Love or not Love? escrita por EuSemideus


Capítulo 19
XVlll


Notas iniciais do capítulo

Ei, gente! São 1:43 da manhã agr e eu n tenho mai muito tempo. Ia postar amanhã, mas cabei de descobri q meu irmãovai siar e levar o PC, então estou aki, madrugando por vcs!
N corrigi a última parte do cap, etão desculpem-me os erros absurdos e diversos erros de digitação!
Espero q gostem!



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XVIII

Annabeth


Annabeth acordou, mas não sentia vontade de se levantar. Não estranhou, e nem abriu os olhos, ao notar que alguém a abraçava. O cheiro e os braços de Perseu eram simplesmente inconfundíveis.

Podia ouvir a respiração pesada do rapaz, demonstrando seu estado de sono profundo, sem contar as batidas do coração contra seu ouvido. Aquela sinfonia parecia querer que ela voltasse adormecer, e Annabeth pensou seriamente em faze-lo. Estava tão confortável e acomodada. O abraço de Percy a esquentava, protegendo-a do vento frio que, provavelmente, estrava por alguma fresta da janela.

Era muito errado pensar que não queria sair dali nunca mais? Ela esperava, sinceramente, que não.

Contra sua vontade, e seus instintos, Annabeth abriu os olhos. Logo encontrou o sol entrando pela janela e o peito do moreno, na qual ela estava deitada, coberto uma camisa verde musgo. Seu pijama, ela reconheceu. Levantou a cabeça e encontrou o rosto de Percy. Os cabelos negros estavam mais bagunçados do que de costume, os olhos fechados levemente e a expressão serena. Havia um único fator que destoava daquela visão. Para muitos, destruiria o quadro, mas para Annabeth só deixava tudo mais perfeito. A boca do rapaz estava levemente aberta e um fio de bada escorria por ela.

A garota segurou o riso e sentiu uma brisa fria tocar sua pele. Rapidamente voltou ao conchego do corpo de Perseu. Um dia ensolarado porém frio. Annabeth sempre odiara o clima paradoxal, nunca sabia como se vestir ou o que esperar para o resto do dia. Mas, naquele momento, pela primeira vez, ele lhe pareceu um tanto agradável, como se dissesse para que ela continuasse na cama. Implorando que fechasse os olhos e voltasse a seu sono.

Antes que fosse tomada por aquela onda, Annabeth despertou. Não estava em casa, portando não poderia se dar ao luxo de dormir até tarde. Precisava olhar as horas. E, se ainda fosse cedo, estaria livre para continuar ali.

Girou o tronco levemente, na intenção de ver o relógio digital em cima da cabeceira ao seu lado. Suas pernas estavam enroscadas nas de Perseu, de modo que não que conseguiria virar-se por inteiro. Uma onde de desânimo tomou seu corpo quanto notou que passava cinco minutos das nove da manhã. Sua vontade era enterrar a cabeça no peito de Percy e voltar a dormir, mas pelo jeito aquilo não seria possível.

Levou uma das mãos aos cabelos do namorado e chamou seu nome.

– Percy

O rapaz se mexeu levemente e limpou a boca com as costas da mão, para depois abraça-la mais forte, como se fosse um grande urso de pelúcia. Annabeth riu e continuou a deslizar os dedos pelos mexas negras do namorado.

Namorado. Deus, eles estavam namorando. Depois de seis anos, ela voltara a ter um namorado.

– Vamos, Percy, precisa acordar - pediu um pouco mais alto.

– Só mais cinco minutos - ele sussurrou, escondendo o rosto entre seus cabelos.

Annabeth riu.

– Já passa das nove - ela explicou - Precisamos levantar.

Ele resmungou novamente e se afastou. Aos poucos levantou as pálpebras e logo Annabeth pode ver seus olhos sonolentos. O quarto estava iluminado por conta dos raios de sol que entravam pela janela, o que deixava os olhos de Percy bem mais claros do que o normal.

– Bom dia - ele desejou com voz meio arrastada, mas já com um sorriso no rosto.

– Bom dia - ela respondeu.

Percy respirou fundo e beijou seus cabelos.

