Love or not Love? escrita por EuSemideus


Capítulo 17
XVl


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou de volta!!! To rápida essas férias, neh? Aproveitem q minhas aulas só volta em Março!
Espero q gostem do cap!



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XVI

Annabeth

"Voo 1973, das 10:30 PM, com destino a Londres. Embarque disponível no portão 3."

A voz típica dos autofalantes do aeroporto ecoava pelos ouvidos de Annabeth. Ela olhou para o grande relógio do painel de embarque, notando que passava pouco das 10:10 da noite.

Estava no Boston Logan International Airport, junto da família Jackson. Haviam deixado Nova York pouco mais de duas horas antes, naquela quinta-feira a noite. Não haviam voos diretos da cidade que nunca dorme para Londres, era inevitável fazer uma escala em Boston.

Annabeth sentiu Percy puxa-la até uma das filas e viu o casal Jackson, com o filho mais novo, na fila ao lado. O moreno, assim como ela, carregava uma bagagem de mão, porém a garota também tinha uma bolsa pendurada nos ombros. Sempre haviam chances de extravio das malas, ter uma muda de roupa e alguns remédios consigo, no voo, era sempre uma boa opção.

Não demorou, já caminhavam pelo corredor do aeroporto, em direção ao avião. Percy olhava pelas grandes janelas e mordia o lábio inferior, nervoso. Annabeth, notando a inquietação do rapaz, apertou sua mão um pouco mais forte, chamando sua atenção.

– Sim? - perguntou Percy um pouco confuso, fitando-a com suas profunda íris verdes.

– O que te preocupa? - indagou ela, diminuindo o ritmo dos passos.

Percy suspirou e abaixou os olhos.

– Você lembra de como foi quando minha avó foi até a casa de meus pais? - ele perguntou - Lembra como tivemos que agir?

Annabeth corou levemente e desviou os olhos.

– Eu me tornei sua noiva - falou a loira.

Percy assentiu com a cabeça, voltando a fita-la.

– Daquela vez, só minha avó não sabia da atuação, mas agora... - Perseu respirou fundo - Não tenho tios, mas os primos de meu pai foram criados como seus irmão, e seus filhos como meus primos. Eles vão estar lá, sem dúvidas...

– Ah... - ela disse, entendendo - Eles também não podem saber que é mentira, não é?

Percy balançou a cabeça, negando.

– Eles acabaria falando e tudo iria por água abaixo - explicou o rapaz - Se você não quiser participar disso, tudo bem. Podemos voltar, não estamos no avião ainda...

Annabeth parou de andar e puxou Percy, para tira-lo do meio do caminho. Àquela altura já estavam no corredor sanfonado que levava até a aeronave. A loira soltou a mão do rapaz e ficou na ponta dos pés, esticando o braço e acariciando seus cabelos.

– Eu já fiz isso antes, Percy, e nossa situação era bem diferente de agora - lembrou ela - Não é problema nenhum para mim.

– Você tem certeza? - ele indagou. Aquele imensidão verde focava em sua cinzenta. Por um momento Annabeth ponderou se aquela seria uma boa combinação de cores.

A garota sorriu e passou os dedos pelos fios negros do rapaz, bagunçando-os levemente.

– Vamos fazer o seguinte - ela sugeriu - A partir do momento que entrarmos nesse avião, até estarmos de volta a solo americano, serei a futura Sra. Jackson.

Percy sorriu e fechou os olhos, aproveitando a cafuné. Naquele instante ele pareceu tão relaxado, que tudo que Annabeth pode fazer foi sorrir de volta e continuar com o carinho. Porém aquilo não durou muito. Logo Perseu abriu os olhos e colocou a mão livre no bolso.

– Se é assim, você precisa estar a altura - disse tirando a mão no bolso.

Quando viu o que ele trazia, não pode evitar tirar a mão de seus cabelos e leva-la a boca.

Um anel.

Um lindo anel de ouro branco com uma pequena pedra azul enfeitando. Uma Água Marinha, ela reconheceu.

– Meu Deus, Percy! - ela exclamou - Eu não posso aceitar.

