Capitão América: Radioactive escrita por Tenebris


Capítulo 1
Liberdade Guiando o Povo


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Minha primeira fic cujo foco é o Capitão América. Tive essa ideia enquanto assistia a "Capitão América: O Soldado Invernal" e senti que já estava na hora de escrever algo sobre o Capitão. Afinal, eu já escrevi tanto sobre o Loki e o Magneto... Achei que Steve também merecia uma chance, hahha. Além disso, é um desafio pra mim. Depois de escrever tanto sobre vilões e suas peculiaridades, tratar de alguém tão nobre e diferente como o Steve vai ser estranho. Enfim, essa história trata bastante de "conflito com o passado e o presente". Acho que é o tema principal, inclusive. Carolina é uma personagem bastante diferente também, porque ela oscila muito entre o passado e o presente, vive angustiada, e além disso é muito, mas muito bipolar. Com o passar da história vocês vão entender. Ela também sabe fingir muito bem. Eu a descreveria, resumidamente, como uma garota que só tem uma meta na vida: Descobrir o que aconteceu com ela e com a família. Ela também é dissimulada. Enfim, qualquer dúvida/crítica/sugestão, deixem reviews ou MPs. Beijos e boa leitura!



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Steve Rogers estreitou seus olhos azuis.

Parou diante da vitrine da livraria “Mister Roux” e observou os volumes que estavam dispostos em uma perfeita fileira, em forma de semicírculo. O estabelecimento ficava na rua onde Steve residia. Era uma construção antiga de tijolos aparentes, quase não se destacando no meio da imensa Nova York atual. Todas as manhãs, ou pelo menos na maioria delas, Steve diminuía seus passos quando se aproximava da livraria, parando para observar atentamente os tijolos arcaicos marrons, a porta de madeira polida e a grande vitrine. A especialidade do local era livros e objetos antigos. Ocasionalmente, o Senhor Roux trazia algo novo.

Steve deu um suspiro e observou os exemplares diante de si. Como era manhã e fazia frio, a delicada luz da manhã ofuscava sua visão, fazendo reflexo da rua toda no vidro diante dele.

Assim, o Capitão aproximou-se mais um pouco. Ficou parado por alguns minutos observando aqueles livros antigos. Conhecia a maioria deles. Os que ele não conhecia, anotava o nome para se informar e – conforme sua vontade mandasse – ler, posteriormente. No fundo, Steve sabia o que tanto o fascinava naquela comum livraria: O apreço pelas riquezas do passado.

Aquele lugar era o conforto para um homem que fora arrancado de seu tempo e colocado em outro totalmente diferente. Steve sabia que não havia a quem culpar. Ele simplesmente deveria ter morrido, mas ficara preso sob o gelo, inconsciente de sua sobrevivência. Agora, resgatado e vivendo no mundo atual, percebera coisas de que jamais se esqueceria.

Certas coisas nunca mudam. Por exemplo, homens consumidos em sua ânsia pelo poder, oprimindo os mais fracos. Por outro lado, outras coisas viviam em constante mudança, como a tecnologia. O fato era que ele tentava se adaptar da forma como podia, sem perder a essência que o tornara quem ele era... O Capitão América.

Desse modo, tentando encaixar-se no presente, ele trabalhava para a SHIELD, tentando promover a paz e a justiça, como sempre fizera. Sua função basicamente não mudara, desde então. Mesmo assim, lutando para se adaptar a essa nova realidade, sua alma ansiava pelo antigo... Pelo passado.

Para manter-se confortável, consciente e são de seu lugar no mundo e de sua nobre função nele, Steve precisava cultuar o passado de alguma forma... Precisava lembrar-se dele e de todas as lições que ele lhe ensinara. Precisava recordar-se de seu passado e de suas raízes, para fazer valer à pena tudo o que ele precisava enfrentar agora. Em suma, ele precisava encontrar no passado uma parte de si. Essa parte que o motivara a ser quem é e que fazia cada luta que ele vivenciara cumprir seu papel. Precisava dessa constância do passado e de suas memórias para - pelo menos tentar - enobrecer o presente em que agora era fadado a viver.

Desse modo, Steve continuou parado diante da vitrine por vários minutos. Algumas pessoas que passavam por aquela calçada movimentada do Brooklyn estranhavam tal reação, julgando-o um louco. Outras estavam acostumadas com o homem que sempre parara por ali. E nenhuma delas parecia saber sua identidade. Steve usava um boné azul marinho e jaqueta da mesma cor, camuflando-se na multidão.

