Capítulo I - Introdução e uma viagem

POV Hermione

Andava tudo estranho depois da guerra. Apesar das celebrações por todo o mundo, o cluma era triste e pesado, especialmente n'A Toca. Arrastavam-se pela casa, sem as habituais piadas nem o humor.
Nos primeiros dias, as únicas palavras que se ouviam eram ditas pela Sr.ª Weasley e eram apenas para anunciar as refeições. Quanto a mim? Bem, terei de ocupar o verão e talvez o resto do ano procurando meus pais. Pela a Austrália... Porque raio não os mandei para um lugar mais perto? A minha cabeça anda uma confusão. Como é que os vou conseguir encontrar? A Austrália não é propriamente pequena. E vou ter de o fazer sozinha, não quero que ninguém venha. O problema é, eu é que o tenho de resolver. Outra coisa é que provavelmente irão chamar os alunos para repetir os anos, pois aquilo que se passou não se pode considerar um ''ano letivo''. Aprender magia negra, ser torturado como castigo, ter de sair da escola ou no caso de alguns lutar na batalha... É verdade que gostava de termionar o sétimo ano em Hogwarts, mas com os meus pais... Tudo depende do tempo que demorar. A escola já deve estar reconstruída, apesar de ser enorme.
Outra preocupação - e a ''mais maldita'' - é conhecida como Ronald Weasley, uma cenoura insensível que eu resolvi beijar a meio da batalha. Normal? Não. Estou a pensar usar um Obviliate em mim mesma e nele, talvez faça com que esqueçamos que aquilo aconteceu...
O Harry, o Ron, a Ginny, Neville, Luna e todos os outros dizem que tencionam voltar a Hogwarts. Sim, até o Malfoy, que parece ter aprendido alguma coisa. Está ligeiramente mais suportável. Daqui a uns dias, vou direita à Austrália procurar meus pais, niguém me pode impedir de o fazer. Começo sexta. Nem sei por onde procurar! Consegui arranjar um livro sobre a Austrália e j
a tenho mais ou menos uma ideia mas mesmo assim... Duvid que o consiga fazer sozinha em pouco tempo. Mas sobrecarregar mais alguém com isto? Nem pensar!

*

Hoje é segunda. 1 de junho. Já tinha perdido o norte às coisas. A casa estava silenciosa, como nos últimos tempos. Desci para o pequeno almoço, mal ouvi a voz da Sr.ª Weasley, estridente, porém sem emoção. Demorou pouco tempo, pois não tinha muita fome e tinha de ir começando a fazer as malas. Saí da mesa e fui lentamente até ao quarto, pegando na mala que em tempos servira para guardar coisas enquanto estávamos procurando pelos Horcruxes. Meti lá dentro alguns livros que em princípio não seriam precisos nos próximos dias. Antes que pudesse continuar, bateram à porta.
- Mione? - chamou uma voz que eu bem conhecida.
- Entra. - resmunguei, me levantando.
Harry entrou, seguido de Ron.
- Sim? - perguntei.
- Você acha mesmo que te vamos deixar ir procurar seus pais sozinha? - disse Harry com um ar sério.
- Sim. Não quero que vocês venham, não quero sobrecarregar-vos.
- Mas não te vamos deixar ir sozinha. - avisou Ron.
- Mas eu vou. Nada que vocês digam me pode convencer a não ir. - contrariei.
- Ninguém está a dizer o contrário, só não queremos que vás sozinha...
- Harry, não...
- Não adianta. Ou isso ou te obrigamos a ouvir a estação de rádio preferida da minha mãe. - ameaçou Ron meio na brincadeira.
Lancei-lhe um olhar furioso.
- Assim não vale!
- Vale sim. Então, vai deixar-nos ir? - perguntou Harry. - Ou teremos de te seguir passando noites ao relento enquanto você tem uma tenda?
- Tenho escolha?
- Não.
- Então, está bem... Idiotas.
- Nós sabemos que somos idiotas, Sr.ª Granger, agora pode contar-nos o seu ''plano''? - perguntou Ron com um ar apesar de sério deixava perceber que estava a contar a vontade de rir da sua própria piadinha.
Contei-lhes o ''plano'', se bem que de plano não tinha nada. Era procurar ao acaso, já que os tinha mandado para um local qualquer na Austrália.
Não acredito que eles estão dispostos a vir comigo numa viagem que pode durar meses. Isso me faz lembrar algo...
A semana passou a correr. Mal dei por isso e já era sexta. Depois de Ron dar à família a certeza de que ia correr tudo bem, mandaram-nos quilos de comida e mantimentos. Depois da Sr.ª Weasley se despedir de nós (o que levou pelo menos uma eternidade), encontrámo-nos em frente d'A Toca. Agarrei cada um com uma mão, enquanto Harry segurava minha mala (tive de fazer um esforço enorme para me concentrar e não rir), Desaparecemos para o que seria uma viagem sem sentido e algo longa.
De novo aquela sensação desagradável. Não aquela de Aparecer/Desaparecer - a essa já me tinha habituado -, mas sim àquele frio na barriga quando segurava a mão de Ron.
Esqueça isso Hermione, esqueça isso...