O dia amanheceu terrivelmente nublado como se estivesse de luto por alguém. Mas na verdade era um dia especial, para comemorar, ou quase.

Finalmente era véspera do aniversário de Fitzwilliam Robert Darcy e dentro de duas  semanas Anne Sofie Stevens faria vinte e três anos. Que podia não ser uma idade tão boa, mas com toda beleza e riqueza de Anne não havia um só homem que se importasse com isso.

Mas aniversários a parte, o dia de hoje era importante porque finalmente era a chegada de Elizabeth e Catherine para sua primeira temporada oficial. E Anne tinha tudo planejado; ela e suas amigas iriam se divertir muito.

Estava tão animada para a chegada das meninas que ao seu ver o céu estava ensolarado. Fitz também tinha grandes expectativas, mas a apreensão era maior ainda.

Darcy não sabia ao certo como agir ao reencontrara srta. Elizabeth, ficava debatendo consigo mesmo. Devia ou não estar presente para a receber? Que roupa deveria usar? O que devia falar?

Por sorte seu dilema interno não estava sendo notado por ninguém.

Dentre todos, a pessoa mais ansiosa era Georgiana. Ao contrário dos outros, ela nunca tinha visto as moças e depois de ter ouvido  tantos elogios e sobre suas qualidades estava com medo de as desagradar.   

Mas quem estava mais desanimado era o coronel. A verdade é que ele teve que se despedir da casa dos Darcy depois do jantar com o conde. Não porque tinha sido expulso, mas por causa da atmosfera que ficou na casa, já que Anne não conseguia olhar nos seus olhos ele se sentia um estorvo para a mulher que amava.

~∕~

A única palavra que descrevia o que ela via viu era impressionante. A casa era muito grande; até aquele momento ela não podia acreditar que em Londres podia ter espaço para uma mansão como aquela. E ela iria passar dois meses naquela casa enorme!

“Quem devo anunciar?” Disse o mordomo engravatado, mais bem vestido do que a maioria das pessoas que conhecia. Ela ficou imaginando se o mordomo da casa era tão bem vestido quanto os moradores podiam ser? Só esse pensamento já lhe dava um frio na espinha.

“Elizabeth e Catherine Bennet.” A voz da irmã levou se desvaneio.

“Só um momento por favor.” Embora o mordomo saiu para anunciar a chegada das duas irmãs a própria anfitriã logo chegou para as levar onde todos esperavam.

“Que bom que vocês chegaram!” Anne falou parecendo uma criança. “Por um momento eu pensei que o dia poderia não as ajudar muito a chegar. Estou feliz que tudo deu certo!”

“E nós também Anne.” Elizabeth deu um grande abraço na amiga, assim com Kitty.

Todas as três então foram para a sala de visitar onde estavam o sr. Darcy e sua irmã. A srta. Darcy impressionou as duas visitas ao se levantar. Ela era bem maior do que Anne mas ainda bem menor que o sr. Darcy, a cor de seu cabelo de seu cabelo era loiro, diferente do arruivado de Anne e ao ébano do irmão. Seus olhos grandes e azuis, bem escuros que a dava um olhar de corça assustada. Assustada também era um forma de descrever aquela menina, quando de pé parecia querer correr para fora e quando sentada parecia querer entrar dentro do sofá. Kitty nunca imaginou que com o sr.Darcy e Anne como parentes ela podia ser um moça tão assustada.

Ao ver a srta. Darcy Kitty sentiu um pouco menos apreensiva.

Depois de uma conversa de quinze minutos os hospedes foram enviados para seus quartos se limpar e descansar.

“Lizzy! Não é incrível? Como esse quarto é grande e é só pra você!”

“Se acalme Kitty.” A irmã disse com um sorriso. “Vamos ficar aqui nas próximas semanas, não precisa gastar suas energias de uma só vez.”

“Certo.” Ela estava muito feliz em finalmente estar em uma casa tão rica de Londres, se esforçava muito para se conter. “Lizzy?...” Chamou a irmã que agora organizava os livros que trouxera.

“Sim Kitty?...”

“Você acha que a casa de Anne é tão grande com essa?”

“Deve ser no mínimo como essa, eu acredito, pois ela é filha de um visconde.”

“Você acha que ela vai nos levar lá?”

“Kitty!”

