Assim que o treino de T-líder acabou, Thalia prometeu me contar direito que podres Percy Jackson já se envolveu. Estávamos voltando a pé para o hotel a fim de conversarmos calmamente.

– Bom, quando meus primos, Jason e eu éramos pequenos, adorávamos ir ao Central Park andar de bicicleta, com os cachorros... Percy e todos nos em uma das vindas conhecemos Rachel, ela tinha acabado de se mudar para cá, assim como você. Tínhamos apenas nove anos, então aquilo não passou só de uma amizade entre Percy e Rachel. O tempo foi passando e com treze, os dois começaram a namorar. Rachel se mudou para SoHo, até que Drew chegou na escola quando eles completavam dois meses. – Thalia pareceu tentar lembrar o que aconteceu e continuou. – Era a sétima série. Percy começava a entrar no grupo dos populares junto com Jason e Nico... Comentários sobre Percy e Drew rolavam pela escola, quando Rachel resolveu acreditar em um dos comentários, foi correndo no armário do zelador e encontrou os dois agarrados.

– Ai? – Perguntei.

– Ai que ela ficou arrasada, mudou de escola assim como Calypso. Nesse meio tempo entre a oitava serie e o segundo ano, Percy ficou com todas e esmagou os sentimentos de todas. Você sabe né. Calypso entrou na metade do semestre passado com Rachel. Rachel jurou não gostar mais do Percy, mas todos sabem que era mentira, contudo Calypso fingiu acreditar e começou a namorar meu primo. Ai vem você e o resto você já sabe. – Thalia completou.

– Só?

– Só? Você é nerd, não conseguiu imaginar as coisas que Percy fez entre a oitava e a metade do segundo ano antes de namorar Calypso?

– Sim. – Respondi um pouco triste.

Thalia ficou quieta o resto do caminho. A arquitetura da cidade me impressionava cada vez mais.

– Vou me casar com um marido não virgem. – Falei.

– Ah qual é Annabeth, vai me dizer que você é? – Thalia me perguntou erguendo as sobrancelhas. – Você era capita do time de nojentas, loira do tipo que organizava milhões de festas. Tem certeza?

– Pode ser que sim. Mas tenho certeza que ainda sou virgem. Gosto de pensar na coisa de me guardar para meu marido.

– Você é mais estranha do que eu imaginei. – Thalia disse rindo e eu ri com ela.

Olhei para o relógio. Seis e meia, droga.

– Eu tenho encontro com Will ás sete. Vamos! – Puxei Thalia e chamei um taxi.

Quando cheguei no hotel, Thalia já havia pegado outro taxi para sua casa. Seis e quarenta e cinco. Corri para um banheiro em um banho rápido, passei um creme trançando meus cabelos em uma trança única de lado. Vesti um vestido florido branco e peguei minha bolsa branca, calcei a sapatilha preta passando o perfume e ouvi a campainha tocar. Você merece um premio por ter feito isso em quinze minutos, Annabeth. Corri abrir a porta e recebi um buque de flores de Will.

– Você esta linda. – Will me elogiou beijando minha mão. Ele estava com uma roupa simples, ufa. Não seria nada formal. – Vamos?

– Sim. – Fechei a porta atrás de mim e desci o elevador com um silencio desconfortável.

– Então para onde nós vamos? – Perguntei quando entramos no saguão.

– É uma surpresa. – Will abriu a porta do carro para mim.

Ficamos conversando coisas aleatórias até eu ser um pouco direta.

– Quantas meninas você já namorou? – Perguntei. O que fez Will olhar nos meus olhos quando parou no sinal.

– Hum... – Ele virou o rosto e olhou para a rua novamente. – Acho que Drew não contaria como uma né?

– Com certeza não. – Disse rindo.

– Então foram duas. Reyna quatorze, Quione com dezesseis. E você?

Pensei um pouco antes de responder, Will parou o carro em frente á um prédio simples. Ele ficou me olhando esperando a resposta. Eu não poderia responder nenhum porque estaria mentindo, já tinha namorado vários garotos e levado ponta pé de todos por não querer ir tão fundo na relação. Dei minha resposta padrão.

– Nada sério com nenhum. – O que não era tecnicamente mentira.

Will saiu do carro abrindo a minha porta.