Perseu sorriu.

– É claro que pode - ele disse pegando sua mão delicadamente e escorregando o anel por seu anelar - Há muito ele estava precisando de um dona.

Antes que Annabeth pudesse voltar a protestar, ele a puxou rumo ao avião. Uma aeromoça recebeu-os na porta e indicou seus assentos. Sentariam lado a lado, na companhia de algum estranho, enquanto Poseidon, Sally e Tyson ficariam juntos em uma fileira pouco depois da deles.

Assim que chegaram ao número que indicava seus assentos, Annabeth notou que havia uma senhora sentada na poltrona que dava para o corredor, logo assumiu que as deles eram a do meio e a da janela.

A garota sentiu uma mão em sua cintura e logo depois uma baforada de ar em seu pescoço, causando-a certo arrepio.

– Posso ficar na janela? - sussurou Perseu em seu ouvido.

Annabeth assentiu, ainda um pouco extasiada, de modo que mal sentiu quando ele pegou a pequena bagagem de suas mãos. Sem ter muito mais o que fazer, sorriu para a senhora, em um pedido de licença, e acomodou-se em sua poltrona.

Percy colocou as duas bagagens no compartimento do avião e abaixou os olhos, fitando-a.

– Vocês estão juntos? - perguntou a senhora para Perseu.

Ele sorriu e assentiu.

– Sim, estamos.

A mulher sorriu.

– Você tem sorte, ela é linda - comentou ela.

Annabeth corou fortemente e, antes de abaixar os olhos, viu o sorriso de Percy crescer.

– Sem dúvida alguma.

Quanto a loira voltou a olhar para frente, Perseu já estava sentado ao seu lado.

– Desculpe-me perguntar - disse a senhora, claramente curiosa - Mas, vocês são namorados?

Percy segurou sua mão e entrelaçou seus dedos.

– Não - ele afirmou - Somos noivos.

Annabeth estava preste a perguntar o que ele estava fazendo, quando se lembrou da conversa que tinham tido minutos antes. Até que estivessem de volta a solo americano, ela era noiva de Perseu.

– Oh, meus parabéns! - desejou a mulher.

– Muito obrigada - agradeceu Annabeth, um tanto envergonhada.

A loira ouviu o anuncio de que a decolagem estava próxima e colocou o sinto, garantido que Perseu fizesse o mesmo. Logo a bolsa que estava em seu ombro passou para debaixo do banco e o avião começou a se movimentar na pista.

Ela sentiu Percy apertar sua mão com mais força e olhou-o. Seu maxilar estava travado e os olhos iam de um lado para o outro, freneticamente.

– Perseu? - ela chamou - Está tudo bem?

Percy a fitou um pouco surpreso, como se não esperasse que ela percebesse seu nervosismo.

– É que... Bem... - ele respirou fundo e acariciou as costas de sua mão com o polegar - Eu tenho medo de voar.

Annabeth levantou as sobrancelhas.

– Então porquê quis ir na janela? - ela perguntou, sem entender.

– Olhar para fora me acalma -explicou ele.

Annabeth sentiu a velocidade do avião aumentar. Percy apertou sua mão com mais força e cerrou os olhos. Um frio percorreu a barriga da loira no momento em que decolaram. Quando finalmente pararam de subir, a aeronave pareceu entrar em queda livre por um milésimo de segundo e ela pode ver Perseu prender a respiração. Assim que tudo já esta estável, ele abriu os olhos e suspirou, aliviado.

Finalmente Annabeth conseguiu olhar pela janela. Boston era linda vista daquela altura. Milhares de luzes sobressaíam-se sobre a escuridão noturna, formando um lindo quadro de arte moderna, para depois ser recoberto pelas nuvens.

Não demorou, uma aeromoça passou, entregando travesseiros de viagem e cobertores. Percy falou alguma coisa com ela, a qual Annabeth não deu atenção. Assim que pegou os acessórios com a mulher, o rapaz soltou suas mãos, que ainda estavam entrelaçadas, e levantou o braço da poltrona que os separava. Colocou o travesseiro no pescoço e abraçou a garota pela cintura, trazendo-a para junto de si. Então jogou um grande cobertor sobre os dois e lhe deu um beijo na testa.

