A Sombra e a Escuridão escrita por Cris Turner


Capítulo 19
Epílogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/53752/chapter/19

Epílogo

A música era alta e barulhenta – algum tipo de rock clássico, talvez Queen. E isso contrastava absurdamente com as roupas elegantes que todos usavam. Contudo, se todo o conjunto fosse observado, era possível encontrar o encaixe perfeito entre tudo – adolescentes. Formatura.

Nossa formatura.

Enquanto os borrões de luz e cor passavam por mim, eu refletia em como esse dia era significativo. Quem nunca esperou o dia da formatura para se ver livre da escola?! Toda aquela pressão e provas – e química – iriam embora para sempre quando eu tivesse meu baile de formatura no High School. Eu iria para a faculdade de direito estudar o que eu realmente gostava. Contudo, meus planos foram destruídos no momento em que coloquei meus olhos naqueles cabelos acobreados... há quase três anos. Naquele dia eu soube que tudo havia mudado. E quando eu descobri que Edward era um vampiro... eu soube que nada nunca seria como eu havia planejado.

Isso doía.

 Mas isso fazia parte de ser adulta, não? Ter que tomar decisões dolorosas. Eu perderia meus amigos e família... isso era o que mais doía. Eu sabia que de um jeito ou de outro eu acabaria perdendo contato com eles. Se não me transformasse em vampiro, mesmo assim, eu me afastaria deles para construir minha própria família. A diferença era que, como vampiro, isso aconteceria muito mais rápido.

Apesar de todos os contras, eu não mudaria minha decisão. Doeria muito mais sequer pensar em voltar à um mundo sem meu amor. Acredite, eu sei como é essa experiência. Imagino que seja bem parecida com uma faca cega tentando picar seu coração em pedaço: excruciante, lento e – depois de um tempo de tortura – você chega a desejar a escuridão da morte.

Eu não sobreviveria a isso. Não outra vez.

Suspirei e alisei um meu vestido roxo só para ter o que fazer com as mãos, as quais estavam um pouco tremulas.

Eu tinha que parar de pensar nesse tipo de coisa. Remexer o problema não traria solução.

- Por que a careta? Nós estamos na nossa formatura! – Brooke surgiu ao meu lado, estonteante em um vestido lilás, segurando dois copos de uma bebida rosa – Aqui, beba isso. É divino. – empurrou um copo em minhas mãos.

- Você está bêbada? – arqueei a sobrancelha.

- Claro que não. Por que eu estaria bêbada? - franziu o cenho – Só porque EU FUI ACEITA EM HARVARD?! – berrou.

Ela não estava alcoolizada, só extremamente feliz. Sorri. Eu estava tão orgulhosa dela. Aliás, deles...

- OU TALVEZ PORQUE LUKE TAMBÉM FOI ACEITO EM HARVARD?!

Os dois receberam a carta de admissão há poucos dias. A morena faria direito – e seria brilhante em qualquer área que escolhesse atuar. Não digo isso porque ela é minha melhor amiga desde sempre, mas devido ao fato de que a única vez em que a vi perder uma discussão foi contra Edward depois do acidente de Jack. Já Luke faria administração de empresa.

Eu fui a primeira pessoa a quem eles contaram sobre a admissão.

- Hey! Cadê o garoto-maravilha? – perguntei, provando a bebida.

Era adocicada, mas dava para sentir a vodka no meio. Era deliciosa.

- Foi procurar meu cunhado. Cadê o Cullen?

Revirei os olhos. A relação entre os dois havia melhorado, mas a morena nunca voltaria a tratá-lo pelo primeiro nome.

- Foi procurar minha cunhada.

- Fomos abandonadas?! – riu.

- Acho que sim.

- Então somos três. – uma voz desconhecida comentou.

Brooke e eu nos viramos, encontrando uma bonita loira em um vestido verde, o qual combina perfeitamente com seus olhos.

- Desculpe. Eu pensei alto. Não queria me intrometer ou ouvir a conversa de vocês. – retorceu as mãos. – Desculpe. – pareceu envergonhada.

- Tudo bem. Não tem problema. – sorri.

- É. – a morena concordou – Desculpe, mas eu nunca a vi por aqui.

- Sou Dianna Agron. Moro em Port Angeles. Estou aqui com meu namorado. – estendeu a mão. – O qual sumiu para ir ao banheiro. – franziu o cenho.

- Sou Isabella Cullen. - cumprimentei-a, apertando sua mão.

- Brooke Scott. – minha melhor amiga falou, repetindo meu gesto.

- Scott? – estranhou – Chad nunca me disse que tinha uma irmã. É prima dele?

