Já havia amanhecido nos jardins de Hogwarts e, no dormitório das garotas, havia uma que a algum tempo já estava acordada e pensando, muito.

Hermione andava ansiosa e confusa com toda aquela situação que envolvia Gina e Draco. Ela não sabia o que pensar, nem mesmo o que fazer. Hermione tinha a certeza apenas de uma coisa: que Draco estava usando sua amiga, Gina. Que ele não poderia estar assim, amigo dela do nada. Afinal, ela e sua família, os Weasleys, eram traidores do sangue, não eram? Então não tinha outra explicação, a não ser esta, de que Draco só estava se aproximando dela para se aproveitar e atingir Harry. Quem sabe até ajudar Voldemort a se aproximar dele.

A garota afastou tais pensamentos da sua cabeça e então, lembrou de alguém que talvez poderia ajudá-la. Harry. Hermione vestiu seu uniforme, terminou de se arrumar e desceu as escadas em aspirais correndo atrás de Harry, mas ele já havia descido com Rony para tomar café no Salão Principal.

Ao chegar no Salão, Hermione tampouco conseguiu falar com Harry, a mesa já estava lotada de alunos. Cotovelos encostados em cotovelos, seria impossível conversa sem alguém ouvir. Ela então esperou pelo horário das aulas, quem sabe teriam uma brecha, na qual pudessem conversar.

Mas como durante o café, Hermione não teve oportunidade de falar com Harry. Apenas murmurou para o garoto, sem Rony perceber, que precisava falar sério com ele, sem Rony. O garoto assentiu, apenas. Nenhum momento do dia os dois tiveram oportunidade de conversar à sós.

Quando finalmente voltaram do jantar, que Hermione conseguiu. Aquilo já estava sufocando-a. Rony ficou olhando meio enciumado para os dois, mas como ele não poderia saber, Hermione teve que aguentar os olhares. Harry olhava com curiosidade para a amiga, como se ela tivesse descoberto como derrotar Voldemort facilmente.

– Então Hermione – começou Harry – , o que queria?

– Harry, o que eu tenho pra te contar, é algo muito sério – começou ela.

– Então me conta!

– Bom, não sei se percebeu, mas a Gina anda sumindo muito ultimamente, não acha?

O coração de Harry dera um pulo. Será que Hermione queria dizer aquilo que ele estava entendendo?

– Hermione – começou. – Não vá me dizer que Voldemort a está possuindo novamente.

– Não, não Harry! – disse ela erguendo a mão. – Não é nada disso!

– O que é então, Hermione?

– Bom, Harry. A Gina anda saindo com alguém – quando terminou a frase, Hermione fechou os olhos, como se aquilo a aliviasse.

– Mas, o que temos a ver com isso... até onde sei, Gina sempre saiu com outros meninos – disse Harry de má vontade.

– Aí é que está o problema – disse ela abrindo os olhos. – Ela está saindo com Draco Malfoy.

– O QUE?! – Não, aquilo decididamente não era verdade. Tinha que ser mentira. Gina, saindo com Malfoy? É claro que não, Hermione estava fazendo uma brincadeira de mal gosto, com certeza. Era só isso. Mas, a julgar pela expressão da amiga, Harry, infelizmente, teve que pensar no que escutara.

– Shiiiiii! – fez a amiga, colocando o dedo indicador perto da boca. – Rony não pode saber Harry!

– Mas eu não estou entendendo, Hermione! – falou o garoto.

– Eu também não acreditei quando eu vi Harry... – começou ela, mas Harry a interrompeu.

– Como assim “quando eu vi”? – perguntou ele.

Hermione então explicou como, no dia de sua ronda noturna, ela encontrou os dois saindo da Sala Precisa juntos, como achou estranho tudo aquilo e, que no fundo, achara que Draco tivesse feito algo para ela. Mas não, Gina esteve lá, por sua vontade. Todas as vezes. Contou, também, que os dois haviam se encontrado várias vezes, escondidos. Falou pra ele, que tentou impedir que os dois continuassem a se falar no mesmo momento, mas que Gina, negou. E que depois que chegaram no dormitório das garotas, ela fez Gina contar tudo pra ela. É claro que o fizera à mal grado, mas fizera. E de como a ameaçou de contar tudo para Rony, que por sua sorte, não estava junto na hora da ronda.

