Quando a Chuva Encontra o Mar: Uma Nova Seleção escrita por Laura Machado


Capítulo 29
Capítulo 29: POV Jenny Siee




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Todas nós só estávamos esperando pela vez da Victoria, eu principalmente. Pessoas falsas e mesquinhas me irritavam, então se ela era assim, queria saber o mais cedo possível. Era uma daas últimas meninas a se apresentarem e logo mais poderíamos ir todas tomar nosso banho e nos arrumar para o jantar.
Reunimos-nos ao redor da sua mesa perto da janela. Não ficou quase nenhuma longe, a não ser, é claro, Sky, que tinha ido ao jardim logo depois da sua vez. A Rainha America não conhecia Victoria ainda, mas quando começou a lhe perguntar da sua vida, pude perceber sua expressão começando a mudar.
Na minha cabeça, eu já estava comemorando que até ela podia ver o veneno de Victoria.
"Eu tive uma amiga como você uma vez," ela disse, me fazendo desanimar completamente. "Ela se chamava Celeste. No começo, não éramos amigas, mas consegui conhecê-la de verdade antes que fosse tarde demais."
Victoria levou as duas mãos ao peito, como se estivesse sentida por aquilo.
A Nina do meu lado revirou os olhos, virando-se para o jardim do lado de fora da janela. Beatriz do seu lado só sorriu e eu a imitei.
"Ela era modelo também?" Victoria pergunto à rainha, jogando o cabelo por cima do ombro e colocando uma mão na cintura.
Me peguei imaginando como seria divertido deixar um piano de calda cair na cabeça dela.
"Sim," a rainha disse. "E era muito bonita, como você. Mas infelizmente morreu em um ataque rebelde."
As meninas ficaram todas assustadas, eu inclusa. Menos Victoria, que pareceu mais horrizada com a comparação do que o final de uma amiga da rainha.
"Sinto muito," Annabel disse, colocando a mão no ombro da rainha.
Um pouco íntimo demais, eu achei, mas não falei nada.
"Bom, me fala mais de você," a Rainha America incentivou Victoria, provavelmente tentando mudar o clima que tinha ficado no salão.
"Ah," ela sorriu, "eu gosto muito de tudo que tem a ver com beleza. Eu cuido muito da minha pele, do meu cabelo e principalmente da minha saúde. Também odeio usar sapatos que não sejam de salto e não consigo viver sem esmaltes," ela disse, orgulhosa.
Tá, e daí? Isso não te faz nem melhor nem pior que ninguém, eu pensei.
Devo ter dado de ombros minimamente, pois uma menina chamada Isabella veio em perguntar o que tinha acontecido. Fingi que não sabia do que ela tava falando.
A Victoria tinha começado a mostrar os esmaltes dela e eu me peguei encantada por um roxo. Gostava também de sempre deixar minhas unhas pintadas, pois era uma coisa que eu via muito quando tocava piano. Cheguei mais perto da sua mesa bem na hora em que ela apoiava um esmalte na beirada. Me estiquei para pegar o roxo e o trouxe até mim. Estava quase decidindo perguntar se ela poderia me emprestar aquele, quando ela colocou outro esmalte na mesa perto de mim, derrubando o primeiro no meu vestido.
Quando percebi o que ela tinha feito, me forcei a respirar fundo para não gritar com ela. Por que ela tinha que ter deixado o esmalte aberto? Por que diabos ela tinha que ter sido tão desastrada?
"Ah, desculpa," ela disse, mal olhando para mim e logo se ocupando de outro esmalte.
Minhas mãos estavam fechadas em punhos que eu queria muito que estivessem no meio da cara dela. Mas me controlei, lembrando que qualquer violência resultaria em minha eliminação.
"Quer que eu te ajude a limpar?" Melody me perguntou andando até mim.
"Não, não precisa," falei, segurando a saia do meu vestido para ver o estrago.
Era grande. Muito grande. Eu não poderia continuar com ele. Teria que me trocar.
"Eu vou ver se alguma criada me ajuda," falei, mas logo Mary estava do meu lado.
"Venha comigo, Lady Jenny," disse e começou a me guiar para fora do salão.
Fomos até a cozinha, passando por um salão comunitário enorme e acabando em um vestiário.
"Desculpa te trazer aqui, Lady Jenny, mas se eu não cuidar dessa mancha logo, pode ser que ela nunca saia," Mary me explicou, me sentando em um banco e indo até um armário.
"Eu entendo," falei, enquanto ela voltava com um produto que esfregou na minha saia.
Eu fiquei encantada com quão fácil foi para ela tirar a mancha e como meu vestido ficou como novo. Levantei a saia para ver um pouco mais de perto.