Ela estava prestes a responder quando a loira exclamou:

- Mas ele sempre fala sobre a cunhada Brooke. Você... – encarou a mão esquerda dela, vendo o brilho dourado cintilar. – Você... vocês casaram! – parecia chocada. – Você está grávida?

Broo riu da pergunta indiscreta. A garota era fofa, parecia fazer a pergunta na maior inocência do mundo.

- Não. Eu não estou grávida.

- Então, por que... Espera! – desviou sua atenção para mim – Bella Swan?

Acenei com a cabeça. O queixo dela atingiu o chão quando ela bateu o olho sobre a minha aliança de casamento.

- Esse era meu nome de solteira. E não, eu não estou grávida. – sorri.

- Por que então? Não faz sentido algum! Vocês são novas, lindas e... – tapou a boca com as mãos – Meu Deus! Desculpe. – continuou depois de um momento – Eu não tenho direito nenhum de fazer esse tipo de pergunta. Vocês não têm que responder. Você nem me conhecem.  Desculpe. Como eu sou indelicada! – estava horrorizada com a própria falta de tato.

- Relaxa. Está tudo bem. – tranqüilizei-a – Nós já passamos por esse interrogatório quando decidimos contar aos nossos pais sobre o casamento. Não é como se você fosse a única a considerar a “possibilidade gravidez” ao saber da notícia.

- E não tem problema você perguntar. Se você for a mesma Dianna Agron que tem deixado o Chad nas nuvens há semanas, é bem provável que nos tornemos amigas.

Abri um sorriso.

- Não há nada de obscuro a respeito dos nossos casamentos. – comecei.

- Desde criança nós prometemos que uma seria a madrinha do casamento da outra quando achássemos nossos príncipes encantados. – a morena continuou – Nós os encontramos. – parou, olhando para o nada com um ar sonhador.

- Mas de repente nós percebemos que iríamos para lados diferentes do país. Brooke e Lucas vão para Harvard. Edward e eu vamos para a Universidade do Alasca. Demoraria tempo demais para nos reencontramos. E Edward já havia me feito o pedido. Nós não queríamos um noivado longo... e cinco anos de noivado seria muito longo. É claro que pedi para Brooke ser a minha madrinha. Então metade da nossa promessa já estava cumprida.

E Alice havia ficado bem chateada quando descobriu que não seria minha madrinha. Minha cunhada ainda estava superando esse fato.

- Só que faltava a minha parte da promessa. – me interrompeu – E seria muito ruim esperar ainda mais tempo para cumpri-la, afinal, nós já esperávamos há catorze anos. Então, talvez eu tenha dado umas dicas ao meu amor sobre o que eu queria da vida. Achei que ele não estava entendo essas minhas dicas até que uma noite ele apareceu na porta da minha casa e disse: “Eu estava esperando a noite da formatura para lhe fazer uma surpresa. Mas você não pode esperar, não é? Você é impaciente e mandona. Porém, se esperasse para que eu fizesse a minha parte, você não seria a mulher que eu amo e com quem eu quero passar o resto da minha vida. Você não precisa me dar dicas, Brooke. Eu venho planejando esse momento desde o começo do ano. É, devo dizer, não era nada do que eu estava esperando. Nada de flores e champanhe. Mas foi porque eu descobri que não preciso de nada disso. Nada dessas coisas materiais importa agora. Eu só preciso que você saiba o quanto eu te amo e o quanto você significa para mim. Então, esse é um momento tão bom quanto a noite da formatura - com flores e velas - seria.” – ela estava a beira das lágrimas – Então ele se ajoelhou e falou “Brooke Davis, você quer se casar comigo?” Foi o momento mais lindo da minha vida. Cada parte dele vai viver para sempre aqui. – colocou a mão sobre o peito.

Essa era provavelmente a milésima vez que a ouvia relatar esse acontecimento. E também era a milésima vez que eu o achava lindo.

- Isso foi tão lindo! – a loira suspirou.

- Foi mesmo. – concordou.

- É. Principalmente a parte do “impaciente e mandona”. – brinquei.

- Você ouviu o “se esperasse para que eu fizesse a minha parte, você não seria a mulher que eu amo”? – fez um careta.

- É. E isso anula o “impaciente e mandona”, não é, Scott? – tomei um gole da bebida rósea, disfarçando um sorriso.

- É claro que anula, Cullen. – seus olhos faiscaram, divertidos.

Meu sorriso se alargou. Eu adorava ouvir meu nome sobrenome. Estava prestes a rebater quando Diana comentou:

- Vocês são exatamente como Chad disse que eram.

Franzi o cenho e percebi que Brooke fazia o mesmo.

- E como ele disse que nós somos?

- Pessoas maravilhosas. – respondeu sorrindo - E as melhores amigas que alguém poderia ter.

