Dandara foi direto pra sala dos professores, enquanto Bianca ficou esperando Jade passar ela. Assim que a garota chegou, a seguiu até atrás do palco. Jade percebeu que estava sendo seguida, mas antes que a rival pudesse reagir, Bianca certou um chute no tronco, a derrubando, e outro certeiro no nariz.

–Tá louca, garota? Quebrou o meu nariz!

–Você que dever estar! –disse pressionando a garota contra a parede. –Você me sabotar e dar em cima do meu namorado, eu até tentei relevar, mas se eu vir minha irmã chorando por causa de alguma coisa que você disse, não vou quebrar só o seu nariz, quebro você todinha. Decorou? -disse apertando o braço da menina. Foi então que ouviram a voz de Lucrécia.

–O que significa isso, Bianca? Achei que você não era uma bruta como o seu pai. E você, Jade, brigando que nem moleque de rua?! Olha o estado do seu rosto. Eu vou levar você ao hospital. –Dandara chegou e viu a cena.

–Bianca, eu falei pra você que não é assim que se resolve as coisas. Vai pra academia, que o Duca tá sozinho lá, e deixa que eu resolva isso. Depois, vou conversar com a senhorita. –Foi quando Sara chegou.

–Dandara, o que aconteceu?

–A Bianca agrediu a Jade.

–Ela mereceu! Falou pra K que... –Bianca tentou se defender.

–Eu tô sabendo, vi a Sol comentando com a Bárbara. O que esse menina fez foi muito errado, mas eu não quero nenhum aluno meu se metendo em briga, então pode vir comigo. -ordenou Sara.

–Mas, tia... -choramingou Bianca.

–“Mestre” pra senhorita.

–Ok, Mestre. –Bianca abaixou a cabeça.

–Sorte sua que seu pai teve que ir pra liga. Ou azar... –disse Sara. Elas desceram pra academia e encontraram todos rindo.

–E aí, Bianca, deu uma lição na Jade? –perguntou Marcão.

–Quer dizer que os senhores acham engraçado usar a luta pra bater nos outros? Quero todos colocando a roupa branca em dois minutos.

Logo todos estavam a postos. A Mestre olhou pra Bianca.

–Então, a senhorita, que já é corda vermelha e preta, quer ficar batendo em dançarinas? Bem, eu já ia dar um treino forte, já que vocês vão receber a corda crua. Com exceção do Cobra e da Caipora (Nome de batismo da BB), que vão pra preta e da dona Sereia aqui, que deveria pegar a roxa. Eu já digo, a próxima vez que um de vocês se meter em briga, vão perder a corda e os que acharem engraçado, também. Agora, eu quero todos pagando cinquenta flexões. –assim que começaram, a Mestre pegou a mangueira e começou a jogar água em todos.

–E se reclamarem, serão cem! –assim que terminaram as flexões, a Mestre começou a pesar nos exercícios. Logo depois começou a roda.

–Sereia, vem jogar comigo, já que gosta de uma lutinha! –a Mestre deu várias rasteiras em Bianca. –Espero que tenha aprendido a lição. E a senhorita pode secar e arrumar tudo.

–Sim, senhora. –respondeu Bianca entredentes.

–--*---

–Filha, você tá bem? Cadê a sua irmã? –perguntou Gael assim que chegou.

–Eu só tô cansada. Ela tá em casa.

–O que aconteceu?

–Amor, leva a Bianca pra casa e conversa com ela lá. –pediu Dandara.

–Vai, mano. Eu cuido de tudo aqui. –disse René.

–Então, filha, o que aconteceu? –ele perguntou assim que entraram no carro. Bianca respirou fundo e contou toda a história.

–Arrumando briga, filha?! Vocês querem me enlouquecer!

–Pai, a K ficou transtornada. Ela deve ter ficado um tempão socando aquele saco sem luvas. Ela ficou horas chorando, pai, eu perdi o controle. –argumentou Bianca.

–--*---

Karina acordou e viu uma mensagem de Pedro: “Bom dia, minha musa. Espero que esteja melhor. Você deve estar com raiva de mim, mas eu tinha que contar. Você precisava ouvir dela que aquilo era mentira. E também, a sua irmã estava com uma cara que me deu medo. Vai pra aula?”. Ela respondeu a mensagem com um sorriso leve no rosto.

Quando Bianca e Gael chegaram, logo entraram no quarto, e o lutador foi logo abraçar a filha.

–Pai, eu tenho que ir pra aula. –disse Karina, depois que o abraço foi quebrado.

–Tá bom, mas eu te levo. A gente passa na Academia e pega a Sol e o Wallace. E você, dona Bianca, tá de castigo. Nada de sair essa semana!

–Mas, pai...

–Espera aí, o que a Bianca fez? –questionou Karina confusa.

–Ela partiu pra cima da Jade.

–Não acredito! Tu saiu na mão com ela? –perguntou Karina descrente.

–Mostrei uns golpes de capoeira pra ela. –disse Bianca, vitoriosa.

–Não precisava fazer isso, Bia.

–Precisava, sim. –afirmou.

–--*---

–Filha, você sabe que isso que aquela garota falou não é verdade... –disse Gael dirigindo em direção à academia.

–Pai, a gente pode esquecer isso? Sabe que eu não gosto desses papos e ontem com a Bianca já foi demais pra mim.

–Tá bom, filha, eu te amo. –Karina sorriu.

–Eu também te amo, pai.

