The Mutants - O Dragão Branco escrita por Mano Vieira


Capítulo 9
Capítulo Nove


Notas iniciais do capítulo

Eai eai eai KJADSJKFDASHFDASJH eu sei que demorou -- como eu tinha avisado que ia demorar-- mas eis-me aqui, vamos logo ao que interessa:
Boa leitura



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Tente imaginar a cena: O sol ainda não nasceu, mas já é possível ver as coisas presentes no local. Em terceiro plano, montanhas, maiores do que as maiores que você já pôde ver em sua vida. O céu ainda apresenta algumas estrelas, porém há uma divergência em sua coloração: azul escuro e azul claro. Em segundo plano, estão as várias árvores dos vários tipos que você possa imaginar. As cores variadas e as folhas balançando para lá e para cá conforme o vento desliza por elas. Seus troncos, alguns grossos e alguns finos, estão todos retorcidos, mas isso não estraga a paisagem e nem a deixa monstruosa ou menos graciosa. Em primeiro plano, um grande campo florido. A variação de cores ali era incrível. Kentin poderia passar dias e noites falando as cores que conseguia ver e mesmo assim ainda ficaria em dúvida sobre algumas!

O vento passava sobre os quatro que ali estavam mexendo os seus cabelos e fazendo os olhos arderem. A imagem não era inédita, já que estava facilmente disponível o acesso delas pela internet. Mas há muita diferença entre ver uma imagem pela telinha e ver pessoalmente. Você jamais poderá descrever exatamente os seus sentimentos, seus pensamentos ao vê-la ao vivo. Em seu coração, Ken podia sentir algo crescer. Era o fogo, aquilo que fazia todo o seu sangue borbulhar dentro das veias e artérias, que implorava para que ele mexesse seu corpo e fosse aproveitar da grande oportunidade, mas não somente ele, como suas parceiras estavam chocados demais para se moverem.

May se sentia estranha. Era totalmente diferente do local em que viveu antes de ir para a Nova União. As fortalezas cinza não tinham toda essa beleza, mesmo que não fossem ridículas. Ali, as formas davam uma sensação de movimento, liberdade. Fugia do conceito de beleza humana oriental, onde o bonito é aquilo que tem uma definição rígida, onde os traços retos definem perfeitamente a perfeição. Mas que baboseira toda é essa que May estava vendo esse tempo todo no oriente? Aquilo que ela estava presenciando sim, era à definição correta para perfeição. Seu coração parecia estar acelerado, seus olhos estavam ardendo conforme os tufões tênues de ar batiam nos seus olhos, causando-lhe a sensação de seco por alguns segundos. E foi neste exato momento em que a primeira rachadura foi feita na casca que estava cobrindo o coração da loura.

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—Ok, vamos ver o mapa!—Disse Jen balançando o pergaminho. Os três estavam já dentro da floresta, tinham andado e andado e andando, mas pareciam não ter saído do local. — Estamos... Praticamente aqui! — Apontou para o desenho que parecia muito com o colégio. Jen foi a única que teve a audácia de olhar para trás enquanto eles partiam para frente. Ela queria ver como o seu mundo parecia sendo visto de outro totalmente diferente. — E o que estamos procurando está... Aqui! Ok, isso não ajudou em nada, ainda não sabemos como sair de dentro dessa floresta! Vamos morrer!

— Fique calma. Ainda temos o aparelho digital que também serve como mapa! — Kentin lembrou, pegando o aparelho que estava no bolso da jaqueta. — Agora só falta aprendermos a usar... — Ele começou a apertar os botões para ver no que daria. Ao apertar um deles, a tela começou a brilhar, aparecendo sua localização. Kentin afastou um pouco o local, do mesmo jeito que se faz para diminuir o zoom da tela em um celular, e começou a procurar pelo dragão naquele mapa. Eles estavam realmente, bem longe.

—Isso Kentin! — Comemorou Jen — agora nos mostre para qual lado devemos ir! — a menor estava empolgada e seus olhos brilhavam.

—Não posso — ele estava nervoso.

—Mas por que não?

—Eu não sei como fazer isso! — Rebateu.

Nós vamos morrer!—Jen já podia enxergar os três andando por muito tempo, até que seus cabelos e barbas crescessem, até que eles morressem atacados por algum animal, ou por falta de comida, hidratação e por vários outros possíveis jeitos de se morrer.

May, ao ver tamanha inutilidade de ambos, tomou o aparelho da mão de Kentin e apertou alguns botões específicos.

