Quando a Chuva Encontra o Mar: Uma Nova Seleção escrita por Laura Machado


Capítulo 106
Capítulo 106: POV Abigail Neumann




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Eu saí do carro já acenando para todos os fãs que estavam ali. Lisa O'Connor sempre deixava um caminho seguro da rua até a porta lateral do prédio onde seu programa era gravado, sua estratégia para fazer com que as celebridades fossem vistas, mas não tivessem que passar por todo o incômodo de lutar contra a multidão.
Ali também estavam os fotógrafos da emissora, que exigiam que nós acenássemos e parássemos para mostrar nosso modelito. Eu mesma tinha bastante orgulho do meu. Eu usava um vestido vinho, justo e de malha, que tinha uma fenda na minha perna esquerda e mangas compridas, passando até de meus punhos. O que eu mais gostava dele, era que ele era bem coberto, mas mesmo assim mostrava bem minhas curvas. E eu completei com um colar logo e botas baixas, com taxinhas. Minha stylist tinha dito que era o melhor jeito de deixar o vestido sexy com cara de urbano, e mostrar para todo mundo que eu tinha personalidade.
Eu parei logo que avistei os fotógrafos e fiz algumas poses descontraídas. Eu sorri para as câmeras, mandei beijos, coloquei uma mão na cintura, depois as duas. Me inclinei pra frente, rindo. Depois para trás, ainda rindo, levei uma mão ao cabelo, como se tudo aquilo fosse natural. Apoiei o braço na cabeça, sem me esquecer de posar. Foi ótimo, as fotos tinham que ter ficado lindas.
Depois de tudo isso, eu acenei de novo para os fãs e entrei. Era de costume as celebridades só assinarem as coisas mais tarde, quando estivessem saindo.
Andre entrou logo depois de mim, falando e falando na minha cabeça da minha agenda. Eu tinha um ensaio fotográfico depois, e uma reunião no dia seguinte para ser a garota propaganda de um novo modelo de celular.
"Espera aí, amanhã é sábado," eu falei, assim que percebi.
Nós dois paramos de andar pelo corredor para deixar dois caras passarem com uma arara cheia de roupas. Depois continuamos.
"Eu sei, mas era o único horário que eu conseguia marcar," Andre explicou. "De agora em diante, você só terá os domingos livres, se tiver sorte."
"Mal posso esperar," eu disse, fingindo que aquilo me irritava.
Aquilo me cansava. Mas eu gostava, não queria que fosse diferente. Ainda mais que todo aquele trabalho me distraía de pensar no resto da minha vida.
Como em Duck, por exemplo.
Não, Abbie. Não pense nisso, se concentre em sua entrevista.
"Você repassou todas as perguntas?" Andre perguntou assim que nós chegamos à porta que tinha uma estrela e meu nome.
Eu me animei toda, mas, ainda assim, o que me esperava lá dentro conseguiu ganhar das minhas expectativas.
"Meu deus do céu," eu soltei sem pensar, andando no meio das enormes cestas e dos buquês lotados de flor. Eu peguei o cartão do primeiro, e li alto. "Querida Abigail, estamos muito felizes pelo seu sucesso. Esperamos poder trabalhar juntos logo. Com carinho, Julian."
"Da Angeles Records?" Andre perguntou.
Eu acho que concordei com a cabeça, mas estava tão hipnotizada, que não poderia ter certeza. Eu continuei lendo os cartões que se equilibravam sobre as rosas, as margaridas, os lírios. Todos queriam trabalhar comigo, todos me desejavam boa sorte, todos ali me queriam.
"Eu nunca recebi nada desse tamanho," eu falei, encontrando um sofá cheio de bichinhos de pelúcia. Eu chutaria que tinha uns bons cinquenta ali.
"É, mas você também nunca tinha sido tão famosa," Andre disse, indo até onde eu estava. "Alguma gravadora resolveu mandar ursos de pelúcia?" Ele perguntou confuso.
Eu dei de ombros, pegando o primeiro que estava na minha frente e lendo o seu cartão. "Não, são de fãs," eu falei. "Nossa, tudo isso?"
"Acho que é," ele respondeu, lendo mais alguns.
