Setevidas escrita por tony
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH — Berro assustado. — EU SOU MUITO JOVEM PRA MORRER, EU...
— Nash! — Ouço a voz de Bryan. — Usa o vento.
Pego com dificuldade a carta do bolso do pijama. Seguro firme a carta do mago e fecho meus olhos pronto para sentir o impacto do meu corpo sendo esmagado no chão. — VENTO! VENTO! VENTO! VENTO! AII SEU MAGO LAZARENDO. VENTO, AR, OXIGÊNIO, VENDAVAL, FURAÇÃO, VENTANIA...... AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH SOCORROOOOOOOOOOO!
Sinto meu corpo ser agarrado e logo estou voando nos braços de alguém.
Abro os meus olhos ainda assustado. — Até que você é engraçado. — Diz uma menina de cabelos castanhos encaracolados me segurando em seus braços. A menina aparenta ter quase vinte anos e seus olhos são bem obscuros, mas o seu sorriso contradiz. — Espero que não tenha se machucado. — Ela diz pousando.
— Lupin! — Lembro-me assustado do pequeno e ao sair dos braços da menina, vejo mais três pessoas pousando e duas delas segurando Lupin e Bryan.
— Qual é o seu problema? — Pergunta Bryan vindo à minha direção. — Nós podíamos ter morrido.
— Eu não sei, eu não consegui invocar o vento.
— Você deixou o seu nervosismo estragar tudo. Nós poderíamos ter...
— Ah... Com licença. — A morena diz sorrindo. Suas asas começam a se esconder atrás de suas costas. — Eu sou a comandante aérea Harpia, e sou responsável por todos os voos feitos nesta área da base militar.
— Base militar?! — Eu e Bryan dissemos uníssono. Olhamos para o lado observando cada detalhe do local. Estamos em um acampamento militar que mais parece ser uma passagem subterrânea com céu aberto.
— Sim, vocês são peregrinos não é? — Ela pergunta.
— Estamos aqui em uma missão. — Lupin verbaliza se aproximando da menina. — Viemos atrás das asas do desejo.
A mulher solta um leve sorriso. — Creio que não podemos lhe ajudar. — Ela diz se referindo aos outros quatros soldados que estão atrás dela. — Realmente, a nossa nação não acredita nas asas do desejo, e mesmo se ela existir, não sabemos quem poderia tê-la, pois ela é protegida pela estátua de um anjo no templo.
— E se o anteposto estivesse a sua procura?
— Aí a situação seria diferente. — Harpia diz dando as costas. — Mas há séculos não se ouve mais falar do anteposto, acho que passou a ser mais lenda que a tal asas do desejo.
— Eu sou o anteposto. — Digo fazendo todos olharem para mim.
Harpia me encara e logo depois diz: — Impossível!
— Okay. — Digo. — E o que quer que eu faça?
— Prove que é o anteposto.
Ai que saco. — Penso. — Esse pessoal de hoje em dia acha que tudo é mentira. Que custa acreditar que eu, um garoto de catorze anos que usa pijama e chinelos, sou um anjo escolhido por um mago velho que criou amuletos mágicos pra proteger as tribos onde a própria pessoa mora. Eu hein.
— Pode me emprestar aquilo? — Pergunto a Harpia apontando para um enorme bambu que pega fogo, iluminando a entrada do acampamento.
— Sinta-se a vontade. — Ela diz.
Retiro uma carta do bolso e tento escolher qual devo usar. Então tive uma ideia melhor. Talvez se eu mostrasse tudo o que eu aprendi até agora, eles acreditem que eu realmente sou o anteposto.
— Cartas criadas pelo mago Shat. — Digo fazendo Lupin e Bryan sorri. Acho que eles sabem que sou uma caixinha de surpresas. — Saiam de sua forma submissa e mostrem aos olhos o que seus verdadeiros poderes escondem. Fogo!
Digo lançando a carta “O mago” pra cima. As outras duas ainda flutuam na minha frente enquanto a carta dos elementos está acima da minha cabeça.
O fogo do bambu se transforma em um enorme dragão que voa por todo o acampamento. Enquanto eu direciono o voo do animal de fogo, todos do acampamento saem de dentro da tenda para ver o que está acontecendo. Vejo de canto Harpia nem um pouco admirada. Eita garota difícil hein. Direciono o dragão de volta para o bambu e antes de tudo voltar ao normal, estalo meus dedos fazendo uma enorme explosão igualzinha a fogos de artifícios, entretanto sem cores. Todos suspiram algo como “Uau” ou ficam boquiabertos, mas Harpia ainda faz jogo duro.
— E aí, e o que achou? — Pergunto sorrindo.
Ela fita meu rosto por um instante e logo se curva diante de mim.