– Chega de falar do passado, vamos?

Will segurou minha mão até subirmos em uma sacada que dava uma vista deslumbrante do Empire State.

– Uau. – Falei com brilhos nos olhos. – É lindo.

Não era só o Empire State que dava pra ver de lá de cima. Toda Manhattan se projetava abaixo de nós, luzes, carros, conversas. A cidade que nunca dormia.

– Gostou? Não sabia se você gostava de coisas elegantes, perguntei pra Piper e ela disse que você gostava da arquitetura do Empire, achei que você gostaria... E que maneira é melhor apresentar a cidade sabendo que pode vê-la inteira?

– Eu amei! – Will me puxou até um sofá de dois lugares com uma mesa e comida chinesa.

Começamos a comer observando a cidade abaixo de nós. Conversar com Will era tão fácil, diferente de Percy. Quando terminamos o jantar já estava tarde e Will me olhou se aproximando de mim. Quando eu vi sua boca já estava encostada na minha. Não abri passagem para a língua, apenas virei o rosto não sabendo o que estava fazendo.

– Temos que ir. – Sussurrei baixinho.

– Tudo bem. – Will se levantou passando pela porta, tive que correr para alcança-lo.

Entrei no carro agora que Will não tinha abrido a porta para mim e seguimos em silencio até o hotel.

– Eu adorei o encontro. – Falei quebrando o silencio quando chegamos em frente ao hotel. – E sobre o beijo...

– Ta tudo bem. É o primeiro encontro, não posso forçar a barra.

– Obrigado Will. – Sorri abrindo a porta do carro. – Boa noite.

Will acenou e esperou eu entrar no hotel até sair de perto. Subi para a suíte e logo encontrei minha mãe sentada no sofá.

– São dez horas. Saiu com Percy? – Perguntou ela. Revirei meus olhos e sentei no sofá cansada.

– Não.

– É. Eu sei, ele ficou a noite inteira na casa dele. – Agora ela estava jogando verde? – Saiu com quem?

– Com um colega de classe. – Levantei pegando um pacote de uvas da geladeira. – Amanha tenho aula, vou dormir tchau.

– Annabeth! Que cara eu vou fazer se Poseidon descobrir que você anda tento encontros quando esta comprometida?

– Você que se vire! Eu não ligo, muito menos Perseu. – Gritei trancando a porta do quarto.

Pov – Piper

Eram nove horas quando Thalia me ligou.

– Problemas com minha madrasta, tem como você vir aqui? – Thalia disse.

– Ok.

Não demorei muito para chegar na casa dela, já que era no prédio de trás do meu.

– O que aconteceu? – Perguntei quando Thalia abriu a porta.

– Meu pai defendeu Hera de novo. Não chamei por mim, é por Jason. Eu não estava quando a briga aconteceu...

– Por que eu?

– Porque ele gosta de você dããããã!

– Como você sabe? – Não pude segurar o sorriso no meu rosto.

– Porque eu sei. Vai lá, sabe o quarto dele?

– Claro. E seu pai? – Perguntei estranhando o silencio da casa.

– Jantar com Hera, você tem no máximo uma hora.

Subi as escadas do apartamento gigante até a terceira porta no corredor. Uma bola de futebol americano estava colada na madeira. Bati relutante até ouvir um entre.

Entrei no quarto e fechei a porta. A cama se encontra em frente, uma mesa de computador azul cheia de cadernos e roupas em cima ficava no canto esquerdo. Do outro lado uma janela dessas com sofá junto estava infestada de bolas de futebol e basquete. Há uma tv na frente da cama e uma prateleira cheio de lembrancinhas e fotos na parede da mesinha. Duas portas que devem ser o closet e o banheiro ficam entre as paredes brancas.

Jason estava deitado de bruços na cama com a cara enfiada no travesseiro e estava sem camisa. Acho que ele deve pensar que sou Thalia ou algo assim. Sentei do lado dele passando as mãos em seus cabelos me lembrando do tempo que fomos amigos.

Minha mãe e Zeus se conheciam a muito tempo, desde meus cinco anos costumava a brincar com Jason e Thalia de tudo que tipo de brincadeira. Minha mãe se mudou para o Canada, entretanto voltamos a morar em Nova Iorque ano retrasado. Quando encontrei com ele novamente vi o quanto ele tinha ficado lindo. Infelizmente, minha amizade com Jason não existia mais.

