Knightray escrita por MiiLetty


Capítulo 1
Red Hood


Notas iniciais do capítulo

Eai o/
Boa leitura, se gostarem, deixem seu favorito ♥



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Meu nome é Louise Knightray. Moro em uma cidade com uma tradição estranha: Cada pessoa aqui tem como título um personagem de uma fábula. Desde que nasci, sou chamada de Red Hood, ou como os nativos dizem, Chapeuzinho Vermelho. Isto se destina a todos: Alice, Lenhador, Lobo mau, Cinderela, Aurora, Dee e Dum, entre outros.

É algo que me incomoda, mas por via das dúvidas, prefiro não me opor. É apenas uma tradição, o que isto faria de mal?

-Está na hora de levantar, mestra. - Alerta o mordomo. A família de Alex, o intitulado lenhador, é submissa a minha a várias linhagens.

-Ah... Só mais alguns minutos...

-Sua mãe irá lhe dar sermões por tais “Alguns minutos”. Levante-se. - Insiste.

-Ah... - Abro os olhos, encarando-o. Desta vez pusera o cabelo negro para trás, dando destaque a seus olhos violetas e vibrantes. Sua aparência era estritamente bela, tanto que recebia cortejos de mulheres até mesmo quando estava me acompanhando em algumas atividades impostas por meus pais. - Tudo bem, tudo bem! - Ele vai em direção a porta, fechando-a depois de sair.

Troquei-me. Dei preferência a um vestido mediano branco. Mamãe sempre comprava roupas pesadas e caras, cheias de babados, rendas e outros detalhes. Isso me incomodava. Eram pesadas e calorentas, dando-me pouco movimento. Tal vestido era o mais leve que eu tinha, com mangas curtas e soltinho, mesmo tendo renda e babados praticamente pelo tecido todo.

Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo. Os fios eram tão brancos quanto o vestido. As pessoas me criticavam por isto, comentários do tipo “Olha, é a velha de 16 anos!”, por isso preferia evitar sair, ou até mesmo ir para a escola. Tal discriminação fez minha mãe pagar um professor para dar aulas particulares. Estranhamente, ele parecia ter a minha idade, mesmo assim me dava aulas. Seus cabelos ruivos brilhavam quando expostos à luz. Suas orbitas emitiam um tom de verde invejável em comparação aos meus olhos escarlates.

Coloquei sapatos rasteiros enfeitados de pedrinhas. Marcavam meus pés, mesmo assim preferia tal coisa a ter que usar os saltos enormes que mamãe comprava.

Desci as escadas e encontrei Alex a minha espera. Estávamos indo visitar Alice, que dias atrás ligou dizendo para irmos até seu escritório, pois encontrara documentos que diziam respeito à minha família e à tradição da cidade. Nunca o vira, todavia sua voz parecia jovem e suave. Era uma as pessoas de maior respeito na cidade, e também com os melhores conselhos e informações.

Alex abriu a porta. O calor do sol me fez hesitar um pouco, fazia bastante tempo que eu evitava sair e ser vista.

O mordomo recuou, indo até um quarto. Eu perguntaria o que estava fazendo, mas logo ele me fizera um sinal de que não iria demorar. Resolvi esperar e ver o que estava acontecendo.

Afastei-me da porta e escorei-me na parede. Alguns segundos depois ele voltara com uma capa vermelha.

-Isto esconderá seu cabelo, não se preocupe. - Assentiu. Fiquei surpresa, não esperava que ele notasse tal preocupação que me vinha a mente.

-Obrigada... - Estendi a mão para pegar a capa, um pouco sem jeito, ainda surpresa.

Saímos de casa. Algumas pessoas trocavam olhares, mas grande parte destes estavam voltados para Alex. Minoria se perguntava quem era que estava usando a capa. E por quê.

Quase senti-me na obrigação de agradecer a Deus por meu mordomo ser tão bonito a ponto de deixar-me invisível, mas ao pensar na ideia, segurei-me para não rir.

Virei alguns quarteirões. A casa de Alice era um pouco longe da minha. Passei por um jardim com flores vermelhas, onde a vendedora tentou me convencer a comprar uma. Recusei e virei-me para Alex. Iria pedi-lo para continuar a caminhada, mas ele não estava do meu lado.

-Onde aquele... - Resmunguei, logo sendo interrompida pela voz de meu mordomo.

-Desculpe a demora. - Ele saiu da floricultura com um buquê de rosas vermelhas e me entregou.

-Eu falei que não precisava... - Suspirei.

