—Sua... sangue-ruim! – as palavras escorregaram da boca de Snape, pairando no ar entre ele e a ruiva, em um piscar de olhos a expressão facial dela mudou.

—Você me chamou de quê? – A raiva que se apoderava dela era nítida.

—Eu não quis... Lily. Eu não... – ele tentava se desculpar, contornar a situação, não podia deixar a garota de seus sonhos escapulir de sua vida assim, por um descuido seu.

—Eu sei muito bem o que você disse, Severo. Sangue-ruim, você não faz ideia de como eu me sinto! Não faz ideia do quanto essas palavras me machucam! – as costas das mãos de Lílian foram em direção a seus olhos que começavam a lagrimejar.

—Acredite em mim, Lily, eu nunca tive, nem nunca terei, intenção de machucá-la! – Snape avançou sobre a ruiva, os braços abertos para envolvê-la, mas antes que pudesse aproximar-se o braço da garota ergueu-se, protegendo-a dele, impedindo que ele a abraçasse.

—Eu poderia esperar estas palavras de qualquer um, Severo. Qualquer um, menos de você. Poxa, crescemos juntos, quantas vezes você me apoiou, quantas vezes disse que eu não deveria me sentir assim por não ter nascido em família bruxa? E agora... é você quem me diz isso! – Ela deu as costas a Snape, ele conseguia ouvir seus soluços e choramingos por mais que ela tentasse abafá-los.

—Lily, eu...

—Saia daqui! Me deixe em paz! – ela o interrompeu, mal dando-lhe tempo de falar alguma coisa. – Saia... – o tom de choro em sua voz era perceptível, ela sentia os lábios tremerem em sua face ao sussurrar as palavras mais difíceis de sua vida. – Saia... da minha vida, Severo Snape.

Ele sabia que não havia agora mais nada a fazer, ele havia afastado para sempre sua tão amada melhor amiga. Ele sentiu os olhos umedecerem cada vez mais à medida que a capa preta de Lílian se afastava dele pelo corredor. Quando a capa preta esvoaçante virou à esquerda no final do corredor, Snape decidira que não terminaria assim. Ela não sairia de sua vida tão fácil assim!

Ele pôs-se a segui-la, correndo pelo corredor até seu final, virando à esquerda, como a ruiva fizera, quase chegara atrasado para ver virar novamente à esquerda a capa preta com os fios de cabelo vermelho caindo até o meio das costas. Ele aumentou a velocidade na qual corria, nem que para isso tivesse que esbarrar em algumas pessoas e ser xingado por isso.

Quando ele estava finalmente quase alcançando Lílian, Tiago apareceu por trás dela, suas esperanças de conquistá-la novamente quase se esgotaram.

—Por que está com essa cara, Evans? – Os braços do grifinório ergueram-se sobre os ombros dela.

—Não é dá sua conta, Potter! – ela sacudiu o ombro, tirando os braços de Tiago de lá.

—Ah, qual é, Evans? Eu prometo que consigo mudar seu humor rapidinho. – Rapidamente o intruso colocou-se na frente dela, Snape não pôde conter a raiva quando viu surgir um sorriso maroto nos lábios de Tiago.

—Eu não estou com paciência pra você hoje! – os braços de Lílian abriram caminho, tirando Tiago dele e subindo depressa as escadas, Snape não esperou, aproveitando a deixa e correu atrás de Lílian, disparando por Thiago e alcançando a ruiva no final da escadaria.

—O QUE VOCÊ QUER, POTTER? – Ela gritou, virando ao sentir as mãos de Snape em seu ombro, os olhos arregalaram em meio ao engano, sua respiração parou por um instante – Ah... é você! – ela virou-se e estava prestes a ir embora novamente quando sentir a mão de Snape em sua capa, impedindo-a.

—Líly... me deixe explicar, eu não tive intenção de magoá-la!

—Solta a minha capa!

—Me perdoa, Lily, eu juro, eu prometo que nunca mais vou repetir essas palavras!

—Solta. A. Minha. Capa.

—Lily... – ele mal teve tempo de pensar em que dizer antes que a mão aberta de Lílian espalmasse em sua face.

—Eu mandei soltar a capa! – ela deu um puxão na capa, fazendo-a soltar-se da mão de Snape que se dirigiu a parte vermelha de seu rosto.

Ela se virou, disposta a ir embora de uma vez por todas, com vontade de atirar uma maldição imperdoável em qualquer um que aparece em sua frente. Novamente, sentiu uma mão em seu ombro, abriu a mão, calculando seu posicionamento exato para que atingisse o lado intacto da face de Snape ao se virar, mas ele previu o movimento de sua mão, segurando-a e parando-a no ar.

—Me solta, Severo! – as palavras haviam acabado de deixar a boca da garota quando ela fora puxada de encontro a Severo, seus lábios sendo unido aos dele.

Ele afrouxou a mão que a segurava, descendo-a para a cintura da ruiva, impedindo que ela fosse embora, diminuindo o espaço que havia entre os dois. Em protesto, Lílian bateu as mãos em punhos nos ombros de Snape, mas não demorou a ceder ao beijo do amigo.

Ele envolveu a garota com seus braços, uma mão em suas costas e a outra em sua nuca, atrás de seus cabelos ruivos. Quando se separaram, Lílian afundou o rosto na capa de Snape e o abraçou, ele apertou o abraço ao vê-la correspondendo.

—Eu nunca mais vou deixá-la ir embora.