– Acho que você tem razão - disse por fim - Precisamos levantar.

Annabeth assentiu. Subitamente lembrou-se do sonho que havia tido e acabou reproduzindo a fala de seu filho, de uma forma adaptada.

– Você baba enquanto dorme - disse por fim.

Percy corou e desviou os olhos, para logo depois se levantar.

O quarto deles, assim como todos os outros, era um suite. Percy insistiu para que ela usasse o banheiro do quarto, enquanto ele ia até o corredor. Logo ambos já estavam no quarto, prontos para tomar café.

– Vamos? - chamou Perseu.

Annabeth sentou-se na cama.

– Vá na frente - pediu ela - Vou tentar ligar para Thalia. Não falo com ela desde que saí de Nova York.

Percy fez uma careta.

– Boa sorte - lhe desejou.

Annabeth riu.

O moreno se aproximou calmamente e depositou um beijo singelo em sua testa. Ela fechou o olhos, aproveitando a sensação.

Antes que ele se afastasse, Annabeth segurou sua mão e olhou-o nos olhos. Uma dúvida martelava em sua cabeça, talvez fosse a hora de tira-la.

– Percy - ela tocou o colar em seu pescoço com a mão livre - Esse cordão já foi da...

Percy negou antes que ela terminasse. Ele sorriu levemente e brincou com um de seus cachos.

– Você foi a primeira e será a única a que darei ele - ele garantiu.

Annabeth sorriu, mesmo que aquela confirmação só tenha deixado mais nervosa. Puxou-o pele nuca e beijou-o levemente. Um beijo calmo, casto, e um tanto rápido. Quando se afastaram, Percy sorriu e deixou o quarto, sem dizer mais nenhuma palavra.

Assim que a porta se fechou, Annabeth pegou seu telefone e discou o número da melhor amiga, não esquecendo do código internacional. Os toques foram tantos, que ela quase desistiu, convencendo-se que de não a acordaria, mas acabou não tendo essa chance.

– Alô? - disse quando percebeu que havia sido atendida.

– COMO VOCÊ OUSA PASSAR TODOS ESSES DIAS SEM DAR SINAL DE VIDA?! - gritou Thalia.

Annabeth afastou o telefone da orelha. Bem, não podia esperar nada menos do que aquilo. E muito menos dizer que o "todos esses dias" haviam sido, na realidade, um só.

– Thalia, eu posso... - porém Annabeth não pode terminar sua frase.

– QUIETA! E ISSO SERVE PRA VOCÊ TAMBÉM, DIÂNGELO! - ela exclamou - VOCÊ SABIA QUE EU NÃO POSSO PASSAR ESTRESSE?! QUE ISSO FAZ MAL PARA O BEBÊ?! AÍ O QUE VOCÊ FAZ?! VAI PRA OUTRO PAÍS E NEM ME MANDA UM SINAL DE FUMAÇA DIZENDO QUE ESTÁ VIVA!

Annabeth se encolheu. Thalia estava certa de certa forma. Ela deveria ter ao menos avisado que tinha chegado, mas haviam acontecido tantas coisas no dia anterior... Aquilo fez a loira lembrar-se do porquê daquela ligação.

– É que aconteceu tanta coisa - começou Annabeth.

– COISAS MAIS IMPORTANTES QUE EU?! SUA MELHOR AMIGA?! QUE POR ACASO ESTÁ GRÁVIDA?! QUE TIPO DE...

Annabeth ignorou o discurso dramático da garota.

– Perseu me pediu em namoro - disse sem levantar a voz.

Um silêncio mortal tomou conta da linha telefônica. A loira chegou a olhar o visor de seu aparelho, conferindo se a ligação não tinha caído.

– ELE O QUÊ?! - exclamou Thalia alguns segundos depois.

Annabeth riu.

– A propósito, desculpe-me o horário - pediu Annabeth - E diga a Nico que peço desculpas por acorda-lo também.

– Annabeth, não deixe que eu me lembre que você me acordou às 4:30 da manhã! - disse Thalia - Agora explique essa história direito! Quando foi isso?!