-Mas combina com você. - Retrucou com um sorriso. Fiquei levemente corada. - Se não quiser, eu dou para Alice. -

-Temos que nos apressar, ou mamãe desconfiará que eu saí. A mulher nos pediu para ir em segredo. Deve ser algo importante.

Ele assentiu com a cabeça e puséramos a andar. Viramos alguns quarteirões e passamos pelo centro da cidade. Seguimos em frente e chegamos ao nosso destino.

Bato na porta e logo em seguida ouço passos se aproximando. Um garoto atende.

-Alice está aí? - Indago para o menino de cabelo castanho um pouco longo. Ele me encara com os seus olhos rosados, demasiadamente claros. Deveria ser algum parente da mulher.

-Vocês chegaram... Entrem. - Ele nós guia até um escritório, onde senta-se na cadeira da escrivaninha.

-Alice está? - Pergunto novamente. O garoto lança-me um olhar irritado.

-Eu sou Alice. - Responde e eu levanto-me da cadeira automaticamente, surpresa.

-Alice é homem?! - Exclamo, perplexa.

-Você está sendo rude, senhorita. - Alice encara-me. - Me chame de Julius. Alice é nome de mulher... - Ele em seguida resmunga algo. - Eu vou matar aquela anciã por me dar este título...

-Enfim – Interrompe Alex. - O que queria nos mostrar?

Alice se levantou e foi até a estante, pegando um livro. Abriu-o e retirou alguns documentos, entregando-os para mim.

Nesta noite de quinta-feira, houveram-se uma denúncia de que a família Knightray estão sequestrando crianças pobres e fazendo-as de cobaia para experimentos humanos. Chegamos a investigar e comprovou-se verdadeiro. Foram encontrados balas e roupas infantis na casa. Tentamos fazer contato com a família, porém todos os membros negaram falar algo sobre isto”

-Mas se isto aconteceu, como ninguém parece saber de nada? - Indaguei.

-Não chegaram a publicar o jornal. A pessoa que fez tal reportagem desapareceu. Este é apenas o esboço do que ela pretendia publicar.

-Isto é estranho... - Alex abre mais o jornal, e outra reportagem chama atenção:

Você sabia? Uma pequena vila ao oeste de Londres possui uma tradição interessante!

Algumas crianças da cidade, ao nascerem recebem nomes de personagens de fábulas! Incrível, não acha?

Tentamos falar com a anciã do local. Ela diz que isto faz parte de um certo ritual para o equilíbrio entre os dois lados. As crenças e costumes dessa cidade são originais e interessantes! Saiba mais!

-Vamos supor, apenas hipoteticamente: Sua família estava a beira de um escândalo. Tentando evitar isto, matou o jornalista antes de apresentar tal esboço. No mesmo jornal em que ele estava escrevendo, havia essa reportagem. Eles acharam que seria um lugar seguro para se reinstalar e vieram para nossa cidade. - Disse Julius.

-Não, isto parece forçado demais. E o que se sabe sobre o jornalista? - Estava incrédula quanto a isto.

-Bom, meu trabalho me obrigada a levar em conta todos os tipos de situação. Realmente é estranho este esboço estar aqui, em outra cidade. - Ele guardou o documento cuidadosamente. - Isto é estranho, tome cuidado, Louise. Quando eu tiver novas informações, ligo para você.

Assenti e nos despedimos. Estávamos voltando para casa.

Aproximei-me e me surpreendi com as faixas amarelas em torno do lugar cheio de viaturas estacionadas. Perguntei para um policial o que estava acontecendo.

-O Senhor e a Senhora Knightray foram encontrados mortos. As empregadas estão desaparecidas junto à filha deles. Um vizinho sentiu um cheiro ruim e foi lá reclamar. Quando entrou, a mulher e o homem estavam mutilados. Foi chocante, ele está recebendo tratamento agora. Pobres coitados. - Ignorei o guarda e tentei correr para dentro da casa. Só podia ser mentira, não acredito... - Ei mocinha, você não pode passar!

A voz dele congelou, eu não conseguia ouvir mais nada enquanto encarava os corpos de meus pais. O chão estava sujo de sangue e seus olhares mostravam horror. O corpo apresentava cortes profundos e as línguas e dedos foram arrancados. Senti náuseas e comecei a tropeçar para trás. Soluçava entre lágrimas, e então notei que meu capuz havia caído. Olhei para o guarda, ele parecia triste. Eu era a única da cidade que tinha os cabelos daquela cor. O policial parecia compreensível, aliás, eu era a filha que acabara de ver os pais mortos.

