(James)

Fui com Lily até o museu. Não teríamos muito tempo, o museu fechava em quinze minutos mas conseguimos convencer a moça da bilheteria e entramos mesmo assim. Eu esperava que não fosse demorar tanto.

– Você acha que vai funcionar? - perguntei

– Eu não sei James… - disse ela - Espero que sim.

– Tudo bem se você voltar sozinha para casa? - sorri - Se der certo…Eu acho que vou passar na casa da Line.

– Você não muda. - murmurou ela

– Para que mudar algo que já é perfeito? - perguntei

Ela deu de ombros.

Paramos em frente à estátua. Ela estava exatamente do mesmo jeito. Não que eu esperasse algo diferente, afinal, era só uma estátua.

– Oi. - sorriu Lily - Você lembra da gente?

– Eai! - sorri

– Então, a gente veio aqui te pedir para destrocar a gente. - disse ela gentilmente - Eu acho que foi um mal entendido, eu e James somos melhores amigos.

– Somos mesmo, a gente se vê todo dia pelas janelas de nossos quartos. - eu disse rindo

– E eu o admiro. - sorriu Lily

– Ela é fofa. - eu disse - Eu amo quando ela pisca os seus olhos duas vezes e franze o nariz.

Ela me encarou.

– Como você reparou que eu faço isso?

Dei de ombros e sorri para a estátua.

– Vamos fazer o seguinte. Amanhã de manhã, nós dois vamos acordar nos nossos corpos certo, ok? - perguntei

A estátua continuou sem fazer nada. Nem um barulho, nem a fumaça roxa da última vez.

– Vamos Lils. - disse

– Não me chama de Lils. - disse ela

– Prefere Lírio? - eu perguntei

– Não. - murmurou ela

– Bom, você vai ter que escolher algum… - eu disse

Ela se virou para mim.

– Lily. - disse

– Ok. - eu disse - Lils.

Ela bufou e saiu andando.

– Você já está brava comigo outra vez? - a segui

– Tanto faz, James. - ela disse - Amanhã vamos acordar normais outra vez e eu nunca vou precisar falar com você de novo.

Eu parei de andar.

Eu odeio quando ela faz isso. Ela me afasta todas as vezes que eu tento me tornar amigo dela. A gente trocou de corpos e ela vai continuar me odiando para sempre.

– É. - murmurei - Exatamente.

(Lily)

Acordei no quarto de James. Me levantei rapidamente para olhar pela janela e vi James sentado na minha janela, encarando sua verdadeira casa. Abri o vidro e sentei com os pés para fora do parapeito.

– Não funcionou. - ele disse

– Eu não tinha percebido. - comentei sarcasticamente

– Me desculpe, sábia Lily. - ele fez menção de sair da janela.

– James. - eu disse

E ele me encarou com (meus) olhos extremamente verdes. Era engraçado. Quando James me encarava, não era como se eu estivesse me olhando no espelho. James tinha um jeito especial de olhar para as pessoas. Era como se ele pudesse te fazer melhor só de te olhar.

– Me desculpa. - eu disse - Eu só queria que tivesse dado certo.

– Eu também. - disse ele

Dei um sorriso fraco para ele.

– Você quer tomar café da manhã comigo? - ele perguntou - Nós podemos achar algum lugar com mingau e bacon.

– Eu quero. - eu disse rindo

– Então eu te encontro em dez minutos na frente de casa.

– Minha casa ou sua casa? - perguntei

– Faz alguma diferença? - ele disse sorrindo e desaparecendo dentro do meu quarto.

– Lils. - disse James - As coisas não podem continuar assim.

– O que você quer dizer? - perguntei confusa

– Eu vou ter que te treinar para jogar Quadribol. - sorriu ele

– Não! - exclamei - Não, James! Eu odeio esportes.- Lily, por favor. - ele disse - Eu estudo com você para manter suas notas, mas por favor, faça isso por mim. Esse é o único jeito que eu tenho para entrar na faculdade.

– Ah não! - eu disse - Eu tenho a entrevista da Yale!

– Viu? - disse ele - A gente vai se ajudar, Lils. A gente precisa disso.

– Tudo bem. - sorri

Ele sorriu.

– Quer começar agora?

Ri

– Tudo bem. - eu disse

James me levou para o campo da escola. Como ele era o capitão do time, ele tinha a chave dos armários com as bolas.

– Bom, é bem simples. - disse ele - Temos quatro tipos de jogadores. E dois tipos de bola.

Assenti

– O goleiro, que guarda aqueles três aros. - disse ele - Que é onde os artilheiros do outro time tentam arremessar a Goles.

– Goleiros e artilheiros. - eu disse - Quem é Goles?

– A bola grande e vermelha. - disse ele apontando para uma das bolas na grama.

– Os artilheiros correm com a goles e tentam acertá-la nos aros guardados pelo goleiro. - eu disse

– Isso - sorriu ele - Mas, enquanto eles correm, os jogadores balaços podem se chocar com eles. Mas os balaços do seu time podem te proteger.

– Os balaços batem nos artilheiros? - perguntei

– Sim. - disse ele

– Por que? - eu indaguei

– É o jogo, Lily - disse ele

– É brutal. - eu disse

– Tanto faz. - disse ele - Mas você, eu, não precisa se preocupar muito com isso. Você é o apanhador do time.

– O que eu faço? - perguntei

– Está vendo aquela máquina ali, em cima da arquibancada? - perguntou ele apontando para longe

Assenti.

– Aquela máquina vai jogar uma pequena bola dourada, o Pomo de Ouro, em algum momento do jogo. - ele disse - O jogo só acaba quando algum apanhador agarrar um Pomo. Se cair no chão, não vale mais.

– Parece fácil. - eu disse

– Não é. - ele disse dando de ombros - A máquina não faz barulho nenhum, e joga em qualquer direção.

– Mas é só ficar olhando para cima. - eu disse

– Desse jeito você vai ser atingida por algum balaço. - ele disse

– Você disse que eu não precisava me preocupar com eles! - exclamei

– Eu disse que você não precisa se preocupar muito com eles. - disse James - Mas é verdade, eles normalmente só atingem o apanhador quando ele está correndo para tentar agarrar o Pomo.

– Tudo bem. - murmurei

– Você consegue, Lils. - riu ele - Eu sei que você é durona por dentro.

– Então eu tenho que pegar a bolinha dourada, sem deixar os baçalos me derrubarem?

– Balaços. - James me corrigiu - Mas é basicamente isso.

– Ok. - eu disse

– Eu vou ligar a máquina. - sorriu ele

– Mal posso esperar. - eu disse revirando os olhos

Ele piscou para mim e saiu.

Droga, James.