Kowai no Ai Suru escrita por Camihii, Luh Black


Capítulo 6
Simples e doce


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o sexto capítulo! Esperamos que todos gostem! Sentimos muito pela demora, mas como todos, temos obrigações com a escola... Como trabalho, provas, debates e blábláblá...



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Aaah.... Que manhã péssima! Pra tentar afogar as mágoas dos acontecimentos de ontem, acabei passando a noite toda jogando Vídeo Game, e não dormi quase nada. O pior de tudo é que de alguma maneira ainda estou meio mexido com aquilo tudo. Sei lá... Por mais que eu odeie meus pais, acho que alguma parte de mim quer que eles prestem atenção em mim. Mas quero que prestem atenção no Kaoru, e não no “Filho único dos Matsuda”. Isso me irrita, ser conhecido pelos meus parentes, e não por mim mesmo... Essa com certeza vai ser uma péssima manha!

- Yo, Kaa-chan! – Era Kennichi Taro, um colega de classe meu, e poderia dizer que era com quem eu melhor me dava bem na escola até agora. Enfim, o maldito me “cumprimentou” me espancando nas costas, um tapa forte e estalado. – E aê?

- Ah... Oi, Kennichi. – Ele se sentava na minha frente, e ficou me encarando por uns segundos. – Que foi?

- Caaaaara... Você tá com uma cara péssima! Parece até que foi atropelado por um caminhão! – Kennichi era um cara bem estranho, sempre animado e sorridente, tem uma irmã mais velha, mora com a mãe, já que os pais são separados, tem um emprego de meio período, bolsista, incrivelmente insistente e idiota... Pelo menos é isso que eu percebi e que ele me contou... Ah, não citei que ele e indescritivelmente aberto e muito sociável!

- Eu devo mesmo estar com cara de que fui atropelado por um caminhão, porque você é a segunda pessoa que me diz isso!

- Mas é sério... Meu, as meninas não vão gostar disso, não vão mesmo... – Ele parou por um instante e depois voltou a sorrir – Ou talvez você só esteja fazendo isso para atrair a atenção delas! É claro! “Aaah! Kaa-chan está triste!”, “Kaa-chan, o que aconteceu com você?”, “Vem cá que eu te consolo, Kaa-chaaaaan!”. – Ele começou a zoar, imitando, ou melhor, tentando imitar uma garota e se mexendo feito louco com os braços pra cima. Olhei para ele com cara de “Hã?”, e comecei a rir um pouco. 

             Sim, ele tinha razão. Eu não poderia ficar chorando pra lá e pra cá só porque sou ignorado pelos meus pais! Oras, tenho uma vida social na escola, sou popular e disputado por todas as garotas. Eu tenho um Fan-club! O que as meninas pensariam se vissem seu ídolo supremo cabisbaixo por um problema familiar que elas nem imaginavam que existia!?

- Você tem razão, Kenichi! Eu não posso ficar pra baixo por besteiras, tenho que fazer jus a minha popularidade

- Aee! Esse é o Kaa-chan que eu conheço! – Ele pulou na cadeira e levantou os braços... Ele definitivamente não era normal. Mas acho que é justamente isso que fez com que ele virasse meu amigo, ele não é como os outros, não me trata como um “Matsuda”, mas sim como “Kaoru”, um adolescente normal e com um pouquinho mais de grana que o normal!

- Ok, ok, só não me chame de Kaa-chan!

                                                                     ---//---//---

           Estava a caminho da escola da Momo-chan, havia prometido na festa da Hana-chan que a visitaria um dia, e tenho certeza que ela vai gostar da surpresa. Como sempre, ela estudava em uma renomada e conhecida escola feminina de Tokyo, em uma sala com crianças “especiais” e era muito bajulada pelos professores, que sabiam do poder da familia Takada.

            O sinal bateu e eu fiquei esperando na porta da escola. Vi vários projetos de pessoas saindo de forma estranha: ao invés de saírem correndo, tinham caras grandes atrás de si carregando suas coisas e andavam calmamente, com algumas amigas em volta, umas comentando sobre a aula com as amigas, outras conversando em celulares e algumas até ouvindo a agenda do dia. Eu pensei que nessa escola estudavam crianças entre 6 e 10 anos, e não monstrinhos que já comandavam empresas! 

              Vi Momo-chan saindo pela porta da frente, com uma mulher de roupas sociais saindo atrás dela. Ao contrário das outras crianças, ela estava cabisbaixa, calada e sozinha.  A mulher atrás dela lhe falou algo, ela concordou com a cabeça e comentou algo, ainda estava longe demais para conseguir ouvir, mas pude ver que estava triste.

