O Infinito de Joseph Weeks escrita por Vitor Matheus


Capítulo 3
A Entrevista com Joseph Weeks


Notas iniciais do capítulo

Durante toda a semana, estarei repostando os capítulos que já haviam sido publicados antes da reformulação, agora com todas as alterações possíveis. Não são muitas, mas o bastante para que a parte dramática da fic chegue mais cedo... #medo

Hoje tem a entrevista do Joseph com seu "provável futuro pai", que se chama Adam Morgan. Espero que gostem, e boa leitura :)



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Enfim, depois que eu fui jogado numa prévia da realidade pós-maioridade, onde eu fico sozinho e “abandonado”, girei minha cabeça para enxergar tudo o que havia ali. Quando voltei ao meu lugar inicial, tive uma outra prévia gratuita de um ataque cardíaco ao ver o tal provável futuro pai parado, em pé e com um sorriso tímido aparecendo. Era tão tímido que eu até poderia dizer “Hey, tem um pouco de rosto nesse seu sorriso tímido”, mas esse não é um bom começo de conversa com quem pode ser o seu pai mandão no futuro. Felizmente, controlei meus pensamentos e sorri também.

— Olá. — Minha única palavra naquele momento.

— Oi. — Aproximou-se mais de mim. — Sou Adam Morgan.

— Que ótimo. Mais um Morgan na minha vida. — Sussurrei para mim mesmo, porém ele acabou ouvindo o que eu falei.

— Conhece outro Morgan?

— Não é bem isso. É por causa daquele ator chamado Joseph Morgan.

— E o que ele tem a ver com a sua vida? — Ih, já vi que essa entrevista não vai ser nada séria. Dependendo do tal Adam, no final iríamos estar cantando “Marry The Night” no volume máximo de nossas cordas vocais e ainda por cima utilizando os balanços infantis. OK, pensei demais agora.

— Meu primeiro nome é Joseph. Daí quem vem me compara a ele.

— Bom, meu nome tem Morgan, mas eu nunca ouvi falar desse carinha aí. Então receio que você não queira discutir comigo por um simples nome.

— Claro. Não é um bom jeito de iniciar uma conversa. — Elevei meus olhos para cima, o que provavelmente fez ele pensar “Ele deve ser um lunático 24 horas por dia”, coisa que chega a ser verdade em parte. Voltei a mim e falei: — Então, vamos começar de novo. Olá, meu nome é Joseph Weeks. Mas pode me chamar de Joe.

— Oi, eu sou Adam Morgan. Porém, devido à sua não aceitação do nome Morgan, pode me chamar apenas de Adam.

— Se você tivesse dito “Só Adam”, eu teria tirado onda da sua cara. — Apontei para a mesa especial, e nos sentamos lá. Adam acabou sentando-se na minha frente, tornando aquela entrevista uma coisa meio formal.

— Também gosta de A Culpa é Das Estrelas?

Arregalei meus próprios olhos. Adultos leem livros desse tipo? Se sim, desde que século depois de Cristo?

— Pode-se dizer que sim. Li o livro um ano antes do filme, e depois vi o filme numa sessão especial do orfanato. Gostei muito dos dois. — Assenti, me lembrando de quando a Ali chorou já nas primeiras frases da personagem, enquanto Darren dormiu até a parte do pré-funeral. — Momentos inesquecíveis.

— Sei que pode parecer estranho, mas eu também li o livro e vi o filme. Sabe, meio que faz parte da minha profissão.

— Você é crítico de entretenimento, por acaso? — Joguei.

— Não. Sou apenas um mero escritor viúvo de 33 anos.

— E eu aqui querendo ser mais novo para me livrar das espinhas ressecadas. Sua pele parece tão… Juvenil. — Alison e Darren me pagam pelo feminismo que me ensinaram.

— O que meses recluso em um apartamento não fazem pela saúde? — Riu, como se fosse uma piada. Não queria que ficasse incomodado, então forcei uma risada.