– Ontem - contou - Ele me levou à London Eye e quando estávamos no ponto mais alto, fez o pedido.

Annabeth pode ouvir um "Isso!" animado de sua amiga, e tinha quase certeza de que também escutara um gemido de frustração de Nico.

– Você aceitou de cara? - perguntou a morena - Na hora?

– Sim - respondeu Annabeth.

Novamente ouviu o casal, mas daquela vez fora o contrário. Nico comemorara, enquanto Thalia bufou.

– Não fique tão alegrinho - repreendeu a garota - Você ainda me deve 50 dólares.

Annabeth mal pode acreditar no que ouvira.

– Vocês tinham apostado?! - ela exclamou surpresa.

– Não se sinta ofendida, nós apostamos tudo - tranquilizou-a Thalia.

Annabeth balançou a cabeça, tentando ignorar aquele fato. Precisava focar no objetivo principal daquilo tudo.

– Mas esse não é o ponto - continuou ela - Quando ele me pediu em namoro, me deu colar.

– O que tem isso? - indagou Thalia - É feio?

Annabeth negou com a cabeça, para logo depois lembrar-se de que a amiga não podia vê-la.

– Não, é lindo - disse Annabeth - Estamos a sós?

– Sim, Nico foi para a sala e já tirei do viva voz - contou Thalia. Seu tom havia mudado para algo mais sério. Annabeth sorriu com isso. Sua amiga já sabia que vinha algo importante pela frente.

– É o seguinte... - começou Annabeth.

Flashback on

Annabeth olhou-se no espelho do banheiro social e sorriu. Haviam chegado do passeio faziam poucos minutos. O jantar já estava pronto e prestes a ser servido. E ali estava ela, limpado-se para poder saborea-lo.

Ainda podia ouvir cada mínima palavra de Percy ressoando contra seus ouvidos. Imagens do sorriso dele ao ouvir sua resposta passavam constante por sua mente. Sem contar o beijo.

Ainda podia sentir seus lábios contra os dele. Uma das mãos de Percy em seus cabelos, enquanto a outra a segurava firme e empurrava-a para mais junto dele.

Não arrependia-se de ter aceitado o pedido em momento algum. Precisava seguir em frente, sua vida não podia parar por conta de alguém como Luke, e tinha certeza de que Perseu era a pessoa certa para passar por aquilo com ela.

Tocou o pingente em forma de coração de seu mais novo colar. Era discreto, simples e bonito. Exatamente o tipo que ela gostava.

Notou que já se demorava no banheiro e saiu. Antes que conseguisse deixar o corredor, encontrou vovó Lise. A senhora sorriu e segurou sua mão.

– Como foi o passeio, minha filha? - perguntou animada.

– Foi maravilhoso - garantiu Annabeth - A cidade é simplesmente linda.

Elise sorriu ainda mais e fixou os olhos em algo. Annabeth não soube exatamente o quê, de início, mas logo percebeu que se tratava de seu colar.

– Você está usando o colar - disse ela, parecendo aliviada - Já estava ficando preocupada.

Annabeth franziu as sobrancelha.

– Perseu me deu de presente hoje - contou ela - Por que a preocupação?

Vovó Lise sorriu.

– Ele não te contou, não é mesmo? - ela indagou.

Annabeth limitou-se a negar com a cabeça, sem saber exatamente do que ela falava.

A senhora suspirou e puxou-a até um dos sofás da sala, que estava vazia naquele momento.

– Sabe, minha querida, esse colar costumava ser meu. Meu falecido marido, Paul, deu-me de presente no dia de nosso casamento, como símbolo de nosso amor - ela contou quando já estavam sentadas - Minha ideia inicial foi passa-lo para Poseidon, afim de que ele entregasse a mulher que escolhesse como sua. No entanto, ele viajou para estudar nos Estados Unidos e quando voltou já estava decidido a casar-se com Sally, afirmando ama-la profundamente.

"Assim, resolvi guarda-lo. E foi desse modo que ele ficou por longos anos.