– Boa noite - ele disse fechando os olhos.

Annabeth notou que a senhora ao seu lado estava distraída com o filme qualquer que passava na pequena televisão embutida nas costas do assento a sua frente.

Aconchegou-se contra Percy e encostou a cabeça em seu peito. Respirou fundo, sentindo o aroma familiar que ele exalava e deixou seus olhos fecharem.

– Boa noite - sussurrou antes de ser levada a inconsciência.

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Annabeth sentiu uma pequena mão a sacudir e uma voz, bem baixa, dizer algo quase inaudível. Abriu os olhos calmamente, estranhando ser acordada. Tinha quase certeza de que acabara de pegar no nosso. Sete horas não passariam tão rápido. Ou passariam?

Sorriu ao ver que Percy dormia ao seu lado. Cabelos pretos bagunçados, a lençol cobrindo-o até a cintura e uma blusa azul fazendo o mesmo com o tronco. Mas, o que chamou mais a atenção de Annabeth, ele babava. Não era a primeira vez que acontecia, se ela bem se recordava, era até bem comum que isso acontecesse com o rapaz.

Antes que ela pudesse rir, notou que havia algo errado. Não estava no avião, e sim num quarto grande e espaçoso. Não era seu quarto, disso ela tinha certeza. Onde estaria?

– Mamãe - chamou a mesma voz de antes.

Annabeth virou somente a cabeça e acendeu o abajur ao lado da cama, nem mesmo sabia como sabia que havia tal luminária ali. A pouca luz iluminou o corpo de um menino. Não pode deixar de se surpreender ao vê-lo, o mesmo que sempre aparecia em sua mente quando pensava em ter filhos. Cabelos cor de petróleo, pelo bronzeada, feições meigas, rosto bem desenhado. Seria uma versão menor de Percy, se os olhos não fossem de um verde mais claro do que os do mesmo, até um pouco acinzentados. Pelo visto, cinza e verde eram uma ótima combinação.

– Mamãe, eu tive um pesadelo - disse o pequeno, claramente assustado - Tentei chamar o papai, mas ele não acorda.

O menino, que devia ter no máximo cinco anos, apertou um ursinho de pelúcia em seus braços. A loira impressionou-se ao notar que era Tobias, seu antigo brinquedo. Como fora parar nas mãos dele?

Só naquele momento algo apitou em sua mente. Aquele menino a chamara de "mamãe" e ela tinha certeza de que o "papai", a quem ele se referira, era Percy.

Seu primeiro instinto foi sentar-se, para pensar melhor. Mas obteve uma dificuldade incomum para realizar tal ato. Só então notou sua barriga. Estava grande, não, enorme. Mas não estava gorda, estava grávida. Seus olhos se arregalaram e o cérebro pareceu entrar em curto. Grávida. E, pelo tamanho da barriga, já passava dos seis meses de gestação.

Sua mente começou a trabalhar freneticamente. Quarto estranho. Percy dormido ao seu lado. Um menino referindo-se aos dois como seus pais. Grávida.

Quando chegou a uma conclusão, mal pode acreditar. Procurou rapidamente por qualquer vestígio de anel em sua mão esquerda, e lá estava. Junto com do de noivado, havia uma aliança dourada.

Ela estava casada com Perseu. Eles tinham um filho. Ela estava grávida. Quando tudo aquilo acontecera?

– Mamãe - choramingou o pequeno.

Annabeth sentiu seu coração apertar. Estava ali, preocupando-se com onde estava, quando tinha uma criança, por acaso seu filho, pedindo ajuda. Podia deixar aqueles pormenores para depois, o pequeno precisava dela naquele momento.

Com alguma dificuldade, trouxe-o para se colo. O pequeno abraçou sua barriga e apoiou a cabeça nela. Annabeth assustou-se quando sentiu algo mexer-se dentro de si e chutar a parede interna de seu útero.

– Acho que meu irmãozinho também acordou - comentou o menino, já mais calmo.

