Quando a Chuva Encontra o Mar: Uma Nova Seleção escrita por Laura Machado


Capítulo 46
Capítulo 46: POV Beatriz Biersack




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Eu já estava ficando louca! Fazia mais de meia hora que Charles tinha me deixado sozinha na sala dos espelhos. As palavras estavam borbulhando dentro da minha cabeça. Não podia acreditar que ele tinha ido atrás da Gabrielle! O que ele tava pensando? Ele simplesmente me deixou! Tá, tá, não seria nada legal ver ele beijando outra pessoa. Eu mesma teria praticamente desmaiado, tenho certeza. Mas sabe! Não era nada legal ele ter me deixado também. Ainda mais sozinha, naquela sala que estava me dando dor de cabeça.
Cansei de esperar por ele e saí de lá, praticamente marchando de raiva até a tenda principal. Ele não estava lá. A mesa de selecionadas estava praticamente vazia e quase todas dançavam no picadeiro. Nem pensei direito, só fui até elas, me juntando na dança.
Mas não consegui me soltar. A cada dois segundos, eu olhava pelo meu ombro, tentando ver se Charles estava em algum lugar.
Acabei desistindo de dançar e fui até a mesa dos cupcakes. Vi Melissa falando com um cara loiro, apesar de ela não parecer nem um pouco feliz com aquilo. Quando eles saíram de perto da mesa, eu me aproximei, tentando escolher algum cupcake dali.
"Festa legal, né?" Sky me perguntou, aparecendo do meu lado.
"Bem legal," falei, sorrindo. "De nada."
Ela riu. "Obrigada."
"Você viu Charles em algum lugar?" Perguntei, como quem não queria nada.
Ela deu de ombros. "A última vez que o vi, ele estava com você," me deu um empurrãozinho com o ombro. "Que que aconteceu entre vocês, hein?" Perguntou, levantandos as sobrancelhas.
"Não aconteceu nada," menti. "Na verdade, a gente mal ficou junto e ele já saiu correndo atrás da Gabrielle."
"Ah," ela soltou, enquanto comia seu cupcake.
"Você viu ela por aí?" Perguntei e ela só balançou a cabeça. "Ai meu deus, e se ele estiver com ela?"
Não era uma pergunta e, mesmo se fosse, não a deixei responder. Comecei a andar em direção ao castelo, deixando-a para trás.
Larguei meu copo e eu cupcake com um garçon quando estava quase saindo da tenda. Meus saltos se afundaram na grama, quando eu resolvi pegar o caminho mais rápido, ao invés de seguir o que tínhamos preparado.
Quando entrei no castelo, me perguntei o que estava fazendo. O que eu estava planejando? Ir até o quarto dela, ver se ela estava lá com ele? E se ela estivesse? Eu ia fazer o quê? Gritar com ele? Falar para ele parar?
Não sabia bem. Só sabia que não gostava nem um pouco da ideia de ele ter me trocado por ela. E se eles estavam juntos, eu ia fazer a mesma coisa que ela fez. Eu ia estragar.
Mas, claro, ia fingir que tinha sido sem querer. Só estava indo até meu quarto, trocar meus sapatos ou alguma coisa assim.
Nem precisei mentir. Quando cheguei ao segundo andar, dei de cara com Charles, parecendo completamente transtornado. Passei por ele, fingindo estar ocupada demais com minha pulseira para percebê-lo.
"Ei, Beatriz," ele disse, parando para se virar para mim.
Parei também, e o olhei fazendo cara de surpresa. "Charles," falei, "o que você está fazendo aqui?"
Ele esfregou a nuca, como se estivesse cansado de alguma coisa. Isso me animou um pouco.
"Está tudo bem?" Perguntei antes que ele conseguisse se explicar. Cheguei perto dele e apoiei minhas mãos nos seus ombros. "Charles, se você precisar falar com alguém, eu estou aqui."
Ele levantou o rosto para me olhar, tanta coisa passando pela sua cabeça que dava para ver na sua testa toda a preocupação que isso lhe causava. Como em um passe de mágica, esqueci toda a raiva que tinha sentido minutos atrás.
"Não dá, Beatriz," ele falou, seu cansaço presente em sua voz. "Você é parte do problema," meu pequeno recuo com a cabeça foi o suficiente para ele se desculpar. "Não, você não é um problema. Desculpa, não foi o que quis dizer," ele esfregou o rosto um pouco mais, muito frustrado.
"Não se preocupe," falei, com o meu melhor sorriso compreensível. "Eu entendo, é complicado. A seleção e tals, é muita coisa para uma pessoa só."
