. Os lábios de Delma estava em uma linha fina, trêmulos. Antes que ele processa o que acontecia, ela se jogou sobre o filho mais velho, o abraçando e soluçando. "Calma, mãe, calma."

"É tão bom te ver, filho." Suspirou a mulher, segurando seu rosto. "Você ganhou peso, e parece bem mais saudável."

"A Sol tá fiscalizando pesado a minha alimentação, disse que não posso desmaiar no meio de nenhum show." Ele riu, acariciando o rosto de Delma. "Senti sua falta, mãe."

"E eu a sua, meu tesouro." Ela tornou a abraçá-lo, ainda mais apertado. Ele a segurou com força, observando o pai sobre o ombro dela. Ambos pareciam sem jeito e sem a menor ideia do que dizer.

"Pedro." Marcelo estendeu a mão, que o filho apertou.

"Pai." Ficaram constrangidos por alguns segundos, até o homem puxar o filho e o abraçar apertado. "Senti sua falta."

"E eu a sua, filhão." Ele beijou a cabeça do rapaz. "Vem, entra... Vou pedir pro Lincoln fazer algo para almoçarmos, que tal?"

"Eu vou adorar."

~P&K~

"Eu tava com tanta saudade sua, seu chato." Pedro e Tomtom estavam sentados na praça, apoiados nas estruturas de metal nas quais tanto brincaram outrora. O rapaz dedilhava seu violão, enquanto ela brincava com algumas flores que havia apanhado.

"E eu a sua, baixinha." Ele bagunçou os cabelos dela, que fez bico. "É mais difícil do que parece, ficar em turnê. Esse negócio de várias cidades, um show atrás do outro, sem vir para casa uma única vez... Eu tinha vontade de ligar três vezes por dia."

"Mas esse tempo foi bom pra todo mundo." Ele concordou, desviando os olhos dela. "Como você está? Digo, em relação ao que aconteceu?"

"Não se passa um dia sem que eu pense nisso, Tomtom." Ele confessou. "Até por que a notícia vazou, né? A banda é conhecida, obviamente que as revistas de fofoca veicularam e deram a notícia da perda do bebê. Todo fã que me encontra fala sobre isso, e sobre a música que eu cantei. Eu até tatuei."

"Você fez uma tatuagem?" Ele assentiu, virando de costas para ela. Ergueu a camiseta até a cabeça, revelando a região logo abaixo do pescoço. "Que linda."

O desenho era a palavra Faithfully em uma bela letra manuscrita, completamente rebuscada. Acima da palavra, um desenho fundindo uma guitarra e uma luva de boxe, com uma auréola por cima.

"A guitarra sou eu, a luva é a Karina, e a auréola é a nossa filha, que agora é um anjinho." Ele baixou a camiseta, voltando a encarar a irmã, que parecia desconfortável. "Desculpa, acho que isso deve te fazer sentir mal."

"Não. É só que... É realmente linda, Pedro, a tatuagem. Mas você não acha, sei lá, meio forte demais, tatuar isso? E se algum dia você namorar outra pessoa?"

"Maninha, eu não me vejo com mais ninguém, além da Karina." O guitarrista afirmou. "Ela é, e sempre foi, a minha musa. Eu amo muito aquela maluca, e vou amar para sempre. Eu fiz merda, eu sei que eu fiz, e foi a pior merda da minha vida. Mas eu tenho esperança, bem lá no fundo, que um dia eu vou reencontrar com ela e pedir perdão, e que ela vai me perdoar."

"Você escreveu alguma música nova para ela? Vocês vão para o estúdio gravar o álbum novo, né?" Tomtom tentou mudar de assunto, e conseguiu. O guitarrista deu um sorrisinho, encarando o instrumento.

"Eu escrevi uma música para a manezinha." Tomtom sorriu maravilhada. "E a gente encontrou com o Di, do NX. E depois de conversar com ele, nós compusemos mais uma, que vai ser lançada no Brazilian Day, daqui umas semanas."

"Eu fiquei sabendo. Parabéns pelo Brazilian Day. A K ficou super feliz por vocês." Ela soltou, logo depois percebendo o que havia dito. Pedro ficou desconfortável, puxando o cordão no pescoço e começando a brincar com os anéis.

"E como ela tá? Depois de tudo isso."

"Ela tá sendo forte, muito forte. Aguentando passar por isso da melhor maneira que consegue." Não era uma mentira, apenas a omissão parcial da verdade.

"Ela continua lutando?" Tomtom negou. "Por quê?"

"O médico ainda não liberou ela para voltar. Hey, que tal a gente ir lá na Ribalta? O João passa a tarde lá, ajudando na parte administrativa."

"Não sei não, baixinha. Você, o papai e a mamãe são uma coisa, mas o resto do pessoal..."

"Não é o resto, Pedro, é o seu melhor amigo da vida inteira." Tomtom puxou o irmão pela mão. "E tem o Nando também. Ele vive falando que sente falta de vocês."