–--*---

–Esquentadinha, tá melhor? -perguntou Pedro.

–Tô, sim. Obrigada por ontem. Bora pra aula. -respondeu a lutadora.

–Ainda tá cedo. Vamos conversar... –pediu o guitarrista.

–Pê, eu não sou muito boa com essas coisas, sabe...

–Olha, Esquentadinha, eu sei. Eu já te falei tudo que eu sinto. Só me diz se você sente o mesmo. Um sim ou não.

–S-sim. –Karina demorou alguns segundos pra responder. –Eu só não entendo... Fazer tudo isso pra uma garota, que só consegue responder “sim”. –envergonhou-se.

–É mais que o suficiente pra mim. -ele a beijou.

–--*---

Depois da aula, já que não poderia treinar, Karina saiu com Pedro.

–Pra onde vai me levar, moleque? -perguntou Karina curiosa.

–Vamos lá pra casa, quero te mostrar a música nova que eu fiz pra você.

–Tá bom, manezão. –os dois se encaminharam pra casa do guitarrista. Assim que chegaram, subiram pro quarto do garoto. Eles entraram no quarto e Pedro pôs um pen-drive no computador.

–Eu queria cantar pra você, mas como minha voz é horrível... -disse pegando o violão.

–Eu quero que você cante. Quem sabe as aulas da Dandara não realizaram um milagre. –ele assentiu e começou.

Pra você guardei o amor

Que nunca soube dar

O amor que tive e vi sem me deixar

Sentir sem conseguir provar

Sem entregar

E repartir

Pra você guardei o amor

Que sempre quis mostrar

O amor que vive em mim vem visitar

Sorrir, vem colorir solar

Vem esquentar

E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz

No giz do gesto o jeito pronto

Do piscar dos cílios

Que o convite do silêncio

Exibe em cada olhar

Guardei

Sem ter porquê

Nem por razão

Ou coisa outra qualquer

Além de não saber como fazer

Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei

Vendo em você

Explicação

Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e arder

No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor

Que aprendi vendo os meus pais

O amor que tive e recebi

E hoje posso dar livre e feliz

Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris

Risca ao levitar

Vou nascer de novo

Lápis, edifício, tevere, ponte

Desenhar no seu quadril

Meus lábios beijam signos feito sinos

Trilho a infância, terço o berço

Do seu lar

Guardei

Sem ter porquê

Nem por razão

Ou coisa outra qualquer

Além de não saber como fazer

Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei

Vendo em você

Explicação

Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e arder

No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor

Que nunca soube dar

O amor que tive e vi sem me deixar

Sentir sem conseguir provar

Sem entregar

E repartir

Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz

No giz do gesto o jeito pronto

Do piscar dos cílios

Que o convite do silêncio

Exibe em cada olhar

Guardei

Sem ter porquê

Nem por razão

Ou coisa outra qualquer

Além de não saber como fazer

Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei

Vendo em você

E explicação

Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e arder

No fogo o gelo vai queimar

Os olhos de Karina se encheram de lágrimas ao ouvir aquela letra.

–É linda, eu nem sem o que dizer...

–Então não diz nada... -disse Pedro se sentando ao lado dela na cama e a beijando com todo amor e desejo. O beijo foi se intensificando, se tornando cada vez mais quente e mais cheio de amor ao mesmo tempo. Era como se os dois fossem as únicas pessoas que existissem no mundo e a única coisa que conseguiam sentir era o amor e a paixão que tinha um pelo outro. Pedro interrompeu o beijo e olhou naqueles lindos olhos azuis que o faziam se perder.

–Eu te amo, minha Esquentadinha.

–Eu também, moleque.

Ele tomou novamente a boca da amada, com vontade. Passava a mão por dentro da sua blusa, enquanto a garota levantava a camisa dele. Mas, nesse momento uma pontada de insegurança atingiu a lutadora.

–Pedro, espera, você sabe que eu...

–Esquentadinha, não me importa se eu não fui o primeiro, importa que eu serei o último. -interrompeu voltando a beijá-la. Os dois se despiram lentamente e se entregaram um ao outro, da forma mais lenta e prazerosa possível. Ambos já tinham transado, sentido prazer, mas isso era muito mais, era ir até o paraíso e voltar com a pessoa que ama.

–Eu quero você só pra mim, Esquentadinha. Acho que já provei que quero ser bem mais que um ficante... -declarou Pedro abraçando Karina, que deitou a cabeça em seu peito.

–Tá me pedindo em namoro, moleque?

–Eu ainda vou repetir esse pedido de uma forma mais apropriada, mas eu quero sim ser seu namorado.

–Eu aceito. Não precisa de outro pedido.

–Precisa, sim. Você vai adorar a surpresa... -afirmou olhando pra ela encantado.

–Pedro, eu sei que eu não demostro muito bem os meus sentimentos, mas eu... Você é muito especial pra mim. Eu nunca senti por ninguém o que eu sinto por você.

–Eu também nunca senti. –a abraçou ainda mais forte.

–Eu tenho que ir pra casa. –murmurou Karina.

–Mas eu não quero te soltar desse abraço. Dorme aqui comigo. –pediu manhoso.

–Mas, meu pai...

–Diz que você vai dormir na casa da Fabi, ela te acoberta.

–Tá bom. Mas e os seus pais e a Tomtom?

–Deixe eles comigo. Eu dou um jeito em tudo pra poder dormir com minha Esquentadinha nos meus braços.