O Infinito de Joseph Weeks escrita por Vitor Matheus


Capítulo 14
Quando Eu o Chamei de Pai, por Joseph Weeks


Notas iniciais do capítulo

Se vocês estão achando que essa foi uma milagrosa atualização, já podem ficar decepcionados. Este é apenas o capítulo anterior, só que editado e sem a cena da Operação Cupido. E vocês vão entender o porquê, já que... bem, eu não queria dizer isso, mas o próximo capítulo já será o último! ~Pedras na minha cara e lágrimas~

A opção de comentar vem de vocês, boa leitura. De novo.



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— Joe, atenda a porta para mim, por favor? Eu estou no banho!

— Tá, eu já estou indo! — Gritei, saindo de meu quarto – e consequentemente da paz proporcionada pelos meus novos fones de ouvido – e indo atender aos constantes toques da campainha.

— Estamos atrasados? — Alison perguntou, enquanto tratava de colocar um sorriso na cara assim que eu abri a porta. Darren estava ao seu lado, procurando por algo atrás de mim.

— Imagina, vocês chegaram até um pouco cedo. Adam ainda está no banho. E, Darren, a Rachel só visita o pai dela aos fins de semana. Ainda é sexta-feira.

— Sério que está tão na cara assim? — O mais novo disse, após eu ter dado espaço para que os dois entrassem.

— Pois é, Darren. Sabemos que você tem uma queda pela Rach, só você que não admite.

— Estou achando que é mais que uma queda, Joe… e se for um precipício? — Ela riu do próprio comentário depois disso. — Ah, quase me esqueci de perguntar. Você está melhor?

— Estou, sim. Foi só uma crise de asma, que nem aquelas que eu tinha quando era menor. O médico com recalque estampado no rosto disse que não há com o que eu me preocupar, já que até estou diminuindo o número de sessões médicas. — Respondi, me sentando no sofá. Logo, eles sentaram também.

Há uns dois dias, eu estava vendo TV com o Morgan quando de repente comecei a sentir uma terrível falta de ar. Me lembro disso como se fosse ontem. Eu praticamente não conseguia falar uma única palavra, enquanto Adam chamava a ambulância e tentava me reanimar. Depois desmaiei e só acordei no hospital, com uma cânula em meu nariz e meu pai adotivo segurando fortemente minha mão direita.

Quando abri meus olhos e vi tudo isso, apenas apertei sua mão e sussurrei um “Eu estou bem”, causando-lhe uma respiração de alívio. Depois de uns 30 ou 40 segundos ouvindo ele reclamar do susto que eu provoquei novamente, senti seus braços passando pelo meu pescoço e me puxando para um abraço. A cânula saiu de minhas narinas, e eu tive de forçar minha unha do dedo contra suas costas, para que ele se soltasse de mim e eu voltasse a respirar novamente.

Meus devaneios foram interrompidos quando Darren me cutucou.

— Joe… tá um silêncio mortal aqui.

Quando me virei para ver o que estava acontecendo, comecei a rir: uma Alison Knight “bem adulta” estava estática, praticamente babando e olhando para Adam, que fez o FAVOR de sair do banheiro e ir na sala apenas com uma toalha enrolada na cintura.

— Dá licença um minutinho? Eu preciso colocar alguém na linha. — Olhei furiosamente para o mais velho, mas não consegui segurar o olhar por muito tempo. Quando o puxei para seu quarto, voltei a dar risada da situação.

— Por que está rindo? — Ele perguntou, enquanto procurava por alguma roupa decente.

— Morgan, Morgan… você não devia ter aparecido na sala. Além da ter feito a Ali ter um ataque de vergonha, aposto como você também está arrependido disso.

— É, eu acho que não devia ter feito isso mesmo.

— Então, por que fez? — Lancei uma expressão de “Tá, então não devia ter feito isso mesmo, porra” para ele.

— Eu ia te perguntar qual a roupa ideal para usar nesse jantar. Sabe, é o primeiro que eu não compro do restaurante chinês e faço sozinho; devo me vestir como um chef ou apenas como eu realmente sou?

— Se veste como realmente é. Vai impressioná-la.

— Do que está falando? — Ele fingiu ser cínico.

— Eu sei que você sente alguma coisa pela Alison. Vai, pode ir falando. — Arqueei as sobrancelhas.

— Não tenho nada para falar.

— Tá, sei… Vou voltar para a sala.

Fiquei jogando conversa fora com Ali e Darren até que Adam aparecesse devidamente vestido como um cavalheiro. Nos sentamos na mesa de jantar, enquanto o chef da noite – no caso, ele mesmo – colocava os pratos a serem servidos na nossa frente. O cheiro não estava lá essas coisas, mas como eu nunca devo confiar no meu faro, optei por provar da comida. Tanto eu como os outros tivemos a mesma reação: surpresa e espanto, ao mesmo tempo.

— Pensei que nenhuma outra pessoa superaria a sua comida, Alison. Mas eu estava errado. — O Thomas comentou, fazendo os dois abrirem sorrisos.

— O Adam tem aprimorado seus conhecimentos na cozinha com a ajuda da Lucy. Sabe, o dom de cozinhar dos Morgan não vem do berço. — Afirmei, tentando passar “uma boa imagem” do meu pai adotivo para a ex-coordenadora do orfanato.

