PEDRO

Já estava morando com Karina á 6 meses, que pareciam apenas alguns dias, cada minuto que nós passávamos juntos era a prova do nosso amor, a prova do quanto queríamos passar o tempo todo juntos, agarradinhos nos sofá ou na cama, ela estava cada vez mais linda, radiante, brigas tinha muitas, por motivos bobos e banais, mais a reconciliação era a melhor parte.

– Pedro já te falei para não deixar roupas jogadas no banheiro, tem o cesto na lavanderia. – Cruzou os braços e me fitou séria. – E olha suas meias dentro do tênis ainda. – Apontou para um canto da sala, onde eu tinha deixado meus tênis. – E o farelo de pão em cima da mesa. – Comecei a rir incontrolavelmente, ele parou em minha frente ainda mais furiosa, seus olhos estavam vermelhos de raiva.

– Olha a fumaça saindo das suas orelhas. – Debochei dela e levei um soco no estomago.

– Feliz? Quando eu voltar, quero ver a mesa brilhando, suas meias e roupas dentro do cesto de roupas sujas, estamos entendidos? – Karina sorriu e me deu um beijo nos lábios, uma boa recompensa depois do soco no estomago.

Dei uma organizada em toda a casa,até a hora em que eu tinha que ir para a ribalta, quando entrei no galpão fiquei alguns minutos observando Karina derrotar outro lutador, as crianças a aplaudiam, esbocei um sorriso bobo.

Senti algo cutucar minhas costas. – E ai já fez o pedido? – Era João, ele era o único que sabia, sobre o pedido de casamento, mais eu ainda estava indeciso de como fazer o tal pedido.

– Não. – Respondi, subindo as escadas.

– E vai ficar guardando o anel até quando? – João me acompanhou até a ribalta, o anel estava sempre comigo, bem guardado, para que Karina não descobrisse a surpresa, eu já tinha pedido uma vez, mais queria fazer de novo, de uma forma especial.

– A hora certa ele vai estar no dedo dela. – Respondi João, que ficou calado.

– Já sei, ela vai ter o campeonato e vai lutar, não vai? – Assenti com a cabeça. – Então, por que você não pede depois da luta. – Não era uma má idéia, e seria na frente de toda a família dela.

– Vou pensar, agora deixa eu ir que minha turma já esta me esperando. – Entrei na sala de aula, meus alunos já estavam todos na sala, comecei a dar minha aula, o tempo passou tão rápido que nem percebi, que já estava na hora do almoço, desci até a academia eu e Karina sempre íamos juntos almoçar em nosso apartamento. Procurei-a e não achei, vi Marcão e Zé conversando animados.

– Ei vocês viram a Karina?– Perguntei, eles se olharam e olharam para os lados.

– Não. – Responderam juntos, deduzi que ela só podia estar em casa, então sai do galpão e voltei para casa, quando cheguei não a encontrei, Karina estava estranha nesses últimos dias, estava mais sentimental e calada, sua alimentação não era das melhores, comia apenas bolachas salgadas e tomava água, perguntei o que estava acontecendo mais ela desconversou, escutei barulhos na fechadura da porta e ela entrou, pálida e assustada, levou um susto quando me viu parado no meio da sala com os braços cruzados.

– Você pode me explicar a onde você estava? – Arqueei a sobrancelha esperando uma resposta, ela ficou um tempo calada, me olhando seriamente.

– Eu...eu, ai Pedro tive que resolver alguns problemas da academia, fez o que disse para você fazer? – Karina tentou levar o rumo da história para outro lugar.

– Karina o que ta acontecendo, você ta estranha, é o campeonato, sua luta é isso? – Karina me olhou e respirou fundo.

– Eu não vou mais lutar. – Como ela não vai mais lutar, ela faz isso sempre, ela ama lutar.

– Como assim? Eu escutei direito? – Me aproximei dela. – Ka o que está acontecendo, é alguma coisa comigo? Se arrependeu de eu estar aqui, morando com você? – Ela ficou em silencio, e o silencio dela me fez ter medo, medo de ser aquilo mesmo.

– Não, a hora certa eu te conto. – Falou apoiando a cabeça em meu peito. Peguei na mão dela e fomos até a cozinha, puxei a cadeira para ela, que se sentou.

– Eu vou preparar dois sanduíches para nós. – Fui até a geladeira e peguei o pão, presunto, queijo, e mais algumas coisas. – E você vai comer direitinho, não quero mais ver você comendo bolacha de água e sal. – Karina fez uma carreta quando entreguei o sanduíche dela.

