República escrita por Larissa Gomes


Capítulo 8
Perdendo o controle


Notas iniciais do capítulo

Minhas flores o capítulo 8 está pronto! rs
Deu um pouco de trabalho, poi ficou meio longo (tenho um sério problema com isso).rs
Espero que gostem! Beeeijos, e mais uma vez, muito obrigada pelo carinho!
Boa leitura!



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– Ah, Gina! Não me peça uma posição! – Juliana dizia andando de um lado para o outro no quarto da amiga. – Ele foi errado em dizer aquilo para você, eu concordo... Mas daí pra você partir para agressão física... Você também não é a mais correta da estória não...

Gina estava sentada em sua cama, olhava para o tapete de seu quarto. Ah, aquele tapete.

– E além do mais Gina – A amiga de cabelos róseos prosseguia após uma pausa – Depois do belo entendimento que vocês tiveram ontem à noite, como você me disse, eu acho que os dois estão sendo infantis! Voltando à estaca zero!

– Ara Juliana, eu até que tava me acostumando em ser colega dele... mas aquele um não tem jeito! – Ela olhava com braveza para Juliana – Fica se fazendo de homem, sempre querendo ter razão!

– Ora minha cara, se isso é fazer-se de homem, você também se faz a todo o momento. – Juliana era crítica. – E o Ferdinando, Gina, é um homem. Um belo homem, se você quer saber. – Ela passava a empregar na voz um tom mais provocativo.

– O que você quer dizer como isso Juliana?! – Gina percebera a mudança na voz da amiga.

– Olha... eu soube que ele convidou alguns amigos, para a festa de hoje...

– E eu com isso?! – Gina cruzou os braços e encarou Juliana, fingindo-se de despreocupada.

– Nada amiga você não tem nada com isso na verdade. Quem tem é a Maia. – Ela terminou a frase gesticulando arrogantemente com a cabeça. Viu os olhos de Gina estamparem receio.

– Quem é essa?! – Gina tentava fingir desinteresse, mas Juliana percebeu que até a voz da amiga estava diferente.

– Ora, ninguém, apenas uma antiga amizade colorida do Nando. – Ela se virou de costas ao dizer, fingindo achar a informação passada relevante.

Gina respirou com dificuldade. Piscou várias vezes em sequencia. Aquilo doeu. Imaginar Ferdinando sendo mais que amigo de outra mulher, doeu. Muito. Ela engoliu em seco.

Deu um logo suspiro, e se levantou determinada, puxando Juliana para frente à ela, pelo ombro.

– Juliana, você pode... não sei... me deixar diferente hoje?! – Ela perguntava como quem não sabia explicar o desejo que tinha.

– Como assim Gina?!

– Eu quero que você me arrume, use aqueles negócios de maquiar sabe?! – Ela gesticulava de maneira engraçada com as mãos. – Eu não sei passar essas coisas Juliana.

– Ora ora ora! Mas claro que sim minha amiga! – Juliana já estava com os olhinhos mais animados do mundo ao imaginar o que poderia fazer. – Eu sempre quis te ver assim... Mais mulher, sabe Gina?!

– Então pronto. Agente faz a vontade das duas! – Gina dizia selando o combinado.

[...]

Juliana e Renato já haviam terminado a organização da casa, bem como comprado os quitutes, bebidas, e escolhido a playlist da noite.

Ferdinando, por sua vez, não havia saído do quarto a tarde toda. Estava bolando secretamente um plano para fazer Gina se arrepender de não tê-lo escutado sobre o tal rapaz. Não era uma boa ideia. Ele, no fundo, sabia. Mas seu orgulho estava ferido. Ferdinando Napoleão era tão orgulhoso quanto a senhorita Falcão. Não podia deixar por menos. Não iria deixar por menos.

– Gina?! – Juliana batia na porta da amiga.

– Entre Juliana.

Quando a moça abriu a porta quase não reconhecia à amiga.

Com um vestido justo, tomara que caia e azul marinho, que ia até pouco acima do joelho, Gina tentava se equilibrar no pequeno (não para ela) salto da delicada sandália preta.

– U-A-U ! – Juliana analisava o look da amiga boquiaberta. - Gina, você está deslumbrante! Que roupa é esta?!

– Ara Juliana, não fala assim que eu fico com vergonha! – Gina dizia encabulada, olhando a amiga através do reflexo no espelho. - Essa roupa eu ganhei da mãe faz um tempo. Ela sempre disse que apesar de eu não gostar, podia precisar usar vestido e sandália um dia. E tava certa, num é?! – Ela sorria envergonhada.