"Quando Percy cresceu e começou a viver sua própria vida, vi que ele estava um tanto perdido. Sempre buscava a mulher certa, uma que ele amasse tanto quanto seu pai amava sua mãe, mas nunca sabia se tinha encontrado-a. Com intenção de ajuda-lo, dei-lhe o colar e instrui-o a só entrega-lo para a mulher de sua vida.

"Quando soube que vocês estavam noivos e não vi o colar, preocupei-me, mas vejo que já posso ficar tranquila.

Annabeth estava completamente estática. Por um momento, pensou que o colar fazia parte da farsa de serem noivos, mas então lembrou do que ele dissera na roda-gigante. "Nada disso ter haver com o fato de fingirmos ser noivos".

– A mulher da vida dele? - perguntou Annabeth, ainda em choque.

Vovó Lise sorriu e apertou sua mão.

– Seu verdadeiro amor. Aquela que ele nunca deixaria de amar, não importam as circunstâncias.

Annabeth não sabia o que pensar ou como pensar. Percy sentia tudo aquilo por ela. Ele... Amava-a? Ele realmente acreditava naquilo?

A loira não soube quanto tempo ficou naquele estado de torpor, mas só acordou quando ouviu uma das primas de Percy, Silena, chama-las para jantar.

Flashback off

– Eu não sei o que fazer - ela disse a beira das lágrimas, quando terminou de contar toda a história - Pensei que talvez o colar não significasse tanto para ele e perguntei-lhe se este já tinha pertencido a sua ex-namorada. Mas ele me disse que eu tinha sido a primeira e seria a única a quem ele daria a joia.

Thalia ficou em silêncio por um minuto, provavelmente assimilando toda a história.

– Ele sabe que você sabe o verdadeiro significado do colar? - indagou ela.

– Não - contou Annabeth - Eu estou com medo, Thals. Não sei o que fazer. Eu nem sei se ainda sou capaz de sentir isso que vocês chamam de amor! E se eu não corresponder esse sentimento? Não posso magoa-lo!

Ela sentiu as primeiras lágrimas rolarem de seus olhos. Estava desesperada, precisava urgentemente dos serviços de sua melhor amiga.

– Annie, preste bem atenção - pediu Thalia. Seu tom de voz estava calmo e sereno, bem diferente do normal. Annabeth fechou os olhos e pode ver o sorriso que ela sempre lhe lançava quando queria acalma-la e suspirou - Quero que me diga, com toda sinceridade, porque aceitou o pedido de Percy. Conheço você o bastante para saber que não namoraria alguém por conveniência ou porque tem alguma leve afeição por ele. Ainda mais depois de Luke. Não julgo quem faz esse tipo de coisa, pois já fiz. Cada um tem sua maneira de ser feliz, mas sei que essa não é a sua.

Annabeth fechou os olhos e buscou no fundo de seu coração a resposta. Quando Percy a pedira em namoro, por quê aceitara? O que a fizera assumir aquele posto? Quais foram as verdadeiras razões, do fundo de seu coração, para seguir com tudo aquilo?

– Eu aceitei porque não consigo imaginar um futuro para mim sem a presença dele - disse por fim, sem nem mesmo perceber que as palavras saiam de sua boca - Não consigo pensar em outra pessoa para com quem dividir a vida e formar uma família.

Surpreendeu-se ao notar o que falara, mas não conseguiu desmentir-se. Aquela era a mais pura verdade.

– Sei que você não acredita nisso, ou não acreditava, mas tenho quase certeza de que o ama - contou Thalia. Annabeth podia sentir o sorriso em sua voz - Mas, se talvez, isso não for amor, acredite, está muito perto de ser. E tenha uma certeza, você está completamente apaixonada por ele.

Estaria ela certa? Annabeth estava mesmo apaixonada por Perseu? Seu cérebro dizia que não, mas os gritos afirmativos de seu coração pareciam cala-lo.

Balançou a cabeça, tentando afastar aquele assunto por um momento, mas deixando seu subconsciente trabalhar.

– Mas e você? Como estão as coisas? - perguntou Annabeth.

– Sei que você está mudando de assunto, mas vou deixar passar para que possa pensar - revelou Thalia, fazendo a amiga corar levemente - Ah, Annie, não vejo a hora dele se mexer! Quero que minha barriga cresça logo! Nico diz que dá pra notar, mas ninguém mais vê isso! O que você acha? Viu-me na quinta, não foi?

