Undeniable escrita por quinchillin


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

obrigada, Sarah!



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É isso. Elas estão na maior intersecção comercial de New York, localizada no coração de Manhattan.

Elas pegaram o trem saindo de NYADA, indo até o bairro de Midtown West. Apenas alguns minutos caminhando, e elas estão no meio da maior cidade do mundo.

Para Rachel, é libertador e apesar de estranho, aconchegante. Ela se sente em casa ali, no meio de tanta gente. É seu habitat natural. Ela pode abrir os braços e gritar que nem uma maluca que as pessoas não vão ligar, e algumas até entrarão na brincadeira. A morena ama isso. Ela anseia por isso provavelmente desde seus primeiros passos e primeiras palavras cantadas.

Para Quinn, aquele lugar representa Rachel Berry.

Tem cheiro de Rachel. Tem a desenvoltura e animação de Rachel. Tem a pressa, a ansiedade, a animação. A cidade que nunca dorme. A Broadway. Pessoas com talento artístico e musical em uma quantidade enlouquecedora.

Então estar ali, no meio da tarde, na Times Square, junto com Rachel, é melhor do que Quinn pode imaginar.

É melhor ainda do que quando elas foram visitar a Liberty Island. A situação toda mudou de uma forma estrondosa.

Quinn tira o celular da bolsa, com sua foto daquele dia, abraçada a Rachel como plano de fundo, e pede para um turista qualquer tirar uma foto dela com Rachel diante dos outdoors e das centenas de pessoas tentando tirar fotos também.

“Com licença, você poderia tirar uma foto nossa?”

“Claro”, responde o moço, e Rachel volta sua atenção para Quinn.

“Vem cá”, a loira puxa a pequena pelos ombros, passando sua mão esquerda de forma protetora ao redor dela.

Rachel sorri e abraça Quinn pela cintura, enquanto olha para a câmera do celular.

Dois segundos depois o homem devolve o celular e a loira agradece. Ela mostra a foto à Rachel, que olha para os olhos calorosos de Quinn, se segurando para não beija-la ali mesmo. Ela se limita e se encaixar o braço no da garota maior, e continuar sua caminhada pela grande avenida.

“Rachel, olha ali”, Quinn aponta para um homem que de longe, parece estar nu, tocando violão.

A morena gargalha divertida, “Q, é um naked cowboy!”

Elas se aproximam um pouco mais para ouvir a música, mas a uma distância segura para não serem incomodadas por ele.

“Ele está pelado! Nesse frio!”, Rachel ri.

“Na verdade ele usa uma sunga cobrindo suas partes, Rach”

“Mas eu estou de casaco e ele está quase nu!”

Quinn ri da infantilidade da voz da morena, “É assim que ele ganha o dinheiro dele”

Elas caminham mais um pouco na rua que parece nunca ter fim. Rachel sempre admirando os musicais da Broadway em cartaz, comentando algo sobre a produção. Quinn apenas estava atenta à tudo que a diva dizia, enquanto sentia suas mãos se apertarem no bolso do casaco preto, nervosa por Rachel ter enganchado seus braços.

“Sabe o que eu estou lembrando agora?”, a loira pergunta saindo de seus devaneios.

“O que?”

“Quando eu vim para New York pela primeira vez, e fomos visitar a estátua da liberdade”, Rachel assente, olhando atentamente para Quinn, “depois que tiramos aquela foto, e você disse que não era nada mal para uma dupla de recém-formadas do McKinley High”

Rachel lembra dessa foto, com toda a certeza. Ela tem salva na memória de seu telefone, e no momento que Naomi observou como elas pareciam um casal, e não apenas amigas, a morena lembra exatamente da sensação de desconforto que se seguiu.

“Eu tinha tanto do meu passado para consertar naquela época. Eu precisava de tanta coragem se algum dia eu pudesse confessar meus sentimentos pra você. Mas ali, eu vi algo. Eu enxerguei uma possibilidade... um dia no futuro onde tudo finalmente fosse esclarecido”

Rachel sorri, “E tudo foi esclarecido, certo?”

