...(POV Caos)...

— O juízo final se aproxima. — Digo flutuando com as pernas cruzadas. — O garoto está cada vez mais forte e aos poucos está conseguindo capturar as cartas que Shat deixou para suas tribos.

— Dados e informações recebidas. — O cubo responde roboticamente aos meus comandos. — A sexta carta foi revelada e capturada. Atualização completa. O anteposto, conhecido como Nathanael em sua vida terrestre, capturou a sexta carta revelada: A justiça.

Sorri. — Ótimo... Tudo está de acordo como o planejado. — Suspiro — Vamos passar para a segunda parte do plano e matar o anteposto e seus aliados.

— Recolhendo dados do segundo plano.

— Dados?! — Verbalizo ironicamente. — Não há dados que possa compreender o tamanho dos meus poderes!

— Sim, mestre.

— Observe e aprenda. — Digo me aproximando da caverna cheia de grades e correntes. Coloco minha mão no chão e fecho os olhos esperando captar as energias repletas de vazio. Quando abro meus olhos, as pedras e a terra começam a levitar ao sentirem a sintonia entre o nada e o vazio. — Espíritos que vagam pelo vazio. — O céu começa a lançar raios e trovões ao ouvir o som de minhas palavras. — Em nome do Caos que circula todo o universo, eu ordeno que retire as grades que prendem o sétimo selo mais poderoso de nossa terra. — Inúmeros seres do vazio começam a se formar ao redor da caverna. — Avancem! — Grito fazendo com que os espíritos iniciem seu trabalho quebrando todas as correntes que atrapalhavam a passagem.

— O que o mestre está...

— Calado. — Interrompo Anark. — Você verá. — Quando os seres terminam e conseguem abrir passagem para caverna, entro e logo no começo consigo achar a carta que havia aprisionado.

— Está é...

— Sim, Anark! — Digo em tom de vitória. — Essa é a carta que amaldiçoei durante todo esse tempo.

O cubo abre automaticamente uma enorme tela e começa a lançar uma luz que visualiza a carta em minhas mãos de cima à baixo como um laser.

— Escaneamento completo! O sétimo selo do vazio se fundiu com sucesso ao amuleto mágico.

— Perfeito. — Digo. Lanço a carta pra cima e no mesmo instante um raio a atinge em cheio. — Apresente sua verdadeira forma. — Grito.

Uma enorme explosão acontece, mas antes de me atingir, consigo formar uma enorme barreira ao redor de mim e de Anark.

A poeira aos poucos vai se desfazendo no ar e a imagem nítida de um garoto aprisionado em uma camisa de força se forma na minha frente. O garoto tem olhos vermelhos e em seu pescoço há uma coleira de ferro que está presa a algumas correntes que prendem suas mãos na camisa. Seus pés também estão acorrentados impedindo-o de dar passos longos. Sua pele é pálida como um papel. Em suas bochechas há sangue e na sua testa há um símbolo, o qual representa a marca do vazio.

— Iniciar escaneamento de energia oculta. — Ordeno à Anark para descobrir se a maldição havia funcionado.

— Iniciando escaneamento. — O cubo diz com sua voz irritante de robô enquanto sobrevoa ao redor do menino acorrentado. — Análise completa, entretanto não foi possível identificar as origens dos poderes do indivíduo escaneado.

Sorri. — O nome disso é “perfeição”, Anark. — Flutuo para perto do garoto e com uma das minhas mãos aperto suas bochechas e me aproximo para próximo de seu rosto. — O anteposto nem saberá o que o atingiu. E quando ele perceber, já será tarde demais.

Gargalho.

— Anark. — Chamo. — Abra o portal temporário para o planeta Terra. Use as coordenadas do povoado do anteposto.

— Entendido. Abrindo portal temporário. — Anark lança um feixe de luz que abre uma brecha que separa os dois mundos.

— Vá! — Ordeno apontando para o portal. — E destrua tudo o que ver pela frente. Principalmente o anteposto e seus aliados.