— Desculpe pelo comentário estranho. Mas vai por mim, existem coisas e hábitos piores do que eu acabei de fazer.

— Sei disso. Tenho esse hábito realmente estranho de roer minhas unhas da mão quando fico com tédio ou estressado.

— Interessante, eu também faço isso. A diferença é que eu fico roendo as unhas das mãos e dos pés também.

— Como consegue roer as unhas do pé? — Socorro, tem dois loucos conversando sobre roer unhas no jardim de um orfanato”, pensei comigo mesmo. A verdade é que aquela conversa estava tomando rumos muito estranhos.

— Nem queira saber. É algo tão nojento que eu não posso falar na primeira conversa com um provável futuro pai. — Ri, e fui correspondido pelo homem. Acabei notando seus cabelos, loiros com leves (quase imperceptíveis) toques de castanho. Jesus, tem um cosplay do Joseph Morgan na minha frente e só percebi isso agora. Logo me lembrei que Adam havia falado sobre ser viúvo. — Então… Já foi casado? — Já falei que não sou nada inteligente quanto a esses assuntos?

— Eu já havia falado antes sobre isso. Mas sim, eu já fui casado. Com uma linda e maravilhosa mulher chamada Dianna Morgan.

— É tanto Morgan que eu vou acabar confundindo. — Comentei, arrancando outro riso tímido dele.

— Éramos muito próximos desde a faculdade, e no final das contas acabamos nos casando. Vivemos sete longos e perfeitos anos como casados. Até que Dianna ficou grávida, e então nossa alegria aumentou de vez.

— Imagino a felicidade dos dois.

— O problema era que a gravidez dela era de risco, então tomamos o máximo de cuidados possíveis. Mesmo assim, no dia do parto, ela teve algumas complicações e não conseguiu ter o bebê que esperávamos. Ele morreu. E ela também. — Notei que algumas lágrimas começavam a sair de seus olhos, e aí lembrei de outro hábito estranho que tenho: abraçar pessoas que estejam chorando. Seja quem for, se estiver chorando, eu ofereço um ombro amigo.

E foi exatamente o que aconteceu comigo e Adam. Aquele cosplay do J. Morgan estava praticamente pedindo quando gritou de emoção (se é que isso é possível no mundo real), então levantei-me do banco da mesa, dei a volta e sentei ao lado dele, abraçando-o de lado logo em seguida. Ele retribuiu, passando seu braço em volta das minhas costas e pousando sua mão em meu ombro, ainda despejando lágrimas em meu (maravilhoso e feio) cabelo.

— Eu não devia ter tocado nesse assunto. — Falei, após alguns segundos de silêncio.

— Tudo bem, Joseph. Você não tem culpa de nada. — Respondeu, ainda abraçado a mim.

Eu já tinha percebido que ele me chamara pelo meu nome normal, mas as circunstâncias não me deixaram corrigi-lo daquela vez. Ainda ficamos daquele jeito por um bom tempo, numa cena que poderia ser facilmente confundida com pai e filho juntos.

.::.

— Então vocês só conversaram por uns cinco ou dez minutos e depois começou toda uma temporada de lágrimas? — Darren assimilava as informações, do mesmo jeito que havíamos conversado da última vez: deitados na cama, com os rostos quase próximos mas sem um contato maior.

— Não me diga que você não faria o mesmo. Tem um cara chorando na sua frente por ter perdido a esposa e quer te adotar; o que você poderia fazer? Mudar de assunto como se nada tivesse acontecido? — Resmunguei.

— Eu jamais quis dizer isso, Joe. Mas é que isso não é normal para uma primeira conversa com um provável futuro pai.

— Tem razão. Realmente não é normal. Mas foi nossa forma de comunicação naquele momento.

— E agora? O que vai acontecer?

— O Adam vai conversar com a Ali ainda hoje ou então amanhã. Para dar uma resposta. Acho que devido ao nosso momento nada comum, eu devo perder as esperanças desde já.

— Mas você gostou de conversar com esse Adam Morgan?