“Porque eu me dei conta – ainda mais, Rach, de que você era única. Enquanto você estava ali, encostada no meu ombro, quando eu não me considerava digna de ser parte da vida de uma pessoa tão incrível como você. Eu estava conformada a viver em Lima, vendo você vir pra New York e viver a vida que estava você estava destinada. Mas de todas as pessoas do McKinley High, era eu abraçando você em frente à estatua da liberdade”

“Isso devia significar alguma coisa”, Rachel completa o exato pensamento de Quinn.

“Absolutamente”

A morena sorri e para de caminhar para ficar de frente para a garota maior. Seus olhos avelãs cobertos por uma camada de felicidade que Quinn está exprimindo nos últimos dias, com as últimas atitudes de Rachel. Elas se fitam por alguns segundos antes de alguém interromper o momento pedindo para alguma das duas tirar uma foto.

“Desculpe – hum, meninas”, um senhor chinês tossiu, com um sotaque forte e bem acentuado, “Uma de vocês pode tirar uma foto minha e da minha esposa?”

Quinn olha para Rachel envergonhada, e um pouco triste por alguém tirá-la de sua bolha, “Claro senhor, deixe-me ver sua câmera”

Ela ajusta apenas um pouco a luz e foca o rosto dos turistas, “3, 2, 1... perfeito”, ela diz depois de ouvir o clique.

“Obligado”, a senhorinha chinesa diz e se afasta de mãos dadas com o marido.

Rachel ri do sotaque da mulher.

“Não ria, Rach”, Quinn repreende segurando uma gargalhada.

“Você é adorável tentando manter a compostura”, a morena solta e começa a rir sem parar.

“Rachel Berry!”, ela grita e traz Rachel para mais perto, agora passando seu braço no da pequena, “Não enrola, vamos que eu quero ir em um lugar com você”

“Olha onde você vai me levar, Quinn Fabray!”

“Confia em mim?”, ela pergunta séria e Rachel não demora em responder.

“De olhos fechados”


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Dez minutos de caminhada depois, elas se encontram em outro lugar igualmente importante para New York. É tão icônico que Rachel se pergunta como ela não foi visitar ali antes.

“Q!”, ela grita entusiasmada, “Você me trouxe ao Empire State Building! Eu não posso acreditar!”

Quinn sorri com toda a agitação Berry, “Digamos que você merece um lugar à sua altura”

Rachel estreita os olhos para essa Quinn piadista e cheia de duplos sentidos, “Hey! Sem piadas por causa da minha altura”

“Eu não-n... Rach, eu nem falei isso com duplo sentido, eu juro!”, ela se defende, entendendo agora a sua frase cheia de más intenções, “eu quis fazer um elogio! Eu juro, Rach!”

“Calma, eu estava brincando!”, ela ri porque o rosto de Quinn fica da cor de um tomate.

“Eu sempre quis te trazer aqui. E chegamos em uma boa hora, já que daqui a pouco escurece. Chegaremos lá no topo na exata hora do pôr do sol”, ela aponta para a enorme fila da entrada, “Olha só a quantidade de pessoas”, Quinn diz se recompondo.

“Então vamos”

Quinn se assusta quando entra no Empire State Building, diante da grandeza e aspecto clássico que a parte de baixo do prédio mostra. Dentro do lugar há duas árvores de natal enfeitadas até em cima, e algumas centenas de pessoas circulando. Ela pega, sem medo, na mão de Rachel.

A morena se vira um pouco assustada, e encara Quinn que tem uma expressão ilegível no rosto.

“Para não nos perdermos”, ela avisa. Hoje Rachel não vai testá-la como dias antes. Hoje ela vai segurar a mão de Rachel firmemente com a sua quer a pequena queria ou não.

Talvez não tão agressivamente.

Se Rachel pedir, ela com certeza soltaria sua mão na hora, mas Quinn precisa de um pouco de confiança.

Rachel sorri, levando a mão de Quinn até os lábios de deixando um suave beijo na pele branca, “ok, então”

Quinn sente seus joelhos fraquejarem com esse gesto terno de Rachel. Seu coração se aquece dentro do peito e ela toma a coragem suficiente pra prosseguir.

Em frente à um grande quadro colocado na parede, há uma foto do Empire State Building e saudações em diversos idiomas: inglês, francês, italiano, português, espanhol, mandarim, etc. Quinn pergunta a um funcionário onde elas poderiam comprar um ticket para visitar o topo do prédio.