Senti meus olhos ficarem marejados de emoção.

- Chad disse isso? – a voz da morena estava pastosa.

- Eu disse o quê? – ele apareceu – Vejo que já conheceu duas das mulheres da minha vida. – comentou para a Agron.

Brooke e eu trocamos um olhar cúmplice antes de nos jogarmos nos braços de Chad que cambaleou um pouco com o impacto repentino.

- Nós também te amamos, Chad.

- Muito, muito, cunhadinho.

Por certo, ele devia estar bastante confuso, mas mesmo assim nos abraçou de volta, sussurrando que nos amava também.

- Hey! Largue minha mulher! –uma voz conhecida exclamou.

- Não. Ela é toda minha. As duas são minhas! – Chad brincou, nos segurando mais forte.

Senti braços firmes e familiares me puxarem delicadamente para trás, vi que algo bem parecido acontecia com minha melhor amiga também. Senti Edward me abraçar por trás.

- Essas já são muito bem comprometidas, vá arrumar uma para você, Scott. - meu marido resmungou, brincando.

Os irmãos Scott e Edward eram quase amigos agora. É claro que eles só começaram a conversar depois dos meus amigos ameaçarem matá-lo da maneira mais dolorosa possível se ele sequer pensasse em me “sacanear” novamente.

- Tudo bem, Cullen. Fique com essa. – deu de ombros – Eu vou ficar com essa aqui. Ela até mesmo já tem meu sobrenome.

Edward e eu rimos ao ver Chad puxando Brooke de volta para ele.

- Já mandei você tirar as mãos da minha mulher. Ela é a minha Scott. – Luke recuperou sua esposa. – Vá procurar uma para você.

- Eu já encontrei a minha garota.

Chad puxou Diana, que até então estava em segundo plano, nos olhando divertida.

- Pessoal, essa é Diana Agron, minha namorada. – passou o braço pela cintura dela ao falar com orgulho. – Amor, esse são Brooke e Lucas Scott. – apontou – E Isabella e Edward Cullen.

Ela cumprimentou Luke e Edward. Chad me olhou, com expectativa e eu respondi com um sorrisinho e uma piscadela, dizendo assim, sem nenhuma palavra, que aprovava a garota e que a considerava uma boa pessoa. O sorriso dele aumentou e ele suspirou, aliviado.

- Agora vamos ter um pouco de música lenta para os nossos casais. – a voz de Eric soou por todo salão.

- Vamos dançar, amor! – Brooke tomou mais um gole de sua bebida e puxou Luke pela mão até a pista de dança.

- Até mais, gente. – Luke gritou, olhando para trás.

- Acho que nós vamos fazer isso também. – Chad falou rindo.

- Foi um prazer conhecê-los. – a loira sorriu ao se despedir.

Eu acenei para ela. Quando eles já tinham se afastado, vir-me-ei para meu marido.

- Amor, o que você achou dela?

- Ela é boa pessoa.

- E quando viu vocês?

- Você é bem ciumenta, sabia?

- Eu, né? – ri.

Ele me acompanhou com uma gargalhada.

- Ela pensou em como nós formávamos um belo casal. E em como o Chad era mais bonito do que o Lucas.

Além de fofa ela só tinha olhos para o meu amigo.

- Ah! Diana é perfeita para Chad! – suspirei.

- Isso eu não posso afirmar. Mas sei que você é perfeita para mim. – sussurrou essa última parte em meu ouvido.

Soltei o ar de uma vez, derretendo.

- Vamos lá para fora.

Ele pegou meu copo e colocou ao lado do copo da minha amiga, depois entrelaçou seus dedos nos meus e foi me guiando para fora. Estávamos quase na porta quando algo veio do meu lado esquerdo e colidiu comigo.

- Ah!  - exclamei.

E no mesmo segundo Edward estava lá, agarrando o garoto pela lapela na camisa social.

- Hey. Calma, cunhadinho!

- Jack?

Meu marido o soltou.

- Foi mal, cara. Achei que fosse algum engraçadinho dando em cima da Bella.

- Tudo bem. – deu de ombros – Bella! Minha irmã linda, você tem que me ajudar. – ele falava rápido, olhando para os lados freneticamente.

- O que você aprontou dessa vez? – revirei os olhos.

- Eu? Nada! – fingiu uma careta de indignação – Mas, se por acaso uma garota ruiva vier procurar você perguntando por mim, diga que eu precisei ir embora devido a uma emergência!

- Garota ruiva? A Lily?

Lily era a garota de Port Angeles com quem ele vinha saindo.

- Isso! – continuou olhando para os lados – Você vai dizer o que eu pedi?

- Vou. – revirei os olhos novamente.