—Aqui. — Disse ela, as emoções em seu tom de voz estavam mortas, um tom rígido, como um tenente ranzinza. —Devemos ir para o norte. A bússola nos dirá exatamente aonde é.

Kentin e Jen beijariam e abraçariam May neste momento, caso ela não estivesse estranha. Kentin tomou o aparelho da mão da garota e foi andando na frente. Jen o acompanhou, dando pequenos pulinhos entre um passo e outro. May permaneceu para trás por alguns segundos, parada, observando-os sem compreendê-los.

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Um barulho estranho fez com que os três parassem de se mover. O barulho não parecia vir dos arredores, mas sim de um deles. Jen ainda procurava um possível local de onde poderia ter saído o barulho, porém May já sabia: “O gordo está com fome”.

—Me desculpem! — disse Ken, sem graça. — Acho que preciso parar para fazer uma boquinha. Só preciso me lembrar de aonde colocamos a comida...

—Que comida? — Perguntou Jen, com entonação.

— A que trouxemos...

— Mas nós não trouxemos comida. — Respondeu ela, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

As íris dos olhos de Ken quase deixaram de existir, dando local ao seu globo ocular. O garoto não podia entender o como ele mesmo tinha se esquecido de pegar comida.

—Nós vamos morrer! — Murmurou.

—Que nada! — Disse Jen, abanando as mãos — É só procurarmos o refeitório!

—Mas estamos fora da academia! — Protestou ele.

—E você acha que uma floresta não tem um refeitório com merendeiras e tudo mais? Todo lugar tem! — Exclamou Jen.

—Ah, ufa! — Disse ele, limpando a gotícula de suor que estava escorrendo no canto direito de sua testa. — Vamos logo para o refeitório da floresta!

May quase foi pega rindo da estupidez de ambos, mas preferiu adverte-los:

—Não existe refeitório em florestas. — O seu tom de voz, claro, ainda era rígido. — vocês são idiotas ou o quê? Aqui as coisas são diferentes. É cada um por si.

—Isso significa que eu vou ter que fazer meu próprio lanche? — Perguntou Kentin. May ia respondeu, quando ele continuou o seu raciocínio, cortando-a: — Isso significa que as merendeiras da floresta não fazem comida para todo mundo? — seu queixo foi ao chão. — MEU DEUS! Que pecado! O que elas pensam que são?

O sangue de May ferveu. “como alguém pode ser tão burro a esse ponto?”

—Deixe de ser idiota! Não quis dizer isso, gorducho. O que eu disse é que, se você quer comer, vai ter que recorrer às arvores. Procure por uma arvore frutífera que terá comida!

Alguns segundos de silêncio entre os três. É claro, eles ainda estranhavam o fato dela agora estar se comunicando com eles, mesmo que suas frases parecessem totalmente ignorantes para Kentin e desnecessário os insultos que ela usava, para Jen. Porém, nada disso estaria acontecendo se a casca não estivesse se desgastando.

—Ah sim! — May se sentiu aliviada. Finalmente o garoto tinha entendido. — Então eu só tenho que procurar às arvores, não é?

—Sim! — May estava começando a gostar do rumo da conversa. Ele só era um pouco lerdo para entender as coisas, não era tão burro assim.

—Então vamos procurar por uma arvore que nos dê hambúrguer! — Disse Ken. Jen gritou um “sim!”.

May caiu de cara no chão. Talvez eles fossem mais difíceis de aturar do que se pode imaginar.

+++

Kentin finalmente tinha matado quem estava lhe matando. E agora também entendia que hambúrguer não dava em arvore. Eles seguiam em direção ao norte e a florestava continuava do mesmo jeito que antes: toda colorida. Algumas plantas que podiam se encontrar por ali eram estranhas. Flores maiores do que deviam, arvores de outros biomas, animais estranhos se esgueirando entre a escuridão.

Pela posição do sol, qualquer especialista saberia que ainda não passava das 12AM, mas os três já pareciam ter andado por muito mais horas, porém o mais interessante é que nenhum deles se sentia tão cansado assim. Só os corpos que estavam soando devido à movimentação sem cessar.

—Já estamos chegando? — Perguntou Jen.

—Não. Acho que isso quebrou. Marca aqui que ainda estamos na floresta, ou seja: estamos totalmente longe do dragão! — Disse Ken revoltado: — isso é impossível! Nós andamos por horas.

—Mas nós ainda estamos na floresta! — disse Jen. — Precisamos sair dela o mais rápido possível!