Eu me virei para olhar o camarim de novo. Não tinha aonde eu sentar! Eu não conseguiria levar tudo aquilo comigo! Eu precisava alugar outro apartamento, comprar uma mansão, sei lá.
Isso me lembrou de outra coisa.
"Andre, você já resolveu para onde vai me mandar?" Eu perguntei, e ele só franziu as sobrancelhas. Tá, eu não tinha deixado tão claro. "Em questão de moradia, eu quero dizer," expliquei. "Eu adoro morar com você, sua filha é a melhor fã que alguém poderia ter-"
"Mas você precisa de um lugar fixo, eu entendo," ele me cortou, depois sorriu. "Eu estou procurando alguns hotéis, como você pediu. Mas é difícil nessa cidade, quase todos tem seus melhores quartos ocupados. E o único livre, você não quer-"
"Não mesmo!" Foi a minha vez de interrompê-lo. "Não, nem de longe. Pode continuar procurando, eu estou adorando a cama de castelo cor-de-rosa da sua filha. Falei cedo demais, sério. Continue procurando."
"Está bem," ele disse, e aí empurrou alguns ursinhos para abrir um espaço onde ele pudesse se sentar no sofá.
Eu aproveitei para ir até o espelho e me sentar. Estava já confortável, quando tentei mirar o meu reflexo e percebi que só conseguia ver meus próprios olhos por cima das flores que estavam ali. Então eu me levantei e levei cada uma até o chão. Depois eu pude voltar a olhar no espelho.
Logo a maquiadora e a stylist do programa chegaram, carregando uma arara com elas. A stylist escolheu meu look. Sim, eu tinha que mudar. Era um do lado de fora, um lá dentro. Ela escolheu um agasalho ajustado, com estampa étnica. Ele era bem gracinha, bem confortável. Só que ela tinha decidido não me dar alguma coisa para colocar por baixo, já que ele acabava em um altura que podia muito bem fazer dele um vestido.
A stylist se afastou de mim, olhando bem para o look todo. E então decidiu acrescentar um cinto amarelo, para marcar a cintura. E complementou com um par de ankle boots bem alto, mas que pelo menos tinha o salto grosso. Depois eu voltei a me sentar na frente do espelho, enquanto a maquiadora terminava seu trabalho e um cabeleireiro aparecia pela porta.
Alguns bons minutos depois (quase uma hora), eu estava andando pelo corredor de novo, com um segurança do meu lado e Andre atrás. O segurança tinha uma lanterna na mão, que era para iluminar meu caminho - não que eu estivesse tentando prestar atenção. Eu olhava para cima, dando oi para quem eu visse. Até que então as luzes diminuíram bastante e eu precisei também diminuir meu passo. Eu não queria cair, não queria que começassem um rumor de que eu estava bêbada de novo.
Eu estava quase chegando à porta do estúdio, quando já conseguia ouvir o público. Eu estava tentando esquecer que tinha tanta gente assim ali, que mesmo que não fosse ao vivo, tinha gente o suficiente ali para começar uma explosão, caso eu falasse a coisa errada.
O segurança abriu a porta e eu andei até a entrada do palco, me escondendo da visão das pessoas. Eu tentei repassar na minha cabeça todas as perguntas que a assistente da apresentadora tinha me enviado, me focando nas minhas respostas. Mas era difícil me concentrar, quando eu podia ouvir as pessoas rindo e a voz alta da Lisa O'Connor enchendo o ambiente.
Eu nem ouvi quando ela me chamou, só senti a mão do segurança me empurrando de leve, me encorajando a entrar.
E então eu cambaleei para o palco, minha música "I Hate Boys" enchendo todo o estúdio. Eu não conseguia enxergar direito, mas podia jurar que as pessoas tinham se levantado, para bater palma para mim. Eu entrei rapidamente no humor de uma entrevista, já sorrindo e acenando para todos, enquanto eu andava em direção ao sofá de Lisa.
Ela se levantou de trás da sua mesa e se inclinou por cima para me abraçar. Depois nós nos afastamos e eu me sentei do lado dela, dando uma olhada no público. Eu realmente não vi bem ninguém, mas sabia que eles estavam ali.
"Uau, essa saia é curta," Lisa começou, já fazendo todos rirem, eu também.