– Sim, estava sim! Bem como este vestido em você. Caiu certíssimo, perfeitamente. – Os olhos de Juliana brilhavam. – Bom, eu estou pronta. E o pessoal vai começar a chegar... O que faremos em você?!

– Ara eu não sei Juliana, pode escolher tudo aí! – Gina falava apontando para a pequena bolsinha que Juliana trazia nas mãos.

– Está bem. Então coloque a cadeira de costas para o espelho, e me deixe lhe fazer uma surpresa.

[...]

A sala com o sofá ao centro estava acolhedora, rodeada de bandejas, depositada nas mesinhas de centro e de flores, que decoravam o ambiente. A luz do local era agradável, Renato havia colocado uma lâmpada mais escura, que deixava tudo mais acolhedor. Uma música agradável tocava ao fundo. E a geladeira, claro... Abastecida. Refrigerante, vinho, tequila, cerveja e vários outros derivados.

Estava tudo pronto, quando a campanhia tocou.

– Juliana, Gina, Ferdinando! – Renato convidava os amigos a descer para receber os visitantes.

– Já estamos descendo! – Juliana Respondeu.

Ferdinando abriu a porta de seu quarto, e ao sair, se deparou com Juliana, bela como sempre, saindo do quarto de Gina.

– Ora meu amigo doutor! Como está elegante. – Ela elogiava, tendo em vista que o mesmo estava com uma cara um pouco triste.

Ele estava com uma calça jeans vinho, sapatos creme que combinavam com a mesma cor do blazer. Por baixo, ele tinha uma camisa clara, um pouco estampada, mas bastante escondida pela peça acima. Os dreads bem amarrados.

– Ara, imagina Juliana, linda está você neste vestido preto. – Ele a pegou pela mão e girou. – Meu amigo vai ter sorte de lhe ter como companhia. Ele riu castamente.

Assim que terminou a fala, agradeceu, pois nos segundos adiante, perdeu a voz.

Gina surgiu na porta do quarto com aquele vestido que a desenhava mais que perfeitamente, com o belo colo e pernas aparentes. Os cabelos com apenas metade preso atrás, formavam uma gloriosa cascata rubra caindo por seus ombros e costas. E aquela mecha, bem aquela, ainda caindo teimosamente por sua face, fazendo-a colocar com as delicadas mãos atrás da orelha direita, em um movimento extremamente envolvente. Seus olhos delicadamente iluminados pela pouca, mas encantadora maquiagem prateada. E os lábios. “Deus” Ferdinando pensou ao reparar, rubros, ainda mais que os cabelos dela.

Ele estava paralisando, admirando a “visão” que ela concretizava á sua frente. Nunca havia a visto assim, tão mulher. Espetacular. Não menos.

Ela olhava para baixo ao sair, mas ao levantar o olhar lentamente, ficou tanto ou mais paralisada do que ele, ao observar aquele belo homem como Juliana havia dito mais cedo. “E de fato, ele está muito belo” Gina, secretamente, pensava.

– Eu não vou chamá-los novamente, oras! – Renato gritava mais uma vez.

Ambos voltaram do choque e disfarçaram, tentando olhar para qualquer lado que não fosse o do outro. Juliana percebeu tudo, penalizada. Parece que já pressentia as besteiras que seriam feitas.

Desceram as escadas e cumprimentaram os convidados que chegavam. Só Juliana e Renato, haviam convidado em torno de vinte pessoas. A meia dúzia de amigos de Ferdinando, incluindo Maia, já havia chego. Todos conversavam animadamente, até mesmo Gina ao perceber que Ferdinando não se comportava de nenhum modo especial com a bela convidada morena ao seu lado.

Por um momento, Gina pensou que Cadu não viria. – Talvez alguma coisa tenha acontecido... – Ela pensava alto.

Entretanto, alguns minutos mais tarde, o galanteador rapaz loiro, em vestes alinhadas e pretas chegou, com uma linda rosa vermelha nas mãos. Parou na porta e procurava por Gina, passeando o local com os olhos. Quando Gina o viu, soltou um breve chamado.

– Cadu! – Ela deu um largo sorriso, indo animadamente na direção do rapaz.

Ao ouvir a voz de Gina chamando por aquele nome Ferdinando gelou. Seu coração e estômago tornaram-se uma só bola de desespero. Um frio na espinha. Tal situação piorou ainda mais, quando ele pode ver por entre os amigos à sua frente, o tal rapaz entregar à Gina uma rosa vermelha. Da forma mais galanteadora possível. Ferdinando tornou-se ódio. “Aquele filho de uma p#%@!” Ele pensava ao ver se tornar clara e certa sua hipótese de que Cadu estava claramente querendo “conquistar” Gina.