Minutos mais tarde as duas estão no elevador lotado de turistas, crianças, adultos, idosos. Todos aguardando ansiosos para o elevador indicar o 102º andar. Elas nunca separam suas mãos, apenas apertam ainda mais seus dedos para garantir a segurança que precisam.

O elevador se abre e elas seguem o fluxo da fila, e um funcionário indica onde as duas devem ir.

Segundos depois, elas entram em uma porta que dá para o terraço do prédio, e o vento bate forte em seus rostos. Quinn sorri pra Rachel, que segue na frente admirada pela vista.

É simplesmente perfeito.

Elas descem dois degraus para ir até a grade do lugar, e conseguem achar um lugar que caibam as duas lado a lado. São tantas pessoas entusiasmadas como elas, algumas falando inglês, outras Quinn consegue distinguir como espanhol e um casal falando italiano bem alto.

Rachel só consegue ficar atenta à grandiosidade do momento que está compartilhando com Quinn.

“Eu acho que vou infartar, Q!”

“É lindo, não é?”, Quinn sorri diante da alegria de Rachel.

“É maravilhoso! Essa vista...”, ela vira a cabeça para olhar quase toda a extensão do lugar, “me tira o fôlego”, Rachel fita os olhos agora escuros de Quinn, que instintivamente lambe os lábios devagar.

“Olha só esses arranha-céus”, Quinn desvia seu olhar da morena e volta para a paisagem, “Eu consigo ver o Central Park daqui, você consegue?”, ela aponta para baixo.

“Sim! Estou vendo!”, Rachel responde mais entusiasmada, “Ali é o Queens, e do outro lado é o estado de New Jersey”

“Wow”, a loira ri, “temos uma entendedora de New York por aqui”

“Bem, eu tenho que saber sobre o lugar aonde vou passar o resto da minha vida”

“Ah, é? Então você sabia que casamentos são realizados aqui no prédio, no 86º andar?”

Quinn poderia jurar que os olhos de Rachel brilharam.

“N-nossa! Deve ser esplêndido!”

“Yeah”

A loira sorri e aperta mais a mão de Rachel com a sua, voltando para a paisagem novamente. O sol está começando a se por e as pessoas estão tirando a câmera fotográfica de suas bolsas. Quinn observa Rachel o tempo inteiro. O rosto da morena tem uma feição tão alegre e mágica, como se o que ela estivesse vendo fosse simplesmente a coisa mais maravilhosa que já viu. E ela luta internamente para segurar seu desejo e não beijar Rachel ali, na frente de todos.

Uma pequena garotinha passa esbarrando sem querer em Quinn, e ambas saem do seu transe.

“Desculpa, moça”, ela diz calminha e logo sua mãe a leva pra longe.

“Não foi nada”, Quinn responde mas não tem certeza se as duas a ouviram. Ela observa a menininha sair de perto dela – ela tem uma mochila das meninas super poderosas no ombro, e é loira que nem Quinn, “Rach, sabia que um tempo depois que entramos para as Cheerios, eu, Santana e Brittany...”

Rachel se vira para Quinn, prestando atenção na fala dela.

“...Britt era apaixonada pelas meninas super poderosas”, ela ri com a lembrança, “chegou até a alugar os DVDs de algumas temporadas do desenho, e levava Santana lá pra minha casa pra passar a tarde inteira vendo com a gente”

“Mesmo?”, Rachel pergunta rindo e Quinn assente, “É tão Brittany fazer isso”

“Pois é... ela dizia que ela era a Lindinha, por ser loira dos olhos azuis, ingenua, inocente e ser completamente gentil. Santana era a Docinho, já que era a mais briguenta das três”

“E você era a Florzinha?”, a morena pergunta rindo e Quinn fica com vergonha.

“Segundo a Britt! Eu não pedi pra ser ninguém!”, ela se defende, mas também ri.

Rachel joga a cabeça pro lado, admirando o rosto de Quinn, “A Florzinha, se não me engano, é a líder do trio e também a mais inteligente”

“Mas ela também é a mais mandona, exigente, vaidosa, e congela as coisas com um simples sopro!”, a loira reclama.