Ele não levantou a cabeça do travesseiro, então resolvi aproveitar. Fiz cosquinha no lugar onde sempre foi o ponto fraco dele, a nuca. Nunca entendi como alguém poderia ter cosicas no pescoço, mas tudo bem. Jason levantou a cabeça pedindo para parar quando até que ele viu que era eu. Seus lindos olhos azuis estavam inchados e parecia que sua cicatriz perto da boca estivera sangrando.

– Piper? – Jason perguntou se sentando na cama. – O que faz aqui?

– Sua irmã me chamou. Quer me falar o que aconteceu? – Perguntei deixando a parte que não éramos mais amigos de lado. Tá bom que tínhamos cinco anos, mas confiávamos um no outro desde sempre.

– O clássico. – Jason suspirou, talvez perguntando se deveria continuar. - Hera falando que sou desorganizado com minhas tarefas. Ela alegou ter encontrado camisinhas usadas no meu quarto, e que eu trazia “meretrizes” da escola, – Disse Jason fazendo aspas na palavra meretrizes. – quando eles saiam para seus encontros. Disse que era mentira, mas Zeus não acreditou em mim, meu pai a protegeu claro.

– Que horror. – Não falei mais nada apenas o abracei. – Ele sempre vai preferir você e Thalia, só está cego por amor.

– Não sei como ele pode amar aquela mulher medíocre que só quer o dinheiro dele. – Percebi um pouco de rancor em sua voz, mas resolvi lidar com isso depois. – Piper...

– Que? – Disse soltando ele do abraço.

– Eu sei que não somos mais amigos, então... Eu gostaria de tentar voltar com a amizade que tínhamos.

– Quer brincar de casinha? – Perguntei e ele riu.

– Nem tanto assim. – Jason disse e ligou a tv. – Vamos assistir um filme?

Concordei com ele e ficamos assistindo até eu adormecer. Acordei de manha com a cabeça no peito de Jason e pulei assustada. Eram seis horas. Sai de fininho brigando comigo mesma por levantar daquela cama. Bati na porta de Thalia que abriu mal-humorada.

– E ai princesa, aproveitou a noite com o seu irmão? – Perguntou ela com um sorriso.

– Cala a boca e me deixe entrar! – Passei pelos braços de Thalia e deitei na sua cama.

O quarto da minha amiga punk era todo cheio de posters e o teto tinha a pintura de um céu estrelado. A cama branca de casal era a única coisa clara por ali.

– Onde estão seu pai e Hera? – Perguntei.

– Meu pai já saiu para o trabalho, Hera ainda esta dormindo. – Disse Thalia trancando a porta e se jogando do meu lado.

– Eles não sabem que estou aqui?

– Não Pipes. Eles chegaram tarde e foram direito dormir. Eu ia te chamar... Só que você estava tão bonitinha roncando nos braços de Jason...

– Ei! Eu não ronco! – Falei rindo.

– Ok, não ronca. Mas você entendeu.

Ouvimos um barulho vindo da cozinha e levantamos.

– Bom dia Sra. Grace. – Disse se sentando a mesa ao lado de Thalia.

– Bom dia Piper. Não vi que tinha dormido aqui. – Disse Hera com certa simpatia.

– Ela não ia. Mas dormiu. – Thalia disse um pouco grossa.

– Com você? – Hera perguntou.

– Sim. – Respondeu Thalia.

No mesmo momento Jason desceu as escadas segurando minha bolsa. Ele jogou dentro do vaso antes de Hera se virar. Ufa.

– Vai colocar uma camisa menino, temos visitas. – Falou Hera e Jason assentiu com um sorriso subindo as escadas.

– Nós já vamos. Piper tem que passar na casa dela e se trocar. Tchau. – Thalia me puxou pela sala e eu peguei minha bolsa sem Hera ver.

Quando saímos do prédio começamos a rir sem parar. Corri até minha casa com Thalia que tinha roupas lá e nos arrumamos juntas, peguei minha roupa de T-líder e mandei mensagem para Annabeth avisando que passaria na casa dela em trinta minutos.