- MOMO-CHAAAAAN! – Gritei por ela, levantando um dos meus braços e acenando, sem me importar com os olhares ofensivos. Assim que ela levantou a cabeça, soltou um sorriso contagiante e incrivelmente feliz, saindo correndo ao meu encontro, me aliviei ao vê-la assim.

Há 1 ano, ela chegou de repente em casa toda machucada, eu estava lá visitando Arata. Ela disse que tinha apanhado das meninas da classe por ter tirado as notas mas altas da escola outra vez. Nossa sorte foi que os pais estavam viajando, e conseguimos evitar que as empregadas falassem algo para eles. Eu e Arata cuidamos dela e ela ficou uma semana sem voltar para escola, por medo, mas por sorte consegui convencê-la a voltar. Mas sei que desde então, ela tem estado cada vez mais solitária. Tem um pouco de medo de pessoas desconhecidas, mas é incrivelmente carinhosa com os mais próximos. Ela veio correndo na minha direção desajeitada, mas muito sorridente.

- Kaoru-nii! – Ela pulou e eu a abracei, com ela correspondendo com um abraço forte. Percebi que está um tanto carente. – Você veio! Cumpriu sua promessa e veio!

- Ora, Momo-chan, assim até me ofendo! É claro que eu viria te ver! E só me ligar que paro tudo que estou fazendo e venho correndo te ver, sabe disso! – Os olhos dela estavam brilhando e sorria muito, só isso já fazia valer a pena ter vindo aqui.

- Momo-sama! Momo-sama, não saia correndo assim! Você não tem prestado atenção nas aulas de etiqueta? – A mulher chegou logo atras dela, nervosa, e logo em seguida se virou na minha direção. – Eu sou Katashi Fumio, babá de Momo-sama, muito prazer. Perdoe meus maus modos e também os maus modos desta criança, Matsuda-sama, não sei o que ouve com ela! – Então ela era a babá, e já sabia quem eu era. Momo-chan me abraçou mais forte e escondeu o rosto no meu pescoço, ela não gostava da babá, isso já havia percebido. – Se o senhor me der licença, tenho que levá-la de volta para casa.

- Muito prazer Katashi-san. Não se preocupe, Momo-chan não tem maus modos, ela se comportou como uma criança, e é assim que deve ser...  Mas quanto a senhora, já não posso dizer o mesmo. – Ela fechou a cara e esticou os braços para pegar Momo-chan.

- Se o senhor me der licença, tenho que levá-la de volta para casa.

- Não se preocupe, Momo-chan vai comigo hoje! Prometi a ela que passearíamos e é isso que faremos! Adeusinho!

- M-mas, Matsuda-sama, tenho ordem de levá-la direto para casa. – Tentou insistir, mas eu já havia me virado na direção oposta, como Momo-chan no meu colo – Ela tem aula de Violino e logo após Latim! Matsuda-sama, por favor...

- Você quer ir nessas aulas Momo-chan? – perguntei a ela, que já me olhava sorridente, fazendo sinal de não com a cabeça. Eu assenti para ela e gritei – Ela não quer ir, então não tem problema! Tchaaau!

               Andamos um pouco conversando sobre o dia dela, suas pequenas conquistas e também sobre a babá chata. Tomamos um sorvete, compramos um gatinho de pelúcia para ela, brincamos um pouco.... Enfim, nos divertimos um pouco. Certo, eu nem tanto, aquilo era um pouco chato, mas ela estava sorrindo e estava feliz, isso era o que importava

- Kaoru-nii, para onde vamos agora? – Ela me perguntou enquanto saboreava o sorvete de morango em um banco de uma pracinha pequena.

- Essa pergunta eu respondo mais tarde, depois de me responder se você se divertiu hoje, se gostou das surpresas!

- Sim! Hoje foi muito divertido Kaoru-nii!

- Ótimo! Já que a pergunta foi respondida, hora da última surpresa antes de voltar pra casa! – Assim que mencionei sua casa, ela ficou um pouco cabisbaixa. – Ora, Momo-chan! Não é tão ruim assim voltar pra casa... Além disso, tenho certeza que essa última surpresa vai te deixar muito mais feliz do que está agora!

- Isso é possível, Kaoru-nii? – Me levantei e a peguei no colo. Sua voz estava ansiosa e bastante curiosa.

- Sim, pode ter certeza!