Kentin abriu a boca para responder, mas tudo o que eles ouviram foi um rugido alto e amedrontador. O garoto, assustado com o que tinha acontecido, fechou sua boca rapidamente.

Jen estava olhando com os olhos grandes para Ken, pensando a mesma coisa que o garoto.

May sabia que o rugido não tinha vindo do garoto, mas sim de algum animal que devia estar por perto.

—Acho melhor sairmos daqui o mais rápido possível. — Disse ela, olhando sorrateiramente para os lados.

Quando eles começaram a correr, já era tarde demais. Deram de cara com um lobo-urso totalmente assustador, mostrando todos os seus afiados dentes para eles.

—Meu Deus! — Exclamou Jen, assustada com o tamanho do animal.

May também estava horrorizada! Nunca tinha visto um desses no oriente, já que lá os únicos animais que existiam estavam no zoológico e normalmente eram menores do que uma cadeira. O mais agressivo deles chamava-se: Cachorro.

O Lobo-Urso que estava na frente deles era realmente algo assustador, ainda mais com as presas a mostras. Seu tamanho podia lembrar facilmente um automóvel, seus olhos vermelhos estavam focados nos três alunos que ali estavam. Suas pernas eram bem musculosas e seu rabo balançava demais. As orelhas pontudas estavam para cima, demonstrando que ele estava atendo. Um pouco de saliva escorregava pelos dentes afiados, pingando no chão. O animal se pôs em pé, alcançando dois metros de altura facilmente. Em sua barriga era possível ver um “O” com uma coloração de pelo diferenciada do resto do corpo cinzento.

O animal continuou rosnando.

—Acho melhor nós nos dividirmos. — Falou Kentin.

Os três começaram a se distanciarem, mas sem muita pressa no que estavam fazendo, já que qualquer coisa poderia levar o animal a ataca-los.

—Que tal atacarmos? — Perguntou Jen. — Nós treinamos por dias!

—Isso é uma boa, mas não sei se resolve alguma coisa... Ele pode ser mais forte! — Rebateu Ken.

May ainda estava se sentindo ameaçada. Ela sentia que eles não tinham nenhuma possibilidade de vencer uma luta contra o animal. A melhor opção que eles tinham agora era correr, caso contrário, iriam servir de almoço.

Jen não se importou muito com as estatísticas sobre a situação atual. Mordeu o dedo, fazendo com que uma fina linha vermelha deixasse a sua pele. Através dela, seu poder começou a ser usado.

Com uma quantia pequena de sangue, Jen tentou “chicotear” o animal na cabeça, que mordeu brutalmente o chicote, fazendo com que o chicote fosse desfeito, mas não demorou muito para que ela voltasse com a ideia de continuasse tentando acertar-lhe um golpe que faria grande efeito.

May olhou para a garota, assustada.

—O que você pensa que está fazendo? — Sussurrou. — Nós vamos morrer.

Jen olhou para ela, com sarcasmo.

—Acho que aquela postura de durona era só fachada, não é? — Jen sorriu. Ela sabia que a amiga ainda estava ali. — Arrumar briga com dois garotos só para aparentar ser quem não é.

May se sentiu desafiada neste instante. A loura correu até o urso e lhe acertou um chute no rosto, fazendo com que ele tombasse para o lado, mas se não fosse pelo treinamento na sala onde a pressão era maior May não teria conseguido realizar este golpe com tamanha agilidade. Porém não foi o bastante.

O animal pôs-se de quatro e começou a avançar com velocidade em direção à loura. May concentrou uma quantia razoável de energia demoníaca em sua mão e lançou em direção à cabeça do animal, que sentiu o impacto ficando tonto por alguns segundos. Balançou a cabeça e voltou a correr. May não sabia mais o que fazia para afastar o animal. Correu para longe.

Jen e Ken foram atrás de ambos, Jen já com o sangue em mãos, pronta para atacar!

O animal tinha encurralado a May, estava rosnando para ela, andando em um semicírculo, já que ela estava no último pedaço de terra daquele local. Um passo a mais e ela estaria despencando para a morte. Jen tentou ajudar lançando o sangue sólido em direção ao animal, mas seu corpo parecia blindado. A lança sangrenta bateu e espatifou-se no chão. A intenção não era chamar a atenção da besta, mas foi exatamente isso o que aconteceu.

Todo o sangue que estava no chão foi utilizado para um novo ataque: ela criou um semicírculo em sua frente, com vários espinhos. Isso foi lançado feito uma nave espacial seguindo em frente. O animal ficou numa postura bípede e bateu sua grande pata no objeto, mudando o seu percurso.

