Nem 3 horas. Não consegui dormir três horas sem ser acordada. Sério? Infelizmente, devido a tragédias e traumas anteriores, eu tenho sono leve, então quando o telemóvel começou a tremer, eu acordei imediatamente.
Tapeei a mesa de cabeceira, procurando-o, a minha cabeça ainda debaixo dos cobertores. E quando o encontrei levei-o ao ouvido.
–Sim?
–É a Lydia. - Rolei os olhos mentalmente.
–É melhor que seja algo bom. - Pedi.
–Achei que quisesses vir. - A sua amiga disse.
Eu fiquei confusa - Onde?
–Conheces o Policial Parrish? - Perguntou Lydia.
–Sim, porquê?
–Apenas veste-te e encontra-me na frente da tua casa em 5 minutos. Vou buscar-te, não te atrases. - Então desligou.
Grunhi - mais ou menos. E aqui vamos, outra coisa sobrenatural que vai colocar a minha vida em risco, outra vez. Enquanto me vestia, não consegui não pensar no que o Parrish estava a fazer com Lydia - quero dizer, ela não falava de mais ninguém nos últimos dias. Escovei o meu longo cabelo, em frente ao espelho.
Então lembrei-me que a festa da fogueira é esta noite, e pensei em quantas vezes eu e a minha amiga - humana normal - falamos sobre esta festa. Agarrei o telemóvel, digitando uma mensagem.
'Davina, onde andas?! Preocupada. - x Alexis' É a 500ª mensagem que lhe envio. Fui a casa dela no outro dia e os pais disseram que estava tudo bem, e que é apenas uma virose. Mas porque ele não me liga? Ou responde às mensagens?

Enviei outra:
'Vais estar na fogueira? Só vou se fores. - x Alexis.'

Eu encarei a fotografia minha, de Liam e Mason, antes de calçar umas botas, colocar umas calças, uma camisola verde e uma jaqueta; saí de casa.
O carro de Lydia já estava parado lá fora e eu entrei, ocupando o lugar da frente. Eu sorri-lhe, beijando-lhe a bochecha, mas então o meu olhar fixou o espelho; voltei-me para o banco de trás e eu ia dizer: 'Olá Parrish.'
–Oh- oh meu deus! Porque raio estás nu?!! O que se passa? - Tapei os olhos, voltando-me para a frente.
Lydia sorriu um pouco.
–Haigh cobriu-me com gasolina e pegou-me em fogo. - Explicou Parrish.
–Pegou-te fogo e tu não estás morto? - A minha cabeça vai explodir.
–Não. - Respondeu ele.
Eu olhei Lydia com um olhar inquisidor.
–Vamos leva-lo ao Derek. O Scott disse que encontra-nos lá. - Assenti, apenas.
–E o Stiles? - Perguntei.
–Stilinski levou um tiro. Mas está bem! - Lydia assegurou-me, provavelmente depois de ver o meu olhar de pânico - Mas o Stiles está com ele no hospital.
Eu olhei para Parrish, que tinha um olhar de culpa, mas eu não disse nada. Ele tinha o suficiente com que se preocupar. Coloquei-me confortavelmente no banco e o caminho foi silencioso.

##

Derek examinou as mãos de Parrish. Mas não havia nada, quase como se as chamas nem lhe tivessem tocado.
–É o cabelo e as unhas, não é? As partes do corpo que deviam estar mortas. - Lydia disse.
Derek olhou-a - Não deviam estar aqui.
– Pegaram-me fogo? EU não devia estar aqui! - Parrish exclamou incrédulo. Ele olhou-me e eu afastei-me, não pretendendo responder.
–Não se fores como nós. - Scott disse.
–Como vocês? - O policial perguntou. Eu apertei o seu ombro, pelo que vai acontecer a seguir: O meu irmão vai encontrar uma forma terrível - ainda mais do que a anterior - de contar isto. E ele vai sair a correr.
–Eu não acho que ele seja como nós. - Derek falou.
–Então o que ele é?! - Perguntei, confusa.
–Não tenho ideia. - Ele respondeu e eu arregalei os olhos.
–Não sabes?! Mas, tu sabes tudo. -Lembrei, esperançosa.
–Isto está um pouco fora da minha experiência, Alex. - Derek explicou. Eu baixei a cabeça. - Pode haver algo no bestiário. Tentaram o Argent?
Scott pareceu ponderar antes de falar, - Não sei onde ele está.
–Ok, o que é um bestiário? - Coitado do Parrish, parecia tão confuso. - Esperem, essa não é a minha primeira pergunta. Apenas me digam. São todos como a Lydia? Videntes?
–Videntes? - Derek perguntou.
–Sim. - Confirmou o policial.
Eu e Scott olhamo-nos e eu fiz-lhe sinal para que respondesse.
–Não exatamente.
–Ok, então o que são? - Oh, não.
Scott olhou Derek, que assentiu. O meu irmão então olhou-me e eu sorri, com encorajamento; então ele fechou os olhos e quando os abriu eles eram de um brilhante vermelho.