— Mas a Ali já nasceu com o talento de preparar bons pratos, Joe. — Darren, que estava ao meu lado direito, indagou.

Chutei seu pé esquerdo e lancei um olhar de “Colabora com o clima aqui, criatura”, enquanto voltava a me concentrar no alimento. Rapidamente ele entendeu o recado.

— Ah, não, confundi as coisas. Ela realmente teve de aprender a cozinhar também.

— Sério? — Adam levantou as sobrancelhas, demonstrando estar impressionado.

— É, sério. Foi uma árdua batalha, mas no final das contas eu consegui chegar ao nível “Normal”.

Aquele simples jantar estava começando a ficar interessante.

.::.

Depois de quase três horas conversando, rindo e discutindo animadamente, Darren e Ali optaram por ir embora.

— Foi um ótimo jantar, Adam. Sua comida está boa, ao menos por enquanto. — Ela disse, quando já estava na porta.

— Posso te ligar depois? — Eu não estava tão perto, mas pude ouvi-lo sussurrar para a “Tia” Alison.

— Prefiro mensagem. — Respondeu, antes de acenar com a mão e sair pelo corredor com o mais novo.

O Morgan fechou a porta, encostou-se nela e soltou um suspiro de alívio, deixando um sorriso tímido escapar para seu rosto. Fiquei apenas em pé, de frente para ele e analisando sua posição.

— Vai me explicar o que foi esse “pequeno papo” antes dela ir embora?

— Você não deveria estar indo para a cama? Já passou das 23h!

— Eu sei lá o porquê de não estar indo, Adam. Talvez porque… hoje é sexta-feira, sabe?

— Ah, é mesmo. Nem lembrava disso.

— Claro, você só lembra do quanto a Ali é uma pessoa legal, bonita e agradável de se conviver.

— Você é muito engraçadinho, não é mesmo? — Vi seu rosto corar. — Agora vai dormir. — Ele saiu da porta e deu um leve tapa nas minhas costas.

— Eu não estou com sono, Morgan! — Falei, imitando a voz de uma criança resmungona.

— Quer ajuda, bebê gigante?

— Se possível… — Brinquei, mas não sabia o que estava por vir.

Ele correu, me pegou no colo e foi até o meu quarto, enquanto eu tentava sair de seus braços a cada segundo. Mesmo morrendo de rir com os socos sem força que eu dava, fui jogado na cama e senti cócegas em toda a minha barriga, e foi aí que EU comecei a me contorcer de rir.

— Para, Adam! — Gritei, mas ele continuou a fazer.

— Não até você ficar com sono! — O mais velho falou, ainda cutucando minha barriga.

— É sério! Para, pai!

Ele instantaneamente parou e ficou sério. Consegui me sentar na cama e não esbocei nenhuma reação. Fiquei recapitulando todas as últimas frases para tentar encontrar a resposta para a ação, então acabei me lembrando do “Para, pai” que eu mesmo disse. Como assim, eu o chamei de pai? Uau, finalmente aconteceu! Mas e se foi apenas o momento? Dane-se, ele está muito feliz agora. Ou provavelmente está, porque não vejo uma única reação em seu rosto. Pelo menos eu não vou mais me preocupar com o fato de chamá-lo de pai. Mas, por outro lado, eu ainda não tenho certeza total disso.

Tá bem, chega desses pensamentos bipolares”, pensei comigo mesmo. “Encare isso com a maturidade que você nunca teve, mas que terá de se revelar agora.”

— E-eu… não sei o que dizer. — Suspirei.

— Eu também não sei. — Rebateu. — Quero dizer, você tem certeza disso?

Ainda pensei por alguns segundos. Não havia ponto negativo em chamá-lo de pai. Porque, no final das contas, ele era parte da minha nova família. Eu poderia confiar nele sem problema algum com isso, pelo simples fato de que ele, agora, é o meu pai de verdade. Não importa quem teve a brilhante ideia de fazer o ritual do acasalamento. Eu só posso confiar em quem realmente se importa comigo a ponto de não me deixar sozinho nos problemas.

Criei forças para responder, ainda sentado na cama.

— Nunca tive tanta certeza em te chamar de pai.

— Por favor, não me faça chorar. — Percebi que ele estava segurando as lágrimas.

— Mas o que você quer que eu faça? — Sorri abertamente, ficando de pé na frente dele. —Ninguém nunca teve tanto afeto por mim quanto você. Eu só queria agradecer por todos os momentos em que você não me abandonou… pai.

— Agora eu tenho certeza de que você é mesmo meu filho.

— Quem vai chorar sou eu se você continuar com isso, então pode ir parando.

Adam se levantou, sem muita cerimônia, e depois de bagunçar meu cabelo, chegou até a porta, e de lá disse:

— Boa noite… filho.

— Pra você também... pai. — Pisquei meu olho esquerdo.

Meu pai não tem o mesmo sangue que eu. Mas eu agora o chamo de pai.” Foi meu último pensamento antes de recostar a cabeça no travesseiro e finalmente dormir com um sorriso no rosto.

Uma pena que aquela foi a última vez que eu dormi achando que acordaria no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

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