— Pelo amor de Deus, não repita essa última palavra outra vez. — Dei um tapa em sua cabeça. — E sim, foi até legal conversar com ele. Descobrimos coisas em comum, hábitos estranhos em comum…

— Tipo o das unhas?

— É. Depois da sessão choro, ensinei a ele como roer unhas dos pés.

— OK, não quero mais detalhes. — Fez aquela cara de nojo que só Darren Thomas pode fazer. — Agora é oficial: vocês foram feitos para serem pai e filho de verdade.

— Deixa de exagero, Darren. Se bem que eu vou sentir falta das suas ironias caso eu seja adotado por ele.

— Não vai precisar. Existe celular para isso. Além do mais, você pode me visitar e ainda pode falar comigo por meio da Alison.

— Nossa, que reconfortante… Telefone não é a mesma coisa que cara a cara, seu lerdo.

— Idiota.

— Irônico.

— Isso é apelido normal?

— Não sei. Mas que você é irônico, é. — Soltei.

— É o que eu chamo de “lesados conversando coisas que só lesados entendem”.

— Podes crer, cara.

Nossa conversa completamente sem sentido foi interrompida quando a morena mais conhecida do orfanato entrou no quarto sem avisar e nos encontrou discutindo deitados. Tenho certeza que ela pensou que estivéssemos fazendo algo a mais, então intervi.

— Não é o que você está pensando, Ali.

— Tomara que não seja. — Ela parceu se lembrar de alguma coisa e tratou de colocar um sorriso forçado no rosto. — Tenho boas notícias para você, Joe. Adam falou comigo há alguns minutos.

— E então? — Eu e Darren falamos em uníssono. Gêmeos não idênticos de mães diferentes, isso é o que somos. Choquei com a notícia que veio depois:

— Adam é, oficialmente, o seu pai adotivo.

Eu não podia acreditar naquelas palavras proferidas por Alison. Depois de quinze anos vivendo sem pai ou mãe, tendo apenas um amigo idiota e uma coordenadora boazinha ao meu lado, eu finalmente tinha um novo futuro garantido. Poderia sair daquele orfanato sem ser para um passeio entre órfãos, mas sim para aproveitar todas as coisas que o planeta Terra tem a mostrar. Não seria mais visto como “aquele garoto abandonado que já tem 15 anos e provavelmente nunca será adotado”, mas sim como “aquele jovem que continuou esperançoso e foi adotado por um bom homem”. Sim, eu ainda classificava Adam Morgan (eca, que nome ruim) na lista de Bons Homens. Era um bom começo, já que abaixo disso havia os Homens Que Eu Nem Consigo Aturar.

— Joe? Joseph Weeks? — Ali estalou os dedos na frente de meu rosto. Desliguei-me dos meus pensamentos e apresentei um projeto de sorriso verdadeiro.

— Eu não consigo… acreditar. Fui adotado. Eu fui adotado, Ali. — Me virei para Darren, que havia se levantado da cama e estava ao meu lado. — Darren, eu fui adotado. Eu vou ter uma vida melhor. Eu finalmente fui adotado! — Gritei, com todas as minhas forças, e o puxei para um abraço mais apertado do que a mesa dos órfãos na hora do almoço.

— Parabéns, cara. Você merece! — Ele repetiu, várias e várias vezes, em meu ouvido. Não conseguia tirar o sorriso da minha cara.

Minha felicidade era tão grande que fui abraçar até mesmo a “Tia” Alison. Deu pra perceber as covinhas se formando no rosto daquela que pode até não ser minha parente, mas é como a mãe que eu nunca tive. O Thomas veio e se juntou ao abraço, e nós três ficamos ali, juntos, por bons segundos. Depois de nos separarmos, ela disse:

— Hoje é seu último dia aqui, Joe. O que quer fazer?


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Notas finais do capítulo

Gostaram do fato dele já ter sido adotado? A vida do Weeks vai mudar drasticamente daqui pra frente, e vai ser para melhor... ou pior, como os leitores da primeira versão devem estar imaginando agora ;)

Comentem, meus caros!



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