                                                               ---//---//-

            Pegamos um ônibus a pedido dela, que dizia que queria saber “Como é andar de Transporte Público”, e ficou fascinada com os passes, as muitas pessoas, as cadeiras, as portas, e até a cordinha que se puxava quando queria se descer... Mas não pra menos, era a primeira vez que entrava em um transporte em que tantas pessoas podiam andar também.

           Descemos em um ponto e andamos mais um pouco. Ela se assustou um pouco com o lugar, mas ainda sim olhava tudo curiosa. Chegamos em um certo prédio, subimos as escadas, que de alguma maneira ela subiu correndo, tirando energia não sei de onde. Chegamos ao apartamento certo e paramos bem em frente da porta. Ela me olhou curiosa

- Momo-chan, fique atrás de mim e não saia. – Murmurei baixinho, e comecei a bater na porta. – Ei! Projeto de Babaca! Abra logo a porta, ou vou arrombá-la!

- Já vai! Já vai seu idiota! – Momo-chan reconheceu a voz de Arata e me olhou por trás surpresa, feliz e ansiosa. Ele abriu a porta me encarando, e Momo-chan se paralisou. – E o que raios tá fazendo aqui? Eu tenho que estudar sabia? Aliás, onde você estava hoje o dia todo? Fiquei te ligando e só dava na caixa postal!

- Estava ocupado e logo vai entender em que... Ou em “quem”. Mas já que você está estudando, não vai querer saber o que vim fazer aqui, então vou embora!  – Eu sorri sarcástico, mostrando que estava escondendo alguma coisa, alguma coisa grande. Ele cedeu e ficou com o mesmo olhar curioso de Momo-chan, porém mais discreto. 

- Ok, o que você aprontou? – Eu ignorei seu comentário e sai da frente de Momo-chan, que já estava com os olhos cheios d’agua. Ela apenas correu e abraçou a perna do irmão, que ainda estava incrédulo.

- Eu falei que ela estava com saudades. – Ele me encarou com um grande sorriso e se abaixou para abraçar a irmã, a consolando. 

Passamos boa parte da tarde comendo ou jogando vídeo game, até que Momo-chan finalmente, em algum milagre divino, desabou na cama do Arata e dormiu tão profundamente que só faltava roncar! Eu fiquei olhando para ela, e Arata para mim.

- Kaoru... Aconteceu alguma coisa?

- Huh?! Que pergunta Arata, claro que não! O que te fez pensar nisso? – Aquela pergunta me surpreendeu, me pegou desprevenido. 

- Conta outra Kaoru, eu te conheço e você passou a tarde toda estranho! Desembucha e fala logo o que aconteceu. – Ele me encarava serio, e com cara de quem não quer enrolação. Ele realmente me conhece bem.

- Briguei com meus pais outra vez, mas dessa vez foi sério... – Ele fez menção para que eu continuasse. – Bem, eles também faltaram à festa da Hana-chan, aí recebi uma mensagem da minha mãe marcando um jantar no mesmo dia. Eu fui, ficamos cinco minutos conversando como uma família, até meu pai vir falando que vou suceder a empresa, aí quando eu ia explodir um mauricinho com cara de babaca chegou e começou a falar com meu pai sobre a empresa e ele que eu a sucederia. Um tempo depois, perdi a paciência e só saí de lá depois do meu pai pegar no meu pé quando me levantei... Aí briguei com os dois e fui pra casa de ônibus...

- E você ficou se perguntando se deveria ou não suceder a empresa pra parar com essa briga toda, certo?

- Tem certeza que você não lê mentes? – Brinquei, mas ele realmente parecia ler minha mente.

- Eu só te conheço há muito tempo, isso não é nada de mais! 

- Sim, você tem razão.

- Aliás... Não siga o caminho dos seus pais, escolha um próprio, ou vai deixar de ser um mauricinho de primeira para um de quinta!

- Cala boca! – De alguma maneira, ele adorava me deixar irritado. – Ah, falando nisso... Um pessoal da minha sala tava combinando de ir jogar PaintBall sábado, quer ir

- Jogar PaintBall... Não sei... Não sei se vou ter grana.

- Larga disso, eu pago! – Ele tentou protestar, mas fui mais rápido – Nem começa! Já sei o que vai dizer, e você vai de qualquer jeito e eu pago!

- Já que não tem jeito! – Ele desistiu e sorriu, sem jeito. Aah! Como é duro ser bom demais às vezes!

- De qualquer jeito, já ta escurecendo e não tô afim de ser acusado de sequestro infantil, entende? É melhor eu levá-la pra casa. – Eu peguei Momo-chan no colo, que nem ao menos fez menção de acordar, parecia até sem vida se não fosse pela pele quente. Ele apenas concordou e me levou até a porta.

