Não era como os filmes, não havia portas para bater, lugares para se esconder. O mundo era um campo minado e um passo em falso poderia ser uma despedida.

Em um mundo meio apocalíptico, vivendo com quase cem cabeças, temos que liderar, obedecer ou aceitar a morte. Seus instintos de sobrevivência a deixavam no primeiro grupo.

Assim como os dele.

Liderança era seu sobrenome. Muitas vezes sabia o que fazer pelos outros e, por mais que não gostasse de admitir em voz alta, muitas vezes estava lá não por ele, mas pelos outros.

Se tivessem se conhecido na Arca, se odiariam. O jeito mimado, presunçoso, sempre cercado de mulheres. E no começo, se odiaram. Era um líder egoísta e rebelde. Do que deveria ser sobrevivência, ele fazia revolução. Mas viver em pé de guerra em meio à guerra é complicado e todos precisam de paz se quiserem seguir as ordens de alguém.

Mas nada disso, absolutamente nada disso, significava que ela tinha que manter a calma perto dele.

Então, ela corria. Sem o som de portas se fechando, como nos filmes. Sem carros buzinando. Só o som de galhos pisoteados, que entregavam seu caminho a quem quisesse seguir.

Não que ele precisasse seguir para saber. Por esse e vários outros motivos, poderia ser facilmente definido como presente.

Presente em todos os lugares.

No trabalho em equipe de cada um dos sobreviventes.

Na pessoa que Octavia tinha se tornado.

Na líder que ela própria aprendeu a ser.

Mas quando a porta se abriu e tudo o que tinha à sua frente eram cinzas e fumaça, ela precisou dele.

Não de um líder, de um abraço.

Clarke sabia quando deixou ele pra trás. Sabia que enquanto a porta se fechava, não poderia voltar atrás, como nos filmes. Sabia que em uma das poucas vezes que ele se permitiu admitir, ele precisava dela. Precisava que ela entrasse e protegesse os outros.

E de repente, o cara que sempre esteve em todos os lugares não estava mais em lugar nenhum.