Setevidas escrita por tony


Capítulo 44
Yatlas, Senhor Pompom e... Lugi?!


Notas iniciais do capítulo

Terra.
Um planeta azul e infinitamente belo.
O mesmo planeta que nasceu o anteposto que resgatará a plenitude e harmonia entre as doze tribos da dimensão de Shat.
É... Parece que a brincadeira ficará interessante... Miau!



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...(POV Lugi)...

A terra é um planeta estranho. Não muito diferente da tribo dos lobos. É uma péssima comparação, já que as tribos não usam tecnopalogia*.

*tecnopalogia = Ele quis dizer “tecnologia”

O céu está escuro e com raios dissipando para todos os lados. As nuvens estão agitadas e uma cor de tom roxo domina toda imensidão atmosférica. Caminho em direção à antiga galeria onde Lucas foi encontrado morto da última vez. Quanto mais me aproximo, consigo sentir a forte presença de seus poderes de felídeos que cresce a cada vez mais. Claro, em contato com o anteposto, até eu poderia triplicar minhas habilidades felinas. Ele mal sabe o poder que emana sobre seu corpo, pertencendo a nossa geração.

Os vidros da janela estão todos estilhaçados no chão. Empurro as grandes portas do local, e entro pisando nos velhos jornais que forram o chão. As paredes estão mofadas e a tintura perdendo a cor. O lugar continua o mesmo.

Quem diria que o anteposto quase capturou a sexta carta nesse mesmo local? E quem diria que o fim se tornou o novo começo? Aliás, ainda consigo me lembrar de exatamente como tudo isso aconteceu. O lugar intacto facilita as lembranças que teimam em ocupar a minha mente agora.

Era uma noite assombrosa. Nunca mais me esqueço da primeira vez que vi o Apocalipse da espécie humana. Era o fim.

A bruxa estava tentando manter a barreira de proteção. Pra falar a verdade, May estava quase sendo uma insignificante naquela missão, mas Nash estava confiante que conseguiria capturar aquela carta. Até as coisas saírem do controle.

— Lupin, precisamos da sua marreta para abrir caminho. — Nathan gritava segurando a maçaneta das enormes portas da galeria. — Assim que você entrar, a proteção astral fica comigo, okay?

— Beleza! — O menino respondeu confiante.

— Um, dois... — Ele sussurrou contando.

— TRÊS! — O menor berrou fazendo Nathan abrir as portas para que ele pudesse entrar. Lupin salta com sua marreta feita por sua aura verde e acerta os escravos possuídos e domados pela carta. Só de abrir a porta, consegui sentir de longe o poder extremamente hostil daquela carta. Lupin não iria aguentar ficar muito tempo lá dentro, mas Nash sabia disso, e havia pensado em tudo.

— Envolva-nos com a sua proteção! — Ele gritou lançando uma carta dentro da galeria. — Torre! — E em seguida nossos corpos foram envolvidos por uma cor amarelada, quase dourada que dissipava as trevas que estavam contaminando o ar. — Lucas, é a sua vez.

O mais velho salta pra dentro da casa conjugando um arco, o qual usa para disparar diversas flechas azuis.

Em instantes, todos os inimigos ficaram desacordados no chão.

— Lugi, precisamos do pandeiro. — Nash disse virando na minha direção.

— Xá comigo. — Respondi entrando na galeria. Concentrei minhas energias na minha mão e conjurei um pandeiro vermelho. — Nyah!

Bati no pandeiro soltando bolhas de notas musicais por toda parte. Quando as mesmas entraram em contato com os corpos dos humanos possuídos, a marca do mal simplesmente desaparecia.

— Agora, May... Desfaça a barreira! — O menino ordenou desesperado.

— Não vai dar tempo pra correr. — A garota respondeu tentando manter o círculo de proteção em volta da galeria. — Vocês precisam continuar sem...

— Desfaça e entra agora! — Nash berrou segurando a porta.

A bruxa retira uma de suas mãos da direção da barreira e mira no portão da galeria. O escudo começa a rachar e no mesmo instante a porta se fecha automaticamente com a magia da garota.

