Everything Is Wrong escrita por Miranda Thompson


Capítulo 1
And When Things Are Not Okay?




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Todas as pessoas têm um defeito mortal. Algumas são confiantes demais de si próprios. Outras acham que podem resolver qualquer problema. Mas o meu defeito mortal, nada mais é do que confiar demais. Achar que as pessoas fariam por mim, o que eu faria por elas. E isso pode ser pior do que você imagina.

Meu nome é Miranda Thompson, eu nasci no Kansas em 1999.

Papai costumava dizer que, quando eu era pequena, não desgrudava de mim, porque queria ouvir quando eu dissesse minha primeira palavra. Ele e tio Daniel ficavam discutindo pra decidir qual seria a tão esperada palavra. Papai dizia que seria seu nome. Tio Daniel dizia que seria o seu.

Tio Daniel não é realmente meu tio, é apenas um grande amigo de papai. Os dois se conheceram no colegial, dois anos antes de conhecerem as mulheres com quem, anos depois, se casariam. Papai se casou com mamãe. Uma mulher de longos cabelos negros e nariz fino. Eu não cheguei a conhecê-la, ela morreu no instante em que me deu a luz. Cinco dias depois, a mulher com quem tio Daniel se casou deu á luz a Melissa. Não me lembro dela. Nem Melissa. Ela foi embora. Alguns dizem que ela fugiu com alguns dançarinos, mas eu nunca soube a verdade. Tio Daniel nunca se importou em explicar e eu nunca me importei em perguntar.

Eu e Melissa acabamos nos tornando tão unidas quanto nossos pais. Brincávamos juntas do raiar do Sol até escurecer. Crescemos juntas e Melissa faz parte de todas as lembranças boas de minha vida. Considero-a como uma irmã, a única pessoa que realmente me compreende.

Três meses antes de completar dois anos eu disse minha primeira palavra. E para decepção de papai e de tio Daniel, essa palavra foi “Melissa”.

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Lembro-me de ter chorado por dias seguidos quando tio Daniel anunciou que iria com Melissa para a Europa.

Algumas pessoas dizem que é “frescura”, mas aos meus 15 anos, Melissa era minha única amiga e também a única que me compreendia. Eu cresci sem uma mãe. Sei que posso confiar em meu pai, mas não é como ter outra garota por perto. Eu chorei. Melissa também chorou. Durante os dois anos em que ficaram na Europa senti saudades de Melissa mais do que consigo me lembrar ter sentido por qualquer outra pessoa.

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Sento-me em um banco da praça e observo todas as famílias felizes olhando seus filhos brincarem e todos os casais contentes e despreocupados quando sinto o celular vibrar em meu bolso me avisando que tenho uma mensagem. Olho para o visor e leio-a.

Tenho chances de ser perdoada? O voo atrasou, sinto muito. Que tal jantar na minha casa? Te ligo mais tarde. – M

Dois anos depois de ter ido para a Europa, tio Daniel resolveu voltar. Eu não poderia estar mais feliz. Melissa prometeu ir me encontrar na praça e eu não via a hora de revê-la, mas como toda boa história, tem sempre um empecilho, e meu empecilho se chamava voo atrasado.

Guardo o celular e decido ir embora, mas quando viro me deparo com um Pastor Alemão vindo em minha direção. Levo alguns segundos para entender o que está acontecendo e quando me preparo para correr já é tarde demais.

Quando me dou conta estou deitada no chão, com um enorme cão me encarando de cima.

—Hey Sammy, saia daí. Deixe a garota respirar. – A voz é de um garoto, mas tudo o que vejo neste momento são pelos de um cachorro bem grande.

Sammy, o que deduzo ser o nome do tal cachorro, perde o interesse em mim e começa a perseguir uma pequena bolinha lançada pelo garoto.

Livre do cachorro, apoio as mãos no chão e me sento.

—Desculpe por Sammy. Ele não costuma pular nas pessoas. – Disse o garoto estendendo a mão. Ele tem o cabelo castanho claro cortado em estilo escovinha. Seus olhos, também castanhos quase mel tem um brilho diferente. Ele está vestido com uma camiseta branca em gola V apertada, ressaltando os músculos de seus braços e uma calça jeans. E leva no rosto um sorriso. Um sorriso de lado do tipo “sou bonito e sei disso”. Um sorriso sarcástico, do tipo que sempre odiei, mas reparo que o garoto tem certa razão, afinal. Ele até que é bem bonito.

Afasto tais pensamentos de minha cabeça e seguro em sua mão, pegando impulso para me levantar.

—Não foi nada. – Digo, forçando a mim mesma a concentrar-me em limpar a sujeira de minha roupa e não olhar para o tal garoto.

— Quem é você? – Ele me pergunta. Seu tom de voz pareceu equivocado e eu fiz uma cara que mais deve ter parecido uma careta, porque logo depois ele se corrigiu. – Desculpe, é que já a vi na escola, mas nunca tive a oportunidade de falar com você, então eu...

—Miranda Thompson. – O interrompi. – E você é...?

—Ah, me desculpe. Nicolas Fitz.

Ficamos nos encarando. O que me deixou um tanto quanto desconfortável, então eu disse por fim:

—Eu... Preciso ir.

—Desculpe novamente por Sammy. – Disse ele como se só tivesse se lembrado do fato quando o cachorro surgiu triunfante com sua bolinha entre os dentes e a entregou a ele.

—Não foi nada. – Dou um sorriso forçado e me viro para ir embora.

 


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