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Tive que pegar um taxi para levar Momo-chan para casa, e foi preciso mais meia hora para acordá-la. Estava exausto, nunca vi um projeto de ser ficar tão agitado! Quando cheguei em casa, morri em cima da minha cama, com o corpo todo dolorido, e se não fosse por Momiji, não iria ao PaintBall com o pessoal. Pensei que seria o último a chegar lá... Maaas, apenas homens vão, e acabei sendo o primeiro a chegar lá.

- Vocês estão atrasados, sabia? – Adverti, quando vi um grupinho com 3 pessoas chegando. Um moreno e baixinho, Izanagi Haruo, um com cabelos tingidos de loiro, Kamekyo Jiro e por fim Kennichi Taro.

- Do que tá falando, Matsuda? Hoje é sábado, e só agora deu meio-dia! Achou mesmo que chegaríamos aqui antes desse horário? – É, acho que ele tem razão... Ninguém em sã consciência acorda cedo para se encontrar com homens.

- Tanto faz... Agora só falta o Arata, um amigo que... – Comentava, quando fui interrompido pelo celular do Kennichi. 

- Alô? Ah, oi amor! Não, não, eu estou com uns amigos. – Perae....”Amor”? Enquanto me perguntava o que raios aquilo significava, Haruo e Jiro estavam rindo silenciosamente, à ponta pés de Kenichi. – Claro, eu não esqueci, docinho. Só um burro faria isso com você como namorada, linda! Sim, tô falando serio.... Não, não tô mentindo pra você. – Ele estava conversando, ou melhor, se derretendo pelo celular, até que finalmente pude prestar atenção em outra coisa quando Arata chegou, mas Kennichi nem ao menos desligou o telefone.

- Yo, Kaoru... Vamos?

- E só esperar o Romeo ali terminar de falar no telefone. – Enquanto esperávamos Kennichi terminar, apresentei Arata aos outros, mas ainda tivemos que esperar mais. O pior de tudo é que Kennichi estava entusiasmado enquanto falava ao celular. – Mas com quem raios ele tá falando no celular, hein? 

- Ah! Então você não sabe, certo? Kennichi tem uma namorada! Mas não é uma namorada qualquer! – Começou Jiro, piscando para Haruo.

- É uma garota estonteantemente linda, inteligente, graciosa... Enfim, uma garota perfeita! – Completou Haruo. – A uma dessas lá em casa!

- Cala boca seu pervertido! – Interveio Kenichi, dando um chute em Haruo. – Ah, não, docinho, não foi com você, não. Foi com um amigo meu... Não, que isso! Claro que não tá atrapalhando, pra você eu tenho todo tempo do mundo! Que isso, amor!? Falar com você faz meu dia clarear! Você é a única rosa do meu Jardim! Serio, não to brincando. Mas já? Ah, que pena, o papo tava tão bom... Tudo bem, eu te ligo mais tarde, tudo bem? Tchau amor, eu te amo, te amo muito, muito e muito! Beijos... Já estou com saudades.... Não, desliga você... Não, você primeiro... Certo, juntos então... Tchau, amor... Te amo... – Ele, enfim, depois de séculos, desliga o maldito celular.

- Com licença, acho que vou vomitar....

- “Falar com você faz meu dia clarear! Você é a unica rosa do meu jardim!”, tá me zoando, né, Kenichi?!

- Calem a boca vocês 3! Estão  com inveja por que eu tenho uma namorada tão perfeita quanto a Kazumi-chan, e vocês nem ao menos tem uma! Podem admitir, eu não me importo, ela ama só a mim mesmo!

- Seu bobão! Quem foi que disse que eu não tenho namorada? – Comecei – Além disso, Hana-chan é a melhor namorada que alguém poderia ter! Fofa, gentil, sincera, fiel, não muito inteligente e incrivelmente perfeita! Sem dizer que meu amigo, Arata, também tá de olho em alguém! – Me gabei, enquanto começávamos a andar em direção ao PaintBall.

- O caso não é ter namorada ou não. O caso é que Kennichi fica incrivelmente meloso e chato quando tá com a Kazumi-chan...

- Pra você é Manami-san, seu tarado! 

- ...Além de ser super ciumento, não merece a Kazumi-chan. Ela é perfeita demais para ele, que é só um vagabundo sem noção!

- Olha o ciúmes falando alto! Se estiver apaixonado pela Kazumi-chan, pode esquecer, ela é minha! – Como alguém pode discutir por uma garota?

- Não liga, Arata, esse pessoal é doido mesmo, provavelmente de nascença! – Cochichei para Arata, que apenas riu um pouco.