“E você não é assim?”, ela ri e puxa o corpo de Quinn para si, sentindo os braços da garota maior instantaneamente agarrarem suas costas possessivamente, “Tipo uma ice Quinn?”

Quinn ri da situação. Ela sempre quis viver tais coisas com Rachel. Seu coração nunca ia cansar de agradecer pela vida resolver dar uma chance de seu amor intenso ter a possibilidade de ser demonstrado. Ela sabe que a Ice Quinn nunca mais vai aparecer, e que falar sobre isso não deve machucar nenhuma das duas. Se for necessário, elas farão, caso contrário, ela não lembraria desse tempo. Mas Rachel é tão madura que deixa Quinn em seu modo mais verdadeiro.

“Idiota”, ela aperta a garota em seus braços, sentindo o cheiro dela lhe invadir ao mesmo tempo que admira a paisagem novamente.

Rachel tem um ataque de risos, e Quinn franze a testa.

“O que foi?”

“As meninas super poderosas não são como... irmãs?”

Quinn faz uma careta, “São?”

“Eu acho que sim... elas não nasceram do mesmo... pai?”

“Algo como isso”, Quinn gargalha com a conclusão que chegaram, “Docinho e Lindinha... Argh! Por Deus...”

Rachel se aconchega mais no corpo da loira com um sorriso bobo nos lábios.


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Elas estão há alguns minutos abraçadas, vendo o sol se pôr em cima do Empire State Building com apenas algumas centenas de outros desconhecidos.

Cada um curte aquele momento como melhor entende. Há casais abraçados, se beijando uma vez ou outra. Há famílias, com seus três ou quatro filhos que a mãe tenta controlar para não fugir no local e desaparecer no meio de todos. Há solitários, com as duas mãos no bolso, talvez pensando na vida, que rumo tomar, que rumo deixar. Há entusiasmados com câmeras na mão, narrado possivelmente cada segundo de sua aventura. Vários turistas, falando diferentes línguas. Há pessoas até com um violão, tocando uma melodia de leve, sem letra, que Rachel e Quinn conseguem ouvir bem, porque estão a apenas uns dez metros de distância. Elas ouvem um homem se aproximar do jovem com violão, que está com uma calça rasgada e all star, vestindo uma camiseta de flanela, seu cabelo e barba desgrenhados, ao vento.

“Hey, cara. Se você tocar uma música para mim e minha namorada eu te dou vinte pratas”

O instrumentista aceita na hora e se afasta delas, indo para onde o casal está.

As duas observam atentamente. O laranja cobrindo quase a metade do céu. O azul escuro interferindo na pintura e fazendo um degradê belíssimo, de tirar o fôlego. A felicidade da garota ao perceber que o violonista conseguia tocar a música do casal – ela deu alguns gritinhos e pulou em direção ao namorado, abraçando-o e girando seu corpo contra o dele.

O homem com violão ficou mais um tempo dedilhando algumas notas para o olhar emocionado da moça, que se dividia entre seu namorado e a paisagem exuberante. Ele acabou de tocar e recebeu aplausos dela e de algumas pessoas que estavam logo ao lado. O homem tirou vinte dólares da carteira e entregou sorridente ao rapaz com instrumento, agradecendo-o ternamente.

Quinn balançava a cabeça devagar, ainda abraçada à Rachel.

Se esse homem tocando violão conhecesse Passion Pit, ela seria capaz de dar cinquenta dólares pra ele.

Ou mais - se Rachel lhe desse um beijo cinematográfico igual ao que a moça deu em seu namorado.

Ela seria capaz de comprar um novo violão para ele. Ou roupas novas. Ou uma hora no barbeiro. Qualquer coisa.

Então ela resolveu averiguar.


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“Rach, eu preciso ir ao banheiro”, ela diz se desfazendo do abraço. Quinn quase gemeu de dor por causa da sensação ruim de deixar de abraçar a pequena garota.

“Ah, sim”, Rachel olha para ela, “Você quer que eu vá junto, ou...?”

“Não, tudo bem, eu não demoro e você aproveita o resto do tempo. Só temos mais meia hora aqui em cima, você não precisa perder nenhum minuto por minha causa”, ela sorri amavelmente.