##

Eu não ouvi a explicação que estavam a dar a Parrish. Estou distraída. Estou preocupada com algo, mas não sei com o quê exatamente; como um sentimento estranho no meu estômago. Encostei-me à grande janela do loft do Derek, olhando a cidade. Eu tentei pensar na situação da lista de alvos. Havia algo no fundo - novamente, um estranho sentimento - de que algo estava errado com Liam. Eu tentei mandar-lhe uma mensagem e ligar-lhe, inúmeras vezes.
Então, dei conta de que Lydia começou a falar da sua avó. Algo sobre uma antiga lista de alvos e da sua conecção com Meredith; as experiências que a puseram maluca.
–A minha avó colocou-a maluca e eu levei-a ao suicídio. E tudo o que ela queria era ajudar. - Mordi o lábio, aproximando-me lentamente de Lyd e puxando-a para um abraço.
Não muito tempo depois, eu já estava sentada no sofá de Derek, olhando o chão e batendo as pernas; uma de cada vez. Permitindo a minha preocupação por Liam preencher a minha cabeça. Soava quase como um aviso e estava a deixar-me maluca. No entanto, escolhi continuar a ignorar.
–A minha avó codificou a lista de alvos. - Levantei a cabeça, tomando atenção na conversa novamente - Acham que ela é a Banshee que pôs os nomes. Ela deixou-me esta mensagem codificada.
–Mas deixa-me adivinhar... não deixou a senha? - Todos me olharam. Lydia balançou a cabeça negativamente. - Tal como eu calculei.
–Eu vou andando... - Avisou Lydia.
–Leva a Alex, por favor. - Pediu o meu irmão e eu olhei-o confusa. A minha melhor amiga assentiu, concordando rapidamente.
–O quê?! - Exclamei - Porque eu não posso ir contigo?
–Vemo-nos mais tarde, mana. - Scott respondeu, olhando Derek de relance.
Suspirei, seguindo Lydia.

##

Foi estranho como eu consegui passar de: 'procurar algo desesperadamente' e 'completamente ignorar'. Como agora, o facto de querer tanto evitar Liam. Lembrando-me da noite passada, das mil mensagens e chamadas que deixei; eu estava envergonhadíssima. Provavelmente, eu não tinha razão nenhuma para estar preocupada e de certeza que Liam ficou a pensar que sou uma stalker.
Depois, tenho o Scott. Ele tem estado estranho comigo e eu não consigo encontrar razão pela qual ele não me conta o que se passa. Quer dizer, não que haja alguém a quem eu possa 'acidentalmente' contar, porque a minha única amiga humana: Davina, está 'desaparecida'. Talvez isso seja bom, visto que estar perto de mim é extremamente perigoso.
–Alex! - Saltei para a realidade, encarando a mão de Mason, balançando na minha frente. Sorri culpada.
Voltamos a andar pelo corredor da escola, tentando chegar à primeira aula. Chegamos cedo, diferente da maioria das vezes. Mason estava a tentar convencer-me a ir com ele e Liam à fogueira; e perguntando subtilmente - ou não - o porquê de estarmos os dois a agir tão estranho. Mason era bastante inteligente quanto a perceber que as coisas estão estranhas.
–Por favor, Alex. Vem hoje à noite. - Suplicou.
Mas havia uma coisa que ele não percebia: um novo sentimento no meu estomago. Eu não sabia se era o facto de estar nervosa sobre ver Liam, ou uma das minhas habilidades de Anddexus. As coisas têm estado tão estranhas que eu não conseguia distinguir o sobrenatural da realidade. No entanto, tinha a pequena impressão de que algo ia acontecer esta noite.
–Mason, tens noção de que não está a ser subtil? - Interrompi-o, fazendo-o olhar-me.
–Ok. - O meu amigo pareceu desistir - O que se passa com Liam?
Eu suspirei. Eu sabia que ele iria perguntar isto.
–Porque eu haveria de saber? - Perguntei, desentendida.
–Não sabes? Como não sabes, Alex?! Eu vi-o esta manhã e ele estava todo nervoso e parecia que ia desmaiar. E tu sabes o que é porque ages da mesma maneira. - Exclamou, compreensivelmente confuso.
O meu sentimento de culpa crescia a cada palavra. Eu preparei-me para refutar com uma mentira qualquer; era tudo o que eu sabia fazer: mentir tanto quanto respirar.
"Alexis McCall, o Treinador Finstock precisa de ver-te. Sabes onde ir." A voz dos altifalantes, era obviamente do treinador. Eu suspirei e Mason lançou-me um olhar de acusação.
–Mason...
–Vai, Alex. - Ele disse apenas. O meu amigo voltou-me costas e eu dei por mim - parada no corredor - encarando uma rapariga, mexendo no seu cacifo.
Então, eu viajei.