- Então já sei porque você se enturmou com eles! – Concluiu, rindo.

- Tá me chamando de anormal, é?

- Anormal é uma palavra muito forte, Kaoru... Digamos que seu caso é “Falta de Normalidade”, e infelizmente não tem cura! Meus pêsames.

- Olha só o “Miss Normalidade” falando!

O PaintBall foi bem divertido. Kennichi se vingou da gente por chamar a “Manami-san” de Kazumi-chan, e o pior foi que a vingança foi bem feita. Mesmo vestindo quilos de roupas, ainda doeu bastante. Demos o troco pela meia hora falando no telefone, mas ele ainda ligou para ela ano intervalo e depois que terminamos a partida. 

- Aaah! Meu corpo tá todo dolorido! Do que são feitas aquelas balas, hein?!

- Tinta e plástico... E daqueles mais grossos, insuportável. Foi feita pra doer!

- Sim amor.... Eu posso jantar aí sim, por que não, afinal?! Se foi meu sogro que pediu, tenho que ir, certo? Não, não vai ser incômodo nenhum, vai ser é um privilegio. Claro. Eu te ligo mais tarde, amor. Sim, eu prometo... Certo, docinho. Eu te amo, tá?... Não, eu amo mais... Eu amo muito mais! Eu morreria agora pra te provar isso! Então não vou morrer só pra você não morrer também. Eu te amo, docinho. Te amo muito, muito, muito, muito mesmo! Certo, amor, a gente se fala mais tarde...Tchau, docinho...

- Mas já tava falando com a Kazumi-chan outra vez! Você fala mais com ela pelo telefone que com a gente que tá aqui!

- Eu sei que vocês me amam e não vivem sem mim, mas Kazumi-chan é a pessoa que eu amo e é mais importante que vocês!

- Kenichi! Eu pensei que eu fosse a pessoa mais importante para você! Você me enganou, seu gayzão tarado! – Dessa vez era Haruo brincando, imitando a voz de gay e fingindo chorar.

- Mas eu concordo com ele. – A atenção da mesa foi virada para Arata. – Oras, se você ama a pessoa de verdade, ela passa a ser a mais importante para você, não? – Ele perguntou, olhando para mim.

- Importante até pode ser, mas isso não pode te transformar em um cristalzinho de açúcar ao mel, como aconteceu com o Kenichi. – Começou Jiro, mais sério – Eu já tive algumas namoradas...

- Já? 

- ...Sim, Haruo, já tive algumas namoradas, mas não fiquei tão mel e açúcar assim.

- Isso é verdade! Hana-chan é um doce, mas eu não viro açúcar pra adoçar ainda mais a relação. Fica chato quando é tudo doce demais!

- Ah! Tanto faz, estou solteiro e não tenho que me preocupar com isso. Vou ao banheiro. – Avisou Arata, se levantando.

- Eu vou também, tô precisando tirar a água do joelho! – Falei, indo atrás dele.

- Esperem que também vou! – Falou Jiro, se levantando.

- Eu vou ficar aqui, boa sorte pra vocês! – Enquanto me distanciava, vi Kennichi pegando o celular e falando algo como “Enquanto eles vão, vou ligar pra Kazumi-chan, estou com saudades!”, e um longo suspiro de tédio vindo do Haruo.

Um banheiro grande, apenas nós três e uma cena estranhamente cômica quando saio do Box, após terminar de fazer minhas necessidades fisiológicas. Jiro está praticamente abraçando Arata de costas, enquanto pega o sabonete... Ele só queria pegar o sabonete... Apenas o sabonete... né? Ignorei, fingi que não vi nada, voltei, fechei a porta e dei descarga novamente... Quando sai, Jiro estava na encostado no espelho de olhos fechados, e Arata enxugando as mãos. Parecia que tudo tinha voltado ao normal e eu tinha dormido no vaso sanitário pelo cansaço e aquilo foi só um sonho... Isso.. Um sonho...

                Saímos do banheiro e voltamos para a mesa, onde Kenichi ainda falava com a namorada.