— Droga! — Nathan disse tentando abrir a porta. — Ela está maluca?

— Nash, não dá tempo, precisamos conjurar as sete auras. — Falei tentando retirar a atenção do garoto que batia desesperadamente no portão.

— Ela não irá aguentar muito tempo se... — Um enorme estrondo de vidro se quebrando ecoou por todo o local.

— A barreira! — Lupin disse assustado.

— May! — Nash disse quase ao mesmo tempo.

— Rápido, deem as mãos e formem um círculo. — Ordenei já assustado.

Se não fizéssemos a conjuração das auras, iríamos todos morrer por causa daquela carta.

Nash ainda atordoado da a mão para Lucas e Lupin, enquanto eu agarrava a mão dos mesmos.

— Eu falhei. — Nash disse chorando e repetindo essas palavras por diversas vezes. — Ela está morta. — Ele continuava. — Eu falhei.

— Nash! — Lucas gritou. — Se concentre, por favor, ou iremos todos morrer.

— Eu falhei. — O garoto continuou chorando.

Os vidros da galeria se quebraram e os escravos da carta começaram a tentar entrar pela janela.

— Eu falhei. — Ele continuava.

— Nash! — Lucas insistia.

— Vamos todos morrer. — Digo ao ver que os monstros se aproximavam.

Quando um ameaçou me puxar pela perna, Lupin reage saindo do círculo e simplesmente começa a lutar com sua marreta contra os escravos que não paravam de entrar no lugar.

Saio da roda e vou ajudar o menino que está em desvantagem.

— Nathanael, você precisa entender que ela se sacrificou para que nós pudéssemos viver. E você está nos matando.

— Eu...Eu falhei...

Lucas levanta a mão e desfere um forte tapa na cara do anteposto. Até parei por um instante de lutar só pra ver aquela cena. Nash esfrega o seu rosto por alguns instantes e depois, limpa a lágrima dos olhos.

— Precisamos de você nos liderando. — Lucas disse quase em sussurro. — Eu preciso do meu Nash aqui... comigo!

— Eles estão em grande número, Lucas. Não podemos vencer essa guerra.

— Podemos sim.

— NÃO PODEMOS, DROGA! — Ele berrou. — Olha ao seu redor. Todos vivaram escravos daquela maldita carta que eu subestimei. Por minha culpa, todos do meu planeta irão morrer. MORRER, LUCAS!

O felídeo abaixa a cabeça.

— Eu não posso vencer nessa vida... Mas podemos vencer na minha outra.

— Lucas. — Disse interrompendo. — Você não está pensando em...

No mesmo instante os portões foram lançados pra longe, após serem atingidos por um raio. May entrou flutuando na galeria possuída e com o símbolo do mal na testa dissipando raios com seu báculo pra todos os lados.

— Ela está possuída. — Lupin apontou.

— Precisamos de cobertura. — Lucas avisou puxando Nathan para outra ponta da galeria.

— Ok. — Disse em uníssono com Lupin que avança pra cima de May.

Lucas segurou Nathanael e olhou em seus olhos.

— Você não precisa fazer isso por mim — O moreno disse fazendo Lucas sorri.

— Eu não quero existir se você não existir. — Respondeu beijando-o levemente.

— Podemos enfrentar isso juntos — Insiste.

— Como você mesmo disse, eles são fortes demais e estão em maior número.

— E o que vai acontecer a partir de agora. — Ele perguntou olhando para as mãos de Lucas que segurava um grande pedaço de vidro que havia caído da janela. — “O esquecimento?”

— Eu não diria isso.” — Lucas disse sorrindo. — Diria que iremos recomeçar de uma maneira diferente e mais segura.

— Antes de ir, quero que saiba de uma coisa. — O menino disse baguçando o cabelo de Lucas. — Eu te amo muito meu pequeno gatinho.

Eu também — Lucas respondeu pegando o vidro e cortando fortemente seus pulsos. — “Eu também” — Ele repete.

Lupin é atingido por um raio da bruxa e logo em seguida um forte clarão ilumina toda a galeria.