Annabeth sorriu e acariciou os cabelos do pequeno, vendo-o fechar os olhos. Não sabia como tinha ido parar naquela realidade, mas pouco se importava no momento. Estava adorando a nova vida.

– Ah, meu filho - disse quase inconscientemente - O que te assustou?

O pequeno abriu os olhos e sentou-se sobre suas perna. Desviou os olhos e mordeu o lábio inferior, da mesma maneira que Percy fazia quando estava nervoso.

– Tinha um homem e ele me tirava de você - contou o pequeno - Eu grita pra ele não fazer isso, mas ele me levou pra longe, pra uma casa que eu nunca tinha visto, e disse que eu nunca mais ia ver nem você nem o papai.

A esse ponto da narrativa, o menino já tinha lágrimas nos olhos, o que fez Annabeth abraça-lo.

– Você nunca vai me deixar, não é mamãe? - perguntou o pequeno - Não vai deixar o homem mau me levar, não é?

Annabeth o apertou mais contra si e o menino escondeu o rosto em sua camisola.

– Nunca vou deixar que te tirem de mim e de seu pai, meu filho - ela garantiu - Você e seu irmão são nossos maiores tesouros. Ninguém vai afasta-los de nós, eu prometo.

O garotinho olhou-a nos olhos, como se para confirmar que ela dizia a verdade, e depois fitou o pai.

– Papai baba enquanto dorme - ele soltou, fazendo aquela aura triste deixar o quarto de imediato.

Annabeth não conseguiu segurar o riso dessa vez, o que acabou despertando Perseu. Ele se mexeu e limpou a boca, abrindo os olhos com cuidado. Por um momento, o moreno pareceu confuso, então abriu um grande sorriso e sentou-se lentamente na cama.

– Estão fazendo uma reunião de família sem mim? - ele perguntou em tom brincalhão.

O pequeno negou com a cabeça e jogou-se nos braços do pai. Esse o segurou com destreza e abraçou o filho, acariciando seus cabelos levemente e firmando-o contra seu corpo.

– Já amanheceu, querida? - perguntou Percy a Annabeth.

Aquele "querida" deixou a loira levemente envergonhada, mas ela tentou ao máximo esconder isso. Tal tratamento devia ser comum entre os dois.

– Não, ainda é madrugada - disse sem olhar o relógio, mas segura de que estava certa.

Percy franziu as sobrancelhas e fitou-a confuso.

– Por que estão acordados? - indagou.

Annabeth estava prestes a explicar, quando o pequeno finalmente resolveu se pronunciar.

– Tive um pesadelo - explicou o menino - Mas já passou, mamãe disse que nunca vai acontecer.

Percy afastou um pouco o filho, para olha-lo nos olhos. Seus lábios formaram um sorriso fraco e seus olhos estavam tristes. Annabeth pode entender o porquê, sentia o mesmo. Aquilo, na verdade, era impotência. Não podiam fazer nada para impedir que seu filho tivesse sonhos ruins.

– Por que não me acordou? - ele perguntou - Sua mãe está carregando seu irmãozinho, e ele já está bem grande. Ela fica muito cansada.

Annabeth revirou os olhos e respondeu antes do filho.

– Estamos bem, Percy - ela garantiu passando uma das mãos pela barriga, sentindo os movimentos de seu filho - Além do mais, ele tentou, mas você dorme como uma pedra.

O pequeno gargalhou, o que fez os dois sorrirem abertamente.

Annabeth não costumava chamar Perseu por seu apelido perto de outras pessoas. Mesmo sabendo que todos o chamavam assim, via aquilo como algo íntimo, só deles. Mas aquele menino não lhe incomodava. De alguma forma, ele ainda era parte dos dois. Não sentia como se estivesse quebrando esta intimidade perto dele.

Percy passou um dos braços pela cintura da loira, trazendo-a para perto de si e pousando a mão sobre seu ventre, logo recebendo um chute ali de seu filho mais novo. Annabeth pousou a cabeça no ombro do rapaz e sentiu seu filho também passar o braço por sua barriga, desajeitadamente.