- Nee, Kazumi-chan, não vejo a hora de chegar amanhã... Nem sei se vou conseguir dormir de tanta ansiedade!... Oras, como “Por quê?”. Claro que é porque estou louco pra te ver! Eu também estou com saudades, meu docinho. Sim, amanhã vamos ver o filme que você quiser! O que você gosta eu gosto mas ainda. Aah... Docinho, vou ter que desligar – Ele avisou, assim que nos viu - ...os meninos voltaram do banheiro e estão me olhando com olhares assassinos... Não, lindinha, eu não vou ser assassinado... Certo, eu te ligo mais tarde... – Pra que ligar mais! Eles por acaso são imãs para ficarem grudados assim? – Quantas vezes vou ter que te dizer que eu te amo mais? ... Não... Linda... Você não entende! Sem você eu não vivo, viro um zumbi mas não vivo! Eu também te amo, docinho, mas te amo mais... Certo, já estou com saudades, amor... Tchau... Milhões de beijos, te amo muito, viu? Ate amanhã, linda. – Ele desligou e olhou pra gente, com a cara emburrada. – Pronto, desliguei! Satisfeitos?! Vocês estão separando dois corações apaixonados por mero orgulho!

- Orgulho e impaciência! – Comentei, enquanto me sentava ao lado do “Apaixonado” do grupo, que ainda tava emburrado, mas percebi que Jiro colocou um bilhete na mão do Arata, bem discretamente. – De qualquer jeito, vamos logo embora, já são 4h marquei um encontro com a Hana-chan.

- E aí eu é que sou o “Apaixonado Excêntrico”!

- Ela só insistiu em um encontro, e não quero que o pai dela fique no meu pé... Ou melhor, nem o dela nem o meu. De qualquer jeito, vamos logo.

O caminho até a estação, onde nos separaríamos, foi bem tranquilo, apenas conversamos e coisas assim. Eu, Haruo e Kennichi estávamos mais a frente, conversando sobre garotas. Jiro e Arata ficaram mais atrás, e quando me virei para apressá-los, Jiro estava carregando as coisas do Arata e com o braço em volta do pescoço dele, mas tirou assim que me viu olhando torto para eles. A coisa estava estranha, mas preferia não me meter no assunto.

Nos despedimos e fui em direção ao Parque de Diversões, para me encontrar com Hana-chan. Estava indo para o ponto de Taxi, que era ali perto, e aproveitei e passei em uma pracinha, até que bem bonita. Enquanto cruzo a praça, vejo um menininho, que aparentava ter seus 6 ou 7 anos, olhando para os lados com uma enorme cara de quem iria explodir o choro a qualquer momento. Me aproximei dele.

- Oi...Você por acaso não estaria perdido, estaria? – Ele me olhou com a cara fechada e segurando como podia o choro.

- N-não... M-minha mãe s-só foi comprar u-um sorvete... E-ela já v-vai v-voltar... – Ele soluçava, mas não chorava... Parecia ser orgulhoso demais para admitir que estava perdido.

- Tudo bem, então. Eu já vou indo, vou te deixar aí enquanto espera sua mãe, sozinho e indefeso... – Enfatizei as duas últimas palavras, apenas para provocá-lo, e me virei vagarosamente. Quando enfim comecei a andar, senti minha blusa ser puxada, e quando olhei para trás, o mesmo projeto de gente que havia negado minha ajuda, me impedia de continuar a andar. Eu apenas olhei para ele, ainda sem me virar.

- E-ela foi na sorveteria m-mas não se qual f-foi... Então me ajude a e-encontrá-la.... – Eu continuei a olhá-lo, sem abrir a boca. Ainda faltava algo. Ele baixou os olhos e com esforço terminou o pedido – P-por favor...

- Já que você disse por favor, vou te ajudar... Como sua mãe é? – Ele me explicou qual era a aparência da mãe, e após rodarmos o parque por uns minutos, uma mulher correu ao encontro do garoto e o abraçou. Parecia ser a mãe dele.

- Kiichi! Não suma assim outra vez, sabe o quanto me deixou preocupada? Já estava indo atrás da polícia! Você está bem? Se machucou? – Ela se separou do menino por um instante, para olhá-lo, e depois o abraçou novamente. Quando enfim percebeu que eu estava lá, se levantou. – Ah, muito obrigada por cuidar dele, eu me virei para lhe comprar um sorvete e ele sumiu. Muito obrigada. Agradeça, Kiichi.

- Mas mãe... – ele tentou retrucar, mas recebeu um olhar de desaprovação pela mãe, e voltou atrás. – O-obrigado...

- Não há de que, e não precisa de tanta formalidade. – Afaguei a cabeça dele e me despedi. Acho que por alguma razão me vi um pouco naquele garoto... Orgulhoso e não admito que não faço nem idéia do que meus pais estão fazendo... Bah, não vou pensar nisso agora, é perda de tempo!

Enquanto andava pelo parque, em direção a um ponto de Táxi, de longe, avistei Nakamura Kyoko, me fitando por alguns segundos, e logo apos me dando as costas e seguindo para o caminho oposto do meu. Coincidência, só podia ser isso: mera coincidência!