"Meu deus, você tem dedos mágicos!" Falei, tentando achar algum pedacinho que ainda estava manchado, mas não tinha nenhum.
"Obrigada," ela disse, se levantando. "Gostaria que eu a acompanhasse de volta?"
"Não," falei. "Pode arrumar o que tiver que arrumar, sei o caminho de volta."
Ela fez um pequeno aceno com a cabeça, agradecida e eu saí do vestiário.
Estava passando pela cozinha, apreciando o cheiro de comida quando alguém me agarrou pelo braço. Não foi só a dor que me incomodou, mas mais o susto que eu levei.
"O que você pensa que está fazendo?" Perguntei, puxando meu braço com força para longe dele.
Quando me virei para ele, vi que se tratava do príncipe Sebastian. Por incrível que pareça, isso me deu ainda mais raiva. Só porque ele era ele, não significava que podia me puxar para onde quisesse!
"Eu estava querendo te perguntar uma coisa," ele falou, franzindo a sobrancelha.
"Me machucou," falei, colando minhas mãos na cintura, apertando minha barriga com um pouco de força para livrar-me da raiva.
"Me perdoe," ele disse, se inclinando para mim.
Vi seus olhos passando de mim para alguém atrás e dar um sorrizinho. Depois se voltou para mim.
"Você não é Lady Jenny?" Perguntou.
"Sim," respondi, "muito prazer, Alteza," fiz uma reverência, apesar de que era a última coisa que eu queria fazer. "Mais alguma coisa?"
"O que você estava fazendo aqui?" Ele perguntou, me deixando ainda mais irritada.
Já tive que lidar com a Victoria e agora tinha que falar com mais uma pessoa metida e convencida, que achava que podia fazer o que quisesse e que mandava em todo mundo.
"Precisei trazer um vestido que manchou. Não podia?" Perguntei, abrindo meus braços de uma vez.
Senti alguém atrás de mim e tentei trazer o braço de volta, mas o estrago estava feito. Antes de me virar para ver um cozinheiro no chão, senti uma água gelada enchendo meus sapatos.
"Ai meu deus, me DESCULPA!" Falei, sentindo a maior culpa do mundo por ter deixado meu jeito estabanado atrapalhar os criados do castelo. "Eu sou tão desastrada! Sério, me perdoa. Como posso limpar?"
O cozinheiro estava tentando pegar o frango de volta e levantou uma mão para me impedir de ajudá-lo.
"Não precisa," ele falou, se apoiando em uma mesa e levantando. "Pode ir, senhorita. Cuidaremos de tudo."
Continuei olhando para ele, ainda sem saber se eu poderia simplesmente ir embora depois de sujar tudo. Por que eu tinha que trazer outras pessoas para dentro do meu mundo desastrado?
Levantei meus olhos dele para o príncipe e ele parecia estar se divertindo com a cena, o que me deu muito mais raiva!
Saí de lá, marchando, tentando fazer meus passos fortes acabarem com meu ódio.
Ainda estava bufando quando ouvi seus passos vindo atrás de mim. Respire fundo e me virei para ele.
"O que foi?" Perguntei.
"Só queria saber se você estava bem," ele falou, levantando as mãos no ar. "Não vou te tocar, não se preocupe."
Revirei os olhos. "Eu estou bem," falei. "Pode ir fazer suas coisas agora."
Ele deu alguns passos em minha direção devagar, enquanto eu o observava. Foi a primeira vez que eu percebi que ele não estava usando seu blazer e que suas mangas estavam amassadas no cotovelo. Fiquei um pouco surpresa com como ele ficava melhor todo desleixado do que todo arrumado.
"Não sei se você já teve alguma aula de etiqueta, mas acho que está precisando," ele falou, olhando pra baixo para mim.
Minhas mãos estavam fixas na minha cintura, enquanto meus olhos tentavam perfurar os dele. Ficamos em silêncio nos encarando, esperando para ver qual dos dois ia se mexer primeiro.
Não fui eu. Se tinha uma coisa que eu sabia fazer era não deixar ninguém passar por cima de mim. Não ia deixar alguém como ele pensar que tinha vencido. Meu olhar era calmo, mas estável, meu queixo levemente levantado para mostrar que não daria para trás.
Depois de alguns segundos insuportáveis dele me encarando, ele finalmente olhou para baixo e deu um passo atrás, sem perder sua atitude superior. Era como se eu fosse idiota demais para ele continuar tentando lidar comigo.
Tomei aquela atitude como bandeira branca da parte dele.
"Com licença, Alteza," falei, fazendo-lhe uma reverência e me virando para continuar meu caminho.
Dessa vez ele não veio atrás de mim e eu pude ir para o meu quarto em paz.


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