“Querida Clary,

Faz dez anos desde a batalha em Edom e só eu, você e Magnus nos lembramos dela. É perturbador, mas é incrível as mudanças que aconteceram desde então.

A corte Seelie deixou de ser corte, como já te disse. Faz nove anos desde que eles viram república e não mexeram mais com a gente. E acho que eles estavam desesperados para se livrar da Seelie, até hoje não moveram um dedo pra saber o que houve com ela.

Eu e Izzy estamos muito bem. Nossos gêmeos, Max e Alice, estão em mais plena saúde nos seus 9 anos. Mesmo tendo só adotado esses Caçadores, me sinto mesmo o pai deles. Gostaria que você pudesse ter sido a madrinha.

Alec e Magnus finalmente resolveram adotar também. Foi no começo do mês, acho, que eles adotaram uma menina feiticeira de pele roxa. Você teria gostado de desenhá-la.

O estranho foi na última reunião da família Lightwood. Jace e sua mulher estavam lá com o filhinho deles de cinco anos também, o Derek. Comentaram sobre você. Estranho, mas não tanto quanto todos terem sonhado o mesmo sonho há 10 anos. Você é impossível, famosa, mesmo sem nem tecnicamente existir.

Vou ficando por aqui, Max quase me pega escrevendo e ele tem uma boca enorme pra fofoca. Espero que esteja tudo bem com você e que possamos nos falar em breve.

Com amor, do seu melhor amigo,

Simon.”

Clary deixou uma lágrima cair ao terminar a carta do amigo. Era horrível ter deixado todos para trás e, sendo egoísta, imaginar Jace vivendo feliz com outra. Mas não podia reclamar de sua vida agora.

Ela mesma estava sentada na beira da piscina do que havia sido sua casa pelos últimos anos. Seu irmão e, agora, marido, disse quando chegaram lá pela primeira vez com a Lyn, que era bem parecido com o solar Fairchild nas suas melhores épocas, só que mais moderno. Não se podia dizer que Valentim não era sentimental.

Lyn agora estava com 10 anos. Possuia tanto os poderes de fada quanto os poderes que o irmão possuía quando a gerou. Com os olhos verdes, poderia ser confundida com uma filha de Clary, mas era mais parecida com Jonathan, com seus longos cabelos branco prateados. Também tinha a orelha pontuda, vinda do sangue feérico, mas ninguém na família notava pra isso. Era uma garota bem difícil, mas controlável, e amava desenhar e pintar. E agora tinha uma irmã: Emma.

Emma sim nasceu do casal, cinco anos depois da Batalha. Cabelo ruivo, mas liso e olhos tão pretos como o de Sebastian, embora os de Jonathan tenham se suavizado com o tempo. Clary as amava e ficava todo o momento que não estava com Jonathan, ou Caçando ou fazendo outras coisas, ficando com elas.

Havia acabado de queimar a carta que havia recebido quando o irmão chegou por trás, tampando os olhos dela e mordendo a bochecha de leve.

–O que tá fazendo, irmãzinha? –Perguntou, provocando.

–Já disse pra não me chamar assim perto delas –resmungou Clary, pegando um livro de Emma que estava perto de si e batendo no irmão. –Tem coisas que elas não estão prontas pra saber.

–É por isso que estava chorando? –Clary olhou para ele, espantada por ter percebido, e ele apenas sorriu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, sentando-se ao lado dela. –Está preocupada com o futuro delas?

–Um pouco –confessou. –Não há muitas outras crianças nesse bolso dimensional, caso não tenha percebido, e só conviver com os pais...

–Está sugerindo que eu não tive uma boa infância e agora sou uma pessoa perturbada? –Indagou Jonathan, com tom de divertimento.

–Não, imagina, você só se casou com sua irmã.

–Minha irmã não foi forçada a casar comigo, foi? Porque eu não me lembro disso.

–Argh! Detesto quando você tem razão –desistiu Clary, recebendo um sorriso presunçoso do irmão. –Mas não acha que elas gostariam de mais?

Jonathan parou um pouco para pensar, olhando para suas filhas que brincavam com a água.

–Talvez –respondeu por fim. –Se elas quiserem, vão nos falar e, quando isso acontecer, vamos saber como fazer alguma coisa.

–Acredita que vai dar certo assim?

–Sem sombra de dúvida. Nós vamos conseguir. Juntos –concluiu e beijou a irmã.

Permaneceram com as bocas unidas por um bom tempo e se separaram quando as filhas começaram a jogar água neles.

–Juntos –Clary respondeu e pulou na água, livre de preocupações.

Tudo ficaria bem por um bom tempo.