Annabeth sorriu, achando um tanto engraçada a preocupação quase infantil de seu amiga.

Thalia sempre fora mais baixa que Annabeth e magra. Não era um palito, pois tinha o corpo bem definido, mas nunca apresentara uma ondulação sequer na região abdominal. Não importava quanto ou o que ela comesse, a garota não engordava, nunca.

Da última vez que a vira, porém, uma coisa havia mudado. Um pequeno ovo tinha se formado na região do ventre de Thalia. Algo imperceptível para alguém de fora, mas perfeitamente visível para sua melhor amiga.

– Está muito pequena, mas já consigo notar - disse Annabeth.

– Se é assim, tudo bem - disse a morena claramente mais feliz - Pense no que te falei. Tenho que ir, Nico voltou para o quarto e quer dormir. Beijos.

– Beijos, prometo que vou pensar. Se cuide.

Ela ouviu uma risada de Thalia e logo depois o sinal de que a ligação havia sido encerrada.

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Percy

Para Percy, o dia passou tranquilo, na medida do possível.

Annabeth descera para tomar café da manhã já próximo às dez. Seu rosto estava um pouco mais rosado do que o normal e ela sorria com mais facilidade. Parecia leve, como se o peso do mundo tivesse sido retirado de suas costas.

Ao longo daquele dia, seus primos e os de seu pai foram chegando à casa. Alguns sozinhos, outros com o cônjuge, e alguns até junto de toda família. No fim da tarde já era possível ver crianças correndo para todos os lados, em uma brincadeira aparentemente sem sentido. Adultos em pequenas, ou grandes rodas, conversando animadamente sobre um assunto qualquer. E o único bebê da casa, Dan, filho de seu primo Travis, adormecido no colo de Kate, sua mãe, sem se importar com o barulho feito pela família.

Percy brincava com Charlie, na sala da casa. O garoto gargalhava com as vozes estranhas que o moreno fazia, sem falar nas bombeiras que ele dizia.

O pequeno simplesmente grudara no rapaz a partir do momento em que acordou. Annabeth rira e dissera que Percy devia ter um jeito especial para encantar as crianças. Afinal, Connor e Melany também entravam da lista daqueles que amavam o moreno.

– Quando você vai na minha casa, tio Percy? - perguntou Charlie, de joelhos no sofá.

Percy sorriu e bagunçou os cabelos do menino.

– Eu não sei, mas vou tentar ir te visitar, tudo bem? - ele perguntou.

O menino assentiu, levemente contrariado, mas não teve tempo de responder. Logo Annabeth tinha uma das mãos sobre os cabelos do pequeno, que se virou para a garota. A loira vestia um belo vestido florido e tinha os cabelos soltos. Como jóias, só usava o anel de noivado e o colar. Ao vê-lo no pescoço dela, Percy sorriu, tendo mais certeza do que nunca de que fizera a coisa certa.

– Charlie, sua mãe está te chamando - ela avisou.

Os ombros do pequeno caíram e seu olhar tornou-se triste.

– Mas eu não quero ir! - reclamou o pequeno, jogando-se nos braços de Percy - A gente vai embola amanhã e eu quero ficar com o tio Percy!

O moreno abraçou o pequeno, que apoiou a cabeça sobre seu ombro. Ele lançou um olhar de socorro para Annabeth, que se limitou a sorrir e sentar-se no local antes ocupado por Charlie.

– Vou te contar um segredo - disse ela bem baixinho, pousando a mão sobre as costas do pequeno e aproximando-se de seu ouvido - Sua mãe estava pensando em visitar a mim e ao tio Percy lá onde a gente mora, mas para isso você tem que obedece-la.

Charlie soltou-se do rapaz rapidamente e fitou Annabeth.

– Sério? - ele indagou.

– Sério.

Um sorriso cresceu no rosto do menino, que jogou-se sobre Annabeth, abraçando-a.

– Bigada, tia Annie - ele disse se afastando - Tchau, tio Percy!

