Contos Fragmentados escrita por Maria Antônia Freitas


Capítulo 2
Menino-homem


Notas iniciais do capítulo

Esse é o meu conto mais meloso e clichê, com muitas figuras de linguagem.
Boa leitura.



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O sol está se pondo, em um tom alaranjado, e cá estou parada diante ao muro de minha varanda, observando a imensidão azul chegar. E ela chega, devagar, como um predador avança para atacar sua preza. Chega a tons degrade em azul. E após a sua chegada completa, o céu alaranjado é coberto pelo lençol de veludo azul-marinho.
Por fim o sol se vai, e as estrelas aparecem brilhando em um mar escuro, junto a um espelho do sol. Esse espelho, sujeito de muitas frases de amor. A inspiração para muitos compositores. O ombro amigo de muitos dramáticos. E meu grande rival, o qual eu tanto invejo, pois está perto de minhas lembranças inalcançáveis, as quais eu chamo de estrelas.
Cada pequena estrela tem seu sabor de vagas lembranças, e juntas disputam o brilho naquele mar negro, o qual eu prefiro chamar apenas de escuridão.
Entretanto, em meio a todo aquele show de pequenas estrelas, existe uma a qual eu procuro incessantemente após a ida do Sol.
Procuro aquela pequena esfera prateada, tentando brilhar como suas irmãs. Mas, mesmo sem todo reconhecimento que busca ter, algo em seu pequeno e doce brilho me lembra de pessoas que tanto amei em um passado recente.
Neste momento, em que eu estou a observando, com suas pequenas perninhas disputando um espaço ao lado daquela grande bola amarelo-claro, ela tenta brilhar um pouco mais que a noite anterior. Sem sucesso.
Seus curtos movimentos lembram-me o brilho dos olhos do menino-homem.
Ah... O menino-homem...
Menino-homem que eu amei. Menino-homem que espantou minha dor. Menino-homem que tanto aprendeu, como também ensinou.
Sua gentileza, seu brilho, sua doçura. Tudo nessa estrela me deixa distante da realidade, porém me prende às lembranças, quais tais ela participou indiretamente.

“Na noite estrelada, ele a convidará para irem assistir a chuva de meteoritos. A noite havia sido perfeita, até o momento em que ele lhe contou sobre o futuro de seu amor após aquela noite. O destino tinha sido caridoso demais com o seu relacionamento de 2 anos, mas após aquela noite, justo a última noite, as coisas iriam mudar.
Ela o beijou, e prometeu esperá-lo.
Ele a envolveu em um longo abraço, e prometeu voltar.
Ambas as promessas foram-se cumpridas, mas não da forma que esperavam.”

Eu poderia odiar aquela estrela, por me fazer sofrer todas as noites em que nos encontramos, mas aquelas lembranças me confortavam ao mesmo tempo em que me mutilavam, e sentir ódio por algo tão pequeno e meigo me parece errado, injusto e ingrato. Ela não pode ser culpada pelo ódio do homem. Não pode ser culpada pela obra do homem. E muito menos pode receber a culpa pela morte do menino-homem.

“Era 11 de Agosto, quando a campainha de seu apartamento havia a acordado. Se apressou para atender a porta, quase caindo ao colocar seu roupão vermelho. Abriu a formosa porta branca, e se deparou com um simples bilhete deixado em sua porta. Ao terminar de ler as palavras escritas com uma caligrafia esplendorosa, as lágrimas inundaram seu apartamento. Ela perdeu suas forças, e foi de encontro ao chão. Machucando seus joelhos, que não doíam mais que as palavras ali escritas.
Ele havia voltado.
Porém teus pulmões não respiravam mais, sua pele não tinha mais a cor vibrante, e teu grande coração parou de pulsar minutos depois da bala de chumbo perfurar seu peito.”

Então a pequenina estrela se vai, dando espaço a outras estrelas, pequenas como ela, para brilharem em outros céus, alegrarem outros olhos e sorrirem para outros pensamentos e lembranças.
Sei que amanhã irei poder encontrá-la novamente.
Distante de mim, mas ela estará lá.
Para me relembrar de que, apesar de tantos devaneios, dores, e “brilhos” superiores, eu ainda irei me manter aqui. Ansiando pelo dia em que eu possa tocá-lo novamente. O dia em que irei poder olhar em teus olhos verdes-azulados, e me satisfazer por ele ter cumprido sua promessa.


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Notas finais do capítulo

Será aquela pequena estrela, a alma do menino-homem?



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