"Eu não entendo, Josh! Como podes acabar comigo? Tu ontem disseste que me amavas!" A rapariga - que descobri, não sei como, chamar-se Joanah - parecia furiosa e no entanto frágil. As lágrimas escorriam-lhe pela cara. "As coisas mudam, Jo. Ultrapassa." Devolveu Josh, voltando -lhe costas e batendo a porta de uma sala qualquer. Joanah gritou abafado, pelas suas mãos.

Arfei, recuando alguns passos. As luzes do corredor pareciam piscar e uma dor de cabeça atingiu-me. Pressionei a minha testa, numa tentativa vã de acabar com ela. Então, aos poucos recuperei. Eu estava ofegante, apoiada num cacifo.
Isto não podia estar a acontecer, não; eu entrei na mente de outra pessoa sem a tocar. Não. Não era suposto eu fazer isso. O que...
"Alexis!" Agora tive a certeza de que era a voz do diretor. Balancei a cabeça, afastando os pensamentos sobrenaturais da minha cabeça e caminhei para o escritório do treinador.
–McCall. Tenho uma oferta. - O treinador disse. Ele estava sentado na sua secretária e voltou-se, para me olhar. Eu levantei uma sobrancelha. - Eu designei o teu irmão para tomar conta da equipa na fogueira. E o McCall é bom e tudo isso mas eu preciso de mais alguém para tomar conta dos rapazes.
–E estamos a falar de mim? - Perguntei, incerta.
–Tu dás-te bem com todos eles. Então, sim. - Confirmou Finstock.
–E o que eu ganho? - Eu nem podia acreditar, que estava realmente a considerar isto.
–Assistir-me nos treinos. Acesso ao equipamento. E claro, justificação para faltas em caso de treinos e jogos...
–Ei! Acesso ao equipamento? - Um sorriso rasgou a minha face - Estou dentro, treinador.
–Eu sabia que adoravas isto tanto quanto eu, McCall. - Devolveu.
Ele riu da sua maneira estranha e levantou-se. Eu estava preparando-me para abandonar o escritório, quando um alto beep veio da impressora do treinador. Eu voltei-me. O treinador resmungou.
–Estupida impressora! Não me diz o que quer.
Não que eu fossa uma expert em tecnologia, mas sabia o suficiente. Caminhei até à impressora e agarrei o braço do treinador, que desferia golpes no aparelho - frustrado. Eu premi alguns botões e percebi o que se passava; ri um pouco.
–Não está avariada, treinador, precisa de papel. - Agarrei resmas de folhas, na mesa ao lado e coloquei-as.
O treinador apenas cruzou os braços e deixou-se observar.
–É por isto que preciso de ti. - Eu sorri fraco. Mas saltei, assustada, quando a impressora começou a fazer barulho. - O que raio?!
Eu estreitei os olhos, apenas ficando ao lado do treinador, observando a impressora imprimindo pedaço a pedaço de papel. Eles saiam tão depressa que era difícil ver o que dizia neles. As paginas espalhavam-se pela sala, o vento levando-as para fora da porta. O treinador continuou a premir botões, desesperadamente, na tentativa de fazer a impressora parar. Lentamente, baixei-me para pegar um folha. Houve uma alteração na minha respiração, no momento em que juntei as letras espalhadas pela página. Era a lista de alvos. Imprimida repetidamente. Todas as três partes. Eu olhava a segunda parte: Brett, Kate, Noshiko e Parrish. Deixei-me cair no chão, procurando, quase desesperadamente, as outras partes. Eu estava prestes a estuda-las, quando fui agarrada e arrastada pelo corredor. Scott, eu e Liam formamos um circulo, enquanto eu os olhava assustada. Todos olhávamos os papeis.
–Vês a diferença? - Liam perguntou. Eu apenas olhava, incrédula, para a lista.
–Derek não está mais na lista. - Respondeu Scott.
–E eu já não valho três milhões. São dezoito agora. Dezoito milhões de dólares. - Disse Liam preocupado.
Eu continuava a encarar o papel. Eu tinha visto o nome do Liam primeiro e estava prestes a passar-me e a não deixar o seu lado até isto estar tudo acabado. Isso foi até encontrar o meu nome.
–Pessoal, o Liam não é o único a valer mais. - Eu quase sussurrei. Pude ver Scott mudar a sua expressão, olhando-me preocupado, - Eu valho tanto como tu Scott. Valho vinte e cinco milhões.

