I wish escrita por liice, Isa Poke Shugo


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Aqui é a liice e esse é o terceiro capítulo!



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Drew’s POV

Depois de ficar plantado por mais de 5 minutos naquele porto com Stella e Robert conversando animadamente e me ignorando pois estavam muito entretidos um com o outro, vejo Solidad, Harley e... May? Eles estavam se aproximando de nós.

Qual é o significado disso? A May foi convidada para o encontro de coordenadores? E eu achando que era o Harley quem iria me fazer perder a esperança na coordenação de Hoenn. A que ponto chegamos?!

— Bom, estamos todos aqui. — Solidad tinha um sorriso satisfatório no rosto. — Agora só nos resta esperar o cruzeiro. Enquanto isso, vamos nos apresentar! — ela exibia um grande sorriso no rosto.

Olhei para ela com uma expressão reprovadora, mas se ela viu, pareceu ignorar completamente. May fingia que eu não estava ali. Olhava para o mar como se estivesse sozinha e Harley exibia um grande sorriso no rosto.

— May, essa é a Stella. — Solidad as apresentou. Péssima ideia.

— Oi. — May deu um sorrisinho, esperando uma resposta.

Stella não respondeu, é claro. Arqueou uma sobrancelha e deu um risinho. Solidad tentou mudar de assunto rapidamente quando May apagou o sorriso do rosto e olhou para baixo depois daquilo.

— Então — Solidad sorria de um jeito sem graça. — Vocês terão bastante tempo pra se conhecerem. Vamos deixar isso acontecer de uma forma mais natural. Ah, e é claro. Drew, Harley e Robert. Faz quanto tempo desde a última vez que estávamos todos juntos, participando de torneios? Acho que um ano e meio, certo?

Silêncio mortal. Robert foi o único que deu feedback, acenando afirmativamente com a cabeça. Solidad decidiu desistir depois dessa e, para a sorte dela, já podíamos ver o cruzeiro se aproxiamando do porto.

— Finalmente! — Stella foi a primeira a se mover em direção ao cais, seguida por mim.

— Drew! — virei meu rosto imediatamente quando ouvi Solidad me chamando. Ela fez um sinal para eu ir até lá. Stella continuou andando e eu fui até Solidad.

Robert e Stella caminhavam lado a lado. Estavam conversando animadamente enquanto esperavam pelo cruzeiro. Percebi o olhar sério de Solidad para eles quando cheguei perto de onde ela e May estavam.

— Queria falar alguma coisa? — minha pergunta a fez voltar sua atenção a mim.

— Quando você disse que ela iria junto — Solidad se referia à Stella. — Achei que estivesse brincando.

— Por que eu estaria? O Robert a chamou. — Frisei aquilo de novo, pois de alguma forma aquele fato a incomodava.

— Bom, agora isso não importa mais.

— Então está na hora de eu perguntar o que ela está fazendo aqui. — pude perceber uma expressão de raiva no rosto de May. Era ela a quem eu me referia.

— O óbvio. — Solidad respondeu. — Ela também foi convidada.

— Então a coordenação de Hoenn realmente está em decadência. — percebi um olhar ainda mais raivoso em May pelo canto do olho. Eu olhava fixamente para Solidad. — Não quero nem parar pra imaginar que tipo de gente vai estar lá quando nós chegarmos.

— Pelo amor de Arceus, Drew! — Solidad ficou bem irritada com aquilo — Mande a Stella embora agora mesmo. Eu não vou conseguir conviver com vocês dois juntos! Já basta você sozinho. Olha só o que você acabou de falar!

— Disse apenas verdades. — respondi, simplesmente.

— Você não mudou nada! — May finalmente se expressou. — Continua o mesmo babaca de sempre! Nunca vai mudar?

Ignorei-a. Continuei olhando para Solidad, esperando uma reação dela. May pareceu ficar ainda mais irritada com a minha ignorância. Ela bufou de raiva e não falou mais nada. Estava com as sobrancelhas franzidas e o rosto estava vermelho. Parecia que ia explodir.

— Sem brigas. — Solidad falou aquilo de uma maneira muito calma. — Vamos embarcar.

Ela começou a andar até o cruzeiro e nós a seguimos. Eu do lado direito de Solidad e May do lado esquerdo. Não iria caminhar do lado daquela maluca de jeito nenhum. Foi uma caminhada a passos largos. Estávamos com pressa de entrar no cruzeiro porque aí cada um iria para o seu quarto e não teríamos que aturar desentendimentos.