Disse tudo que sabia para Harry, até mesmo, que achava que Draco só estava usando ela para atingir Harry.

Quando ela terminou de contar, Harry parou boquiaberto.

– É claro Hermione! – disse Harry se levantando. – Está obvio que ele só quer me atingir!

– Ah, eu tentei avisar a ela! – disse Hermione. – Tentei mesmo Harry. Mas Rony não pode saber...

Nessa hora Rony chega e diz para os amigos.

– Tá legal, o que eu não posso saber?

– Hum... nada – tentou disfarçar ela.

– Eu ouvi o que vocês estavam falando a pouco, tinha meu nome no meio, quero saber – disse o ruivo, ficando cada vez mais vermelho.

Harry sabia que o que Gina estava fazendo era errado, mas ele não podia entrega-la assim para o irmão. E também Hermione havia dito... precisa inventar algo e rápido...

– É... bom eu estava falando para o Harry que... eu ouvi Draco falando para a Pansy hoje, que eles estavam estudando uma tática para derrubar o goleiro da Grifinória, que é... você – felizmente Hermione foi mais rápida, inventara uma história e tanto!

– Mas, por que eu não poderia saber disso? – perguntou desconfiado.

– É que Hermione ficou preocupada, pensou que isso poderia te atrapalhar – então lançou um olhar significativo para a amiga. – Mas já, disse para ela não se preocupar, porque eu vou cuidar disso. E vai ficar tudo bem.

Rony estranhou aquelas palavras, mas Hermione entendeu imediatamente, então sorriu com o gesto do amigo. Harry agradeceu por ela entender que ele iria cuidar desse caso de Gina e que não precisasse explicar.

– Bom, então eu vou me deitar – disse, despedindo-se dos amigos.

Ele se sentia estranho, com uma sensação estranha. Sempre soube, é claro, que Gina nutria sentimentos por ele, mesmo saindo com outros meninos. Agora, ela estava saindo com o seu inimigo, Draco Malfoy. Mesmo que eles não estivessem namorando, ele se sentia traído do mesmo jeito, pelo fato deles estarem sendo amigos. Harry não poderia deixar isso acontecer.

Chegou em seu quarto, despiu-se e deitou na cama. Bolaria um plano, sozinho, para tirar Gina dele. Começaria amanhã. Malfoy não ia fazer isso com ele, não mesmo. Apesar de Harry, ultimamente, se surpreender, de vez em quando observando Gina. Será que Harry andava pensando demais na Gina? Ou aquilo era só impressão dele? Talvez não... Ele já estava cansado das coisas serem tiradas dele, então decidiu, que não iria deixar Draco ficar com Gina. Mesmo que fosse só amizade. O que ele não acreditava, Harry tinha sérias dúvidas se Draco queria atingi-lo ou tirar onda com a sua cara.

Começou a pensar em algum plano, precisava bolar alguma coisa... e rápido. Várias coisas iam e voltavam de sua cabeça e ele não se decidia. Tenho que pensar como se fosse o Malfoy, pensava, o que ele faria se estivesse no meu lugar.

Harry realmente não sabia o que fazer, mas simplesmente teve uma ideia. Uma ideia que poderia mudar os lados, se Gina sentisse alguma coisa por ele, era hora dele saber. Ele iria tentar de tudo, tudo mesmo. Afinal pra quem já enfrentou a morte, enfrentar um Malfoy não será difícil, pensou Harry. Eu acho. Harry não estava fazendo muito isso por Gina, ou por Rony e Hermione, estava fazendo por si, por ele. Pois, não iria aguentar ver Draco passeando por ai com Gina, ele não poderia fazer isso. E o garoto também sabia que aquilo era um tipo de “síndrome” do orgulho ferido. Mas amanhã vocês me aguardem, e verão o que posso fazer. Vai começar a parte um do meu plano, pensou divertindo-se com o que acabara de pensar. Então tentou adormecer, mas com a cabeça a mil pensamentos por hora, foi difícil.