Depois disso... Eu não me lembro de mais nada. Apenas me recordo de acordar na tribo dos felídeos, no chão perto de meu templo.

— Lugiemourd?. — Meus pensamentos são cortados por um miado feminino vindo de dentro da galeria.

Viro para trás e vejo uma mulher ruiva e de semblante abatido como se não tivesse dormido há dias. Sua jaqueta de couro está jogada no chão, enquanto seu salto esmaga um dos vidros quebrados no chão.

— Mamãe? — Digo correndo ao seu encontro e lhe dou um grande abraço. — O que está fazendo aqui?!

— Lugi, querido. — Ela diz forçando sua melhor voz melancólica. Dentre todos, eu sempre fui seu filho preferido. — Senti tanto a sua falta.

— Desculpa mãe. Mas você sabe o quão é difícil encontrar um portal dimensional que ligue a nossa dimensão com a Terra?

Ela sorri.

— Não importa. O importante é que você voltou.

— Sim. — Digo. — Estou de volta para ajudar meus irmãos.

A ruiva me solta do abraço e caminha em direção à janela. Virando o seu olhar para o céu rodeado de nuvens negras que dissipam raios roxos.

— Creio que você chegou um pouco tarde para ajuda-los.

— Ah?

— O anteposto está morto e Lucas está prestes a se matar de novo. Envergonhando a descendência e linhagem da tribo dos felídeos.

— Mas...

— Lugi! — Ela me interrompe virando-se para mim. — Por favor, querido. Impeça seu irmão de desperdiçar mais uma de suas vidas.

— Eu...eu...

— Por favor... Faça isso por sua mãe e corte esse mal pela raiz, querido.

— Eu não posso impedi-lo, mamãe. — Falo aflito. — E se Nash estiver morto, de que adianta ele se matar?

Ela se vira e segura minhas bochechas. Suas unhas me machucam um pouco. — Mas se ele ainda estiver nos últimos suspiros, o ciclo poderá se repetir.

— E o que você quer que eu faça?

Ela gargalha. — Se Nathanael ainda estiver vivo quando você encontra-lo... Mate-o!

— Ah?

Ela aperta ainda mais minhas bochechas e suas unhas conseguem retirar sangue do meu rosto. Ela enlouqueceu?! — Você fará isso pra mamãe? — Ela diz olhando nos meus olhos. Quanto mais tempo eu demoro pra responder, mais suas unhas arranham minha face.

— Eu farei. — Digo quase chorando. — Eu matarei o anteposto.

A ruiva sorri e me joga no chão.

— Lugi...Lugi...Lugi... — Ela diz andando em círculos. — Você sempre foi o meu gatinho preferido.

Forço um sorriso. Acho que no momento....Essa é a última coisa que eu quero ser. “O preferido da mamãe”.

...(POV Andrew)...

Quando Yatlas nasceu, alguns dias depois... Estava havendo uma onda de sequestros em Everenbruck. As pessoas não sabiam muito bem, mas crianças desapareciam constantemente naquela região. Minha mãe me buscava na escola todos os dias por causa disso. Os rumores ficavam cada vez maiores, e foi até inventada a lenda que crianças sequestradas assombravam a cidade depois das dez da noite. Mas isso tudo era invenção dos pais, quando queria fazer seus filhos dormirem mais cedo. Certo dia, quando estava voltando da escola com minha mãe, vi um cara passando na rua com casaco e óculos escuro. Ele era alto e parecia ter em torno dos quarenta anos de idade, eu o fitei por alguns instantes e percebi que seu corpo estava envolvido com uma névoa estranha de cor escarlate. Eu não soube diferenciar aquela cor, pois eu era muito pequeno pra entender essas coisas. Mas aquilo me dava medo. Apertei a mão da minha mãe e disfarçadamente apontei pro cara dizendo que ele era uma pessoa muito ruim. Minha mãe me pegou no colo e me carregou até em casa. Três dias depois, aquele mesmo homem foi preso por tráfico de menores fornecendo trabalho-escravo fora do estado. As crianças foram encontradas e devolvidas aos seus pais com segurança.