– Maia, eu preciso de sua ajuda. – A voz de Ferdinando era desesperada ao cochichar no ouvido da amiga. – [...], pois bem minha amiga, por favor, diga que topa!

– Ora Ferdinando, que coisa mais juvenil! – A moça ria do amigo, mas percebeu seu desespero. – Mas está bem, venha! – Ela o puxou pela mão.

Foram ficar na frente de Gina e seu amigo. Gina estava encostada na parede do canto da sala, conversando animadamente com o rapaz bem a sua frente. “Esse riso é meu” Ferdinando pensava com o coração apertado ao vê-la assim, feliz na companhia de outro. Não conseguia parar de fitá-la.

– Ferdinando, assim vai dar na cara! – Maia dizia puxando o queixo do engenheiro para encontrar seu olhar. – Ao menos finja também se divertir!

Ferdinando entendeu, abraçou a amiga pela cintura, e começou a rir abertamente sobre nada. Mas Gina não sabia disso. Ao ver Ferdinando atrás de Cadu, abraçado com a tal, de maneira tão... tão íntima, sentiu-se mal. Sentiu-se péssima. Algo em seu peito apertava, ela não conseguia mais ouvir, apenas consentia as palavras do amigo, balançando a cabeça. Ela estava mal. Cadu percebeu.

– Gina...? – Ele dizia preocupado – Você está bem? Ficou estranha de repente.

– Não...não é nada, ela disse lhe voltando o olhar e pensamentos que estavam distantes. – Eu vou buscar algo pra gente, tá bem ?!

– Tudo bem. – Ele aceitou – Quer ajuda?!

– Não, vou rápido. – Ela disse já andando em direção à cozinha.

Ao perceber Gina sair sozinha, Ferdinando tentou, mas não resistiu, pediu licença para a amiga e foi de encontro à ruiva. Ao chegar à cozinha percebeu que a ruiva voltava com dois copos de bebida alcoólica nas mãos.

Encontraram-se de frente.

– Ora essa Gina. – Ele dizia irônico – Não sabia que bebia. - Era ríspido agora.

– Eu não lhe devo explicações. – Ela respondeu em um tom ainda pior. Já voltando a andar.

Ou tentando.

– Gina! Eu sei que você não bebe. Se tem suco e refrigerante aqui é por sua causa! – Ele a segurou pelo braço. Fazendo seus olhares se cruzarem.

– Pois me deu vontade! – Ela mudou o tom para uma provocação acentuada, erguendo o arrogante queixo. – Hoje eu estou assim, fazendo o que me dá vontade... – Ela soltou seu braço e saiu em direção à sala, andando de uma maneira tentadora, rebolando, que não era dela, dando um malicioso riso ao perceber o ciúme que estava consumindo Ferdinando.

– Aqui está Cadu! – Gina serviu com um largo sorriso a bebida ao rapaz.

– Agora sim! –Ele deu um gole.

Voltaram a conversar de uma maneira ainda mais animada, entre outros e mais outros copos de bebida.

Ferdinando assistia a tudo aquilo enojado. Não estava demonstrando, tentava entre abraços e risos altos fingir que não se importava. Mas a cada vez que via Gina rir ainda mais alto que ele ( e o pior, rindo de verdade), alterada claramente, por conta da bebida, seu coração apertava. Ela nem o olhava mais. Estava perdida em devaneios e no charme que o “amigo” lhe jogava.

Juliana olhava apreensiva. Nada podia fazer. Sabia que Gina nunca havia bebido e devia parar, mas a amiga era maior de idade, não tinha esse direito.

Quando Cadu cochichou ao ouvido da ruiva, Ferdinando sentiu seu corpo todo gelar. Ela sorriu. Foi pior. O engenheiro não sabia mais quem era ou onde estava. A pouca bebida que havia tomado agora lhe subia para a mente, embaçando-lhe a razão de seus pensamentos.

O caos veio em seguida.

Ao ver Gina completamente boba, correspondendo a seus galanteios, Cadu a agarrou pela cintura. Colou-a em seu corpo. Tentou um beijo, e ela desviou rindo da situação.

“Ela está rindo, ao invés de se soltar!” a ira de Ferdinando chegou ao ápice com tal constatação. As mãos de outro acariciando o corpo dela, ela mole, entregue a ele, rindo, sorrindo e nada impedindo. Ferdinando enlouqueceu.

Pegou Maia pela nuca e lhe beijou de forma suplicante.

A roda de amigos em que estavam começou a gritar pela ousadia do rapaz. Tais gritos despertaram a atenção de todos para o casal que se afogava em um beijo intenso, inclusiva a de Gina.