Pensava se entraria na livraria naquela manhã ou não. Franziu o cenho e novamente estreitou os olhos. Através do reflexo do vidro, ele notou que dentro do local parecia haver uma nova ala com réplicas de quadros antigos.

Abrindo a porta, ele entrou a passos lentos. Um sininho tocou e a atendente, ao balcão, sorriu alegremente para ele.

- Bom dia... – Ele desejou, acenando com a cabeça.

Steve não sabia seu nome, mas deduzia que ela fosse a filha do Senhor Roux. Dessa forma, o Capitão caminhou para o corredor que continha as réplicas de quadros famosos. Ele detivera seus olhos em vários quadros, durante muito tempo. Olhava para o relógio e verificava se tinha tempo disponível ou não, porque detestava se atrasar.

Porém, num determinado instante, seus olhos pousaram no quadro mais afastado... De nome “A Liberdade Guiando o Povo”, do artista Delacroix. Esse quadro era, para Steve, o mais belo. Tratava sobre algo que ele valorizava muito... A liberdade. Era algo que sempre o motivara e sempre o motivaria. Steve pegou o quadro em suas mãos e observou uma etiqueta atrás, marcando o preço de 50 dólares. Parecia razoável, mas ele não sabia o que fazer. Assim, segurou o quadro firmemente, observando seus detalhes a fim de decidir se compraria ou não.

Foi quando, subitamente, ele ouviu o estilhaçar de vidros.

Steve soltou o quadro repentinamente, ao notar uma figura voando em sua direção vorazmente. Ele estava confuso demais para se atentar aos motivos do ataque, então se limitou a deter a mulher que agora o atacava.

Era uma garota de longos cabelos loiros e lisos, com a roupa inteiramente preta. Chapéu, óculos escuros redondos, sobretudo, luvas, calças e botas. Ela entrara na livraria pela vitrine, após golpeá-la e quebrá-la. E agora golpeava Steve.

Receoso e ainda confuso, ele evitava o ataque da garota, impedindo um gancho de esquerda que ela tentara. Para sua surpresa, fez muito esforço para deter tal golpe. Aquela mulher lutava extremamente bem. Tinha reflexos invejáveis. Steve tentara prendê-la em uma chave de braço, mas ela rapidamente se desviara e dera-lhe uma rasteira. O capitão avançou novamente, protegendo-se com os antebraços na frente do corpo, mas a mulher puxara-o rapidamente pelo cotovelo, chutando-o no peito e empurrando-o contra o chão.

Steve caiu no meio da bagunça de livros e estantes derrubadas pela luta. Não avistou mais a atendente e desejou que ela tivesse procurado por um lugar seguro ou ligado para a polícia.

Foi então que a mulher sacou uma arma e apontou para o Capitão, chutando displicentemente um livro que a estava atrapalhando em sua caminhada até perto de Steve.

- O que houve? Esqueceu de como se luta... Capitão? – A mulher disse, provocando-o. Sua voz era gélida e falsamente doce.

Steve não pode ver sua expressão, já que seus olhos estavam ocultos pela lente escura dos óculos. Mas podia ver seu sorriso de discreta satisfação, na boca colorida por um batom vermelho. Steve teve a impressão de conhecê-la de algum lugar... Mas estava perplexo demais para pensar nisso. Precisava achar um jeito de deter a mulher e escapar dali, evitando maiores danos.

Assim, ele tentou permanecer impassível. A mulher caminhou a passos lentos e largos até ele, aproximando-se mais. Ele forçou uma cara de cansaço e tontura. Na medida em que ele demonstrava uma falsa fraqueza, o sorriso de satisfação da moça crescia.

Desse modo, Steve aguardou a moça aproximar-se ainda mais. Ele podia ouvir com perfeição o barulho do salto agulha da bota. Foi quando se esquivou da moça e levantou-se num ímpeto, na tentativa de fazer uma chave de braço na garota novamente. Ela resistiu durante alguns segundos, mas logo deu uma cotovelada nos rins de Steve e conseguiu se desvencilhar. Por sorte, com o susto, ela tinha largado a arma longe.

Seguiu-se então uma luta corpo a corpo bem equilibrada. A garota afastou-se de Steve, aparentemente procurando a arma. Simultaneamente, tentou acertar chutes no Capitão, o qual se desviou de alguns. Foi então que a moça correu por entre algumas prateleiras que ainda restavam de pé.

Steve avistou, no canto, a corda vermelha que outrora separara as filas do caixa. Pegou-a e tornou a procurar a loira que tentara matá-lo. Um silêncio tomara conta do lugar, interrompido apenas por ocasionais barulhos de vidro terminando de se estilhaçar. A moça permanecia escondida entre os corredores.