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Depois de todo o 'Parabéns, agora vales mais um extra na lista de alvos. Mais pessoas vão querer matar-te! Yay!' eu faltei ao resto das aulas e voltei para casa, trancando todas as janelas e portas, mantendo o material de 'caça' no meu quarto, bem perto de mim; assim como uma faca nas minhas botas. Eu apenas queria passar o resto do dia... sem pensar.
Eu apenas liguei a televisão e assisti todos os episódios de Pretty Little Liars que tinha perdido, tentando ignorar as chamadas de Scott, Mason e - surpreendentemente - de Liam. Mas não me conseguia distrair. Nada funcionava. Não conseguia parar de pensar que talvez o facto de eu ter aumentado tantos milhões na lista de alvos, seja a evolução dos meus poderes.
E eu queria deixar de pensar nisso, mas quando finalmente conseguia... Liam voltava aos meus pensamentos. Eu comecei a pensar nos seus olhos. Olhos incrivelmente azuis que eram tão claros que eu jurava que conseguia ver a sua alma. O seu maravilhoso cabelo quase loiro, que era um pouco baralhado mas ainda, lindo. A face, os músculos, a sua natureza de preocupação e eu podia continuar. E isso frustra-me.
O meu tipo sempre foram rapazes ficcionais. Esses não partiam corações. Nunca te rejeitariam, ou seriam cruéis.
Rapazes reais são difíceis. Eu sempre gozava com Allison, sobre o facto de ela se ter apaixonado - e logo pelo meu irmão. Eu nunca gostei de rapazes reais. Mas eu entendo, o erro foi meu. Eu baixei a guarda, eu dei-lhe a coragem para ele me beijar. Grande erro. Eu conheço-o bem demais; importo-me demais. Eu quero fazer todas aquelas coisas romanticamente estupidas dos filmes com ele e isso deixa-me maldisposta. E o pior: eu queria que ele entrasse por esta porta e me beijasse. Era tudo o que eu mais queria. Tudo o que eu sei que precisava.

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Rolei na cama, olhando o relógio: 7:38. Oh, eu devia estar na fogueira às 8h. Levantei-me, indo vestir-me. Depois, no meu caminho para o corredor, peguei o meu telemóvel, digitando uma mensagem: 'Davina, fico à tua espera! Espero que venhas. - x Alex.'.
Então, cheguei à sala, encontrando o meu irmão, já vestido.
–Estás bem? - Este era o tipo de pergunta que queria evitar. Apenas assenti. - Eu dou-te boleia.
–Ok. - Então saímos de casa.
Bem, eu percebi que esta pode ser uma boa maneira de me distrair. Então, esta noite, eu vou ficar absolutamente bêbada e vou achar uma distração.