Um homem de estatura mediana nos cumprimentou quando chegamos no deque do cruzeiro. Ele segurava uma prancheta e uma caneta nas mãos e havia uma caixa cheia de chaves ao seu lado. Devia ser o cara que iria entregar as chaves das nossas cabines.

— Bem vindos ao cruzeiro Mari Corals. — ele começou a falar — Espero que tenham uma boa estadia aqui. Digam seus nomes que vou entregar as chaves dos seus quartos.

Dizemos nossos nomes e recebemos as chaves. Eu fui o primeiro a dizer “Tchau” e sair de lá a passos largos, em direção à minha cabine.

Minhas bagagens já estavam lá, como era de se esperar. Decidi dormir um pouco pois ainda eram 16:30 e demoraria bastante para o jantar ser servido. Deitei na cama super confortável do meu quarto e dormi em menos de 10 minutos.

***

We are one,

One for sure.

All united,

You'll want some more.

Oh Oh Oh Oh

You make me!

Oh Oh Oh Oh

You make me!

Acordei com meu novo toque de celular. Segui mesmo o conselho da Solidad e tirei a Iggy. Coitada. Da Iggy, é claro.

Peguei meu celular e vi que era a própria Solidad quem estava me ligando. Atendi e ouvi alguns barulhos de movimento e pessoas falando antes de ouví-la. Ela devia estar no deque.

— Oi, Drew. Te liguei alguns minutos atrás mas você não atendeu. Estava dormindo?

— Sim. Desde quando eu cheguei aqui. Que horas são?

— 18:30. Acho melhor você se arrumar. O jantar vai ser às 20h.

— Tudo bem. — respondi, um pouco assustado com o quanto eu tinha dormido. — Vou tomar banho agora. A gente se vê lá. Tchau.

Ela me deu “Tchau” também e eu desliguei o meu celular. Tirei minha camisa, revelando meu abdômen definido e gostoso, e fui em direção ao banheiro.

Tirei o resto da minha roupa lá e entrei no chuveiro. A água quente molhou meu cabelo perfeito e foi escorrendo pelo meu corpo lindo e gostoso. Depois de percorrer todo o meu abdômen lindo, começou a molhar um lugar bem grande (demorou um pouco pois é muito grande) e foi caindo para minhas pernas, depois os meus pés lindos (eu calço 44!) e finalmente para o chão.

Tudo bem. Vamos pular a parte em que eu seco meu corpo lindo e gostoso senão as leitoras vão infartar.

Coloquei minha cueca azul da Calvin Klein e passei meu perfume caro e importado antes de colocar o resto da roupa.

Botei uma camisa xadrez azul clara de manga longa com gola e um pulôver cinza, também de manga comprida, por cima. Depois vesti minha calça jeans e calcei meus tênis pretos da M. Officer. Estava um pouco frio nessa época do ano.

Meu relógio marcava 19:40. Fiquei surpreso ao perceber que consegui me arrumar em pouco tempo, mas ainda faltava arrumar meu cabelo e isso poderia levar mais uma meia hora. De qualquer jeito, eu chegaria com apenas 10 minutos de atraso e isso não faria muita diferença.

Terminei de me arrumar completamente às 20:05 e saí do meu quarto, em direção à cabine principal do cruzeiro, onde o jantar estava sendo servido naquele momento.

Atravessei o deque vazio e pude contemplar a noite linda, o cheiro do mar e o barulho das ondas por alguns minutos antes de chegar à porta da cabine. Já podia ouvir vozes de pessoas conversando e música suave vindo lá de dentro.

Abri a porta e me deparei com um salão cheio. Haviam várias mesas redondas espalhadas por todo o salão, que recebia uma iluminação alaranjada vinda dos muitos candelabros no teto. Cada mesa estava coberta com uma toalha branca enfeitada com bordados florais dourados e um vaso com flores.

Havia um grande palco no canto com uma grande parte do salão sem cadeiras em frente, que provavelmente iria servir como pista de dança mais tarde. Era de lá que vinha a música suave que eu tinha escutado. Sons de violinos, pianos, violoncelos e outros instumentos enchiam meus ouvidos. O clima realmente estava bem agradável por aqui.

Examinei o salão em busca de Solidad e do resto do pessoal. Não demorou muito para vê-los. Estavam do outro lado do salão, bem no canto. Infelizmente, a May estava lá também. Andei até lá a passos largos, mas sem perder a compostura. Recebi vários olhares enquanto atravessava o largo salão. Não é culpa minha se sou lindo, gostoso e famoso.