Eu nunca mais vi pessoas com a aura da mesma cor que aquele moço. E torço pra que não encontre mais nenhum. Depois que meus pais se divorciaram, Yatlas tinha dois anos na época, eu senti um bloqueio temporário em relação às cores. Não conseguia mais vê-las, mas não estava nada contente com aquilo.

Um ano se passou e eu consegui ver novamente. Foi de frente para o shopping quando Yatlas, minha mãe e eu fomos ver algum filme bobo de animação que estava em cartaz no cinema. Quando saímos, vi uma menina que parecia ser um pouco mais velha que meu irmão e um pouco mais nova que eu, colocar uma moeda em um copo de um moço de rua que estava dormindo no chão. Sua mãe sorriu e eu fiz o mesmo. Quando pisquei meus olhos novamente, consegui ver seu corpo com uma luz rosa que brilhava em torno dela.

Fiquei feliz por conseguir ver novamente. Minha mãe fez desdém do caso, mas ficou feliz por saber que eu estava feliz. Mas desde aquele dia, não consigo ver com tanta frequência assim. Às vezes faço esforço, mas não consigo ver nada. Outras vezes, simplesmente as cores aparecem.

...

Acordo com a cabeça na barriga do urso de pelúcia de Yatlas. Minha mãe continua dirigindo em direção a nossa nova cidade/lar/casa enquanto meu irmão dorme para o lado com a cabeça na porta de trás do carro. Acho que ele dormiu antes que eu, pois se me visse dormindo no colo do urso, iria dar um chilique no mesmo instante.

— Mãe? — Digo acordando após ter dormido no colo do Senhor Pompom. — Estamos chegando?

— Estamos quase... — Ela responde não retirando a atenção da estrada. — Yatlas pegou um sono profundo.

— É... Respondo. — Só assim pra ele calar a boca.

— Não fale assim do seu irmão. — Minha mãe diz sorrindo.

Reviro meus olhos, mas percebo algo que prende a minha atenção.

— Hey, o que é aquilo?! — Digo apontando pro céu onde há nuvens cinza dissipando diversos raios sobre a cidade à frente.

— Minha nossa! — Ela grita admirada. — Parece que está por vir uma tempestade enorme.

Olho novamente pro céu e percebo aos poucos um arco de cores se formarem.

— E aquele arco-íris? — pergunto.

Ela olha atentamente para frente procurando por algo. — Que arco-íris?

Suspiro. — Deixa...Acho que eu me enganei.

Não! Eu não me enganei. O arco-íris continua brilhando na minha frente, mas como consigo ver coisas que minha mãe não consegue ver... Apenas decido ignorar.

Um arco-íris em meio à tempestade... O que isso deve significar?


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Notas finais do capítulo

Oiiieee meus felídeos lindinhos :3

Quem está ansioso pra saber o que acontecerá com o Nash levanta a mão, assim > o/ < Ahauehuaheuahueha, pois bem, ele voltará no capítulo 46 e descobriremos finalmente o desfecho dessa história.

Quem gostou do Lugi?! Aliás, ele é/era aliado de Lucas e Lupin nas vidas anteriores, mas e agora? Será que ele irá se deixar corromper pela sua mamãe gata? E Andrew? Quais são as novidades que o aguardam ao chegar na cidade de Nash? Lupin conseguiu salvar Clara dos poderes malignos daquela carta?! São muitas perguntas e poucos spoilers... Então aqui vai:

Esse arco-íris envolve a mitologia egípcia.
Alguém entrará no “mundo dos mortos” :/
“Alguém” ♥ “Andrew” ♥ “Alguém” = muita confusão
Enfim... Só isso que eu posso disponibilizar no momento meus anjinhos... Espero que tenham gostado do capítulo e do flashback explicando como Lucas se matou pela PRIMEIRA vez ;-; (P.S.: A cena final do flashback aparece no primeiro capitulo: SETEVIDAS).

#Não deixem de comentar o que acharam.
Bjos e até o próximo capítulo :P



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