"Vocês é a banda inteira, não necessariamente eu." Os dois caminhavam em direção à Fábrica, cruzando com alguns rostos conhecidos. Algumas pessoas encaravam Pedro, a maioria com um ar reprovador no rosto.

Os dois entraram no prédio, logo começando a subir as escadas. Pedro não conseguia evitar o saudosismo, mas também não conseguia ignorar o pânico e desconforto por estar ali, tão próximo da academia de Gael.

"João? Olha quem está aqui." Tomtom entrou na sala puxando Pedro, mas parou ao ver que havia mais gente ali.

"Pedro?"

"Bianca?" Ele engoliu em seco ao ver a ex-cunhada ali. Ela estava sentada na mesa, analisando alguns papéis. João estava de pé ao seu lado, com uma calculadora na mão.

"Cara, você voltou." Assim como Tomtom, João não conseguiu manter a postura ao encontrar o melhor amigo. Largou tudo o que fazia, correndo abraçar o guitarrista, que retribuiu com saudade.

"Voltei ontem, bro. Só precisava me instalar no apê novo e ajeitar umas coisas. A gente entra no estúdio amanhã." Ele sorriu para João, tentando ignorar o olhar de Bianca. "E você, como tá? Eu vi no Facebook que está namorando?"

"Tu e a esquentadinha fizeram eu e a Fabi convivermos tanto, que foi inevitável." O nerd deu de ombros, ainda abraçado ao amigo. "Caraca, eu senti sua falta, seu lesado."

"E eu a sua, retardado." Bagunçaram o cabelo um do outro, aos risos.

"É bom te ver, Pedro." Bianca se aproximou. O guitarrista assentiu, apertando a mão dela. "Você parece bem melhor."

"Melhor? Olha isso, os ossos dele estão escondidos embaixo de carne, não só de pele." Zombou João, fazendo todos revirarem os olhos.

"Eu parei com as festas. Agora minhas noites são com o violão e o caderno, compondo músicas." Ele sentiu necessidade de explicar, recebendo um aceno de Bianca. "Bom, eu só vim fazer uma visitinha, cara. Preciso voltar para casa e dar os últimos retoques em uma música nova."

"Música nova? Pode nos dar um spoiler?" Alfinetou João, enquanto saiam da sala. Bianca ia quase junto, extremamente curiosa.

"Chama Perdas. É para a manezinha." Ele se sentia desconfortável com o olhar que a jovem atriz lhe dirigia, mas tentava ignorar.

"Ele também fez uma tatuagem nas costas." Tomtom lançou um olhar significativo para o nerd.

"A Sol quer colocar o desenho de capa do álbum." Ele contou, enquanto paravam no hall de entrada. "É uma guitarra, uma luva de boxe e uma aureola de anjo por cima, com a palavra Faithfully. Ela quer chamar o álbum de Perdas e colocar o desenho por trás da palavra. Disse que é perfeito."

"Eu gosto." Garantiu Bianca, e Pedro lhe deu um sorrisinho de lado.

"O que esse moleque está fazendo aqui?" O guitarrista gelou ao ouvir a voz do ex-sogro, que se aproximou como um furacão. "Perdeu a noção do perigo, é moleque?"

"Pai, calma." Pediu Bianca, mas o mestre não deu atenção.

"Como você ousa voltar aqui, depois de tudo que você fez?"

"Com todo o respeito, mestre Gael, eu tenho plena noção do que eu fiz, de tudo que aconteceu, da culpa que me segue. Sinto ela do momento em que acordo até o que durmo, isso sem contar nos meus sonhos."

"É bom que tenha mesmo, seu menestrel do capiroto." O lutador rosnava. Duca e Cobra haviam saído do tatame e estavam por perto, para segurar o mestre se precisassem.

"Mas a única pessoa que pode me julgar ou cobrar por ele, é a Karina. Meu erro foi com ela, minha culpa é com ela. Se você quiser me quebrar a cara, não irei me opor. É o seu direito como pai, se fizessem com a minha filha o que eu fiz com a sua, faria a mesma coisa. Mas não tem o direito de me cobrar, ou me julgar. Conheço minha culpa e minha sina, e a aceito. Porém, não permitirei que ninguém as jogue em minha cara."

Os dois homens ficaram se encarando por longos segundos, Gael surpreso com a confiança que Pedro exalava e mantinha firme.

Quando o mestre não reagiu, Pedro beijou a testa da irmã, deu um tapinha no ombro de João e saiu, indo em direção à van. Todos ficaram parados, surpresos, o encarando.

"A perda do bebê realmente mudou o cara, hein?" Comentou Cobra, saindo em silêncio.

"Muito." Concordou Gael, enquanto observavam a van sair.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

http://www.facebook.com/fanficswaalpomps



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I'm forever yours" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.