"É, é um pouco," eu disse, me ajeitando no sofá de novo, tentando cubrir tudo que podia. "Não é uma saia na verdade-"
"Nem um vestido!" Ela me cortou. "É uma blusa, isso!"
Todos no estúdio riram de novo, mas eu estava começando a me sentir meio desconfortável.
"É, eu estava louca para vestir alguma coisa um pouco mais livre," eu falei, sem perder meu sorriso. "Já não estava mais aguentando todos os vestidos longos do castelo!"
Pronto, pensei. Aquilo ia puxar a conversa pra primeira pergunta que estava programada. E Lisa percebeu.
"É, verdade, você andou morando por um tempo no castelo, né?" Ela disse, seus cartões de perguntas em sua mão.
"Um pouco, só," eu disse, dando de leve de ombros.
"E como foi? Você teve que namorar o mesmo cara que outras trinta e quatro meninas!" Ela se virou para o público. "Como todas nós fazemos normalmente, mas você pelo menos SABIA que ele estava namorando outras!"
Todos riram de novo, eu principalmente. Era assim que uma entrevista tinha que ser. Ela fazia uma piada sem graça, nós ríamos, eu fingia que respondia, ela fingia que se importava. Eu falava da minha carreira e ela mostrava meu CD. Estava bom assim, não é? Era só o que eu precisava mesmo.
"Pois é, não é fácil, viu!" Eu disse. "Ignorância pode muito bem ser uma bênção!"
"Mas como foi para você?" Ela perguntou de novo, como se nem tivesse me ouvido. "Você é do tipo que gosta de uma briga? Que entra pra fazer de tudo?"
Eu dei um sorriso meio torto, olhando para o lado, como se mostrasse que não queria falar a verdade, mas que não estava disposta a mentir. Todos riram de leve da minha reação.
"Não?!" Lisa perguntou, fingindo estar surpresa.
"Não, eu não gosto de ter que lutar pela atenção de um cara," eu admiti e ouvi enquanto algumas pessoas concordavam. "Eu não tenho paciência, sabe? Eu desisto de vez se vejo que tem muita menina atrás de um cara. Eu prefiro que ele venha atrás de mim!"
O público, que era quase só feito de mulheres, fez um barulho estranho, que parecia que eles estavam concordando. E então eles começaram a bater palma, como se admirassem isso em mim.
Mas, fala a verdade, isso dependia de cada pessoa. Não era uma virtude que eu cultivava! Pelo menos eles tinham gostado.
Depois que eles diminuíram as palmas, Lisa se virou de novo para mim. "É por isso que você escreveu a música 'I Hate Boys'?"
Todos riram de novo.
"Bem por isso," eu disse, sorrindo o máximo que dava, querendo muito revirar os olhos.
"Mas você estava disposta a lutar pelo coração do príncipe," ela falou logo depois. "Afinal, você entrou na Seleção para isso."
Bom, não exatamente para isso.
"É," eu falei. "Eu andei pensando e percebi que, se tem algum cara no mundo por quem vale a pena lutar, esse cara é o príncipe Charles, não é?"
O público concordou de novo e, dessa vez, até Lisa bateu palmas.
"E nós podemos esperar algumas músicas sobre ele no seu próximo CD?" Ela perguntou, e eu dei de ombros de novo, tentando parecer que guardava um segredo.
"Talvez, talvez," eu disse, rindo.
"Para quem não sabe, esse é o último CD da Abigail Neumann, Golden, que atualmente roubou o primeiro lugar nas paradas," ela disse, segurando meu CD e mostrando para a câmera, que chegou bem perto da capa.
Eu fiquei ali, sorrindo meio tonta, até ela o soltar e se virar para mim.
"Mas e agora? Depois dessa decepção amorosa, o que o futuro guarda para o seu coração?" Ela perguntou, com um tom que me fez quase levantar e sair andando.
Era como se ela falasse com uma adolescente idiota que estivesse fazendo drama demais por nada. Então resolvi dar um jeito nisso.
"Ah, não foi exatamente uma decepção," eu disse, com medo de ela me interromper. "Eu me dei muito bem com o príncipe, mas tinha percebido mesmo que não era para ser. Então eu estou com o coração aberto."