Todos do acampamento fazem o mesmo.
Gente, é sério. Nunca me senti tão animado assim. Imagine um monte de gente se reverenciando pra você. É a melhor sensação que existe. É como se você fosse o centro das atenções e que tudo gira ao seu redor. Eu me sinto o rei do mundo, eu me sinto poderoso, eu...
— AUAHAUAAHAUAHAUAHAUAHAUAAHUAHUAHAAU
— Éeeer... Ele tá com algum problema? — Bryan sussurra pra Lupin.
— Acho que são os famosos dez minutos de glória. — Lupin diz pedindo para que todos se levantassem. — Estamos aqui em uma missão. — Lupin grita para todos os soldados. Viemos em busca das asas do desejo junto com o anteposto.
— Precisamos que nos guiem até o templo das águias. — Bryan fala.
Uma chuva de sussurros e múrmuros soam por todo acampamento.
— Eu irei com vocês. — Harpia diz.
— Comandante, pode ser perigoso e... — Um homem vestido se aproxima de Harpia, mas a garota apenas levanta a mão impedindo que ele prosseguisse com sua fala.
Uhuum. Poderosa.
— Eu irei até o templo com os peregrinos. Quero que voltem aos seus postos para mantermos a segurança da tribo. Entendidos? — Ela grita.
— Sim, senhora comandante. — Todos gritam em uníssono.
Recolho as cartas que flutuam em minha volta e coloco no bolso do pijama.
— Antes de partimos, será que você tem um uniforme de soldado maneiro que nem esse, só que tamanho P? — Pergunto sorrindo.
A diferença de um pijama azul claro, pra um uniforme de exército é:
a) Com o uniforme você pode demostrar um ar de confiante e
b) descolado.
c) No pijama você parece um garotinho qualquer, o que faz com que
d) no pijama ninguém dê a mínima importância pra você fazendo com que
e) de pijama todo mundo te subestima.
Apesar do uniforme parecer um pouco estranho, é melhor que o pijama. Entre aparecer no conselho com um pijama e um uniforme de soldado, eu prefiro mil vezes ir de uniforme, pelo menos assim eles iriam achar que eu sou importante.
Ao sair do acampamento, percebo que a tribo na verdade fica atrás dele. O lugar parece a china de tantos símbolos espalhados por todo o canto. Apesar do aspecto chinês, não há nenhuma tecnologia sequer. Acho que não existe isso por aqui. As crianças voam de um lado para o outro, enquanto a população caminha com naturalidade pelas ruas. Acho que eles estão acostumados de ver isso: Crianças voando. A tribo é um pouco maior que o vilarejo da tribo dos leões, aqui há casas enormes e totalmente simples.
Olho para o céu e percebo que o sol já está se pondo.
— Temos que correr. — Digo. A travessia do deserto demorou horas. — Se não, é capaz de não conseguirmos pegar as asas.
— Não precisam. — Harpia diz em tom de tranquilidade. — O templo é ali ó. — Ela diz apontando para um pequeno santuário onde há uma estátua de águia gigante na entrada. — Vamos. — A menina nos conduz.
Entramos e passamos pelo jardim, no lugar tem um chafariz enorme e a grama é tão verde e brilhante que parece até ser artificial.
— É enorme. — Digo olhando para as colunas de concreto que erguem o templo. Subimos as escadas devagar, Lupin e eu admirávamos tudo enquanto Bryan e Harpia se mantinham na frente. Ao entrarmos nos deparamos com uma porta enorme fechada.
— O que temos que fazer agora? — Pergunto a Bryan.
— Entrar. — Harpia diz. — Ao total, passaremos por cinco andares até chegar ao topo do templo. Cada andar representa um elemento da natureza e sua respectiva ligação com a natureza e a asa do desejo.
— Reza a lenda que ninguém nunca conseguiu chegar até o quarto andar.
Olho apavorado para Lupin. O que será que há atrás desta porta?
— Iremos conseguir. — Digo encorajando o pessoal de forma nada convincente.
— Você só tem três cartas. — Bryan resmunga. — E está com uma águia, um gato e um leão ao seu lado, atrás de uma asa que você nem sabe se existe. Tem certeza que iremos conseguir?
— Eu confio em vocês e confio no mago Shat. Se ele me escolheu e revelou a tribo dos gatos para que me guiasse, então ele realmente estava certo... E eu estou indo atrás do que ele previu. Estou indo atrás do meu amigo, guia e chefe. E querendo ou não, eu irei conseguir trazê-lo de volta.
Digo empurrando o enorme portão com as mãos abrindo o local e fazendo uma enorme luz emergir de lá dentro.
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Continua no próximo capítulo :3
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