Os olhos estavam fissurados uns aos outros, bocas levemente abertas, narizes tocando-se, dedos trêmulos tocando os rostos timidamente. Regina fechou os olhos e colou sua testa à de Emma. Ela não sabia por que estava fazendo aquilo, só sentia vontade de fazer, a loira a fazia tão bem em pouquíssimo tempo, mal tinham parado para conversar, mas isso parecia ser irrelevante para aquele momento.

Pouco tempo depois, Emma fechou os olhos também. Regina se aproximou e colou os seus lábios nos de Emma, era um selinho, porém demorado. O lábio inferior de Emma estava entre os lábios de Regina que mordeu levemente e sorriu logo em seguida ainda segurando os lábios entre seus dentes. Nenhuma das duas podia fazer aquilo, mas parecia que isso também não contava naquele momento tão satisfatório para ambas. Depois de alguns segundos naquela posição, Emma se separou lentamente de Regina que permanecia de olhos fechados. A loira parou e pensou que aquilo só podia ser loucura. Era isto mesmo? Teria trocado um momento, um tanto, íntimo com a mulher de seu chefe? Logo, a culpa tomou conta de si.

– Desculpe-me. – Sussurrou a loira sem coragem de olhar para a morena, então abaixou a cabeça. – Eu não deveria ter feito isso e..

– Emma, está tudo bem. Você, de alguma maneira, não fez isso sozinha. Desculpe-me também. – A morena sorriu fazendo com que a loira a olhasse novamente puxando seu queixo para cima. – Eu gostei. – Sorriu tímida e safada.

– De certa forma, eu também gostei. – Falou Emma toda tímida com uma expressão extremamente fofa. Com a fala de Emma, a morena soltou uma gargalhada gostosa e puxou levemente a loira pelo pescoço.

– Eu não sei o porquê, sei que é totalmente errado, mas quero fazer novamente. – Falou com os olhos alternando entre boca e olhos da loira.

Emma sorriu tímida e agora por iniciativa própria puxou Regina para um beijo. Claro que era diferente do de antes, agora as bocas se conheciam timidamente em apenas uma troca de lábios. A troca de sabores veio em seguida quando Regina pediu passagem para sua língua entrar na boca de Emma. A loira sorriu entre o beijo e concedeu deslizando a língua sobre a da morena e chupando-a levemente.

As duas estavam ali no sofá, meio deitadas e meio sentadas. Emma estava sobre a morena com um braço em volta do pescoço da morena e outra perdida em seus cabelos negros e lisos. A morena, por sua vez, estava com os braços em volta da loira e a puxou mais para si, colocando-a de vez encima dela.

O beijo não tinha fim, Emma e Regina não queriam que acabasse. Apenas se separaram quando o ar foi necessário. A loira sorriu satisfeita e deitou no ombro da outra que a aconchegou em seus braços.

– Durma, Emma. Você precisa descansar. – A loira apenas assentiu e sorriu. Logo sua respiração foi se acalmando no pescoço de Regina e dormiu. Regina, aliviada com a situação, dormiu também.

[...]

A morena acordou e viu que eram oito horas. Hoje, Graham iria trabalhar apenas depois do almoço, portanto sabia que o marido estava dormindo ainda. O cheiro de Emma estava entrando em suas narinas e Deus, como aquele cheiro era bom! Regina riu com o pensamento. A loira estava ali dormindo em seus braços, com os cachos do cabelo louro dourado caindo levemente sobre seu rosto e alguns fios fazendo cócegas no pescoço de Regina. Sua respiração leve dizia que ela estava tendo um sonho tranqüilo. O rosto de Emma era perfeito, junto com seu corpo. Tudo no lugar certo, tudo na medida certa. Era um anjo. Realmente, Henry tinha a quem puxar. Novamente a morena sorriu com seu pensamento.

Olhou para a escada e avistou Henry descendo devagar, observando as duas e coçando os olhinhos. Tinha coisa mais fofa?

– Hey, bebê! – Regina sussurrou à medida que ele chegada perto.

– Oi tia Gina. A mamãe tamém dormiu aqui? – Ele falava baixinho, assim como a morena fez antes.

– Ela teve um sonho ruim e eu a ajudei. – Henry subiu no sofá deitando sobre Emma e Regina. – Cuidado, pequeno! – Regina alertou.

– Vamos acordar a mamãe? – Ele tinha um sorriso travesso.

– Vá em frente! – Encorajou e riu.

– Mamãe!! – Henry dava beijos no rosto de Emma. A loira sabia quem estava a acordando e sorriu. – Acorda! – Ele continuava com os beijos e logo após começou a fazer cócegas na loira que ria.

– Tudo bem, meu amor! A mamãe já acordou. – Disse a loira toda fofa com o rosto amassado de tanto dormir. Ela o abraçou pela cintura e ele levou as mãozinhas pequenas até o rosto dela passando a mão nos cabelos dela.

– Tia Gina disse que vocês dormiu aqui. – As duas riram baixinho e Emma se tocou que ainda estava deitada sobre a morena, olhou para ela e sussurrou um desculpa, a outra devolveu um ‘’Está tudo bem, querida’’.