                                                      ---//---//---

- KAOO-CHAAAN! Você está atrasado sabia? – Era Hana-chan, que na verdade estava cinco minutos adiantada.

- Hana-chan, você está cinco minutos adiantada, mas mesmo assim peço desculpas por ter chegado depois de você, mas o trânsito estava horrível! – Dei uma desculpa qualquer, não me importava se ela acreditaria ou não. Mas a vista valeu à pena: Hana-chan estava com uma mini-saia jeans e uma blusa verde cheia de badados, com um casaco rosa por cima, o cabelo loiro estava preso em de lado. – E permita-me dizer que você está linda como sempre.

- Como sempre, Kao-chan? Aaah! Isso não é bom! Eu tenho que estar sempre linda de uma maneira diferente! Não gostei, Kao-chan! – As mulheres são, sem dúvida, os seres mais complicados e inintendíveis do mundo: Quando não dizemos nada sobre a aparência, elas ficam nervosas, se dizemos que estão lindas, ficam nervosas, e se elas pedem para sermos sinceros e respondemos sinceramente, ficam nervosas e nos ainda apanhamos!

- Ah, Hana-chan, aquele não é o Kakeru-kun? – Ele estava acompanhado de uma garota bonita. Menos mal... Ou não. Enquanto Hana-chan o via abraçado com outra garota de cabelos bem longos e negros, com uma pele tão clara quanto a de Hana-chan, por alguma razão, o ar ficou pesado, extremamente pesado. Kakeru-kun nos viu e veio em nossa direção.

- Hana-san, Matsuda-san! É um prazer e uma surpresa vê-los aqui! Está é Aoi Arisu, filha das empresas de tintas Aoi. – Ele a apresentou, enquanto a mesma se curvava.

- Muito prazer, Aoi-san. Eu sou Matsuda Kaoru, e esta é minha namorada, Ichikawa Hana.

- Namorada, Matsuda-san? Ouvi de meu pai que o líder das mepresas Matsuda já havia escolhido Ichikawa-san como noiva... – Por que todo mundo insiste me dizer que Hana-chan é minha noiva? Namorada e Noiva são coisas totalmente distintas, que saco! Mas eu apenas ignorei o comentário da morena e me virei para Kakeru-kun.

- É realmente uma surpresa vê-los por aqui, Kakeru-kun. Talvez eu esteja sendo rude, mas Hana-chan e eu não temos um encontro há muito tempo, se importaria se nos separássemos logo aqui? – Educado e cordial. Educado e cordial. Seja educado e cordial para chutar esses dois para bem longe...

- Ora, eu entendo perfeitamente, Matsuda-kun. Não tem por que de se desculpar. – ele sorriu, respondendo ao meu sorriso. – Se nos der licença.

- Aaah! Finalmente nos livramos dele! Graças a Deus... – Olhei para Hana-chan, que ainda olhava fixo para o casal que havia acabado de nos dar as costas. - ...Hana-chan?

- Hã? AH, desculpa Kao-chan, eu estava distraída vendo... Vendo aquele coelhão de pelúcia! – ele disse, apontando para frente, em uma das barraquinhas. – Nee, Kao-chan, eu quero aquele Coelhão!

- Ok, ok! Vamos lá que eu pego ele para você.

O resto do encontro foi um pouco estranho. Hana-chan estava sempre olhando em volta, atrás de alguma coisa. Aquela animação rotineira não estava exstamente “ligada” o tempo todo, e ela também parecia um tanto... Distante. Mas achei melhor não me intrometer nisso, ou ela iria dizer que eu estava estranho “por achar que ela estava estranha”.

Meu encontro com a Hana-chan terminou por volta das 6h, já que ela disse que não estava se sentindo bem, e foi embora. Como ainda estava cedo, e mesmo um pouco cansado, resolvi dar uma passada nas aulas de Esgrima, ou Mori me mataria por ainda não ter passado lá.

Esgrima é basicamente uma luta de ricos, na qual usamos coisas parecidas com espadas, quando não usamos uma, como é meu caso. Basicamente, a esgrima é o ato de tentar acertar o adversário com uma lamina, e evitar ser acertado pelo adversário. A esgrima separa-se em 3 modalidades: Florete, Espada e Sabre. O Florete a mais comum entre os Esgrimistas,na qual usamos uma lâmina mais flexível e mais leve, podendo acertar apenas no tronco do adversário, a delicadeza também é bem maior. Normalmente, se começa a praticar esgrima pelo Florete.