-Pare de olhar isto... - Alex abraçou-me, tampando meus olhos. Seu abraço era quente e confortável.

-Não. Eu vou entrar, deve haver alguma outra pista... - Respirei fundo, juntando coragem. Meu corpo tremia e estava com dificuldades pare respirar corretamente.

-Eu realmente nunca posso prever seus movimentos, Red Hood... - Ele sorriu. - Eu vou com você.

Entrei na casa. Os móveis estavam quebrados e o chão e paredes haviam marcas de unha. Meus pais lutaram contra o assassino. Havia marcas de sangue por toda parede. Mãos finas. Minha mãe mesmo ferida tentara fugir. Cerrei os punhos, tentando não chorar novamente. Senti um calor em volta de minhas mãos: Alex estava segurando-as. Senti-me mais confortável sabendo que havia alguém do meu lado.

Comecei a olhar quarto por quarto, sala por sala. O lugar todo estava revirado e com marcas de luta. Apertei a mãos de Alex, mordendo os lábios. Eu estava tremendo. Estava assustada, me sentia insegura, hesitante. Ao mesmo tempo sentia ódio e nojo de quem fez aquilo.

Restou apenas meu quarto. Revistei-o. Olhei em baixo da cama, no guarda-roupa. O assassino deveria ter deixado uma pista. Por fim abri a gaveta da cômoda ao lado de minha cama. Havia um bilhete.

O que eu vi me causou arrepios. Minha mão tremeu, deixando a carta cair no chão. Peguei-a. Iria rasgá-la. Alex não precisava ver aquilo, eu não queria causar mais preocupações para ele.

Mas estava assustada e sem forças para fazer aquilo. Minha mão tremia e eu não conseguia rasgá-lo. Então meu mordomo percebeu.

-Qual o problema? - Ele me encara enquanto tento esconder a carta. - Você está escondendo algo de mim?

-Não! - Não conseguia mentir direito, estava assustada demais para isto. Principalmente depois de ler a carta.

-Me mostre, Louise.

-Não é nada! - Amasso a carta.

-Louise... - Ele me empurra contra a parede e seu rosto fica próximo do meu. - O que está escondendo?

Engulo minha saliva. Se fosse algum outro momento, ficaria corada. Mas não estava disposta para isto. Meus pais haviam sido assassinados, as empregadas estavam desaparecidas. E também havia aquela carta.

-Não se preocupe, é apenas uma anotação... - Desvio o olhar. Ele me encara por alguns segundos, soltando um suspiro. Em seguida começa a apertar meu pulso.

-Desculpe-me por isto... - Ele continua a apertá-lo cada vez mais forte, até que por fim eu soltei a carta devido a dor.

Enquanto ele lê, eu passo a mão no pulso, tentando aliviar a dor.

-Isto não é nada? Como você pode dizer isto, Louise?! - Ele parecia irritado e novamente mostra-me aquela carta. Novamente leio as palavras que me incomodaram. A letra era bagunçada, mas dava-se para ler claramente aquela mensagem: “Por que não vai dormir com seus pais? Eles devem estar com saudades. Isto não importa, eu farei isto por você. Não se preocupe, você é a próxima”. - Louise, isto é uma ameaça!

-Se meu próprio pai morreu, não há como eu sobreviver! - Exclamei, chorando.

-Meu trabalho era proteger sua família. Eu falhei com seus pais, mas não falharei com você, Louise. Irei lhe proteger. Aliás, eu nasci para isto. No fim é o Lenhador quem salva a Chapeuzinho e a vovozinha, não é? - Ele tenta me animar, forçando um sorriso.

-Mas isto não é uma fábula!

-Sim, isto não é uma fábula. - Ele rasga o papel, logo em seguida soltando um suspiro. - Mesmo não sendo uma fábula, lhe darei o final feliz, Louise.

-Eu não sou mais uma criança para acreditar nisto... Isto nunca acontecerá. A mesma pessoa que matou meus pais voltará para me matar!

-Ele voltará, eu sei! - Ele me encara. Seus olhos pareciam os de um cachorro tentando confortar o dono. - Então é apenas esperá-lo e matá-lo.

-Você pode morrer! - Exclamei.

-Contando que você não saia ferida disto, não me importaria.

-Por que você faria isto tudo?! - Indago, perplexa. Ela se aproxima e joga o capuz em minha cabeça, acariciando-a.

-Por que eu sou o seu mordomo. - Sorriu.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Sei que ficou grande para um prologo, desculpem ;-;



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