Solidad foi a primeira a perceber a minha chegada. Ela usava um vestido verde escuro longo e seu cabelo estava preso em um lindo penteado. Acenou assim que me viu e apontou para uma cadeira vaga ao lado dela. Todo mundo já estava lá. Robert trajava um terno preto e ao lado dele estava Stella, que usava um vestido vermelho curto e tinha os cabelos presos em um coque. O que me chamou a atenção é que ela estava bem perto dele.

Harley usava uma camisa branca simples de manga comprida e segurava uma taça de champagne e May usava um vestido azul escuro curto horroroso e estava com os cabelos soltos.

No sentido anti-horário estavam Solidad, May, cadeira vazia, Stella, Robert, Harley e a outra cadeira vazia ao lado da Solidad, na qual eu iria me sentar. Todos olharam para mim quando Solidad acenou e eu andei até a cadeira vaga.

— Boa noite. — sentei enquanto os outros respondiam ao meu cumprimento. — Cheguei muito atrasado?

— Nem tanto. — Solidad deu um sorrisinho que logo desapareceu assim que seu olhar caiu na direção de onde Robert e Stella estavam.

Peguei o menu, que estava na minha frente e comecei a dar uma olhada nos pratos. Havia muitas opções e demorei um pouco para me decidir. Não pude deixar de notar o Robert e a Stella conversando baixinho e sorrindo um para o outro. Percebi também que Solidad tentava não olhar para eles; ou olhava para baixo ou conversava com a May às vezes, para tentar disfarçar seu desconforto.

Se passaram uns cinco minutos antes de um garçom vir até a mesa atender os pedidos. Pedi um prato de salmão ao molho de damascos e o champagne mais caro que eles tinham para acompanhar. Depois que todos fizeram seus pedidos, o garçom saiu e Solidad começou a puxar conversa para que o grupo interagisse, ou melhor, para que o Robert e a Stella parassem de conversar.

— Então. — ela tomou um gole do vinho tinto que um garçom tinha acabado de servir. — O que vocês esperam do Encontro?

— Depois de descobrir que o Harley e a May foram convidados — eu comecei — eu só espero que não seja um desastre total.

Stella abafou uma risada e Robert deu um sorrisinho de satisfação. Harley fingiu que não tinha ouvido e continuou bebendo seu champagne e May fez menção de se levantar da cadeira e jogar o vaso de flores na minha cara. Solidad a impediu.

— Será que dá para parar de vez, Drew? — ela me perguntou, séria.

— Tá. — respondi secamente. Ela pareceu ficar satisfeita com aquilo, por enquanto.

Percebendo que perguntar sobre o evento seria uma má ideia, Solidad mudou de assunto. Dessa vez se dirigiu a Robert.

— O que anda fazendo ultimamente, Robin?

Stella lhe lançou um olhar de escárnio; tanto por ela ter buscado iniciar uma conversa com o Robert quanto por ter sido informal demais. Stella sempre fora meio ciumenta.

— Apenas treinando, como sempre. — ele sorriu para ela, o que a fez corar um pouco. — Estive em Kalos umas semanas atrás. Os coordenadores de lá são bastante habilidosos. Fiquei impressionado. E Lumiose... — ele deu uma pausa. Pareceu ter perdido o ar. — Lumiose é uma cidade magnífica.

— Ouvi dizer que a comida de Kalos é a melhor do mundo. — May interrompeu o diálogo com esse comentário inconveniente.

Stella entreabriu a boca e a olhou de cima à baixo, com um olhar de escárnio ainda mais intenso do que ela havia mostrado à Solidad. Robert não pareceu se importar e continuou a conversa, agora se dirigindo à ela.

— Sim. A comida é muito boa. É uma cidade espetacular em todos os sentidos. Vocês tem que visitar algum dia — agora ele se dirigia a todos.

— Claro. — Solidad foi a primeira a responder, deixando Stella com mais raiva. — Deve valer muito à pena. Se tiver tempo eu vou, com cert-.

— É para lá que você disse que nós vamos qualquer dia né, Robin? — Stella interrompeu Solidad antes mesmo de ela ter terminado de falar “certeza”. Ela tinha a mão em seu paletó e o olhava de uma maneira desejosa.

— Sim. Vamos lá quando você quiser. — Robert respondeu, simplesmente. Ele a olhava com um sorriso suave.