“Ok”, a morena vai até ela e dá um estalado beijo na bochecha esquerda, “Não demore”

Quinn vai para a porta por onde entrou, sorrindo que nem uma idiota, passando seus dedos no local onde o beijo de Rachel parece queimar. É bobo ela pensar em nunca mais lavar aquela parte do rosto, quando os lábios de Rachel Berry já tocaram os seus próprios, mas ela não consegue evitar.

Ela procura desesperadamente alguma tenda de souvenirs, e por sorte tem uma nas pré-salas antes de chegar ao terraço.

Ela escolhe duas coisas: uma rosa vermelha, de plástico, porém linda, vibrante; e um globo pequeno, de enfeite, no valor de trinta dólares. Na caixinha está escrito “Skyline Music Box Globe”, e na descrição: “Plays New York, New York”. Ela pede para embrulhar e guarda o globo na bolsa.

Quinn sente seu coração bater violentamente no peito. Parece que nunca em sua vida ela esteve tão nervosa por uma coisa tão boba. Mas na verdade não é boba; ela possivelmente vai ganhar um sorriso de 1000 Watts típico de Rachel Berry borbulhante e feliz só pra ela. Nada vai impedi-la.

Ela abre a porta e olha para onde Rachel está, de costas para ela, ainda absorvendo a paisagem que vai vagarosamente, deixando o dia para trás, e procura o que ela considera um hipster com um violão. Ele está quase do outro lado do grande lugar, e apressa seus passos pois já saiu dizendo que ia ao banheiro há uns cinco minutos, e definitivamente não quer que Rachel tenha alguma ideia errada.

“Hey, moço”, ela cutuca as costas do jovem, e ele vira para Quinn com um sorriso galanteador, depois de correr os olhos sem disfarçar pelo corpo dela.

“Oi, linda”, ele diz enquanto toca uma nova melodia, “Posso te ajudar?”

Quinn quase revira os olhos com o tom galanteador que o homem usa com ela, “Com certeza... olha, eu preciso saber se você conhece uma música específica de uma banda um pouco desconhecida, mas ela é muito importante pra mim”

“Claro! Qual banda e qual música?”, ele chega dois passos mais perto dela e Quinn dá dois passos pra trás.

“Smile upon me, do Passion Pit”, Quinn fecha os olhos, esperando pela resposta positiva com todas as suas forças.

“É claro que eu conheço”, ele diz alegre e ela comemora com os braços, “Se eu tocar pra você eu ganho um beijo?”

A loira ergue as sobrancelhas. Nem em mil anos, rapaz, ela pensa em dizer. Mas ela responde educadamente, com um tom de voz severo, “Trinta dólares, e não se fala mais nisso”

O jovem reconhece que é batalha perdida, e ergue os braços em rendição, “Ok, ok...”.

Ele começa a dedilhar a introdução da música, mas Quinn põe a mão nas cordas chamando a atenção dele.

“Calma! Eu quero que você toque, mas não agora”

Ela pega duas notas de sua carteira dentro da bolsa, dá para o jovem, enquanto dita o que ele deve fazer alguns minutos depois que ela for até onde Rachel está. Ele só concorda e quando percebe suas reais intenções, dá um sorriso malandro.

“Faço por vinte se você der um beijo de língua nela na minha frente”

Quinn revira os olhos. Homens.

“Ok! Me devolve esses dez dólares, e torce para Rachel Berry gostar da minha surpresa”


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“Q! Eu ia ligar pra você agora mesmo! Você se perdeu ou algo assim?”

Rachel ficou realmente preocupada. Ela achou que os banheiros não fossem tão longes, porque havia tanta gente ali. Então provavelmente Quinn havia se perdido nas instalações do prédio ou alguma coisa errada aconteceu, acidente, etc.

“Calma Rach, me desculpa”, pega a mão esquerda da morena entre as suas e dá um terno beijo, igual Rachel fez horas antes, “tinha muita fila no banheiro feminino, estava um caos”

Quinn se surpreendeu o quão verdade aquela mentira parecia ter soado. Rachel aceitou essa desculpa como verdadeira e não se furtou em abraçar Quinn outra vez de lado, deixando sua mão agarrar a cintura da loira enquanto essa segurava seus ombros.

