POV. Crissie

Sair da torre iria ser fácil, ou pelo menos era o que eu achava até dar de cara com Thor enquanto saia do meu quarto seguida por Loki.
– Lady Christinne, quem és seu amigo? – perguntou olhando Loki com desconfiança. Graças aos deuses que Loki estava usufruindo da aparência de um garoto normal!
– Ahn... esse é o... Luke! – exclamei meio atrapalhada. – Meu amigo do acampamento. Luke, esse é o Thor. – apresentei-os um tanto irônica.
– Luke Carter – diz Loki e estende a mão para apertar a de Thor. – É um prazer conhecê-lo.
– O prazer é meu, cuide de Christinne, ela é uma ótima garota. – Thor disse. Sinto meus olhos arregalarem e Loki prender o riso.
– Cuidarei sim.
– Bem, acho que temos de ir, afinal, Luke vai ficar pouco tempo e eu lhe prometi mostrar a cidade. Vamos, Luke?
Loki assenti, concordando comigo e logo se despedindo de Thor. Em seguida, ambos entramos no elevador.
– Até que você não mente tão mal assim - comenta ele enquanto observamos a vista através do vidro do elevador.
– Hey, eu minto bem sim! - grito com raiva.
– Mesmo? Então por que demonstrou tanto nervosismo? Poderia ter estragado tudo.
– Tanto faz. De qualquer forma, eu não te agradeci por ter salvado Nath lá na torre da igreja. Obrigada - digo, sussurrando a última parte.
– Como é? Não ouvi direito - diz ele com deboche.
– Eu não vou repetir - respondo enquanto saio do elevador direto para rua. - Então, o que vamos fazer primeiro?
– Pensei que você fosse a guia - retrucou ele.
– Certo, o que acha de irmos até o fliperama?
– Como é?
– Vem, eu vou te mostrar - falo pegando a mão dele e o puxando até um fliperama ali perto.

–

– Eu simplesmente não entendo - reclama Loki enquanto saímos do lugar, eu tomando um maravilhoso milk-shake de ovomaltine.
– É entretimento, Loki. Não precisa fazer sentido.
– De qualquer forma, eu não gostei desse tal videogame.
– Por acaso essa é uma forma asgardiana para dizer "se eu não tivesse perdido para uma adolescente doze vezes, esse tal videogame seria a coisa mais incrível do universo"?
Loki riu da minha imitação mal feita dele, o que me deixou particularmente feliz.
– Hey, o que acha de tomar sorvete? - perguntei enquanto apontava para um carrinho de sorvete parado no parque.
– Sabe que essas palavras são totalmente desconhecidas para mim, não sabe?
– Então tá mais do que na hora de se tornarem conhecidas.
Joguei o copo vazio do milk-shake numa lata de lixo e fiz sinal para Loki me seguir até o carrinho de sorvete.
– Dois de chocolate, por favor - disse ao homem que cuidava do carrinho enquanto lhe entregava o dinheiro.
– Dois de chocolate, um para a moça e outro para o rapaz.
Por um momento, fiquei tentada a brincar com o homem e dizer-lhe que eu comeria os sorvetes sozinha, mas desisti ao perceber que depois teria de lhe explicar que era apenas uma brincadeira e eu estava com preguiça de fazer isso.
– Obrigada - disse pegando os sorvetes e entregando um à Loki.
Sentamos em um banco que dava de frente para um playground ao lado de um lago.
– Puxa, isso é bom! - disse ele saboreando o sorvete.
Eu ri e comecei a comer o meu também.
– Se gostou tanto de hoje...
– Como gostei!
– ... por que tentou invadir a Terra com os chitauri? - perguntei, sem saber que estava brincando com fogo.
– Por que a pergunta?
– Sei lá, acho que estou só tentando puxar assunto.
– Então por que não falamos de você?
– Porque eu não tenho nada interessante para compartilhar - respondi, olhando diretamente para ele.
– E quanto a sua relação... familiar?
Eu sabia que Loki estava perguntado aquilo porque nunca havia se dado bem com sua família, afinal, acho que essa era meio que a resposta para a minha pergunta.
– É boa, eu acho.
Loki arqueou uma sobrancelha para mim.
– Digo, eu gosto desse tipo de vida e tudo mais, mas... sei lá, acho que às vezes, talvez, eu seja um pouco excluída.
– E por que diz isso?
– Bem, o Stark parece nem ligar para mim, quando a Nath foi sequestrada e eu tentei dizer isso a ele, a gente discutiu para caramba e pra quê? Ele nem ao menos acreditou em mim.
Vi que Loki já estava quase terminando seu sorvete, sem eu nem precisar dizer que a casquinha também era comestível.
– E a Natália?
– Bem, a Nath é legal, mas às vezes ela só pensa em si me deixa de lado. Sem contar que ela é vista como a queridinha princesa Stark e eu sou só a irmãzinha esquizofrênica.
Loki olhou para mim, parecendo surpreso.
– E você fica aí, sentada, sem fazer nada?
– E o que eu poderia fazer? Afinal, eu sei que no fundo eles me amam - acredito ter sido apenas imaginação minha, mas senti um pingo de água no meu rosto, embora não houvesse sinal de chuva.
– Eu não teria tanta certeza assim - retrucou ele.
– De qualquer forma, eu tenho que concordar com você que hoje foi bem divertido.