Solidad pareceu se encolher depois daquilo. Encostou suas costas na cadeira e voltou a ficar com a expressão séria. Bebeu o resto do vinho que restava na taça em um gole só.

Eu me divertia com aquilo tudo. Quase não pude conter uma risada com os olhares que a Stella lançou à May e à Solidad. Harley estava quieto do meu lado. Parecia estar perdido em pensamentos. Não havia dirigido uma palavra a ninguém desde quando eu cheguei aqui. Achei aquilo estranho e fiquei intrigado, mas decidi não perguntar a ele o que estava acontecendo.

Os “grupinhos” de conversam voltaram depois daquilo. Robert e Stella continuavam conversando baixinho um com o outro, May começou a conversar com Solidad, pois devia ter percebido que ela ficara meio desanimada vendo o Robert coladinho com a Stella; e eu não tive escolha senão tentar puxar assunto com o Harley para não ficar calado. Felizmente ele fez isso por mim.

— Você se acha muito engraçadinho né, Drew?

— O que? O que eu fiz?

— Me chamando de coordenador ruim. — ele tomou mais um gole de champagne. — Todos nós fomos escolhidos pelo comitê de Hoenn! Está implicando que eles são incompetentes.

— Eu estava brincando, Harley. Relaxa.

Ele pareceu ficar mais tranquilo depois daquilo. Parecia que era tudo o que ele queria ouvir naquele momento. A conversa parou por aí e tudo que eu fiz nos outros dois minutos que se passaram antes da comida chegar foi ficar observando as pessoas nas outras mesas.

Quando o garçom se aproximou da nossa mesa trazendo seis pratos e agumas taças com bebidas, May quase se levantou. Seu olhar estava vidrado no prato de Espaguete com queijo ao molho de tomate, que devia ser o dela. Ela não piscava. Parecia que estava paralizada.

O garçom entregou meu prato de salmão e o meu champagne chique. Harley lançou um olhar de recalque para minha taça, o que me fez ter que abafar outro risinho.

O jantar transcorreu bem silencioso, exceto por algumas vezes que alguém fazia um elogio à comida ou comentava algo sobre torneios. Robert falou mais de sua estadia em Kalos e recebeu olhares admirados de todos nós. Fiquei com vontade de ir para lá. Parecia ser uma ótima região em termos de coordenação.

May foi a primeira a acabar, é claro. Não tirava os olhos do prato nem por um segundo e parecia estar em uma competição de quem comia mais rápido. Sem falar que tinha péssimos modos à mesa. Stella lançava alguns olhares reprovadores para ela, que não percebia pois estava distraída demais com a comida.

Solidad começou a conversar comigo assim que terminou seu prato.

— Drew. — ela quase sussurrava. — Já sabia sobre a Stella e o Robert?

— O que tem para saber, Solidad? Eles só estão conversando.

— Ora, por favor! — ela exclamou, ainda falando baixo o suficiente para apenas nós dois ouvirmos. — É tão óbvio.

— Não os vi de mãos dadas em momento algum. E se eles estivessem tendo um caso, a Stella me contaria. Sabe que somos muito próximos, Solidad. Ela me contaria se estivesse rolando alguma coisa.

Ela não pareceu satisfeita com aquela resposta, mas não me perguntou mais nada. Estava com a taça de vinho cheia de novo e bebeu mais da metade de uma só vez. Devia estar bem irritada.

Percebi que alguns casais estavam levantando de suas mesas e indo até a parte vazia do salão, em frente ao palco para dançar ao som da música suave do salão. Não demorou muito para o Robert perceber e convidar a Stella. Ele segurou sua mão e a levou até a pista. Percebi Solidad tomando o resto do vinho e estendendo a taça para o garçom colocar mais.

— Se nada está acontecendo — ela falou, agora com um tom de voz normal já que o casal já estava bem longe da mesa — então vai acontecer em breve.

— Não se preocupe, Solidad. — May sorria para ela. — Um dia ele vai perceber que está com uma perua interesseira.

Resisti à vontade de defender a Stella e provocar a May. Não queria começar uma briga sem fim ali. Solidad sorriu de volta, mas o sorriso não durou muito tempo. Até ela sabia que era inútil ser otimista naquele momento.

Harley se levantou da mesa subitamente e andou em direção ao outro lado do salão. Devia estar indo ao toalete. Solidad acabou com outra taça de vinho dando só um gole e a estendeu de novo para o garçom colocar mais. Se bebesse mais uma iria ficar tonta. Decidi ficar de olho nela a partir daquele momento.