“Você quase perdeu o final do pôr do sol”, ela diz apontado para o horizonte, onde o sol parecia desaparecer devagar, centímetro por centímetro, “Eu queria que você estivesse aqui comigo quando escurecesse”

A loira aperta ainda mais Rachel em seu braço e beija o topo da cabeça da garota menor. Rachel rodeia com sua outra mão a cintura de Quinn na parte da frente de seu corpo. Elas ficam ali, absorvendo o momento mais alguns instantes antes de perceber a movimentação.

“O que houve?”, Rachel pergunta.

“O segurança está avisando que faltam dez minutos para o elevador descer, e essas pessoas devem estar querendo chegar antes lá”, ela aponta para a maioria das pessoas que estavam ali, e que agora dão passos longos em direção à saída, “Eu queria ficar aqui até o último minuto, tudo bem pra você?”

“Claro, Q”, Rachel responde carinhosamente.

Quinn olha ao redor, depois de apenas alguns minutos, o terraço está quase vazio, só um casal mais velho e uma família ao longe estão ainda ali, esperando a última chamada do segurança do local. Além do jovem com violão, claro.

Ele se aproxima lentamente, tocando devagar a introdução da música.

Rachel reconhece de imediato a melodia e vira a cabeça tentando ver de que lugar ela vem, e se assusta quando percebe que aquele moço que tocava violão visto anteriormente por ela está ao seu lado. Ela olha pra Quinn, que já mantém um sorriso tímido e verdadeiro em seu rosto.

“Rachel Berry?”, o homem pergunta.

“Sim...?”, ela olha para Quinn que continua em silêncio.

“Me disseram que essa música é muito importante para você”, ele diz e começa a cantar, com a voz bem parecida com a do vocalista do Passion Pit, “Everything’s always better whenever you’re underdressed, and I wanted to tell you then to try a bird’s nest”

Rachel sente um nó se formando na garganta e lágrimas imediatamente cobrem a borda de seus olhos. Ela luta para não deixá-las cair, enquanto sente Quinn se desfazer de seu abraço e entrelaçar os dedos de suas mãos. Ela olha para Quinn e Quinn já estava olhando para ela.

Admirando seria a palavra certa.

Quinn observava toda a reação de Rachel e seu coração pulava dentro do peito.

“And it’s truth you know, it’s always the issue... and when it starts getting blurry, one never better than two”, o homem continua cantando enquanto Rachel e Quinn se olham ternamente, “There’s a place in this world where people like me are found by people like you... so find a place as this forever divine”

Rachel se choca contra o corpo de Quinn, abraçando-a frente a frente, de modo que seus corpos fiquem completamente colados. A loira logo passa as mãos pelas costas de Rachel, enquanto esta aperta os braços em volta do pescoço macio, passando lentamente a mão nos lindos cabelos loiros.

“Oh, yeah, you’re the best damn friend that I’ll ever have, you’ll always smile upon me when the seasons bad, you’ll always make me feel best even when I’m blue”

“You’ll always smile upon me and I’ll smile upon you too”, Quinn canta a última frase junto com o homem, mas de um modo suave e rouco que só Rachel consegue ouvir.

Rachel sente seu corpo inteiro se arrepiar, enquanto zilhões de borboletas sobrevoam seu estômago.

Ela precisa de um remédio, porque provavelmente ela vai desmaiar. É quase uma azia psicológica.

Quinn se desfaz do abraço quente de Rachel e volta a atenção para o instrumentista, que tem um sorriso idiota no rosto. Ele ficou feliz pela reação da pequena, e está ainda mais animado esperando que ela dê um beijo com direito a língua e tudo na frente dele. Ele também não vai reclamar se tiver uma mão boba passeando por aí – o guarda está olhando para o outro lado mesmo.

Ele pega a flor vermelha que está presa na cabeça do violão e entrega para Rachel, que aceita com suas bochechas coradas.

“Obrigada”, ela diz com a voz quase falhando e seu coração batento forte.

“Agradeça à Quinn Fabray, senhorita Rachel Berry. Aliás, é Berry mesmo? Como a fruta Berry?”, ele pergunta fazendo ambas rirem.