– Acho melhor não. – Falou balançando a cabeça negativamente.

– Só algumas mordidas, não vai fazer desfeita para o seu amor, vai? – Estendi um largo sorriso nos lábios, ela deu uma mordida no sanduíche, e depois saiu em disparada para o banheiro, corri atrás dela e a vi jogando tudo para fora, Karina me olhou nervosa, suas mãos tremiam, me sentei ao lado dela e a abracei, afaguei seus cabelos, tentando acalmar ela, que nesse ponto chorava feito uma criança quando cai de bicicleta.

– O que foi Ka? Fala comigo? Você não sabe como ver você assim esta acabando comigo, seja lá o que for que esteja acontecendo nós vamos lutar juntos...Juntos. – Ela permaneceu em silencio.

Quando Pedro sentou ao meu lado, no banheiro e me perguntou o que estava acontecendo, eu tive medo de falar com ele, falar que nossas vidas iam mudar radicalmente, falar que em meu ventre tinha um bebe, nosso bebe, o motivo da minha alegria, e da minha insegurança, estava com medo que ele achasse que não era a hora certa, estava com medo de contar que estava grávida, com medo da sua reação, com medo que ele me abandonasse, nunca em minha vida se senti insegura. Mais a hora que ele me abraçou, e disse aquelas palavras, eu senti forças, me senti segura para falar com ele.

– Pe, vem. – Levantei e peguei em sua mão, mandei ele sentar no sofá e me sentei ao lado dele. – Eu estou com tanto medo, da forma como você vai reagir ao que eu vou te contar, mais eu estou certa de levar adiante. – Falei olhando bem dentro dos seus olhos.

– Fala Karina, você esta doente algo assim, eu não quero perder você. – Seus olhos marejaram, ele se ajoelhou na minha frente e apoiou a cabeça em minhas coxas, comecei a alisar seus cabelos com meus dedo, peguei sua mão e coloquei na minha barriga.

– Eu estou grávida. – Murmurei, Pedro deslizou a mão da minha barriga e apoiou-a no sofá para se levantar.

– Você o que? Repete eu não estou acreditando. – Ele penetrou os olhos nos meus.

– Eu estou grávida, e saiba que eu vou levar minha gravidez adiante, não me importa se você vai estar do meu lado ou... – Pedro me interrompeu selando um beijo em meus lábios.

– Eu vou sempre estar ao seu lado, espera ai. – Ele entrou no quarto e voltou, trazendo uma caixinha nas mãos, me fez levantar e se ajoelhou em minha frente, abriu a caixa que continha um anel de brilhantes.

– Karina aceita se casar com esse guitarrista maluco? – Seus olhos brilhavam e o tom das suas palavras saíram como uma suplica.

– Você não esta fazendo esse pedido só por que eu estou grávida? – Perguntei um pouco insegura.

– Claro que não, esse anel estava escondido, queria fazer o pedido em grande estilo, mais eu vi que isso não importa, o que importa é a nossa relação, e eu estou mais certo do que nunca, eu te amo. – Ele me beijou avidamente, suas mãos caminhavam pelo meu corpo, ele separou nossos lábios e me fitou com expectativa. – Aceita?

– Sim... Sim. – Gritei, ele me pegou nos braços e me girou, depois me colocou na frente dele, e ajeitou o anel em meu dedo, deu um leve beijo na minha mão, e na minha testa.

– A quanto tempo sabe dessa gravidez? – Perguntou agora mais sério.

– Eu estava suspeitando, á alguns dias atrás, enjôos, meu emocional estava uma droga, ai fiz um teste de farmácia, ele deu positivo, eu não conseguia acreditar, então fiz um exame médico que também deu positivo. – Respondi, ele me deu outro beijo na boca.

– Eu sou o guitarrista mais feliz do mundo. – Gritou, me pegou no colo e me levou até a cama, me beijando avidamente, me deitou com cuidado na cama, e deitou lentamente sobre meu corpo, tirou cada peça da minha roupa, mordiscando meu corpo, deu um beijo em minha barriga, e tirou suas roupas, fizemos amor por horas, depois de cansados ele deitou ao meu lado com um sorriso bobo nos lábios.

– Eu vou ser papai. – Falou acariciando minha barriga, chegou a boca perto dela e começou a sussurrar. – Papai e Mamãe ama você, papai espera sobreviver depois que seu vovo ficar sabendo que mamãe esta grávida. – Dei um peteleco na cabeça dele, e ri, com suas maluquices, mais em uma coisa ela tinha razão, seu Gael vai ficar furioso.