Acordei pra lá do meio dia porque mal havia conseguido dormir durante a noite, e pelo incrível que pareça nao estava com ânimo para ir treinar, entao decidi passar o dia enfiada no apartamento.
Tateei o sofá em busca do meu celular quando este começou a tocar. O visor indicava que era meu pai.
Chamada On
– Filha?
– Quem mais seria?
– Olha o respeito comigo, Karina!
– Desculpa seu Gael, o que houve?
– Porque nao veio à academia hoje? Nunca falta, fiquei preocupado com voce
– Eu so estava cansada, nao dormi direito entao resolvi ficar em casa
– Tem certeza que foi isso? – Perguntou desconfiado
– Absoluta, por que?
– Por nada. Vou fazer um jantar à noite, quero que venha
– Jantar para...?
– Nada de importante. Tenho que desligar, beijo.
– Mas pai eu...
– Até a noite, Karina – Ele desligou
Chamada Off
Que saco! Detesto quando meu pai marca essas coisas e avisa de ultima hora.
O celular começou a tocar novamente, dessa vez era Bianca
Chamada On
– Fala, Bia
– K, voce vai ir hoje no papai?
– Eu nao sei
– Por quê?
– Porque é domingo, amanhã levanto cedo pra trabalhar
– Acho que vai ser algo importante
– Tipo?
– Sei la, mas ele convidou a Dandara
– Grande novidade, né Bianca?! E pior ainda, porque se a Dandara for com certeza vai arrastar o João junto e o João arrasta o bocó do Pedro. Ou pior, o próprio Gael deve ter chamado.
– E isso é ruim?
– Nao, não é ruim é pessimo!
– Olha... Eu vou levar o Du, João provavelmente vai levar a Fabi, e voces são super amigas, nem vai notar que ele vai estar la
– Claro que vou ele só sabe me encher o saco
– E voce só sabe encher o saco dele né, Karina? Por quê vocês nao param logo com a palhaçada e ficam juntos de uma vez?
– Ah meu Deus, era só o que me faltava! De novo essa historia?! Eu nao gosto do Pedro, e nao há e nem haverá nada nem ninguém nesse mundo que vai me fazer ficar com ele, entendeu? Ou quer que eu anote?
– Sua grossa! Eu so quero ver você feliz!
– Só vou ser feliz quando esse babaca for pra Marte!
– Ok Karina, ok. Mas pensa em como seu Gael vai ficar chateado se uma de nós duas nao formos. – Revirei os olhos com o drama
– Vou pensar
Chamada Off

Ainda eram quatro horas da tarde quando ouvi a campainha tocar. Pelo olho mágico vi que era Fabi entao abri a porta.
– Oi K
– Oi Fabi – Cumprimentei-a com um beijo na bochecha – Entra – Dei passagem e fechei a porta atrás de mim
– De pijama ainda amiga?
– Ah, é que eu nao saí hoje. Falando nisso, voce vai no jantar do meu pai? - Sentamos no sofá
– Vou, João disse que seu pai fez questão que eu fosse, então... E porque não foi na academia?
– Não estava bem. – Encostei na almofada
– Ta passando mal ainda?
– Nao, já melhorei. Só vomitei umas duas vezes durante a noite e não consegui dormir direito devido ao mal estar, por isso levantei cansada e não fui treinar
– Mas será que você nao pegou alguma virose? Ou algo parecido?
– Não tenho ideia mas como eu disse ja to bem, então nao importa.
Ficamos conversando durante o restante da tarde e fomos juntas para a casa do meu pai.
Chegando lá estava apenas minha irmã e Duca. Mas logo em seguida Dandara chegou sozinha, mas logo apareceram João e Pedro.
Ficou me provocando o jantar inteiro e eu estava quase para dar um tiro na cabeça daquele idiota.
– Quem vai querer sobremesa? – Meu pai chamou a atençao de todos
"Eu!" Ouvi um coral de vozes
– O que é pai? – Perguntei
– Mousse de maracujá com chocolate – Meus olhos brilharam e minha boca salivou - Bete deixou prontinho na geladeira, eu vou pegar – Ele saiu da mesa e pegou a travessa do doce na geladeira e Dandara ajudou com as taças e colheres.
Todo mundo atacou o doce como se fosse – e era – uma das melhores coisas do mundo.