“Sim, é Berry como a fruta”

“Ok, Berry como a fruta, até mais!”, ele se despede e depois pisca para Quinn, que ri da atitude do jovem barbudo.

“Rach...?”, a loira chama, depois de observar Rachel olhando atentamente para a flor sem dizer uma palavra.

“Eu posso te beijar?”, Rachel pergunta sem rodeios. Quinn se surpreende mas não hesita em chegar seu corpo mais perto dela, “Meu coração está batendo tão rápido, Quinn! Eu amei! O que foi isso, aliás? Você sabe, quando ele começou a tocar a introdução da música nem me passava pela cabeça que seria algo vindo de você, eu achei que como as pessoas estavam indo embor-“

Rachel foi calada pelos lábios quentes de Quinn, agindo passionalmente sobre os seus.

Ela logo se recompôs, e abraçou Quinn pela cintura, sentindo a loira delicadamente vagar seu polegar entre o rosto da pequena diva. Seu corpo entrou em transe quando a língua da garota maior tocou a sua, para depois gentilmente avançar mais sobre sua boca, e beijar do jeito que Quinn Fabray estava acostumando ela a beijar.

Devagar, quente, delicado, e ao mesmo tempo enlouquecedor.

Quinn não se importou com nada. Se havia outras pessoas ali, se o guarda esperava impaciente dois minutos se passarem para ele expulsar as pessoas dali e terminar seu turno, ou se um tarado em potencial observava elas de longe possivelmente ficando excitado. Ela não ligava. Ela só queria sentir que Rachel gostou da tarde que elas tiveram, observando a cidade e seu porte faraônico, enquanto elas passavam quase todo o tempo abraçadas.

Rachel se entregou completamente à esse beijo.

Quinn Fabray merecia.

Quinn Fabray era uma idiota que fazia suas pernas fraquejarem quando fazia coisas românticas e fofas desse tipo.

Quinn Fabray teria tudo o que quiser de Rachel, ela sabia. Era só uma questão de tempo para a morena estar tão apaixonada quando Quinn. Para as duas estarem que nem um um pretzel, agarradas a todo momento, talvez se beijando na cama quente dela, enquanto Rachel chupava a língua de Quinn da mesma maneira deliciosa que ela estava fazendo agor-

“Rach”, Quinn se separa ofegante e Rachel abre os olhos lentamente, “Eu acho que temos que ir”, ela aponta para o segurança que faz movimentos com as mãos, chamando o resto das pessoas que estavam ali ainda.

Rachel sorri amavelmente antes de depositar mais um selinho nos lábios da loira, “Obrigada por isso, Q”

Quinn pega sua mão e entrelaça novamente seus dedos, antes de começar a caminhar.

“Eu te amo”, ela dá um beijo na testa da morena e vai para a porta principal.


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“Você não se importou em me beijar na frente de outras pessoas”, Rachel comenta enquanto elas caminham de volta ao metro para chegar em NYADA.

Quinn balança suas mãos unidas pra frente e pra trás, “Eu deveria me importar?”, ela pergunta suavemente.

“Não! Mas por um momento eu achei que você se importava”

“Eu me importaria se fosse qualquer outra pessoa, Rach. Eu não queria verdadeiramente se fosse qualquer outra pessoa. Mas como é você, não me importa se eu estou no meio de uma multidão de pessoas num café em Yale ou se estou sendo filmada num jogo dos Yankees para o país inteiro ver”

Rachel sorri e Quinn faz uma cara pensativa.

“Provavelmente meu pai vai mandar excomungar a mim e a todos que passarem na frente dele, mas isso é só um detalhe”, ela sorri triste.

Elas entram no metro, que por sorte está quase vazio, e sentam uma ao lado da outra.

“Então se você não se importa, eu quero te agradecer por ser tão terna e gentil nesses dias que você está passando aqui comigo”, Rachel se aproxima mais, fazendo suas pernas se tocarem uma ao lado da outra e o coração de Quinn acelera.

“Eu vou me importar se você não me agradecer logo”, a loira brinca, e sente Rachel colar seus lábios.


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Notas finais do capítulo

yey!



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