Ele me olhou como se finalmente tivesse encontrado algo que tinha procurado a vida inteira e eu sabia que tinha descoberto exatamente o que o incomodava.
"Independente de qualquer coisa," continuei, "sempre que você quiser falar comigo, eu estou aqui. Mesmo que seja sobre mim. Pode reclamar de mim também. Vou fazer a imparcial."
Fiz uma pose para mostrar como eu era neutra, tirando minhas mãos dele. Ele riu, aliviado. Depois mordeu o lábio, trazendo meus olhos para ele. Comecei a me inclinar para ele, mas ele desviou antes que fosse tarde demais.
"Vem cá," ele disse, pegando na minha mão e me arrastando até um quarto que estava vazio.
"De quem é esse quarto?" Perguntei.
"De algum selecionada que foi embora," ele falou, fechando a porta. Percebi que não acendeu a luz. "Beatriz, preciso ser honesto com você."
Concordei com a cabeça, esperando que ele conseguisse ver pelo menos aquilo pela luz que vinha da janela.
"Eu não deveria ter aceitado fazer essa seleção," falou, andando até ela para olhar lá fora. "Foi uma péssima ideia e agora eu entendo isso," se virou para me olhar. "Mas sem ela, não teria como eu conhecer pessoas como você."
"Eu entendo," falei, só para não deixar o momento com cara de monólogo.
"De qualquer jeito, você tem que saber que eu odeio ter que dividir meu tempo entre tanta menina. E sei que estou, de certo modo, brincando com vocês."
Eu não estava entendendo porque ele estava me falando tudo aqui. Eu estava bem. Eu sabia de tudo isso. Mas achei melhor não contrariar.
"Se for difícil demais para você me ver com outra, eu entendo," ele falou, andando devagar até mim.
"Não é," eu disse. "Bom, é, mas eu aguento."
"É que depois do que aconteceu com você-"
"Charles, você não é ele. Você nunca seria. Ele não viria falar comigo assim, não seria sincero como você."
Ele olhou para baixo, como se estivesse envergonhado do próprio bom caráter. Eu me aproximei mais dele, passando minhas mãos pela lapela de seu blazer até chegarem ao seu pescoço. Seus olhos encontraram os meus e ele entendeu o que eu queria.
Dessa vez foi ele que se abaixou, trazendo meu rosto até ele com uma mão na minha nuca. Eu me estiquei o máximo que pude, enquanto sentia o toque familiar dos seus lábios nos meus. Seus braços rapidamente me abraçaram, quase me levantando. Ele foi me guiando no meio do beijo, até me deitar com cuidado na cama da selecionada que tinha ficado ali.
Finalmente, pensei, enquanto brincava com o cabelo na sua nuca. Suas mãos foram rápidas em desenhar o contorno do meu corpo, parando na minha coxa e me fazendo levantá-la até que minhas pernas estivessem em volta dele. Ele encaixou direitinho em mim, do mesmo jeito que sua boca encaixava na minha.
Alguma coisa na minha cabeça me dizia que aquilo estava indo longe demais, mas antes que eu pudesse me decidir se deveria parar ou não, um feixe de luz chegou até meus olhos. Charles também percebeu, se separando de mim e olhando para trás.
"Uou, desculpa aí, irmão," Sebastian falou da porta. Ele estava de mãos dadas com uma menina que ria sem parar do seu lado. "Vou deixar vocês a sós."
"Espera, Sebastian," Charles se levantou e foi até ele, "Princesa Amélie," ele disse para a menina, que lhe fez um aceno com a cabeça. "Se você pudesse, preferia que não contasse a ninguém que nos viu aqui."
Até no escuro, pude perceber quando Sebastian franziu as sobrancelhas. "Ela não é uma selecionada?" Perguntou, apontando para mim. Charles fez que sim com a cabeça. "Você sabe que isso é normal, né? Permitido?"
"Eu sei," Charles falou, esfregando a nuca de novo. "Mas preferia que uma não ficasse se comparando com a outra."
Sebastian concordou com a cabeça, entendendo. "Vamos deixar combinado então que a gente não se viu e não sabe de nada," falou, passando o braço pela cintura da tal princesa.
Seus modos estavam imprecisos e pude perceber que estava bêbado. Acenei com a cabeça, quando ele se virou para ter certeza de que eu concordava com aquilo.


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