O menino anda em passos lentos, quase se arrastando, até a fresta que se abre e fecha assim que ele atravessa.

Sorri.

— Agora, abra um novo portal. Só que desta vez com as coordenadas do conselho. Está na hora de assumir o trono!

...(POV Nathanael)...

Estou assentado no chão, assistindo TV com Clara, Lupin, Lucas e o chato do meu irmão Denner, que decidiu ficar aqui com a gente, já que não teria nada pra fazer esta tarde. Lupin e Clara estão sentados no sofá e estão literalmente acabando com a pipoca que resta dentro da bacia. Depois de uma longa briga entre assistir ao futebol, desenhos animados e filmes de comédia... Decidimos que iríamos assistir ao filme de terror e no final Lucas e Denner não estão nem na sala para assistirem conosco.

Levanto do tapete e vou direto pra cozinha onde encontro os dois ouvindo futebol pelo rádio.

— O que estão fazendo? — reclamo. — Vocês deveriam estar na sala assistindo aquela porcaria de filmes como concordamos.

— Fica quieto pirralho. — Denner diz abanando a mão e me ignorando completamente.

Lucas faz o mesmo.

Reviro os olhos e saio da cozinha. — Estou indo buscar a Natália no posto de gasolina aqui perto.

— Ta! — Lupin responde com a boca cheia de pipoca.

Pego o casaco no cabide da sala e saio da casa completamente agasalhado. Na cidade, o frio predomina desde a semana passada e por mais que o sol apareça escondido entre as nuvens, o clima continua congelante. Isso tudo só pode ser pra estragar minhas férias!

Caminho pela calçada com os pensamentos a mil por minuto. A ponta do meu nariz está gelada e por mais que eu use casaco estou começando a sentir um estranho arrepio percorrer minhas costas.

Paro por um instante. — Que esquisito. — Penso. — Eu nem estou com tanto frio ass...

Meus pensamentos são interrompidos por uma enorme explosão que acontece no posto de gasolina. O fogo começa a consumir o local e a se espalhar ao redor, fazendo uma incrível fumaça negra cobrir o céu em um instante.

— Mas... O que?! — Corro na direção da explosão. Não há muitas pessoas na rua, mas parece que nenhuma delas se importou com o tamanho do problema. Nenhuma pessoa se quer parou para ver o acidente. Todas passavam com naturalidade pela calçada como se nada tivesse acontecido. Ao chegar de frente pro posto, respiro fundo e grito. — HALO! — O que ocasiona uma enorme coberta de luzes emergirem do meu corpo, conjurando minhas asas e a auréola.

Voo com dificuldade até acima do posto. As chamas parecem que tentam puxar os meus pés para o acidente, pois disputam comigo o ar. Retiro o meu casaco, pois o calor está me incomodando e de dentro do bolso pego a carta do mago. — Retire o calor existente, reduzindo a temperatura local e domando o fogo com os seus poderes. ÁGUA! — Grito fazendo um cálice enorme sair de dentro da carta. Agarro o cálice lanço no centro das chamas e depois de alguns segundos uma enorme explosão de água acontece apagando as chamas sem problema algum. Desço até o posto completamente destruído. Olho ao redor em busca de algum corpo, ou algo que possa explicar o motivo de tudo isso. O cálice é sugado novamente para a carta e assim que começo a caminhar, entro direto na loja de conveniências totalmente em ruínas.

— Alô? — Digo. Será que eu estou esperando que alguém responda?

Caminho pela loja em cinzas até que ao lado do freezer eu encontro um homem assentado com o uniforme do trabalho completamente rasgado e queimado. Ele parece estar bem, mas está totalmente atordoado.

— O senhor está...

O homem olha em meus olhos e em sua testa há um símbolo estranho do qual não consigo reconhecer. Ele pega uma garrafa estranha e começa a beber um líquido de cor preta que tem um cheiro muito forte. Forço meus olhos para tentar enxergar a embalagem da garrafa e me assusto ao ler a palavra “Gasolina”.