Dessa maneira, Steve caminhou lentamente entre cada prateleira restante, procurando rastros da loira misteriosa. Sabia que ela não tinha ido embora, pois teria que fazer isso pela porta, o que acionaria um barulho, ou pela vitrine quebrada, que também deixaria ruídos. Assim, ele voltou a caminhar, pressionando nervosamente a corda sob os dedos. A surpresa do ataque ainda o instigava.

E, de súbito, a garota apareceu na frente dele, tentando golpeá-lo com um soco. Ela lutava excepcionalmente bem, nada além do padrão de Steve Rogers. Devia haver alguma coisa errada. Então, o Capitão levou um braço à sua frente e interceptou o ataque da mulher. Aproveitou a deixa e a vantagem que tinha conseguido, amarrando os punhos da garota com a corda que conseguira.

Ela sibilou algo ininteligível e tentou se desvencilhar do Capitão de todas as formas possíveis, mas Steve tinha a vantagem de tê-la pegado de surpresa. Com as mãos amarradas, Steve segurou a garota, envolvendo seus braços ao redor dela para evitar que ela escapasse.

- Quem é você? – Ele perguntou, pronunciando cada palavra lentamente.

- Me diz você, Capitão... – A moça disse pausadamente, respirando com leve dificuldade pelo aperto dos braços de Steve. Encarava-o intensamente.

Steve percebeu, então, que não arrancaria muita informação da moça. De alguma forma, algo dentro dele não queria mandá-la direto para a polícia ainda. Foi então que se ouviu uma voz feminina grave pronunciar:

- Angélica Law. Essa garota é Angélica Law.

Natasha Romanoff, a Viúva Negra, estava diante de um carro da SHIELD estacionado em frente à livraria destruída. Agora, ela andava firmemente em direção a Steve e a garota, a qual estava se debatendo insistentemente nos braços robustos do Capitão, com os pulsos ainda presos na corda vermelha. Natasha entrara pela vitrine quebrada e trazia algemas especiais.

- Ela é procurada em Nova York por falsificações, extorsões e roubos qualificados de todo o tipo, a maioria deles envolvendo milhões de dólares. E agora... Indiciada por tentativa de homicídio contra um de nossos homens. – Natasha completou, olhando incisivamente para a tal Angélica e tirando uma pequena arma do bolso. A arma que a garota apontara para o Capitão, e que caíra no chão, perdida. Natasha devia tê-la pegado sorrateiramente.

Viúva Negra tomou Angélica dos braços do Capitão e lhe passou as algemas, que eram como retângulos de metal com dois círculos no meio, por onde os pulsos passavam.

Steve não conseguira dizer nenhuma palavra. Estava realmente confuso. Por que aquela garota tentara matá-lo? E quem era ela? Certamente, não era uma garota comum, a julgar por suas habilidades de luta. Desse modo, o Capitão pensou em pedir para Natasha ou Nick Fury alguns minutos para conversar com a tal moça. Ele ainda tinha a incômoda sensação de que a conhecia...

- Para aonde vai não irá precisar disso. – Natasha retirou bruscamente os óculos do rosto da menina e o chapéu que ela usava.

O gesto revelou uma garota de cabelos dourados compridos, com mechas caindo em seus olhos surpreendentemente cinzas, enquanto Natasha a forçava a caminhar por entre os destroços da livraria em direção ao carro da SHIELD.

A garota olhou para Steve com a expressão assustada, quase inconseqüente, como se estivesse levemente fora de si em meio ao terror que seus olhos exprimiam. Tinha a boca vermelha levemente entreaberta, como se mal conseguisse pronunciar uma palavra. Mais do que isso, sua expressão revelava uma tênue inocência, com seus olhos cintilando candidamente, perdidos. Quase não parecia a mesma garota que o ameaçara minutos atrás, apontando uma arma para ele.

- Você está sob custódia e será levada para a SHIELD. Suas últimas palavras? – Pronunciou claramente Natasha, olhando da garota para o Capitão.

- Bem... Será um prazer. – Disse a garota, com uma ironia ácida e fria. E ela endureceu a expressão repentinamente, com a raiva visível em seus olhos, agora impenetráveis.

Foi então que Steve se deu conta. Algo em seu subconsciente lhe trouxera à tona o pensamento. Sim. Ele conhecia a garota diante de si, aquela da expressão ora voraz, ora inocente.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Beijos!