Perseu só teve chance de vê-lo atravessando a porta da sala em disparada.

Annabeth ria ao seu lado, da reação exagerada do pequeno. Sua risada não era muito alta ou escandalosa, mas no tom e altura certa. Ele sorriu somente por ouvir aquele som. Parecia uma melodia para seus ouvidos.

Ainda lembrava do sorriso de sua avó quando Annabeth insistira em lhe dar um presente, nem que fosse em conjunto com ele.

– Por favor, vovó, é de coração - pedira Annabeth.

Vovó Lise suspirara e assentira.

– Tudo bem, acho que não posso recusar um presente de meus netos - dissera por fim.

Annabeth sorrira e entregara a ela um cartão.

– É um vale milhas aéreas - explicara Percy.

– Com certeza vai garantir uma passagem de ida e volta para qualquer lugar - contara Annabeth - Dependendo da passagem, até mais de uma. Assim a senhora pode nos visitar ou viajar até um lugar que tenha vontade de conhecer.

Sua avó sorrira abertamente e abraçara Annabeth, e logo depois Percy.

– Cuide bem dessa garota - murmurara sua avó em seu ouvido.

– Pode deixar - garantira ele.

As risadas de Annabeth cessaram, trazendo-o de volta a realidade. Ela sorriu e deitou a cabeça sobre seu ombro. Ele passou um dos braços por sua cintura, trazendo-a para junto de si.

– Que horas é nosso voo amanhã? - ela perguntou baixinho, como se fosse um segredo.

– Depois do almoço - respondeu ele no mesmo tom.

– Ah, sim - respondeu ela, fechando os olhos - Estou pensando em ir visitar Melany na segunda. Já estou com saudades da pequena.

O rapaz sorriu, observando a expressão completamente serena de sua namorada naquele momento. Por um instante, ela lhe pareceu uma boneca de porcelana.

Durante o mês anterior, tal em que haviam passado a visitar o orfanato periodicamente, Melany tinha criado, sem querer, um vínculo muito forte do casal com ela. Ela estava sempre sorrindo e animada, e quando chorava, esse durava muito pouco. Mel era aberta para conhecer pessoas nova e torna-los parte de sua vida, enquanto as outras crianças preferiam manter uma distância segura, talvez já acostumadas com o abandono.

Percy muitas vezes pensara em entrar com um processo para adota-la, mas não tinha chances de realizar tal ato. Era um homem de vinte e cinco anos solteiro, aos olhos da lei, e que de uma maneira legal não poderia fornecer a Melany um lar, uma família. Ele sabia que se conseguisse, Annabeth o ajudaria, pois seu carinho pela menina era tão grande quanto o de Perseu, mas, mesmo que fossem casados, fazer Mel tornar-se sua filha aos olhos da lei era algo muito difícil.

Amava a pequena, mas nada podia fazer para ajuda-la. A não ser rezar, é claro.

– Acho uma ótima ideia - respondeu ele, tirando uma mecha loira que caia sobre os olhos fechados da garota - Aposto que ela vai amar o presente que compramos.

Annabeth sorriu sem abrir os olhos, como que concordando.

Haviam comprado pequenas lembranças para cada um, com excessão de Connor, já que ambos não estavam esbanjando dinheiro naquele momento. O presente de Melany era um globo de neve de tamanho razoável, com uma miniatura de Londres dentro dele. Era possível ver claramente o palácio, o BigBang e a London Eye, além da ponte, é claro.

– Por que eu? - perguntou Annabeth sem aviso.

– Como? - ele indagou confuso.

A garota abriu os olhos e sentou corretamente, sem sair de seu abraço.

– Você é como eu, Percy - começou ela - Não me pediria em namoro por impulso ou capricho. Você pensou nisso tudo e só concluiu quando teve certeza. Você me escolheu, Percy. Você me acha especial. Eu só quero saber porquê.

Percy sorriu, aliviado. Aquela era uma pergunta com uma resposta tão simples. Ele só precisaria de um "Porque eu te amo". Quatro palavrinhas, mas que podiam assusta-la de uma maneira que ele não desejava. Para sua sorte, haviam outras maneiras de se declarar o amor, e ele as conhecia.