Com a espada, é possível acertar qualquer parte do corpo do adversário com a ponta da espada, tendo a lâmina mas dura das três, é muito usado para aqueles que não têm muita agilidade, uma das razões para eu ter escolhido essa modalidade, e também por que os altos se dão bem melhor nela que nas outras. A última, o Sabre, é uma arma mais violenta e que exige agilidade. Tem a lâmina mais flexível das três. Pode-se atingir com qualquer parte do Sabre, porém apenas da cintura para cima, excluindo as mãos. Para se usar o sabre, o cara tem que ser um brutamontes em matéria de agilidade e preparação física... E preguiçoso como sou, resolvi ficar fora dessa.

A Academia Esgrimista onde costumava praticar esgrima era bem grande, luxuosa e sofisticada, apenas ricos praticavam ali. Segundo o que Mori me disse, os grandes Esgrimistas do Japão começaram a praticar ali, uma das razões da escola ser tão famosa em todo Japão. Já vi sites no qual o objetivo era conseguir entrar na Academia Esgrimista de Tokyo. Entrei no prédio, me identifiquei, fui ao vestiário me trocar e logo após fui para minha sala, onde provavelmente Mori estaria.

Não me enganei: Mori estava praticando com um outro cara, aluno provavelmente, já que muitos outros estavam em volta, olhando atentamente. Mori é um dos melhores do Japão, o segundo melhor, para ser mais exato. Por razões pessoais que eu ainda não sei quais são, ele não saiu do Japão... Mas suspeito que seja pela saúde da mãe, que não está lá essas coisas. Uma coisa que percebia quando Mori estava lutando, era que ele se divertia bastante. Dava pra ver, mesmo com a máscara de proteção. Ele deu uma pausa e mandou que os outros praticassem, assim que me viu na porta.

- Olha só quem deu o ar da graça de aparecer! – Disse ele, enquanto se aproximava de mim.

- Pois é, estava sem nada pra fazer e não queria que você fosse lá em casa outra vez pra reclamar de eu não estar indo às aulas, então resolvi passar aqui.

- Ótimo! Hoje estou com o sangue fervendo. – Ele se virou na direção dos outros alunos, que estavam usando a pista,  que tinha cerca de catorze metros, fora o recuo, uma zona que também se pode usar, e a largura de dois metros. – EI! Desocupem a pista, vou lutar com um babaca agora!

- Ow, calmaê Mori! Totalmente enferrujado! – Como sempre, ele foi precipitado me chamando para lutar sem nem mesmo falar que estava me chamando para lutar.

- Pára de desculpas! Ou sobe naquela pista e luta comigo ou admite logo que está com medo! – Ok, é mais fácil Deus voltar à terra a eu admitir sentir medo de alguém!

- Vamos nessa, já que insiste tanto!

Foi uma luta digamos divertida, com as regras que sempre usamos: não sair do primeiro da pista, tocar apenas com a ponta da espada no corpo do adversário e quem perder a arma primeiro, perde. Mori era bom, muito bom, mas eu ainda conseguia segurar ele um pouco... Tudo bem, conseguia segurá-lo por que ele estava brincando, se divertindo as minhas custas.

Fiquei lá cerca de mais uma hora depois de terminar minha luta com Mori, na qual ele ganhou. Como punição, ele me obrigou a enfrentar cada um dos alunos que estavam ali, e ainda teria que praticar para enfrentá-lo outra vez na próxima aula... E no fim me fez lhe pagar um sanduiche no McDonalts. Conversamos um pouco, mas logo ele foi embora, ainda tinha que dar outras duas aulas e planejar algumas de amanhã.

Eu fiquei mais um tempo lá, refletindo um pouco sobre o dia de hoje. Fiquei essa última semana com a imagem da Momo-chan abraçando o Arata, e também a cara de surpresa dele ao vê-la ali, depois de tanto tempo. Nessas horas eu gostaria de ter um irmão ou irmã, de preferência mais novo...

Aaah! Eu acho que realmente sou um cara azarado. Mesmo querendo contrariar as ordens do meu pai, ainda estou namorando Hana-chan, que inclusive esteve bem estranha hoje... Enquanto meus amigos ou estão morando sozinhos ou namorando com quem bem entendem, sem se importarem com o que os pais acham ou sem receberem ordens deles, mesmo sendo importantes no mundo dos negócios... Aaah... Alguém troque de lugar comigo, porque acho que estou sentindo uma baita inveja deles.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Mandem um review, sim? Um elogio. Uma crítica. Tudo o que quiserem! Até mesmo uma gelatina de groselha! UHUL! o/



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