Juliana cruzou a porta da sala de aula e se deparou com o seu pior pesadelo.

A sala estava toda enfeitada com balões e cartazes: “Seja Bem Vinda”, “Esperamos que você continue bem” entre outros. Todos sorriam para ela. Isso era tudo o que ela menos queria. Teve um motivo para ela não ter contado nada sobre a sua doença para ninguém, Juliana odiava a idéia de ser tratada diferente, de ser olhada como a pobre garotinha que ia morrer, ela não queria ser a coitadinha. Esse tipo de atenção era tudo o que ela menos queria conquistar, mas parece que ter se esquivado do assunto e escondido não adiantou muita coisa.

– Surpresa! – Gritaram todos os seus colegas ao verem-na entrar. Estranhamente Caroline, Bonnie e Elena já estavam na sala, isso explica porque Damon deu umas voltas no quarteirão antes de chegar ao colégio. “Passar mais tempo comigo, sei!” Pensou Juliana. Ele estava era enrolando para que as meninas chegassem antes deles dois, “traidorzinho!” Pensou ela ao ligar as coisas.

Enquanto todos sorriam em direção a ela, esta continuava séria e estática.

– Seja bem vinda de volta! – Disse Caroline se aproximando.

– Aposto que a ideia foi sua. – Disse Juliana não muito feliz.

– De quem mais seria? – Disse Caroline na intenção de abraçá-la sorrindo.

Juliana evitou a ação, o que deixou Caroline surpresa, sem reação e sem graça.

– Obrigada pessoal! – Agradeceu ela a todos. – Mas eu não estou muito bem...

– Está sentindo alguma coisa? – Perguntou Stefan preocupado.

– Nada físico... – Disse ela saindo da sala.

Era uma sala em festa frustrada e uma garota magoada.

– Vocês não tinham o direito de fazer isso comigo... – Ela disse por alto passando pelo imenso corredor do colégio e se estabelecendo em uma escada.

Ela não chorou, mas estava um pouco decepcionada. Caroline, Elena e Bonnie eram suas amigas há muito tempo e nem perceberam que a ‘surpresa’ ao invés de colocá-la para cima a colocaria bem para baixo. Isso não aconteceria na Califórnia, não com suas amigas de lá, parece que elas a entendiam melhor.

– Oi Juliana! O que você está fazendo aqui fora da sala? – Perguntou Amber ao passar por ela, segurando um copo com alguma coisa dentro, parecia ser milkshake. Amber não fazia aula de Francês com ela, por isso nem sabia dessa ‘surpresa’ de Caroline.

– Estou com uns probleminhas emocionais, mas vai passar daqui a pouco... – Disse Juliana.

– Ah! Fica assim não amiga, toma para você! – Disse ela entregando o copo. – Milk-shake de chocolate, sei que você gosta!

– Não obrigada, tomei Café da manhã nesse instante... – Recusou Juliana.

Amber ficou estranhamente nervosa.

– Toma! Chocolate consegue melhorar nosso humor... – Insistiu Amber.

– Não, não precisa. – Disse Juliana desanimada.

– Tomaaa... Não acredito que vai me fazer essa desfeita! – Disse Amber.

– Esta bem, se você insiste... – Disse Juliana começando a tomar o milk-shake.

Quando Juliana tomou tudo Amber decidiu se retirar:

– Tenho que ir para a aula...

– Tudo bem... Eu também acho que vou... – Disse Juliana.

Amber foi embora e Juliana resolveu se levantar. Andou em direção a sua sala, para enfrentar a temível aula de francês com todos aqueles cartazes e balões. No momento que avistou a porta sentiu o sentimento negativo voltando, olhou pelo vidro e enxergou a sala enfeitada e todos os alunos sentados olhando para a professora. Ela não queria entrar ali, mas precisava dar satisfação para seus colegas que apenas estavam tentando ser gentis e calorosos com ela, pois era querida por todos.

Ela abriu a porta e a atenção de todos se voltaram para ela.

– Com licença... – Ela disse meio constrangida. – Eu queria agradecer novamente o que vocês fizeram por mim, foi muito bonito, mas eu não estou mesmo me sentindo bem, vou para casa.

– Jenna e John não estão em casa, quer que eu vá com você? Depois eu pego a lição com a Bon ou a Car... – Disse Elena que estava sentada no meio da sala.

– Não, não precisa... Eu vou então para a pensão, Damon me faz companhia. – Disse Juliana.

– Está bem... – Disse Elena preocupada.

– Damon... Damon? – Disse Juliana entrando na casa e jogando sua mochila no sofá. – “Morceguinho”? – Ela disse isso rindo zombando dele.

– No momento ele não se encontra, mas eu estou aqui! – Disse Katherine entrando na sala e sorrindo para ela.

– O que você está fazendo aqui? – Perguntou Juliana.

– Estou me recuperando da noite incrível de amor que eu tive com Damon ontem, sabe... Ele é muito bom nesse quesito! – Disse Katherine tentando provocá-la.

– Okay... Você vai ter que fazer mais que isso para me envenenar contra ele! – Disse Juliana.

– Tudo bem... – Disse Katherine. – Mas eu quero uma disputa justa, sem trapaça!

– O que você quer dizer com isso? – Perguntou Juliana surpresa.

Katherine se direcionou a bancada e pegou dois copos e os preparou com whisky.

– Eu quero dizer que eu quero ganhar o Damon da maneira correta, sem jogo sujo! Entende? – Disse ela.

– Hum... – Disse Juliana suspeitando de alguma coisa.

– É sério! Acho que começamos do jeito errado... Podemos recomeçar! – Disse Katherine se aproximando com os dois copos na mão. Ofereceu uma Juliana.

– Ah... – Disse ela.

– Vamos brindar a uma concorrência amistosa, sem guerra! Concorrentes não precisam ser inimigas! E eu não tenho nada contra você... – Disse Katherine entregando o copo de whisky a Juliana.

Ela aceitou ainda desconfiada.

– Mas eu não bebo... – Disse Juliana.

– Vamos lá! Só um gole para não estragar o brinde... – Disse Katherine sorrindo simpaticamente.

– Está bem... – Disse Juliana levando o copo a sua boca.

Quando Juliana engoliu sentiu o líquido queimar e rasgar todo o seu canal digestivo. Ela começou a se contorcer em pé e a tossir.

Katherine chegou perto do ouvido dela e disse:

– Isso queridinha é para você ter uma prova de que eu não estou aqui de brincadeira e que eu não aceito concorrência... E eu também sei mais sobre você do que imagina... – Foi nesse instante que Damon entrou rapidamente com sua agilidade de vampiro e empurrou Katherine para longe de Juliana, arremessando-a contra a parede.