– Senti tanta falta de vocês - sussurrou o rapaz.

Annabeth surpreendeu-se. Ele claramente não tinha intenção que ela ouvisse.

– Como? - perguntou no mesmo tom.

– Nada demais, amor - ele garantiu, plantando um beijo rápido em seus lábios.

Amor. Fora assim que ele a chamara. Annabeth nunca tinha entendido bem porque as pessoas referiam-se as outras daquela maneira. O amor não era uma denominação e sim um sentimento, e como uma pessoa podia ser um sentimento? Porém, naquele momento, ela entendeu. A pessoa não era o sentimento em si, mas o objeto em que o sentimento era aplicado. Quem era denominado daquela maneira, era, para emissor da frase, o símbolo, o significante, da palavra "amor".

Tudo isso queria dizer que aquele Percy a amava, e ela sentiu-se estranhamente feliz com aquilo. Normalmente sentia pena daqueles que diziam amar, as vezes os achava até mesmo tolos, mas não daquela vez. Ainda não estava convencida de que o amor realmente existia, porém já conseguia entender seu conceito. Era um sentimento forte, arrebatador, tão grande que parecia ser impossível alguém reter. Declarar seu amor a alguém, seria o mesmo que dizer que o carinho e consideração que se tem por ela é tão grande, que podia até mesmo ser algo impossível de se sentir. Uma utopia. Existiria algo mais belo do que isso?

Annabeth continuou ali, com a cabeça sobre o ombro de Percy, sentindo suas carícias leves no ventre inchado, e dentro dele seu filho movimentar-se agitado. Fitou o pequeno nos braços de Perseu e notou que ele já dormia. Levou uma das mãos a seus cabelos e o viu se aconchegar contra o corpo do pai. Ele ainda segurava o urso Tobias em uma das mãos.

– Annie, vou leva-lo para a cama - avisou Percy, pegando o filho nos braços.

– Espere - pediu Annabeth.

Percy obedeceu e virou-se para ela, ainda segurando o pequeno. Annabeth não sabia aonde estava, nem se continuaria ali e muito menos, se saísse, voltaria algum dia para aquele lugar. Ela acariciou os cabelos negros do filho e lhe deu um beijo na testa.

– Durma com os anjos, meu menino - ela desejou.

Percy sorriu e deu um beijo no testa da mesma.

– Você também, durma. Precisa descansar - ele pediu, então abaixou-se e beijou sua barriga - Deixe a mamãe dormir, tudo bem?

A voz de Percy pareceu ter um efeito mágico. O pequeno em sua barriga deu um último chute, como que concordando, e parou de se mexer.

Percy levantou-se da cama e Annabeth viu o menino, que mais parecia uma miniatura do mais velho, enroscar as pernas em sua cintura. Assim que eles deixaram o quarto, a garota dormiu.


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Annabeth despertou ainda um tanto confusa, porém decepcionou-se ao notar que estava no avião.

Passou uma das mãos por sua barriga e a encontrou pequena. Por um momento teve vontade de chorar. Segundos antes havia uma vida dentro dela, já quase completamente formada, se mexendo, reconhecendo a voz de Percy. E depois, nada.

Quis voltar a seu sonho, quis que tudo fosse real. Quis casar com Percy, estar grávida, sentir seu filho mexer-se dentro dela. Mais tarde queria ser acordada por ele, já crescido, lhe pedindo um colo. Desejou, pela primeira vez em sua existência, ter alguém para com quem dividir a vida. Quis acordar com um beijo todas as manhãs e ouvir aquela pessoa especial chama-la de "amor". E mais, quis tudo aquilo com o moreno que ainda dormia ao seu lado.

Olhou subitamente para o lindo anel em seu dedo, então sozinho. Se realmente fosse a noiva de Percy, estaria mais perto de tornar aquele sonho, literalmente, realidade.

Resolveu tirar aqueles pensamentos da cabeça. Eram coisas que provavelmente nunca aconteceriam, a não ser em seus sonhos.