O rapaz notou que namorada segurava o pingente de seu colar. Se ela soubesse seu significado, não estaria perguntando. Porém, não podia negar-lhe a resposta.

– Eu queria muito poder te dizer, mas existem coisas que não somos capaz de escolher - contou ele - Eu adoraria falar-te que foi por causa de seus lindos olhos cinzentos, ou suas ondas loiras. Amaria revelar que o motivo é a sua bondade e gentileza, banhada de um carinho inigualável, ou, até mesmo, sua impressionante inteligência. Diria com todo prazer que fora por conta de sua teimosia, que chega ao tamanho de sua beleza, ou pela maneira como me faz bem só estando junto a mim. Mas, infelizmente, não posso.

"Não foi nada disso e tudo isso. Você é especial sim, contudo eu não te escolhi, Annie, meu coração fez isso por mim. Porém, acredite, eu apoio a escolha.

Ele viu uma lágrima solitária descer pela bochecha de sua amada, mas secou-a antes que a mesma despencasse de seu rosto. Os olhos de Annabeth brilhavam por trás das lágrimas contidas e sua boca ostentava um lindo sorriso.

Percy virou-a, de modo que estava um de frente para o outro no sofá.

– E você, Annabeth. Por que aceitou meu pedido? - ele perguntou.

A garota se aproximou um pouco mais, de modo que seus narizes estavam a um centímetro de se tocarem. Ela tocou sua bochecha com delicadeza e acariciou-a levemente. A mão que antes estava sobre o pingente, foi para o coração do rapaz. Ela provavelmente sentia seus batimento, pois eles já estavam em um ritmo maior que o normal. Annabeth olhou no fundo de seus olhos, parecendo ver até mesmo sua alma. Uma segunda lágrima escapou dos olhos da loira. Porém, daquela vez, Percy não teve chance de seca-la.

– Isso é fácil - segredou ela, enquanto a pequena gota chegava a sua bochecha - Porque estou completamente apaixonada por você.

O mundo de Percy pareceu travar por um minuto, como se fosse um grande computador sobrecarregado. Não conseguia assimilar as informações com a rapidez necessária. Ela afirmara estar apaixonada por ele? Annabeth realmente dissera isso? A sua Annabeth?!

Não sabia que expressão estava fazendo ou quanto tempo ficou sem ação, mas quando finalmente destravou, não se demorou para puxa-la para um beijo.

Um suspiro surpreso escapou dos lábios de Annabeth, mas logo foi substituído por outro de prazer. A mão envolta de sua cintura mantinha-a perto de si, enquanto a outra acariciava o rosto da garota carinhosamente.

Podia sentir com clareza os dedos finos e delicados de Annabeth a percorrem seus cabelos, tocando eventualmente o couro cabeludo, e deixando ali uma pequena descarga de prazer.

Percy não seria capaz de dizer a duração do beijo, mas demorara, ele tinha certeza. Havia sido calmo e apaixonado, o primeiro em que ambos sabiam o que sentiam um pelo outro.

Annabeth se afastou vagarosamente, abraçando-o em seguida. Percy, sem pensar muito, trouxe a namorada para seu colo, e sentiu-a esconder o rosto na curva de seu pescoço.

– Eu consegui? - ele perguntou, tendo certeza de ela sabia do que falava.

A respiração calma dela em sua nuca arrepiava-o da cabeça aos pés, mas o rapaz tentava ao máximo esconder este fato.

– Eu disse que não acreditava no amor, não em paixão - lembrou ela - Mas não se preocupe, está no caminho certo.

Percy sorriu, acariciando os cabelos da garota. Estava no caminho certo para tornar seu sonho, realidade.


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Notas finais do capítulo

Ah, esqueci de dizer q a parte q eu corrigi do cap foi meio dormindo e correndo (alguns minutos atrás) kkk
N posso esquecer de agradecer a 1nf1nity pela maravilhosa recomendação! Obrigada, ficou linda!
Espero q tenham gostado! N esqueçam de dizer o q acharam!
Bjs, EuSemideus