“Tudo bem Lizzy. Eu vou para o meu quarto.” Ela já estava saindo o mais silenciosamente possível.

“Pode ficar, só menos perguntas.” Elizabeth soltou um risinho.

“Certo, eu vou fazer menos perguntas.” Ela andou até a janela, de lá viu um pequeno e muito lindo jardim. “Ao invés disso eu vou desenhar a essa vista.”

Catherine Bennet terminou de desenhar um arco com trepadeiras e flores nele, os salgueiros chorões, uma fonte de muito bom gosto que imitava uma pequena cachoeira com alguns animais nela. Aquele jardim era muito romântico. E Kitty queria perguntar quem que era o responsável pelo jardim. Com toda certeza não podia ser o sr. Darcy.

Depois que o desenho estava feito, Elizabeth disse que queria dormir. Então Kitty foi para seu quarto dormir. Durante os primeiros minutos ela estava novamente deslumbrada pelo quarto.

~/~

“Anne… Por quanto tempo vai ficar inquieta? Você já forneceu todas as acomodações, belos quartos e ainda vai cuidar das suas necessidades. Elas vão ficar bem.”

“Mas Fitz… e se elas não se sentirem em casa?”

“Anne… se acalme.” Ele sorriu.

“Eu estou perfeitamente calma!” Falou um pouco mais alto do que o adequado. “E não me venha falar sobre estar ou não calmo ou nós podemos falar sobre você.”

“Tudo bem se é o que você  quer. Precisando de mim estou no meu escritório.” Então ele se levantou e foi embora, afinal ele sabia que estava tão nervoso quanto Anne. Sua prima via isso, e, a única coisa que o reprimia mesmo era o quão forte o sangue Darcy estava em suas veias.

Nesse momento uma pergunta surgiu na mente de Anne.

“Fitz.” Anne o deteve quando já estava abrindo a porta. “Onde está Georgi?”

“Acho que em seu quarto.”

“Então eu vou até lá.”

“Eu estou no meu escritório como você já sabe.”

Então Anne subiu as escadas e foi para o quarto de Georgiana. Lá encontrou a menina com seu presente para Fitz.

“Eu estava tão nervosa essa manhã que esqueci de terminar o presente para o meu irmão.”

“Eu também, não tinha certeza se elas estariam aqui na hora certa ou mesmo se viriam hoje. Mas eu acho que Fitz iria preferir que nós esquecêssemos completamente, não é?”

“Eu  sei,” Georgiana sorriu, “ Fitzwilliam odeio lembrar seu aniversário.”

“A verdade é que ele nunca gostou muito. Quando nós eramos pequenos ele só queria o presente porque não podia comprar com o próprio dinheiro. Depois que ele completou dezessete e já recebia pediu para todos nós pararmos de dar presentes no seu aniversário e como provocação o coronel continuou donda e Lorde Fitzwilliam também. No fim ninguém parou.”

“Então é por isso que me dizem pra continuar dando todos anos mesmo quando eu sei que Fitzwilliam não gosta?”

“Sim.

“Ah, Gi, eu acho que é melhor nós irmos encontrar com Lizzy e Kitty agora.”

“Tudo bem. Vamos.”

Então saíram de braços dados uma com a outra.

“Eu achei que Lizzy talvez desistisse de vir para a cidade.”

“Mas por que, Anne? Eu achei que vocês eram grandes amigas!”

“Nós somos, mas o motivo é outro. Achei que ela não viesse por causa do Fitz.”

“Meu irmão? Como ele ofendeu a srta. Bennet?”

“Se ela está ofendida agora eu não sei, mas o motivo não era por ofensa. Seu irmão fez outra coisa.”

“O quê?”

“Posso te dizer, mas você não deve contar a ninguém que sabe disso, principalmente a srta. Bennet e ao Fitz.”

Depois de receber uma confirmação de prima Anne contou toda história que conhecia. Georgiana ficou tão atordoada ao saber que o irmão havia proposto e que foi rejeitado, por um segundo suas pernas não se moveram. Nunca havia passado em sua mente que seu irmão seria rejeitado algum dia. Afinal ele era o melhor homem que ela conhecia.

Essa atitude surpresa refletiu na forma como ela se comportou com suas convidadas. Não falou muito e não conseguia evitar olhar para a srta. Elizabeth. Anne tentava compensar isso mantendo o fluxo da conversa o mais longe possível da prima.