Notou uma aeromoça passando em meio a multidão de passageiros adormecidos. Levantou a mão discretamente, chamando-a, e a mulher logo se aproximou.

– Sim? - perguntou ela.

A mulher tinha os cabelos castanhos perfeitamente presos em um rabo de cavalo atrás da cabeça. Vestia o uniforme da companhia de aviação e usava uma maquiagem bem aparente, nas cores do uniforme.

– Poderia me informar que horas são? - perguntou Annabeth.

A mulher assentiu e olhou o relógio em seu pulso.

– 4:10 da manhã, horário de Boston, e 9:10, horário de Londres - disse ela.

Annabeth agradeceu e viu a aeromoça continuar seu caminho. A loira voltou a se aconchegar nos braços de Perseu, da maneira como estava antes. Todos, que ela podia ver, dormiam, inclusive a senhora a seu lado. Ainda tinham uma hora de viagem pela frente.

Olhou pela janela aberta e viu o dia já claro. A luz do sol infiltrava-se nas nuvens, dando a elas um tom amarelo muito belo. Estava cansada, mas não voltaria aos territórios de Morfeu tão cedo, disso tinha certeza.

Depois de alguns minutos, sentiu o braço que a envolvia aperta-la um pouco mais e a mão acariciar sua cintura. Levantou os olhos e viu as íris esverdeadas de Perseu a fitando.

– Bom dia - ele desejou, tirando o travesseiro do pescoço com a mão livre.

– Bom dia - ela respondeu sem se afastar dele - Dormiu bem?

Percy sorriu timidamente e fechou os olhos, abraçando-a um pouco mais forte.

– Muito bem - ele garantiu - Tive um sonho muito bom, há muito tempo não o tinha. Já estava sentindo falta.

Annabeth o fitou, lembrando-se da frase que ouvira do Percy de seu sonho. "Senti tanta falta de vocês". Perguntou-se, por um momento, se haviam tido o mesmo sonho, mas logo descartou essa possibilidade. Quais eram as chances daquilo ter acontecido?

– Também tive um sonho bom - contou ela - Não sonhava há um bom tempo.

Percy abriu os olhos, ainda com o sorriso no rosto.

– Quanto tempo até chegarmos? - indagou ele.

– Pouco mais de meia hora.

Uma mexa caiu em seus olhos e Percy colocou-a atrás de sua orelha. Os olhares se cruzaram e prenderam-se. Annabeth fechou os olhos ao senti-lo acariciar sua bochecha e suspirou quando seus lábios finalmente se tocaram. Podia sentir os dedos dele atrás de sua cabeça, acariciando seus cabelos, e o outro braço a segurando mais firme. Mal notou quando suas próprias mãos se dirigiram para o peito e nuca do moreno.

O beijo era calmo, até um tanto tímido, mas não menos prazeroso. Aquele sentimento de paz que sempre a invadia quando Percy a beijava, estava lá, tomando conta de cada célula de seu corpo.

Percy se afastou calmamente e enterrou a cabeça em seus cabelos. Annabeth manteve seus olhos fechados e acariciou as mexas negras do rapaz.

– Realmente um lindo casal - ela ouviu a voz da senhora dizer.

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Percy


Pela primeira vez na vida de Percy, um voo não havia sido tão ruim. Seu pai tinha tido uma sacada de gênio ao comprar passagens para noite. Além disso, a presença de Annabeth tornava tudo mais agradável.

O caminho do aeroporto até a casa de sua avó, havia sido bastante tranquilo. Seus pais tinham se entrosado bastante com Annabeth e até Tyson, que era mais tímido, já estava solto perto da loira. Seu pai tinha alugado um carro e o caminho pareceu mais um passeio turístico, mas que não demorou muito.

A casa de vovó Lise ficava nos arredores de Londres, longe o bastante do centro para ser uma região tranquila e perto o suficiente para não ser interior. Era uma construção antiga, porém muito bem cuidada. Bastante espaçosa e com um número considerável de quartos, de modo que toda a família, e mais alguns outros, ficariam bem acomodados.