Alguns segundos se passaram antes de um garoto totalmente aleatório que saiu de sei lá aonde se sentar do lado da May e começar a conversar do nada. Solidad mal notou. Já estava quase terminando sua taça.

O garoto era um pouco alto, magro, tinha cabelos pretos e usava óculos. Estava usando um terno azul marinho e parecia ser desleixado. Quase comecei a rir bem alto ali mesmo.

Depois de uma conversa discreta e baixa que arrancou um grande sorriso do rosto dela, eles se levantaram e andaram em direção à pista de dança.

Não sei porque, mas tive uma vontade ardente de me levantar dali e impedir aquilo. Precisei de muita força de vontade para me conter. Bebi um grande gole do meu champagne enquanto observava eles se afastando da mesa.

Solidad já estava prestes a estender a taça vazia de vinho para o garçom colocar mais quando eu voltei minha atenção a ela.

— Nada disso. — levantei da cadeira e tomei a taça da mão dela. — Já chega. Você bebeu umas 5 taças. Se continuar assim vai ficar bêbada.

— Não é como se eu não quisesse ficar. — ela tentou pegar a taça da minha mão.

Coloquei a taça o mais longe possível, mas isso não pareceu detê-la. Ao invés de tentar pegar, ela realizou outra estratégia. Simplesmente pediu uma taça cheia ao garçom. Quando ele se afastou da mesa para buscar, ela sorriu satisfatoriamente para mim.

— Tudo bem. — eu disse. — Depois não diga que eu não avisei...

Não demorou muito para o garçom voltar com uma taça cheia e entregar para ela.

Muitos minutos se passaram e nós ficamos apenas olhando para os casais dançando e a movimentação geral. Solidad virou a cadeira de costas para a pista de dança. Já devia estar de saco cheio de ver aqueles dois dançando e sorrindo um para o outro.

Eu observava às vezes a May dançando com aquele cara aleatório. Deuses, como ela dançava mau! Tive até pena do garoto.

A cena seguinte me fez ficar feliz em ver a Solidad de costas para a pista. Robert e Stella pararam de dançar e se dirigiram para a porta do outro lado do salão. Deviam estar indo para o deque do navio, ficar um pouco sozinhos e curtir a noite linda lá fora. Solidad entraria em depressão se soubesse disso.

Não ligando muito para isso, comecei a me perguntar aonde estaria o Harley. Sondei o recinto e o encontrei do outro lado do salão, sentado em uma mesa conversando com um cara. Ele era até bonito. Era loiro e parecia ser alto. Parecia ser forte, mas na medida certa. Não era aqueles marombados. Se eu fosse o Harley, eu pegava.

Tive uma súbita vontade de ligar para a Stella. Só pela felicidade de estragar o momento romântico dela, mesmo. Peguei meu celular e liguei.

Depois de dois “Tuuu”, caiu na caixa postal. Achei aquilo estranho. Será que o sinal tinha caído por um momento? Ou será que ela simplesmente não quis atender? Liguei de novo.

Nem chamou. Caiu na caixa postal direto. Demorou uns segundos mas finalmente saquei o que estava acontecendo. Decidi levar a Solidad para sua cabine antes que ela percebesse que o casal preferido dela não estava no salão e nem no deque.

— Solidad, o que acha de dormir agora? — perguntei.

— É. Acho que é uma boa. Não tem nada para fazer aqui. — ela respondeu e eu me surpreendi por ter recebido uma resposta positiva.

Ela se levantou e nós fomos andando em direção à porta que levava para fora do salão. Tive o cuidado de ficar sempre na direção da pista de dança, para tapar a visão dela. Não demorou muito para saírmos do salão e atravessarmos o deque todo até chegar na porta da cabine dela.

— Então. — eu comecei a falar enquanto ela abria a porta. — Boa noite.

— Boa noite. — ela respondeu de uma maneira seca. Entrou e fechou a porta.

Decidi ir dormir também. Fui para a minha cabine, que não ficava muito longe, e entrei lá. A primeira coisa que eu fiz foi mandar uma mensagem para a Stella: “Conta tudo depois!”.

Decidi tomar outro banho antes de dormir. Não vou nem descrever como a água molhava meu corpo nu, senão as leitoras correm o risco de infartarem de novo. Quando terminei o banho, deitei na cama (só de cueca) e fui dormir. Adormeci em menos de 5 minutos.


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Notas finais do capítulo

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