Ao verificar, ainda que turvamente, do que se tratava, Gina se soltou das mãos de se amigo. Levou as mãos à cabeça, que girava. Não podia acreditar no que acontecia bem ali, na sua frente. Era demais. Seu corpo ela não sentia, não se certificava nem mais de estar respirando. Estava apenas ali. Observando a cena que a apunhalava de forma visceral.

O beijo cessou. Ferdinando e a amiga se recompuseram. Maia riu. Sabia o motivo. Ferdinando apenas olhou para Gina, queria certifica-se de que ela havia visto. Mas se arrependeu logo. Observou o par de olhos intensos, que marejados, para ele olhavam com apenas um sentimento descrito: decepção.

[...]

– Gina! Gina volte aqui! – Ferdinando corria atrás da ruiva que havia corrido para o jardim, sem saber o que fazer após a cena.

– Ferdinando sai de perto de mim! Me deixa em paz. – Ela gritava enquanto corria incerta e zonza em direção ao canto escuro, próximo ao muro, para se esconder entre os pinheiros.

– Gina, por favor, me deixe falar como você! – Ferdinando também estava zonzo. Não tanto pela bebida, mas pelo olhar que ela havia lhe lançado. Ele se sentiu a pior pessoa do mundo. Sujo.

Gina sentou-se ao pé do pinheiro dobrando seus joelhos, abraçando-os e escondendo a cabeça neles. Queria sumir. Desaparecer. O que quer que fosse.

– Gina... – a voz de Ferdinando começava a ficar presa pelo choro a caminho. – Gina olha pra mim. – Ele se agachou de frente a ela, sem ter coragem de tocá-la.

Ela lhe lançou um olhar choroso, porém, de fúria.

– O que você quer Ferdinando?! – Ela falou em um tom que beirava a uma súplica. – Eu nem sei por que você está aqui. Eu não posso sair pra respirar um pouco?! – Ela tentava esconder, os olhos estavam marejados ainda.

– Gina eu quero lhe pedir perdão. – Ele foi direto, com o olhar preso ao dela.

– E porque?! – Ela ainda não notara que aquilo, de se fazer de boba, não estava adiantando.

– Você sabe o porque Gina...- Ele se sentou ao seu lado. Ela se afastou. – Eu não queria ter beijado a Maia...

– E o que eu tenho a ver com isso?! – Gina estava zonza, e ouvir Ferdinando falar o nome “daquela uma”, fez uma dor estrondosa surgir em sua cabeça. Ela tentava ter a voz firme, mas já estava vacilante.

– Tem Gina, que eu só beijei ela por nervoso, desespero! – Ele soltava, aliviado por contar. – Eu não sabia mais o que fazer com o ciúme que me invadiu quando vi aquele um com as mãos em você....- Ele abaixou o olhar para tomar coragem. Queria lhe contar. – Gina... – Ele ergueu novamente os olhos, encontrou com os dela, apoiados chorosos, de lado nos joelhos dobrados. – Gina...Ora essa, eu estou apaixonado por você.

Ele, sentiu alívio.

Ela, sentiu medo.

O susto pelas palavras ditas fez Gina se levantar. Ela queria andar. Respirar. Mas não conseguiu. Levantou e se desequilibrou, apoiando-se no tronco do pinheiro.

–Gina?! – Ferdinando a segurou pela cintura, desesperado.

– Você... Você me solta Nando! – “Nando...” Ele sorriu, apesar de estar assustado.

– Ora essa Gina, depois do que eu lhe disse agora agente precisa conversar! – Ele foi duro. Queria resolver.

– Nando, eu não consigo ficar de pé, minha cabeça está girando demais. – Ela soltava atrapalhando as palavras. Estava bêbada.

– Tudo bem minha cara. Nós vamos ao me quarto, você se acalma e agente conversa. – Ele impôs.

Ferdinando a pegou no colo, e voltou para dentro da casa, pela entrada dos fundos. Subiu sorrateiramente as escadas, para não ser notado. Agradeceu pela baixa iluminação do ambiente.

[...]

Quando Ferdinando chegou em seu quarto, colocou a ruiva em sua cama. Acendeu apenas o abajur do criado mudo e a observou fitá-lo. Assim, deitada, vestida de maneira tão sensual, olhando para ele, o rapaz não conseguia afastar os pensamentos de tê-la em suas mãos. Pensamentos estes, que ele em seguida tornaria realidade.


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Notas finais do capítulo

Bom, no próximo já sabem! Fortes emoções! rs
Beeeijos!