Perina - A Love Story escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 2
But if you close your eyes




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Esquerda. Direita. Abaixa. Chuta baixo. Chuta alto.

Karina repetia essa sequência ritmicamente, lutando contra um adversário invisível. Seu coração estourava a caixa torácica, enquanto ela tentava livrar sua mente dos pensamentos que a dominavam.

Pensamentos sobre a noite que passara, e tudo que nela havia acontecido.

"K?" Ouviu seu nome sendo chamado e se virou, topando com Duca. "Você tão cedo aqui? Hoje é sábado."

"É, eu to ligada. É que meu pai ficou lá na Dandara, aí ele pediu para eu e você abrirmos a academia. Como eu sabia que tava com a Bianca, sem hora para voltar, eu mesma abri." Ela explicou, desviando o olhar dele. "Mas acho que a galera toda foi naquela festa da Jade e do Lírio ontem, porque ninguém apareceu até agora."

"Acho difícil alguém aparecer antes das 8h, sabe?" Ele tentou brincar, mas ela não retrucou. "Coloca o equipamento."

"O quê?" Ela arqueou a sobrancelha.

"Você tá pilhada com alguma coisa, e eu sei que você descarrega melhor no ringue. Então, vamos lutar." Ele explicou, indo pegar os equipamentos, enquanto Karina sorria.

~P&K~

Era como um sonho. E o melhor que já havia tido, tinha que admitir.

O sol invadiu o quarto das irmãs, aquecendo aos poucos a pele dos jovens adormecidos na cama do canto direito. Pedro forçou os olhos, escondendo o rosto no cabelo loiro ao seu lado.

"Já ouviu falar de cortina, hein esquentadinha?"

"Larga de frescura, Pedro." Resmungou a lutadora, virando ainda de olhos fechados e abraçando o tronco do rapaz, suspirando. "É só hora que o sol tá nascendo e... O sol tá nascendo." Karina levantou em um pulo, arregalando os olhos. Os lençóis caíram e ela corou.

"Tá bom, o sol está nascendo." Pedro também arregalou os olhos, confuso. Observou Karina pegar o lençol da cama e se cobrir, e a gargalhada foi inevitável.

"Tá rindo do que, hein abestado?" Ele gargalhou mais alto.

"De você me chamando de abestado. E dessa vergonha toda." Ele deu um sorrisinho malicioso. "Eu já vi tudo isso ontem, esqueceu?"

"Não, não esqueci." Era engraçado vê-la corar diante de seu olhar. "O que eu quero saber é por que você dormiu aqui?"

"Olha, eu ia embora, tava até caçando minha cueca. Mas me pediu para ficar." Ele lembrou, jogando o outro lençol longe e se levantando. "Mas tá aí uma pergunta boa... Cadê a minha cueca?"

"E eu que sei?"

"Ué, foi você que tirou ela." Karina corou mais ainda, enquanto Pedro gargalhava. "To adorando te ver toda envergonhada."

"Claro, você tá aí, mostrando tudo descaradamente." Ele gargalhava cada vez mais alto, encantado com a timidez dela. "Acha essa cueca logo, por favor."

"Vou precisar de uma pista de onde você colocou ela." Ele aporrinhava, vendo-a desviar os olhos.

"Ah cara, sei lá. Acho que tá ali perto da cama da Bianca." Ela chutou qualquer lugar, fazendo-o rir. Ele caminhou até o local indicado, encontrando a peça sobre o travesseiro da morena.

"Ela não gostaria nada de saber disso." Ele comentou, enquanto se vestia. "Pronto, esquentadinha, tudo coberto."

"Fale por você, eu ainda estou nua." Ela se enrolou mais no lençol, enquanto ele apanhava a camiseta dela do chão e atirava para ela. Começou a rodar no lugar, como um peão, enquanto caçava onde estaria a roupa íntima dela.

"Será que eu joguei sua calcinha pela janela?" Ela arregalou os olhos, fazendo-o gargalhar novamente. "Gente, isso tá melhor que show do Fábio Porchat."

"Dá para você virar a cara?!" Não foi exatamente um pedido, mas Pedro conhecia a fera e resolveu acatar. Esperou até ouvi-la jogar o lençol de volta na cama.

"Posso olhar?"

"Pode." Ele virou-se, encontrando a loira já de camiseta e shorts. Ela jogou suas roupas. "Se veste e vaza."