Eu me virei de novo para o público e pisquei um olho só, que fez algumas pessoas rirem de leve. E então meus olhos caíram na última pessoa que eu estava esperando ali. Eu perdi minha pose, tive que respirar fundo, olhando para baixo, para conseguir me recuperar.
Mas então eu levantei os olhos de novo para as pessoas e não consegui achar os olhos de Duck de novo me mirando. O que só me provou que eu estava ficando louca, imaginando coisas.
"Você era amiga da menina que foi sequestrada?" Lisa perguntou, derrubando a atmosfera e fazendo quase todos ali ficarem em silêncio.
Eu lembrei de Gabrielle na hora e senti um aperto no coração.
"Ela era uma das minhas melhores amigas ali," eu admiti. "Mas agora ela está bem! Ela foi resgatada ontem e os sequestradores foram pegos."
"Ainda bem," Lisa disse. "Nós estávamos todos aqui, torcendo por ela!" Ela cruzou os dedos e eu dei um sorriso fraco para a câmera, não querendo nem pensar no que poderia ter acontecido com a Gabbie.
Lisa me mandou algumas outras perguntas tontas, mal ouvindo as minhas respostas, até que o nosso tempo acabou. A entrevista toda não deve ter durado cinco minutos. Era puro marketing, ninguém queria me ouvir, só queriam me ver. Eles inventariam minhas respostas nas cabeças deles, não tinha muito porque eu me dar o trabalho de me preocupar. E mesmo que Lisa tivesse alguma pergunta incrível, em momentos de rumores de affairs e coisas assim, eu nunca responderia na frente de uma câmera.
Era tudo puramente ilustrativo, mas necessário. E assim que eu saí do palco, ainda acenando para todos, eu encontrei de novo o segurança, que iluminou meu caminho até eu chegar no corredor dos camarins.
Eu fui cumprimentando de novo quem dava, até cheguei a passar por uma banda de garotos jovens de quem eu era fã. Mas eu estava tão cansada, e meus pés doíam tanto, que eu só queria poder chegar até o meu camarim para colocar minhas botas de novo.
Andre veio andando comigo, mas parou antes de chegar na minha porta.
"Quer que eu te busque alguma coisa para comer?" Ele perguntou.
"Ice-coffee com bastante caramelo," eu pedi e então entrei no meu camarim.
Se eu tinha estado imaginando ou não, Duck parecia bem real, parado de pé na frente do meu espelho. Eu fechei a porta antes que alguém o visse, e o barulho o fez olhar para mim, pelo seu reflexo, depois se virar para me encarar.
"Abbie-" ele começou, mas eu não estava no momento de ouvir desculpas esfarrapadas.
"Duck, eu só te pedi uma coisa," eu disse, talvez um pouco dura demais. "UMA coisa. E nem isso você consegue fazer para mim?"
"Não," ele falou, balançando a cabeça, bem determinado, me pegando de surpresa. "Não, não dá. Se você tivesse me pedido qualquer outra coisa, quem sabe. Mas não essa. Eu não vou parar de falar com você."
Ele deu alguns passos na minha direção, mas eu desviei dele, dando uma volta nele e indo até o espelho. Eu peguei o primeiro pincel de blush que tinha lá e fingi que estava muito ocupada me maquiagem.
"Por que não, hein?" Eu perguntei, só focando o meus próprios olhos. "É tão fácil, é só não vir falar comigo!"
"Porque eu não quero!" Ele disse. "Porque eu nunca conheci alguém como você-"
"Escuta, Duck," eu me virei para mirá-lo, séria. "É muito fácil você simplesmente seguir a sua vida e eu seguir a minha. A gente não teve nada. Ou quase nada, mas mesmo assim. Eu acho muito mais fácil a gente esquecer dessa loucura agora, do que ter que se separar em alguns meses, quando alguma coisa pior acontecesse."
Ele franziu as sobrancelhas, dando um passo em minha direção. "Mas por que aconteceria alguma coisa?"
"Eu conheço a sua reputação," eu soltei, apesar de que estava tentando me controlar nisso. "Sua irmã até me falou para não criar esperanças, que tudo que você faz é aproveitar a conquista. E eu entendo, eu gosto da parte da conquista também! Mas eu estou num momento em que eu preciso de alguém em quem apoiar, sabe? Eu preciso sentir essa segurança, essa confiança. E eu não sou muito boa perto de você."