De quatro novamente. Movimentando-se em direção à menor do grupo. Jen correu, mas não na mesma direção e sim na contrária. Em questão de segundos ambos tombariam. Era possível ver em seu semblante que ela estava levando a briga a sério, estava determinada a vencer. Assim que estavam mais próximos um do outro foi quando Jeniffer usou um pouco mais de sangue para se erguer e saltar sobre o corpo do animal, que passou como um míssil por ela, que estava no ar.

O animal continuou correndo furiosamente, agora na direção de Kentin que estava desesperado, pois não fazia ideia do que faria agora. Kentin olhou para o lado, mas não viu nada que lhe servisse como arma. Olhou para o outro e continuou na mesma. Ia ter que apelar para a sua mutação. Quando o animal estava bem próximo, Kentin desviou para o lado, fazendo com que o animal desse um balão e se voltasse para atacar o garoto novamente, mas Ken desviou novamente. Ambos começaram a dançar.

May não aguentava mais ficar sem fazer nada. Estava se sentindo inútil ao ver o garoto fraco fazendo mais do que ela mesma. Na palma de sua mão, as energias começaram a criar cor e forma, várias esferas minúsculas possuintes de uma cor roxeada começaram a se agrupar ali, criando uma esfera roxa que crescia a cada segundo. Assim que a esfera ficou do tamanho a uma bola de futebol, a loura gritou:

—Ei seu panaca! — E tanto Kentin, quando o animal, olharam. Ken entendeu o que aquilo significava então tratou de aproveitar o tempo de falta de atenção do rival para se afastar. O animal continuou olhando por alguns segundos para May, até que ele decidiu ir até ela. A esfera estava quase clamando para ser liberta, crescia num ritmo menos acelerado agora, parecia que, caso enchesse mais, iria estourar.

May lançou a esfera de energia em direção ao animal, que já estava próximo e com a boca aberta para uma grande mordida. Pôde ser ouvida uma pequena explosão, fumaça saia tanto da boca quanto da orelha do Lobo-Urso, que estava deitado no chão, mas não houve nem tempo para a sensação de alegria crescer e florescer no peito de um dos três. O animal logo se pôs de quatro, mostrando os dentes que estavam manchados de sangue que pingava no chão. O seu rosnado agora demonstrava o quão irritado ele se encontrava. Um passo dele para frente foi equivalente a um passo de May para trás. A sensação ameaçadora estava de volta, May já não sabia mais se continuaria viva depois disso, então começou a criar uma lista mental de pessoas que gostaria de ver no céu e também pediu desculpas aos queridos irmãos por ela não ter sido uma irmã como eles provavelmente desejariam que ela fosse.

Um uivo.

Kentin lembrou-se de quando dormiu em sala e Kim teve que gritar para acordá-lo. May ajoelhou-se e tapou os ouvidos com a mão, um ato totalmente inútil. Jen se sentiu fraca, tapou os ouvidos com a mão também, mesmo sabendo que isso não adiantaria em nada.

Ao finalizar o ato, o lobo continuou rosnando e indo, calmamente, em direção a May. A garota começou a se arrastar pelo chão, tentando se distanciar o mais rápido possível. Jen e Kentin estavam tontos, não que May também não estivesse, mas ela ainda reagia mais do que eles. Finalmente, o Lobo-Urso a encurralou. Mais trinta centímetros para trás e May iria despencar, mais trinta centímetros para frente e May iria virar comida para um Lobo-Urso voraz. Ela ainda poderia usar o seu poder, mas tudo foi tão rápido que não ouve tempo sequer para piscar: O animal foi para frente mais uma vez e ela foi para trás, aonde não existia mais terra firme. Seu corpo começou a descer, mas sua a mão conseguiu segurar levemente no último pedaço de terra. Seus dedos estavam escorregando. May olhou para baixo a tempo de ver o Urso se espatifar no chão e colorir a terra de vermelho, mas não houve tempo de olhar para cima, uma vez que seus dedos escorregaram e seu corpo voltou a cair.


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Notas finais do capítulo

Enfim, eu já estava ficando com saudades de postar aqui, tenho que admitir xD
Sabe, eu sinceramente vejo esse capítulo um pouco diferente dos outros, pois quis dar um tom mais leve para ele, exagerando no humor. Espero que você aprovem essa leve mudança, já que ela será utilizada às vezes para ficar algo mais descontraído.
(Gostaria de avisar que o próximo capítulo já está pronto e não irá atrasar!)
Bem, um abraço para você que leu até aqui!
E isso é tudo, pessoal!