"Um poço de delicadeza." Bufou o rapaz, jogando a camiseta pelo pescoço e colocando a calça. "Eu achando que... Mas não, impossível. Eu fui me apaixonar por uma ogra."

"O que mais você quer que eu faça?" Perguntou ela, cruzando os braços em frente ao peito.

"Eu quero que você me mostre que também está apaixonada por mim, e que eu não estou dando murro na ponta de uma faca." Ele assumiu um ar sério que a surpreendeu.

"E não foi o que eu fiz ontem?"

"Se para você, sexo é prova de amor, acho que você ainda não entendeu o que é isso." Foi só o que ele disse, antes de sair pela porta.

E dessa vez, ela não o seguiu.

~P&K~

Pedro estava deitado em sua cama, os olhos fixos no teto, as mãos atrás da nuca. Tentava se focar em rememorar os detalhes da noite anterior, quando por alguns maravilhosos momentos, a esquentadinha havia sido inteiramente sua, sem barreiras ou defesas.

"Masoquista." Riu João, observando o melhor amigo.

"Pode chamar, hoje eu to merecendo."

"Eu sei que tá. Mas eu sei, principalmente, que hoje tá precisando de um amigo. Então, vou tentar ser seu amigo, antes de ser o cara que tá louco para te zoar." A rapaz se escorou na cama, pegando o celular e apoiando nos joelhos, começando um joguinho qualquer. "Fala aí... Como foi?"

"Foi ótimo, cara, melhor do que eu imaginava." Pedro suspirou. "Ela é bem gostosa, já antecipando a resposta a sua inevitável pergunta. E foi tão maravilhoso sentir ela ali, entregue a mim, sabe? Tipo, a gente era um só."

"Eu vou ali no banheiro me afogar nessa banheira de mel, já volto." O gamer fez cara de nojo. "Coisa mais emotiva, Deus me livre. Essas aulas na Ribalta não tão te fazendo nada bem."

"O que não tá me fazendo bem é estar apaixonado por essa maluca."

"Ah, enfim chegamos a um consenso sobre isso." João ergueu uma das mãos, como se agradecesse aos céus. "Eu te falei cara... As irmãs Duarte são chave de cadeia, ou melhor, de hospício. Gostar de alguma delas e sinônimo de encrenca e um lutador maluco querendo te catar pelo cangote."

"Não viaja João. Minha história com a Karina e tua paixonite na Bianca são coisas bem diferentes." Pedro revirou os olhos. "Na boa? Eu to querendo dormir um pouco."

"Já entendi a indireta. Vou dar um rolê ali no QG. mais."

Assim que a porta se fechou, Pedro suspirou mais aliviado. Gostava da companhia do melhor amigo, mas em certas horas era melhor ficar sem ouvir as asneiras dele.

~P&K~

"Que tal você me contar o que está acontecendo, agora que você já descarregou toda a sua frustração. E provavelmente me deu alguns hematomas roxos." Brincou Duca, arrancando um sorrisinho de Karina. "Olha, até voltou a sorrir."

"Idiota." Ela resmungou, mas viu que ele não iria desistir. "É uns problemas com o babaca do Pedro."

"Ele fez alguma coisa de errado?" O lutador assumiu o modo irmão mais velho superprotetor.

"Não, eu que fiz." Ela deu de ombros. "Eu sou uma ogra."

"Um pouco marrenta e durona, claro. Mas ogra?"

"Ah cara, ele escreveu uma música para mim, comprou chocolates e tudo mais, e eu destratei ele para caramba." Ela começou a contar, sem se dar conta. "E aí a gente discutiu e ele ameaçou ir embora. Mas eu não deixei, eu não queria. E eu... Eu..."

"Você?" Ele a incentivou a continuar.

"Eu dormi com ele."

"Você o que?" Duca se exaltou, levantando de um pulo. "Ele te forçou a dormir com ele?"

"Aquieta aí, Duca. Vê lá se eu tenho cara de menina que é forçada a alguma coisa?" Rosnou Karina. "Eu dormi com ele porque eu quis. Mas aí hoje de manhã eu não sabia como agir e fui grossa com ele, falei umas idiotices e ele foi embora de casa fulo da vida comigo."

"Ah, K, ele conhece a namorada que tem." Ela o fuzilou. "Jura por Deus que você dormiu com ele, mas não quer ser considerada namorada dele?"