Estava tudo ocorrendo perfeitamente até meu querido organismo resolver dar piti de novo so que dessa vez acompanhado de uma bela tontura que quase me fez cair da cadeira e todo mundo assustou eu diria que foi engraçado
– Ai - Coloquei a mão na cabeça e comprimi os olhos
– K voce ta bem? – Bianca perguntou
– E-Eu to, foi só um pequeno desconforto nada de m...– Senti uma vontade enorme de vomitar e corri pro banheiro, botando tudo pra fora. Maldito mousse! Nunca mais vou comer essa porcaria. Fiquei ali por alguns minutos e enxaguei a boca com um antisséptico bucal que tinha ali em cima da bancada da pia.
Quando voltei estavam todos na sala aflitos me perguntando se eu estava bem.
– Eu acho que o mousse nao me caiu bem
– Filha você está soando! Não é melhor ir para um hospital?
– Nao, ja to bem e tambem é tarde tenho que ir pra casa
– Se quiser te dou uma carona, esquentadinha – Pedro se pronunciou
– Eu vou de táxi.
– Não, nao vai.– Meu pai disse – Ou pega carona com ele ou fica aqui

"URGH" Berrei e saí batendo a porta. Logo atrás de mim apareceu Pedro rindo.
– Que foi, moleque?!
– Você é hilária, sabia? - Encostou na parede e cruzou os braços.
– Tá me achando com cara de palhaça?
– Eu diria que quase - Revirei os olhos
– Você é um criança mesmo! Me leva embora logo, vai.
– Ta com pressa?
– Muita
– Então vai a pé!
– O QUÊ?! Olha eu vou acabar com a tua raça – Fui pra cima dele aplicando um clinch
– Ai, ai garota – Antes que eu pudesse dar continuaçao eu senti um mal estar e meu corpo ficou mole, acabei me apoiando com os braços entrelaçados em seu pescoço e ele me segurou – karina? – Demorei uns segundos pra me recompor e me soltei dele
– Ta vendo o que você fez? Eu quase desmaiei seu filho de uma mãe! – Soltei irritada e ele estava serio eu diria que com uma leve preocupação nos olhos, mas tudo bem eu estava enxergando mal.
– Vem – Me guiou até seu carro e fomos seguindo caminho ouvindo o som do rádio que tocava maroon 5.
– Esse não é o caminho pra minha casa – Quebrei o silencio
– Eu sei – Falou sem dar importância e começou a cantarolar a musica e eu continuei o olhando e arqueei uma das sobrancelhas esperando respostas ate que ele se tocou
– Estou te levando para o meu apartamento
– O quê? Não, de jeito nenhum não vou pra sua casa
– Vai sim. Não pode ficar sozinha passando mal desse jeito.
– Eu to bem, to ótima!
– Ta bem o cacete Karina, quase desmaiou há dez minutos
– Pedro para de graça e me leva pra droga do meu apartamento! – Eu ja estava gritando
– Pode gritar, chorar, espernear, me bater, o que quiser.
– Com coisa que eu iria chorar na sua frente. E também eu tenho que trabalhar, sabia?
– Trabalho no mesmo lugar que você
– Eu preciso de roupas! Ou vai querer me emprestar também?
– Se fosse há uns três anos eu até emprestaria – Respondeu sacaneando e eu me calei
– Foi mal
– Cala a boca
– Karina...
– Só fica quieto – Ele voltou sua atenção para o transito depois de poucos minutos chegamos ao seu prédio. Pegamos o elevador em silêncio e avistei a pequena câmera no canto superior e fiquei incomodada lembrando as cenas que alguém um dia viu.
As portas da caixa metálica foram abertas e fiquei de braços cruzados esperando Pedro destrancar a porta.
– Pode ficar no quarto, eu me viro no sofá
– Nem começa com esse lance de cavalheirismo, eu fico no sofá
– Não é cavalheirismo, é só que se você dormir no sofá vai piorar sua situação
– A casa é sua, a hóspede sou eu.
– Ou seja eu que decido – Ele disse
– Mas eu não vou deixar você aí
– Isso é um convite para eu dormir com você? – Um sorrisinho malicioso brotou em seu lábios
– Quer saber se vira, tchau – Dei as costas e saí andando para o seu quarto
– Posso pelo menos pegar meu edredom?
– Não.
– Já sei, quer dormir sentindo meu cheirinho, né?
– Ih, se toca garoto!
– Tocar, tá ai uma boa ideia já que fui expulso do meu próprio quarto
– Nem pensar, eu tô cansada, com sono e quero dormir. E a propósito, foi você quem se expulsou.
– Ok. Boa noite esquentadinha
– Boa noite mané – Entrei em seu quarto e fechei a porta, mas fiquei ali parada feito uma estátua observando.