"Você é ótima perto de mim," ele disse, com um sorriso malicioso que só me provava que eu estava certa.
Eu ignorei o frio na minha barriga e tentei ser forte.
"Não, sou péssima," eu disse. "Eu não penso direito, tenho que me segurar para não fazer alguma coisa que eu vá me arrepender depois. Eu preciso muito me afastar de você, porque eu sinto que vou acabar caindo igual tonta a acreditando que a gente pode dar certo."
"Mas a gente pode-"
"Não, a gente não pode," eu o cortei, esfregando a minha nuca, tentando pensar em alguma coisa que fosse tirá-lo dali o mais rápido possível.
Eu estava começando a sentir o seu perfume, o que só deixava minhas pernas ainda mais fracas. Eu me virei de novo para o espelho e me apoiei na bancada.
"Eu não entendo," eu comecei, quase para minha mesa. Eu balançava a cabeça, meus olhos evitando olhar para ele pelo reflexo. "Eu não entendo porque você insiste tanto nisso-"
Dessa vez, eu mesma que me interrompi, quando eu finalmente entendi.
"Espera," eu disse, me virando para olhá-lo. Meus olhos passaram por todas as flores, todos os bichinhos, todas as cestas que infestavam o camarim. "Só pode ser!"
"Só pode ser o quê?" Ele perguntou, uma expressão de pura confusão em seu rosto.
Ele claramente não achava que eu seria inteligente o suficiente para entender.
"Mas é claro!" Eu disse de novo e levantei os braços no ar, só para soltá-los de novo. "Você quer aproveitar que eu estou tão famosa, não é?" Eu ri, sarcástica, já que aquilo só me deixava com um gosto amargo na boca. "Você quer que a minha fama te ajude a ficar famoso?"
"Não!" Ele disse, bem convincente. Quase convincente o suficiente. "Não, Abbie-"
"Você não precisa de mim, Duck, te garanto," eu o cortei, tentando o empurrar até a porta. "A Enny vai ficar famosa o suficiente, ela é uma das selecionadas na Elite. Pode esperar que isso vai ser o suficiente para você," ele não estava tentando lutar tanto contra mim, e eu consegui chegar até a porta e abrir a maçaneta. "E se não for o suficiente, faz alguma besteira na frente de uma câmera e assina com o seu nome."
"Abbie, deixa de ser louca-"
"Agora eu preciso que você vá embora," eu disse, dando um último empurrão, mas ele brecou seus pés e eu mal consegui fazer com que ele se mexesse.
"Eu não vou embora enquanto você não me ouvir!" Ele disse, me fazendo revirar os olhos e suspirar.
"Não tem o que ouvir, sério," eu insisti. "Eu entendo, não te culpo. Pelo contrário, é normal. É natural querer ser famoso. Todos querem. Eu só gostaria que você tivesse sido um pouco mais sincero, sabe? Para eu sofrer menos no processo."
"Mas eu estou sendo sincero!" Ele levantou sua voz, e algumas pessoas no corredor olharam para a gente.
"Duck, de verdade," eu falei, levando uma mão ao meu peito. "Eu não te culpo! Pelo contrário, eu vou fazer o que você quiser para te ajudar na sua fama! Menos ter alguma coisa mais séria."
Ele ia falar alguma coisa, até abriu a boca, mas depois a fechou de novo, confuso.
"O que eu quero dizer," eu falei, já sem paciência, "é que eu estou pensando em me mudar para o seu hotel. Aí eu serei fotografada entrando e saindo, todos os dias. É bastante publicidade para você, não é?" Eu esperei que ele respondesse, mas seu cérebro ainda estava funcionando. "Ótimo, mas será que agora dava para você ir embora daqui e me prometer que não vai mais vir atrás de mim?"
Ele demorou uns segundos para fazer o que eu pedi, mas ele não prometeu nada. Só me sorriu de lado, antes de sair pela porta, quase dando de encontro com o Andre.
"O cara do hotel?" Ele perguntou, entrando e fechando a porta.
"Sim," eu disse, depois suspirei e peguei o café da mão dele. "Pode ir em frente e alugar a suíte do hotel dele."
Andre levantaou as sobrancelhas, surpreso.
"É, pois é," eu falei, suspirando de novo.


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