- É por isso que você é a irmã mais linda do mundo! – me deu um beijo na bochecha e um abraço bem apertado. – Cunhadinho, cuide bem dela. – repetiu a frase que disse a Edward em nosso casamento, dando umas palmadinhas nas costas de aço dele.

Então Jack voltou a desaparecer entre as pessoas do baile.

Lancei um olhar inquisidor a Edward.

- Pelo que eu pude entender dos pensamentos dele, Vicky, a garota parisiense com que ele namorava na Europa, apareceu hoje de surpresa na casa de vocês. Então seu pai ligou para ele dizendo que tinha mandado Vicky para cá. O problema é que Jack veio ao baile com a Lily. Agora ele meio que está fugindo das duas enquanto decide com quem quer ficar. – contou, tentando segurar o riso.

- Que cachorro!

- Também acho muito feio sair com duas ao mesm...

- Ele nem me contou nada disso!

Edward piscou, talvez surpreso com o motivo da minha indignação. Eu estava brava com meu irmão por ele não ter me contado o que havia feito; não pelo o que ele havia feito.

- Achei que tinha uma confiança entre a gente. Esse pulguento vai ver só quando eu colocar as mãos nele!

- Deixa para lá, Bella. Hoje é dia de comemoração.

Deixei ele me puxar para o jardim enquanto eu ainda resmungava sobre irmãos ingratos. Depois de um tempo, nós paramos. Ao olhar para os lados, constatei que estávamos sozinhos.

- Olha como o céu está lindo, amor.

Segui seu olhar e encontrei a noite estrelada mais linda que eu já vi em toda minha vida. Perdi o fôlego. O céu estrelado era uma das coisas mais magníficas do mundo. Eu amava-o.

- Está vendo aquela estrela ali? – Edward apontou para uma estrela brilhante, um pouco mais ao longe.

- Sim. O que tem ela?

- Sabe como ela se chama?

- Não.

E eu sabia o nome de várias constelações.

- Isabella Cullen.

- O quê? – ofeguei, chocada.

- Eu comprei o direito de nomear aquela estrela, amor. Pois sei o quanto você ama as estrelas e achei que assim seria um bom jeito deixá-la mais perto desses astros.

 Levei alguns segundo para digerir a informação. Edward parou em minha frente, segurando minhas duas mãos e me olhando com expectativa.

- Eu amo você. – sussurrei, maravilhada.

- Não tanto quanto eu amo você.

Meu marido baixou a cabeça e seus lábios encontraram os meus. Sorri sobre seus lábios antes de abrir a boca e o deixar aprofundar o beijo. Como sempre acontecia, seu gosto explodiu em meu cérebro, embriagando-me. Abracei-o firmemente enquanto correspondia ao seu beijo quente e ao mesmo tempo infinitamente delicado. Ele se separou de mim com um selinho demorado, então abriu um sorriso magnífico e me puxou, acomodando-se atrás de mim. Seus braços fortes me envolveram e seu queixo descansou em meu ombro.

Olhei para cima outra vez, maravilhada com o espetáculo noturno que nós estávamos compartilhando. As estrelas se encaixavam para formar tamanha beleza, se completando. Tal qual Edward e eu nos completávamos.

Edward era o meu sol. Ele me mantinha afastada a sombra da tristeza e tirava toda escuridão que um dia habitara meu coração.

E daqui duas semanas, quando eu acordasse para a eternidade, Edward seria o meu sol para sempre.

Meu amor por toda eternidade.

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/a: Acabooooou, meus anjos. É, eu também não gostei do final.

— Diana Agron é a atriz de Glee que interpreta a líder de torcida grávida – eu realmente não lembro o nome da personagem dela. Eu a considero bonita o suficiente para ser o par do nosso Chad.

— Jack Swan foi inspirado em Jack Sparrow *---*

— Sei que a parte dos Scott pode ter desagradado alguns, mas eu tinha que casar a Brooke e o Lucas, eles são os meus personagens favoritos aqui. E eu fiquei indignada por eles não terem ficado juntos no seriado One Tree Hill

— Eu sei que os Cullen não apareceram no final, mas acho que todo mundo sabe que eles viveram felizes para sempre e tals. Por isso eu quis me concentrar no que aconteceu com os amigos da Bella e com o Jack.

— Eu sei que nos States é "dama de honra", mas resolvi "abrasileirar" para não haver dúvidas.

— Eu queria agradecer a todas as pessoas que leram e comentaram porque vocês me incentivaram a continuar a escrever e postar. Vocês são muito fofas.

— Eu não consegui minhas 31 reviews no último capítulo, mas achei mt injusto não postar o epilogo para as leitoras que sempre me acompanharam.

Obrigada por todo o carinho. Eu sempre vou me lembrar de vocês. *----*

Até a próxima ;*