"Ah cara, é complicado."

"Não, não é. É bem simples, na verdade. Olha, talvez eu seja romântico, talvez sua irmã tenha me deixado assim, mas para mim, a gente não dorme com quem a gente não ama. Não falam fazer amor?" Ele tornou a sentar ao lado dela, que encarava as pernas. "Karina, todo mundo vê que você é louca pelo Pedro, mas usa sua agressividade para disfarçar. Na verdade, você usa sua agressividade para disfarçar tudo, e isso não te faz bem."

"Desde quando você virou especialista no que eu sinto?" Ela resmungou entredentes.

"Desde que eu te magoei muito, e não quero ver você se magoar de novo." Duca segurou a mão dela. "K, você sequer precisa pensar muito para saber que eu estou certo, que você ama o Pedro. Você só precisa encontrar a coragem de deixar isso vir à tona."

~*~

"But if you close your eyes

Does it almost feel like

Nothing changed at all?

And if you close your eyes

Does it almost feel like

You've been here before?

How am I gonna be an optimist about this?

How am I gonna be an optimist about this?"

Pedro cantarolava a música desafinadamente, dedilhando a melodia no violão. Estava sentado em sua cama, usando apenas a bermuda do pijama, aproveitando que os pais estavam no restaurante e Tomtom acabara de sair para a casa de uma amiga.

"And if you close your eyes

Does it almost feel like

Nothing changed at all?"

Ele virou para a porta, vendo que Karina estava ali. Ela usava um vestido, o que o surpreendeu. O cabelo estava ajeitado, e ela usava um pouco de maquiagem.

"O que você está fazendo aqui?" Ele perguntou, engolindo em seco.

"Eu pensei bastante no que você disse." Ela começou a se aproximar. "E eu não sei por onde começar, Pedro, não sei mesmo. Eu não sei o que fazer para mostrar para você o que eu sinto."

"Karina..."

"Me deixa falar, por favor." Ela sentou em frente à ele. "Eu sei que você quer ir fazer esses programas melosinhos de casal, do tipo ir ao cinema, no parque e tudo mais. Então vamos fazer isso."

"Assim?" Ele apontou as vestes dela.

"Ué, o que tem de errado? É bem menininha, não é?" Ele não conseguiu segurar o riso. Levantou da cama, indo até o armário e pegando uma bolsa. "Isso é meu."

"Você esqueceu aqui outro dia." Ele entregou para ela. "Tem uma roupa sua. Vai lá no banheiro e se troca. E pode tirar essa maquiagem."

"Por quê? Você não gostou?" Ela perguntou insegura.

"Claro que gostei. Eu adorei. Mas não é você, esquentadinha." Ele segurou o queixo dela. "Eu me apaixonei por você de shorts e camiseta, com uma luva na mão e um palavrão na ponta da língua. E é assim que eu quero você, do jeito que te conheci."

"É sério?" Ela não conseguiu disfarçar o sorriso.

"Claro que é sério, sua maluca." Ele deu o sorriso que era destinado apenas para ela. "Claro que você pode evitar me afogar nas fontes, ou chutar meus filhinhos. Um dia eles podem ser seus também, sabia?"

"Tá apressadinho, hein cara?" Ela arqueou a sobrancelha, enquanto ele abria aquele sorriso que faz os olhos fecharem. "Eu vou me trocar."

"Quer companhia?" Ela negou aos risos. "Tudo bem, eu espero."

Ela entrou no banheiro, deixando Pedro sozinho. Ele sorriu, indo até o armário e pegando uma calça jeans, além de uma camiseta do Ramones.

"Pronta." Karina saiu do banheiro com uma bermuda jeans e uma camiseta branca larga, além de tênis.

"Agora sim tá perfeita." Ele se aproximou dela. "Eu posso fazer uma coisa?"

"Depende do que..."

"Isso." Ele passou o braço pela cintura dela, a trazendo mais perto e selando seus lábios. "Esquentadinha."

"Idiota." Karina sorriu, dando a mão para ele. "Vem, temos muito o que fazer hoje."

E saíram pela porta do quarto, marcando o fim de mais um capítulo dessa história.


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Notas finais do capítulo

É isso aí peanuts, mais uma oneshot, com a continuação da primeira vez que muitos pediram.
Espero que tenham gostado.
See you soon.