Ao chegar na casa, os homens logo trataram de pegar as malas, impedindo Annabeth ou sua mãe de fazer qualquer esforço, o que as deixou um tanto encabuladas, mas, no fundo, satisfeitas.

– Meu filho! - exclamou vovó Lise abraçando Poseidon, assim que o mesmo deixou as malas que levava em um canto.

– Olá, mamãe - ele respondeu abraçando-a bem forte.

O ato se repetiu com todos os membros da família Jackson, sendo Percy o último. Assim que se afastou dele, vovó Lise fitou Annabeth e seu sorriso cresceu mais ainda.

– Vejo que trouxe sua noiva - comentou feliz - Como vai, minha filha?

– Muito bem - respondeu Annabeth, para logo depois receber um abraço, como todos os outros.

– Minha neta - disse sua avó quando se afastou, ainda segurando os braços de Annabeth - Ainda lembra do que te disse, não é?

Percy fitou a loira, confuso, mas tudo que esta fez foi corar e assentir.

– Então trate de adiantar o serviço! Estou ficando velha, minha querida!

Percy viu sua avó rir, enquanto Annabeth ficava cada vez mais vermelha e balançava a cabeça em confirmação. Assim que a senhora se afastou da loira, ele se aproximou.

– O que foi isso? - indagou.

Annabeth abaixou os olhos, ainda corada.

– Nada demais - garantiu ela.

Percy estava prestes a argumentar, pedindo uma explicação, quando uma voz conhecida disse:

– Mas quem é essa beldade?

Percy olhou para frente e encontrou um de seus "primos". Will, ou William, tinha vinte e seis, assim como Percy. Era tão alto quanto o moreno. Seus cabelos eram de um loiro bem claro e os olhos azuis intensos. Era engraçado e divertido, o único problema era que não sabia o significado das palavras "relacionamento sério". Nunca tinha ficado com uma namorada por mais de um mês e não perdia a oportunidade de paquerar um bela mulher.

– Will, essa é Annabeth, minha noiva - disse passando um dos braços pela cintura da garota e trazendo-a para junto de si - Annabeth, esse é William, meu quase primo.

– Muito prazer - disse Annabeth estendendo a mão para cumprimenta-lo.

Will abriu um sorriso safado e pegou a mão da garota, beijando-a.

– O prazer é todo meu - disse olhando-a nos olhos.

Percy notou que o sorriso de Annabeth tornara-se falso e ela tirou sua mão delicadamente da do loiro. Mas aquilo não aplacou a raiva que estava crescendo dentro de Perseu. Sua vontade era beijar Annabeth o mais possessivamente possível, naquele momento, mas não queria constrange-la. Quem Will pensava quer era?

– Perseu, preciso ir ao banheiro, onde é? - perguntou Annabeth virando-se para ele.

Percy notou que ela, discretamente, havia colado mais seus corpos e agradou-se consideravelmente daquilo.

– Corredor, primeira porta a direita - respondeu ele.

Annabeth sorriu e plantou um selinho em seus lábios.

– Já volto - garantiu ela, indo em direção ai banheiro.

Percy não sabia dizer se aquilo havia sido parte da encenação, mas estava mais do que feliz. Talvez assim seu primo finalmente entendesse que Annabeth era dele.

– Ei, Percy! - chamou Will batendo em seu braço - Não fique assim, foi só uma brincadeira!

Só então Percy notou que seu rosto estava contorcido em uma carranca.

– Uma brincadeira de muito mal gosto - retrucou o rapaz ainda sério.

– Relaxa, cara - pediu Will - Mulher de amigo pra mim é homem! Se o amigo for fraco, é outra história, mas sei que você não é!

Percy balançou a cabeça e não pode deixar de rir daquela idiotice. Sua família não era das mais normais, disso ele não tinha dúvidas. Só esperava que eles não assuntassem Annabeth.

Pelo visto, aquele seria um longo fim de semana.


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Notas finais do capítulo

O cap ia ter o dobro do tamanho, mas acabei resolvendo dividi-lo. Ficou fofo, neh? Entenderam o sonho?
N esqueçam de dizer o q acharam!
Bjs, EuSemideus