– Sim, querido. É que a mamãe teve um sonho ruim e ela veio tomar um copo de água, então a Tia Gina ajudou a mamãe. – Falou para o filho que sorriu.

– Hm... – Balbuciou o menino. – Eu to com fome. – Falou cobrindo a boca com as pequenas mãos.

– Vá indo para a cozinha, que nós já vamos. – Regina disse e passou a mão pelos cabelos do menino. Ele saiu murmurando algumas coisas que as duas não entenderam, apenas sorriram.

– E você dormiu bem? Não teve mais sonhos? – Perguntou a morena para a loira um tanto preocupada.

– Sim, dormi perfeitamente bem. – Falou se ajeitando encima da morena. A loira iria se levantar, mas foi impedida por Regina que sorriu. Puxou levemente a loira pelo pescoço e dando um leve beijo em seus lábios rosados que estavam com cores novamente.

– Agora sim. Bom dia. – Sorriu maliciosa.

– Bom dia, querida! – A loira devolveu a brincadeira. – Sabe que teremos que conversar, não sabe? – Disse desanimada.

– Sei sim. Agora, a senhorita vai se arrumar enquanto eu dou comida ao seu filho. – A morena sorriu autoritária.

– Acho que trocamos os papéis. – Brincou a loira se levantando, dando um selinho na morena e subindo logo em seguida. Enquanto a morena estava na cozinha preparando omeletes, entre outras coisas, para o café da manhã, a loira estava em seu quarto despindo-se para tomar outro banho. Precisava esfriar um pouco a cabeça com tudo aquilo que estava acontecendo.

{Emma}

Estava embaixo do chuveiro, sentada, encostada na parede, a água caia por meus cabelos, costas, seios, coxas, molhando todo o meu corpo. Eu estava ali sentada, mais especificamente, para pensar. Eu precisava digerir tudo o que estava acontecendo comigo ultimamente. O seqüestro, August estava atingido, estava morando junto com o meu chefe, cuja esposa havia me beijado na noite anterior e dormido – literalmente – comigo.

Eu sabia que não era certo o que eu havia feito, beijado Regina daquela forma, ter me entregado, de certa maneira, daquela forma. Mas, o pior de tudo, eu havia gostado. O que estava acontecendo comigo? Eu não beijava garotas, mas isso não é um problema, eu nunca fora preconceituosa. Eu nunca havia sentido atração em uma, acho que esse era o termo correto a usar.

Novamente, eu estava de baixo do chuveiro pensando. Acho que era o único local que eu conseguia pensar em tudo o que estava me rodeando sem sentir medo. Eu não entendia. Realmente aquelas coisas de que a água lava a alma pareciam fazer sentido pensando por esse lado.

A única coisa que eu não conseguia era pensar algo em relação à Regina. Aquela mulher entrou na minha vida em menos de uma semana e já estava bagunçando de uma maneira boa. Três dias, praticamente, e eu havia trocado um beijo com ela. Eu não podia fazer aquilo com meu chefe, não era questão de querer, nem de escolha, nem de lealdade, era que eu não podia mesmo. Se o casamento deles não vai bem, eles deveriam conversar antes de qualquer decisão. Por um lado, eu estava errada em fazer aquilo, mas, Regina também estava. Éramos duas culpadas de um crime não perfeito.

Levantei-me. Já estava na hora de eu sair do chuveiro. Peguei a toalha que estava pendurada atrás da porta e comecei a secar meu corpo. As marcas deixadas por Neal ainda me feriam quando eu as olhava. Permiti que algumas lágrimas ainda caíssem no meu rosto, mas rapidamente eu as sequei, porém não foi rápido o bastante para esconder um sinal de choro.

Saí do banheiro e fui até o armário que eu havia colocado as roupas de Henry e ao lado das dele, as minhas. Coloquei minhas peças íntimas e uma regata branca, deixava uma parte dos meus seios à mostra, mas nada vulgar. Coloquei também um short colado preto de academia, e também um par de sandálias. Sequei a ponta dos meus cabelos com a toalha, apenas ajeitei-o com a mão mesmo e saí do quarto indo para a cozinha.

Lá, encontrei meu filho no colo de Regina com o rosto sujo de chocolate tentando sujá-la. A morena apenas ria, parecia não se importar muito com a brincadeira. Os dois foram para a pia e Regina conversava animadamente com meu pequeno enquanto limpava o rosto e as mãos dele. Quando ela se virou, deu de cara comigo e sorriu abertamente, mas sua testa franziu quando viu minha cara de choro. Disfarcei sorrindo para ela.

Ela colocou Henry na cadeirinha que eu havia levado para ele e sentou-se ao meu lado. Comemos conversando algumas coisas extremamente banais. Henry estava ocupado com suas panquecas e Regina olhou para mim. Sorriu novamente segurando minha mão.

– Vai ficar tudo bem. – Sussurrou. Eu sorri. Não poderia estar melhor, estar ao lado de pessoas que realmente me fizessem bem. Apertei a mão dela de volta.

Logo após nosso momento família, Graham entrou na cozinha dando bom dia a todos. Regina não fez questão de largar minha mão. Apenas cumprimentou o marido, porém mantinha sua mão firme junto com a minha e seus olhos fixos aos meus.